domingo, 31 de janeiro de 2010

Higino Carneiro, o ministro mais rico do regime


Lisboa - Faz constar, ele próprio, mas num coro em que também entram familiares próximos e amigos, que deixará o Governo numa remodelação do mesmo, prevista para depois do congresso do MPLA. A justificação é a de que atingiu um estado de fadiga que já não lhe permite prestar a devida atenção a todas as obrigações do cargo ministerial, a que acrescem as da sua vida privada.

Fonte: AM CLUB-K.NET

Tem a fama, justa, de ser muito dinâmico (chamam-lhe Buldozer), tanto no exercício do actual cargo governativo (ministro das Obras Públicas), como em todos os outros cargos públicos, anteriores. O volume de obras públicas aumentou vertiginosamente nos últimos anos; mas a sua pressão directa, sob a forma de visitas surpresa, nunca deixou de ser necessária para garantir prazos, níveis de qualidade, etc – o que o obrigou a redobrar o seu dinamismo.

Ao mesmo tempo, aconteceu que a carteira dos seus negócios privados, envolvendo parceiros nacionais, portugueses, brasileiros e outros, nunca deixou de aumentar – exigindo também dele tempo de que não dispõe – a não ser, como diz, que os dias tivessem 40 horas. É a mulher e uma filha, formada em Economia, que lhe servem de “muleta”.

Dos seus negócios privados fazem parte 12 hotéis dispersos pelo país, grandes fazendas (a Cabuta é uma delas), bancos (Keve e Sol), uma companhia de aviação dispondo de uma frota de 14 aeronaves, Air Services, que esteve recentemente em vias de iniciar voos entre S. Paulo e Luanda, etc.

No estrangeiro, é em Portugal que tem mais negócios, incluindo, pelo simbolismo, um antigo restaurante na zona pombalina de Lisboa. É muito popular pelo atributo de dinamismo que lhe é geralmente reconhecido, mas também pela sua simplicidade e inclinação considerada inata para a filantropia. O apego que revela pela sua terra natal, Calulo, também entra a seu crédito. O renascimento da aprazível vila é em grande parte devido à sua boa vontade; até lhe coube pôr de pé o antigo clube da terra, Recreativo do Libolo, actualmente em fase de ascensão no panorama desportivo do país. Também ajuda os naturais do Calulo radicados em Portugal a organizar as suas confraternizações anuais, às quais comparece ou manda representante.

A vontade de sair do Governpo é considerada em meios que não lhe são particularmente afectos como um artifício destinado a justificar da maneira que mais lhe convém uma decisão que parece já tomada por José Eduardo dos Santos (JES) – mas eventualmente por outras razões mais. O ministro das Obras Públicas é um dos casos mais elucidativos de um governante muito rico (4 casas na zona de Luanda), cujo exercício do cargo se cruza com negócios privados de monta.

JES, na “cruzada” moralizadora em que aparenta ter-se lançado, precisa de projectar internacionalmente uma imagem nova do país; a substituição do ministro das Obras Públicas e de outros governantes nas suas condições, vem a calhar. Diz-se que goza da amizade de JES, que assim lhe retribui a lealdade e a prontidão que lhe reconhece como qualidades pessoais. Foi em razão disso que esteve quase a fazer dele PM.

A realidade de Angola demonstra que o sucesso nos negócios privados é inseparável de poder e influência política – própria ou a rogo. Só o General João de Matos é exemplo que alguém que caminha pelo seu próprio pé. O futuro ex-ministro das Obras Públicas está salvaguardado nesse aspecto: além de um invejável círculo de amizades políticas, também se fez eleger deputado do MPLA, ainda que como suplente.

Imagem: http://imgs.sapo.pt/jornaldeangola/

sábado, 30 de janeiro de 2010

Uíje revitaliza plantação de arroz


Cento e 78 hectares de terra foram lavrados e neles lançados sementes de arroz na província do Uíje, no quadro da primeira época agrícola 2008/2009, informou à Angop, Miguel Mbemba Mata , ligado ao Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) na província.
Miguel Mbemba Mata deu a conhecer que 97 associações agrícolas receberam 30 toneladas de sementes de arroz, aguardando, posteriormente, uma colheita na ordem de uma tonelada e meia por cada hectar.

http://quitexe-noticias.blogs.sapo.pt/20217.html

O agrónomo disse que fazem parte dos beneficiários, os agricultores dos municípios de Quimbele, Quitexe, Songo, Buenga e Sanza Pombo.
Deu a conhecer que foram também distribuídas outras sementes, nomeadamente de milho, amendoim e feijão, bem como instrumentos de trabalho e respectiva assistência técnica, no âmbito da política de redução da fome.
O Instituto de Desenvolvimento Agrário da Província do Uíje controla 248 associações de camponeses a nível da província.

Imagem: http://2.bp.blogspot.com

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Biografia de Etona


António Tomás Ana (Etona) nasceu a 22 Junho de 1961 na província do Zaire, município do Soyo, em Angola. Em 1975 frequenta vários ateliers de artesãos, pintura e escultura no Soyo.
É já em Luanda que, em 1979, é recebido como discípulo de pintura no atelier do artista João Luís de Almeida, na Ilha de Luanda, durante 5 anos.

http://www.artistas.angoladigital.net/etona/bio.htm

Integra-se nas FAPLA em 1982, tendo cumprindo a sua missão no Kuito Kuanaval, província do Kuando-Kubango, onde tirou o curso básico de rádio, iniciando-se como operador. Entra na 16ª Brigada como oficial de operações com a função de cartográfico, devido à sua experiência como desenhador. É colocado no comando da 6ª região militar, secção política, como oficial da agitação e propaganda massiva sob ordens do então Major ‘Jota’, actual embaixador de Angola em Israel.

Começou a frequentar a União Nacional de Artistas Plásticos (UNAP) em 1985, enquadrando-se na Brigada Jovem de Artes Plásticas. Um ano mais tarde é eleito Coordenador da Brigada de Jovens Artistas Plásticos (BJA), Instituição ligada à UNAP.
Em 1988, assume a J.M.P.L.A de uma forma activa, sendo membro do núcleo da Ilha de Luanda. Ao longo deste período foi apoiando a sede da J.M.P.L.A – Nacional na área cultural, especificamente no domínio das artes plásticas. É eleito para o Conselho Nacional das Organizações Juvenil (C.N.O.J.) em 1991, assumindo a pasta de Secretário para o Gabinete de informação da Comissão Directiva. Em 1992 representa o (C.O N.O.J.) na Namíbia.

Concluiu o estudo médio em Artes Plásticas (INFAC), em 1995, e frequentou uma especialização de escultura de pedra com exploração de novas tecnologias no Centro Internacional de escultura em Pero Pinheiro, também em Portugal. No mesmo ano, torna-se membro da Associação dos Novos Artistas Africanos, com Sede em Lisboa.

É em 1996 que participa no festival de Juventude dos Estudante denominado Y.U.S.I, com uma exposição de pintura, na Alemanha.
No ano seguinte entra no Comité Provincial da J.M.P.L.A. até 2002. Etona tem desde 2000 dois espaços de trabalho em Portugal: o Centro Internacional de Escultura em Sintra e em São João da Madeira.

Em 2001, mostrando a versatilidade na área artística, associa-se com Tirso Amaral, e tem um papel revolucionário na recuperação e reestruturação da UNAP, inoperacional nessa data. Daí vem a eleição de Secretário-Geral da mesma associação no quadriénio 2001/2006.

Em 2002 é indicado para participar na comissão instaladora do comité de especialidade do sector de Luanda na área das Artes plásticas. É presidente do Projecto do Centro Cultural ETONA, na Ilha de Luanda.

A 12 de Setembro 2003 foi eleito como responsável da área das artes plásticas no comité dos Artistas de Luanda. Também é membro da subcomissão da área cultural em preparação do V congresso M.P.L.A.

Etona estuda actualmente relações Internacionais.

Cordialmente concedido por Etona
Editador por AngolaDigital.net

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Mais de nove mil pessoas imunizadas em 20 dias



Uíge – Nove mil 508 pessoas entre crianças e adultos foram imunizadas de 5 a 25 do corrente mês na secção do Programa Alargada de Vacinação do Centro Materno Infantil do Uíge, informou hoje (quarta-feira), à Angop, a chefe da secção, Elisa Barros Calongo.

Segundo ela, mil 65 petizes menores de cinco anos beneficiaram da vacina BCG, dois mil 789 vacinados contra poliomielite, enquanto 861outros vacinados contra sarampo e febre-amarela.

Elisa Barros realçou que no período em análise, quatro mil 278 mulheres receberam a vacina contra tétano, sendo duas mil 997 gestantes e as restantes em estado fértil.

A técnica revelou que 515 pessoas com ferimentos graves e ligeiros, provocados por cacos de garrafas, facas e acidentes de viação, foram vacinadas
também contra o tétano.

Imagem: http://2.bp.blogspot.com/

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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Uíge – A cidade do Uíge (sede capital da província) regista, há uma semana,
uma escassez de gás de cozinha, situação que está a provocar o aumento dos preços praticados no mercado local, constatou a Angop.


Numa ronda realizada pela Angop aos postos de revenda de gás, localizados na cidade do Uíge, constatou-se haver pouca oferta e grande procura do produto, facto que está a originar uma grande concentração de pessoas nos pontos de atendimento.

A garrafa de 12 quilogramas da Saigas está a ser comercializada a dois mil kwanzas, contra os mil e 600, praticados anteriormente. No mercado informal, a botija da Sonangol custa entre mil e mil e 800 kwanzas, contra os anteriores akz 500.

Em declarações à Angop, o gerente de uma das agências de gás na cidade do Uíge, Henrique José Paulo, justificou que a carência do produto se deve ao atraso no fornecimento e reabastecimento aos agentes autorizados.

A Angop procurou ouvir a delegação da Sonangol no Uíge para obter esclarecimentos sobre a escassez do gás na região, mas as iniciativas foram infrutíferas.

Imagem: http://img188.imageshack.us/i/uige2.jpg/

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

«Vice-governador visita obras de urbanização da futura cidade do Uíge»



Uíge - O vice-governador para Organização e Serviços Técnicos do Uíge, Nazario Vilhena Pedro Bomba, efectuou sexta-feira, uma visita de constatação as obras de urbanização da futura cidade denominada “Bela Vista”.
Trata-se de um projecto a ser edificado na localidade de Kivita, cerca de 10 quilómetros a norte da capital da província do Uíge.

Em declarações à imprensa no término da visita de campo ao local, o governante disse que as obras de urbanização das reservas fundiárias decorrem a bom ritmo.

"Teremos alguns lotes para distribuir no dia 04 de Fevereiro aos munícipes que estiverem devidamente preparados com os processos e as suas tramitações para que demos o início do processo de acordo com o prometido a nossa população", disse o vice-governador.

Informou que as reservas fundiárias deverão proporcionar cerca de mil e 250 lotes, para beneficiar à população em geral, de acordo com o previsto no programa da autoconstrução dirigida.

Disse existir uma cartilha já divulgada ao público pelo Ministério do Urbanismo e Habitação que contém todos os requisitos e trâmites a seguir para obter um lote no programa da autoconstrução dirigida.

O governante visitou igualmente as obras das futuras instalações da SIAC, Serviços de Migração e Estrangeiros (SME) e a futura casa da Juventude, localizadas a um quilómetro a sul da cidade capital da província.

sábado, 23 de janeiro de 2010

«Uíge. Capturadas mais de 11 mil moscas tsé-tsé em 2009»


Uíge - Onze mil e 480 moscas tsé-tsé foram capturadas de Janeiro a 31 de Dezembro do ano transacto, na província do Uíge, no âmbito da campanha promovida pelo Departamento de Controlo da Tripanossomíase do Uíge.

ANGOP

Segundo o responsável da instituição na província do Uíge, José Tito Baxe, disse que para tal foram montadas 344 armadilhas.

Em declarações hoje à Angop, José Baxe informou que durante o ano em análise receberam, da Direcção Central do Controlo da Tripanossomiasse, mil 200 armadilhas, 344 das quais foram colocadas, enquanto 856 outras estão ainda em stock.

Durante o período, foram prospectadas 33 mil 519 pessoas, das quais 25 mil na prospecção activa (ida do médico ao encontro do doente) e as restantes na passiva, nos municípios do Uíge, Songo, Quitexe e Maquela do Zombo.

José Tito Baxe, que lamenta a falta de incentivo para capturadores, revelou que durante a prospecção foram registados 137 casos positivos, com 25 doentes tratados durante o ano.

Actualmente, referiu, apenas um paciente com doença do sono encontra-se internado no hospital, estando os demais a fazer tratamento colectivo.

"Nesta altura existe apenas um único médico especializado e 81 pessoas que trabalham no combate a tripanossomíase na província, entre técnicos e auxiliares", explicou.

O responsável aponta a luta antivectorial como principal aposta do sector para o ano de 2010, assim como a necessidade de integrar o controlo da doença do sono nos serviços nacionais de saúde.

Imagem: WIKIPEDIA

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Uíje e Uíge


Uíje / Malange
[Pergunta] Tenho encontrado estes topónimos com grafias diferentes (em mapas, prontuários, enciclopédias, etc.). Por favor indiquem qual a forma correcta para cada caso e, se possível, em que se fundamenta a grafia considerada correcta.
Obrigado.
Bernardo Matos :: :: Lisboa, Portugal
http://www.ciberduvidas.com/resposta.php?id=10111
[Resposta] Segundo o português padrão de Portugal, a grafia correcta destas duas cidades de Angola, capitais das respectivas províncias com o mesmo nome, é Uíje (com j) e Malange (com g). Foi sempre assim no tempo colonial. Sucede que, com o advento da independência, o português escrito (e falado) em Angola foi sofrendo uma maior influência da línguas bantas. No caso em apreço, do quimbundo. E em quimbundo – ou kimbundu, no original – os sons correspondem sempre às letras.

Ou seja, o som do g é sempre /guê/. E nunca /jê/, idêntico ao da letra j, como acontece com o português de Portugal e do Brasil (onde até há palavras, como massagem e massajar, viagem e viajem, do verbo viajar, com a mesma origem etimológica mas sob representação fonética distinta). Ora aí está uma saudável uniformidade que o abortado Acordo Ortográfico podia ter resolvido... A começar em Angola onde se vê escrito indiferenciadamente Uíje/Uíge e Malanje/Malange (e o mesmo em relação aos vocábulos iniciados por qu ou por kw, como quanza/kwanza, Cuíto/Kwito/Kuito, etc.).
José Mário Costa :: 14/01/2002

Imagem: http://sites.google.com/site/missangaorg/fototrabalho.uije.jpg

Vale do Loge



Por onde andamos
A história da fazenda Belpingano, vai ser contada em filme. Será um documentário de alguns minutos, o guião será escrito por mim mesmo e realizado pelo nosso grande amigo, fotógrafo e realizador Sérgio Afonso. Não será um filme para comercializar mas sim para uso pessoal e familiar. A ideia e registar a história para as futuras gerações. Sérgio valeu a força bro…
Novembro 15, 2007

http://ruipombo.wordpress.com/2007/11/15/no-vale-do-loge-a-preparar-um-documentario/
Imagem: No vale do Loge a preparar o documentário sobre a história da fazenda

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Governo Distribui Moto–táxis a Deficientes Físicos do Uíje


Jornal de Angola-Ao todo, 48 deficientes do município do Uíje, receberam, recentemente, moto-táxis, instrumentos trabalho de barbearia, alfaiataria e engraxaria e bens alimentares.
O vice-governador da província para Organização e Serviços Técnicos, Nazário Pedro Vilhena Bomba, que presidiu à cerimónia da entrega das motorizadas, disse que “este esforço do governo visa minimizar as dificuldades dos deficientes físicos”.

http://www.angolabelazebelo.com/2009/09/governo-distribui-mototaxis-deficientes.html
“Por isso, é necessário que os deficientes estudem e se profissionalizem para poderem contribuir na reconstrução do país”, frisou.
A directora provincial do Ministério da Assistência e Reinserção Social, Helena Antunes Ferraz, afirmou que o propósito desta acção é pôr em prática a política de protecção às pessoas deficientes. Helena Ferraz referiu que os que receberam moto-táxis frequentaram aulas de condução numa das escolas da cidade do Uíje, estando, por isso, habilitados para exercerem a actividade e que acções idênticas vão decorrer nos outros municípios.

Beneficiários satisfeitos

“Já estava cansada de levar o meu filho às costas. Ele não consegue deslocar-se de um lado para o outro e não tinha ninguém que me ajudasse. Estou muito satisfeito com esta ajuda”, disse Cesaltina Maria Gonçalves, mãe de uma criança deficiente que beneficiou de uma cadeira de rodas.
Manuel Saldanha e Lopes João receberam moto táxis. Visivelmente satisfeitos, agradeceram ao governo pelo gesto e pediram que a acção seja extensiva aos deficientes de outros municípios.
Os beneficiários lembraram, numa mensagem, que “ser deficiente não significa que a pessoa está impossibilitada de desenvolver a sua capacidade mental. Ela não é inútil à sociedade. Por isso, reconhecemos o esforço do governo na realização de acções que visam contribuir para o bem-estar das populações”.
Na província do Uíje, o Minars controla um total de 8.612 deficientes físicos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Angola 1963 Carmona (Uíge)



Cidade capital do distrito do Uíge, na Província de Angola, com a população de 61.596 habitantes.

Além das ruínas da Sé de S. Salvador, a Fortaleza de S. José do Encoje, a Pedra do Feitiço e a Ponta do Padrão são motivos de grande interesse.

O museu etnográfico tem curiosidades regionais que despertam a atenção.

As serras do Uíge e do Pingano, assim como as paisagens que se desfrutam do Encoje e Ambuíla, são das mais belas.

A caça aos búfalos, e a reserva de elefantes são também atractivos para acrescentar ao folclore indígena que se patenteia em manifestações de curioso exotismo.

Concedeu-se à cidade de Carmona o direito de usar brasão de armas, considerando que o seu nome evoca o prestigioso Chefe de Estado que primeiro visitou Angola e atendendo, também, ao desenvolvimento e prosperidade da cidade e das áreas circunvizinhas devidos à cultura e comércio de café.

In Agência Portuguesa de Revistas. 1963

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

«Vice-governador do Uíge exige dos exploradores de madeira cumprimento da lei»


África 21 - DF
17/01/2010 - 18:00
Ambiente
Bomba disse que o governo espera que os exploradores de madeira desempenhem um papel que visa o desenvolvimento das comunidades das áreas onde este recurso é explorado.
Da Redação, com agência

http://www.africa21digital.com/noticia.kmf?cod=9410003&canal=402

Uíge - O vice-governador provincial do Uíge para a organização e serviços técnicos, Pedro Vilhena Nazario Bomba, exigiu na sexta-feira (15), no município de Quitexe, aos exploradores de madeira a respeitar a lei vigente no país.

O governante, que falava aos jornalistas no termo da sua deslocação de campo a esta circunscrição, disse ainda que o governo espera que os exploradores de madeira desempenhem um papel que visa o desenvolvimento das comunidades das áreas onde este recurso é explorado.

Para Pedro Vilhena Bomba, a exploração deste recurso deve trazer benefício para as comunidades onde a madeira é explorada, no quadro das obrigações sociais.

Durante a sua deslocação ao município do Quitexe, o vice-governador visitou as obras de reabilitação da administração municipal, assim como as residências dos administradores municipal e adjunto do Quitexe.

O vice-governador visitou ainda a área onde será construído posto policial no rio Dange, 120 quilómetros a sul da cidade do Uíge e as reservas fundiárias do município, numa extensão de 100 hectares, enquadrado no programa do governo de construção de um milhão casas em todo o país. As informações são da Angop.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Paulo Pombolo - Novo Governador do Uíge


Paulo Pombolo foi nomeado governador da província do Uíge, em substituição de Mawete J.Baptista, também nomeado para o cargo de governador de Cabinda.

http://quitexe-historia.blogs.sapo.pt/66488.html

Recorda-se que no 30 de Outubro deste ano, Paulo Pombolo tinha sido eleito para 1° Secretário Provincial do Uíge.

Natural da Damba, onde em 1976 ingressou na JMPLA.
De 1976 até ano presente, o novo governador do Uíge, subiu todas as escalas da hierarquia, já que nos meados dos anos 80, era Secretário Nacional da JPMLA/JP para Esfera Productiva e uma década depois tinha sido eleito como 1° Secretário Nacional da mesma organização e logicamente membro do BP do MPLA.

O governador do Uíge, Paulo Pombolo, no acto de posse, apontou como prioridade a resolução dos problemas que afligem os compatriotas angolanos expulsos da vizinha RDCongo, concentrados nas regiões da Damba, Maquela do Zombo e no centro de acolhimento da província.

“Esse será um dos primeiros trabalhos que vamos concertar com os quadros que se encontram na província, para se conseguir ajudar os nossos concidadãos a regressarem às suas zonas de origem”, disse Paulo Pombolo em declarações à imprensa após a cerimónia de investidura.

O segundo plano, salientou, será dedicado à continuação do programa que a governação cessante iniciou no princípio deste ano, “ao qual tivemos a oportunidade de acompanhar durante a nossa missão à nível da direcção nacional da juventude do MPLA”.

“Vamos apelar aos quadros do governo que se encontram na província para que arregacemos as mangas para darmos continuidade do programa em curso”, enfatizou o governante, que igualmente é o primeiro secretário provincial do Uíge do MPLA, partido no poder.

O blogue Quitexe deseja ao novo governador o maior sucesso na resolução dos problemas que afectam os cidadãos da província do Uíge.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

“Reabilitação de Rios no Município do Uíje – Angola”



O Projecto Rios em Angola – uma primeira abordagem

Este Projecto nasceu da parceria entre um aluno de doutoramento da FEUP em Reabilitação de rios e ribeiras, voluntário do grupo água da LPN, e a Organização Missanga de forma a possibilitar a sua concretização.

http://sites.google.com/site/missangaorg/projriosuíje

Tendo em conta o conhecimento da realidade da cidade do Uíje e das suas estruturas Diocesanas, bem como o know-how da Faculdade de Engenharia do Porto, chegou-se à conclusão que é de extrema importância a participação pública nas questões ligadas aos recursos hídricos, nomeadamente com vista a reabilitação deste recurso como fonte de água para consumo humano em quantidade e qualidade. Para a concretização desta primeira abordagem deu-se formação na área da reabilitação de rios e do Projecto Rios ao quadro de professores de Biologia-Química do IMNE (Instituto Médio Normal de Ensino) e também aos futuros professores (alunos finalistas).

A caracterização geral dos principais problemas existentes nos recursos hídricos superficiais através de um questionário, elaborado especificamente para a realidade e contexto do Uíje, contribuiu para que se proporcionasse uma avaliação mais eficiente.

Este estudo teve como suporte as cartas militares existentes para a região norte de Angola, assim como outros mapas disponibilizados no município de Uíje. Pretendeu-se detectar as principais disfunções e propor medidas gerais de resolução.

O Projecto Rios tem como principal objectivo concretizar um plano de adopção de um troço de um rio ou de uma linha de água. Para auxiliar esta tarefa, de forma sustentada, foram fornecidos materiais didácticos e várias informações incluindo as metodologias a seguir neste processo. Acreditamos que a implementação do Projecto Rios em Angola é uma mais valia para o desenvolvimento da uma participação pública esclarecida relativamente aos novos modelos de gestão da água.

Em Junho de 2002, o Governo de Angola publicou o Decreto Lei Nº 06/02 sobre as Águas que atribuiu ao Ministério da Energia e Águas a tutela da Gestão Integrada dos Recursos Hídricos, tendo como unidade de gestão a Bacia Hidrográfica. Neste sentido, o Projecto Rios apresenta-se como uma ferramenta útil de trabalho de baixo custo que permite ser facilmente continuada no tempo e espaço.

Este projecto permitiu sensibilizar algumas entidades do município do Uíje para as potencialidades de cooperação entre os países de língua portuguesa no domínio dos recursos hídricos, nomeadamente através dos professores e alunos finalistas do ensino médio do Instituto Médio Normal de Ensino (IMNE) mediante formação teórica em sala e quatro saídas de campo ao longo do rio Candombe.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

AMÍLCAR CABRAL. Guerra, secas e fome


"Ele nasceu com a política na cabeça. Era filho de político. Juvenal falava-lhe de todas as coisas". São palavras, em 1976, um ano antes da sua morte, de Dona Iva Pinhel Évora, mãe de Amílcar, mulher de Juvenal Lopes Cabral.

Carlos Pinto Santos
http://www.vidaslusofonas.pt/amilcar_cabral.htm

Memórias e Reflexões, editado pelo autor, em 1947, é um curioso livro do pai de Amílcar em que rememora a sua vida, debate os problemas da época e dos meios em que viveu, anota factos e episódios que clarificam a História e esclarecem as origens sociais do futuro líder do PAIGC.

Juvenal nasce em Cabo Verde em 1889. Um dos avós é grande proprietário rural. Mas a fortuna desaparece depressa, perante as catástrofes naturais das ilhas. O outro avô, o paterno, homem culto, também com algumas posses, dá ao neto o nome de Juvenal, em homenagem ao poeta latino. O rapaz não conhece o pai, morto tragicamente quando tem dois meses. A criança é entregue aos cuidados do avô e, mais tarde, da madrinha, Simoa Borges, que lhe irá financiar os estudos. Primeiro, em Portugal, no Seminário de Viseu. Estava destinado à vida eclesiástica. Mas uma grande seca no princípio do século torna impossível a manutenção de Juvenal na metrópole. Volta ao arquipélago. Em 1906, está a frequentar o seminário de S. Nicolau. Aos dezoito anos, abandona os estudos e embarca para a Guiné à procura de emprego. É funcionário em Bolama, depois professor sem diploma.

Vive em Bafatá quando, a 12 de Setembro de 1924, nasce Amílcar Cabral. Que, na certidão de nascimento, surge com o nome de Hamílcar, homenagem prestada pelo pai ao célebre cartaginês Hamílcar Barca.

Mas, em 1932, morre a madrinha Simoa que lhe deixa algumas propriedades rurais em Cabo Verde. Juvenal, Iva e Amílcar regressam às ilhas. É aí que a família vive o período difícil da Segunda Guerra Mundial. Salazar sobe os custos de vida, as mercadorias rareiam. Em 1940, uma calamitosa seca provoca a fome. Morrem mais de 20 mil cabo-verdianos. E, entre 1942 e 1948, nova crise vai fazer 30 mil vítimas.

Entretanto, nas ilhas, há um forte contingente militar de tropas portuguesas, o que cria inúmeros conflitos com a população e acentua o racismo e o colonialismo. Para além da fome e da seca não há, praticamente, serviços de assistência pública. A emigração para S. Tomé e Angola e, posteriormente, para a América despovoa as ilhas.

Nunca se calou Juvenal. Em 1940, dirige ao governador um memorando em que, baseado em dados históricos, prediz uma grande seca para os anos seguintes (o que se confirmou). Surgirá, depois, o documento enviado ao ministro das Colónias. (Este terrível período de calamidades em Cabo Verde é magistralmente descrito no romance de Manuel Ferreira, Hora di Bai).

Neste contexto, Amílcar Cabral passa a infância e a adolescência. Se o pai lhe aponta um exemplo de consciência e actuação, dentro das limitações legais que o fascismo de Salazar permite, a mãe, Iva Évora, é, para o jovem, o exemplo da ternura, da protecção e do trabalho. Presa todo o dia à máquina de costura, Iva vai contribuindo para que a família vença, da melhor maneira, as crises por que passam. E, mais tarde, sem largar a costura, empregar-se-á numa fábrica de conserva de peixe. A mãe e a sua capacidade de sacrifício há-de servir a Amílcar de testemunho de luta aos jovens combatentes do PAIGC.

Aos 20 anos, Amílcar tem absoluta consciência das degradantes condições de vida do povo cabo-verdiano. Imbui-o um idealismo político, a certeza dos amanhãs que cantam, a inevitável transformação do mundo, a nova ordem emergente do caos pós-guerra.

Aluno brilhante, 17 valores numa escala de 18, Amílcar conclui o curso liceal. Vai para a Praia onde se emprega como aspirante na Imprensa Nacional, enquanto aguarda a concessão de uma bolsa para prosseguir os estudos. Finalmente, em 1945, embarca para Lisboa.

A escolha da sua formação universitária, em que terá, também, havido cumplicidade do pai, é óbvia: será engenheiro agrónomo.

ANTI-COLONIALISTA EM LISBOA
Amílcar chega a Portugal. E, entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica.

Imagem: http://2.bp.blogspot.com/

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

«Escravos do Uíje»



29-SET-2009

Na ressaca do último despedimento colectivo dos trabalhadores da Siderurgia Nacional protagonizado pela anterior direcção da empresa gestora da Siderurgia Nacional, o representante em Angola da Chung Fong Holding, Limited, Lam Pak Man, decidiu partir para o Uíge com o propósito de recrutar cerca de 70 jovens para o quadro de pessoal da fábrica, em substituição dos dispensados.

http://www.correiodopatriota.com/

Segundo os recém recrutados, quando foram contactados, os chineses terão prometido um salário correspondente a 12 mil Kwanzas mensais, além de alguns direitos complementares, como alimentação e alojamento.
A verdade, porém, é que não lhes fora dito em como viveriam praticamente encarcerados no perímetro da fábrica, tal como está a acontecer desde que estão em Luanda, após serem transportados em camiões como se fossem bois. Contam que, desde que entraram para o «quintalão» da fábrica, que não os deixam sair, como se estivessem presos.
Em conversa com o Semanário Angolense, um dos «encarcerados», visivelmente aflito, disse que ele e os seus colegas viram as suas vidas a transformarem-se num verdadeiro inferno: «Aqui ninguém sai. Comer, é aqui. Dormir, é aqui. Tudo, é aqui. Não nos deixam sequer passear. Dizem que é responsabilidade para eles se nos deixarem sair, uma vez que alguém se pode perder...». Diz ainda que muitos deles já têm vontade de regressar ao Uíje, porque não sabiam o sofrimento que haveriam de passar. «Assim, não dá!», acrescentou, revoltado.
Um outro jovem que falou à nossa reportagem identificou-se simplesmente por Dinis e disse estar muito decepcionado com o comportamento dos angolanos que estão na administração da Siderurgia Nacional, porque não defendem os outros. «Estamos aqui como presos. E já conversámos: se no final deste mês não pagarem o que prometeram, vamos embora», sublinhou, também completamente revoltado.
Uma fonte da direcção da empresa, que preferiu não ser identificada, disse ao nosso jornal que a fábrica se encontra nestas condições devido a falhas do ministro da Indústria que não quer saber do empreendimento, mas simplesmente do dinheiro que de lá sai.
Assegurou, por outro lado, que o encarceramento dos trabalhadores vindos do Uíje se deve a uma estratégia dos chineses, que consiste na necessidade deles não terem contactos com o mundo exterior à fábrica para não ficarem com os «olhos abertos». «Eles dizem que se os trabalhadores saírem para passear ao fim de semana vão ficar muito espertos, a tal ponto que passarão a incomodar a direcção reivindicando direitos laborais», explicou a nossa fonte.
Em face disso, uma pergunta se impõe: se isto não é escravidão, o que é então?

Imagem: http://sites.google.com/site/missangaorg/projriosuíje

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

«As máscaras e eu»


Estas fotos são mais velhas do que eu. Estão comigo desde os meus 9, 10 anos. Têm-me acompanhado desde então. Foram resgatadas na cidade do Uíje, num estúdio abandonado de um fotógrafo, onde um tio meu instalaria uma alfaiataria. Quando meu tio adquiriu o espaço e nós (meus primos e eu) o vasculhámos, abandonado e num caos revolto, um mundo de mistérios e perplexidades se abriu para nós.

http://ositiodosdesenhos.blogspot.com/2007/06/as-mscaras-e-eu.html

Foi aí que, entre montes de papéis, jornais e revistas com datas de antes de eu nascer, pela primeira vez me vi confrontado com o mistério do passado, pois no Uíje de então, edificado após os massacres de 1961, tudo era novo!
Foi por entre milhares de fotos e negativos, velhos projectores e outros apetrechos relacionados com a fotografia, mas também objectos estranhos (um dos meus primos afiançou-me mesmo que um deles seria uma cadeira eléctrica!) que pela primeira vez eu vi imagens pornográficas. Vi também, pela primeira vez, imagens terríveis de corpos, brancos e negros, esquartejados, decepados… em fotografias tiradas por certo aquando das revoltas de 1961 e das subsequentes represálias…

Estas fotos que agora vos mostro e que eu guardei para mim, devem ter sido tiradas muito antes disso em alguma das fazendas de café limítrofes, para onde vinham homens do sul como contratados.
Aos Domingos, era-lhes permitido fazer as suas celebrações. Estes homens eram iniciados, pertenciam a seitas que celebravam os ritos de passagem e os mistérios de uma complexa teia de crenças. As suas máscaras, algumas de delicada factura, todas de uma também complexa simbologia, não são meros disfarces como na tradição da máscara europeia, mais apropriada a folias e a desregramentos carnavalescos.

Mas ao contrário dos brancos adultos, que na sua tolerância sobranceira, encaravam estas celebrações rituais como uma espécie de curiosidade folclórica, eu (que ainda oiço a monótona toada dos tambores, propícia a todos os transes e à sugestão de todos os mistérios) ainda vejo as danças com os seus saltos, rodopios, apitos e estalar dos chicotes, as peles, as penas, e as ráfias. Respiro ainda o ar quente e o pó dessas tardes de Domingo. Sinto que estas máscaras ficaram sempre em mim como um sinal da minha inquieta fascinação por toda a espécie de mistérios. Dos atávicos aos telúricos.

Nota - Embora, ao longo da minha vida, me tenha vindo a interessar pela etnografia angolana, não sou, nem pouco mais ou menos, um especialista. Por isso, se por acaso, entre os visitantes deste blogue, se encontrar alguém com conhecimentos menos rudimentares, peço-lhe que me ajude a descobrir mais sobre a origem e funções destas máscaras.
Postado por Fernando Campos em 6/27/2007 07:34:00 AM

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

AMÍLCAR CABRAL. Cerca de uma centena de membros do Partido são indiciados, julgados, fuzilados.


Carlos Pinto Santos

Noutros pontos da cidade, onde se alojam os cerca de meio milhar de combatentes do PAIGC, grupos pertencentes à revolta aprisionam os restantes dirigentes sediados em Conacri: Aristides Pereira, Vasco Cabral, José Araújo, entre outros. São todos transportados para uma vedeta que zarpa para Bissau. Seku Turé recebe no palácio presidencial, a 21 de Janeiro, os cabecilhas da rebelião. Tudo leva a crer que apoia os assassinos de Cabral.

http://www.vidaslusofonas.pt/amilcar_cabral.htm

Mas, surpresa: o Presidente da Guiné-Conacri não dá cobertura. Manda prender os conspiradores, ordena ao Exército que detenha todos os elementos do PAIGC, intercepta, em pleno mar, o barco que leva os prisioneiros para Bissau. Uma comissão internacional, indigitada por Séku Turé, elabora um inquérito sobre os acontecimentos. A pouco e pouco, os antigos dirigentes do PAIGC são libertados. O Conselho Superior de Luta do Partido decide ir mais longe na investigação.

http://www.vidaslusofonas.pt/amilcar_cabral.htm

A partir daí, uma teia de denúncias, traições e intrigas vai acelerar as conclusões. Cerca de uma centena de membros do Partido são indiciados, julgados, fuzilados. Entre eles, está a maioria dos culpados, mas estão, também, muitos inocentes. Era inevitável que assim acontecesse. A morte de Amílcar Cabral, o chefe quase incontestado, desencadeia ódios e paixões e, nesse ambiente, difícil seria que a justiça fosse completamente isenta. Para mais, num clima de guerra contra o colonialismo português que ninguém quer abrandar.

De facto, o Exército Português nada lucra com o assassínio. A guerrilha intensifica a acção. Em Março de 1973, dispõe dos mísseis terra-ar "Stella" que retiram a supremacia aérea às forças portuguesas. Em Maio, Spínola, governador da Guiné, avisa o ministro Silva Cunha: "Aproximamo-nos, cada vez mais, da contingência do colapso militar". A 24 de Setembro, nas matas de Madina do Boé, o PAIGC declara, unilateralmente, a independência da Guiné-Bissau.

Larbac, poeta e contista
Amílcar escreve poemas de amor. E, entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica.

Juvenal Cabral, à luz difusa de um candeeiro, escreve na sua casa em Cabo Verde um memorando a Vieira Machado, ministro das Colónias de Salazar.

Está-se em Dezembro de 1941 e o ministro visita a Praia. O documento chegará às mãos do membro do Governo de Lisboa. Que, muito provavelmente, não o leu. Que lhe importa as opiniões de um obscuro professor primário cabo-verdiano?

No entanto, o documento é significativo. Preocupado com a seca e a fome no seu arquipélago, Juvenal propõe ao ministro algumas políticas a seguir para minorar os males: pesquisa e captação de águas, arborização intensiva, protecção à agricultura, supressão do imposto sobre as terras, criação de um crédito agrícola, protecção ao pequeno funcionário.

Seu filho, Amílcar, tem 17 anos e frequenta o liceu no Mindelo. Não se sente ainda com capacidade para auxiliar o pai na cruzada em favor de Cabo Verde. Mas já conhece todos os problemas que afectam a sua terra, porque o pai, desde cedo, o consciencializa.

Todavia, Amílcar é, nessa altura, Larbac. Assim assina os poemas de amor que escreve: Quando Cupido acerta no alvo, Devaneios, Arte de Minerva, entre outros. Os temas denotam influências clássicas. Os poetas que conhece do liceu são os inspiradores: Gonçalves Crespo, Guerra Junqueiro, Casimiro de Abreu, por exemplo. O lirismo de Amílcar (Larbac é anagrama de Cabral) não se evidencia pela originalidade. Revela, porém, a sua sensibilidade amorosa. Esse romantismo passa para a sua prosa de adolescente, os contos, notas e comentários onde se vislumbra já um seguro conhecimento e um desejo de participação no universo insular em que vive. Um pouco mais tarde, em Lisboa, essas preocupações irão agudizar-se.

Imagem: http://www.caboindex.com/blog/

Uíge. A Visitar


Quedas do Bombo sobre o rio Cuilo
Lagoa do Feitiço
Lagoa de Luzamba e Mavoio
Lagoa do Sacapete
Vale do Loge

http://www.info-angola.ao/governo/

Busto do Heroi N’Bemba – fica na entrada do bairro N’Bemba N’Gango, no Uíge e foi um soba da cidade.
Igreja de São José - junto das pedras do Encoje, datada do século XVIII.
Fortaleza do Bembe - construída no século XX , fica situada junto a Igreja do Bembe.
Figuras rupestres de Kisadi
Pedra de N’Zinga N’Zambi (Toto)
Pedra de Kakula Quimanga
Pedra do Tunda – fica situado no Negage e era onde se fazia justiça matando os criminosos.
Ponte Mágica sobre o rio Vamba Wa M’Bamba
Ruína do Fortim de Maquela
Túmulo do Ancião Mekabango – grande guerreiro da resistência contra a ocupação colonial.
Túmulo do Rei M’Bianda-N’Gunga – Grande Rei e Guerreiro da Resistência a ocupação colonial.
Reserva Florestal do Beu – Com uma área de 1400 Km², a vegetação é do tipo mosaico, floresta densa. A reserva está limitada a norte pela fronteira com a República Democrática do Congo, a oeste com o rio Zadi, a leste com o rio Beu, a sul com a comuna do Beu.

ONDE RELAXAR
A Lagoa do Feitiço, que fica em Dambe, no município de Quitexe, e a Lagoa de Luzamba são propícias para banhos. Existem também a lagoa de Mavoio, em Maquela Zombo e as quedas do Bombo sobre o rio Cuilo.

FESTAS E EVENTOS
As festas da Cidade acontecem de 1 a 7 de Julho, em toda a província.

ITINERÁRIOS
Província agrícola de clima tropical húmido possui uma fauna variada com a presença de elefantes, búfalos, antílopes, macacos azuis e outras espécies raras.

MONUMENTOS
Antiga Administração do Concelho;
Casas Antigas do Estado;
Busto do Heroi N`bemba;
Igreja de São José, junto das pedras do Encoje, datadas do século XVIII;
Fortaleza do Bembe, construída no século XX (situada junto da igreja de S.José);
Figuras rupestres de Kisadi;
Pedra de Nzinga N´zambi (Toto);
Pedra de Kakula Quimanga;
Pedra do Tunda (onde faziam justiça e morte aos criminosos)
Ponte Mágica sobre o rio Vamba Wa Mbamba;
Ruina do Fortim de Maquela;
Túmulo do Ancião Mekabango (grande guerreiro na Resistência contra a ocupação colonial);
Túmulo do Grande Rei e Guerreiro da Resistência a ocupação Mbianda-Ngunga.

DESPORTO E AVENTURA
Os rios são navegáveis, sendo também possível a prática da pesca desportiva.

DIVERSÃO
Existem discotecas na Cidade do Uíge.

Viagem e Estadia

DOCUMENTOS
Documentos necessários: Passaporte e visto (válido por 2 mês e permite duas entradas)

Vacinas: Febre amarela é obrigatória

COMO CHEGAR
A província conta com cinco aeroportos, apesar de apenas dois encontrarem-se em actividade um na cidade do Uíge e outro no Negage, onde escalam várias aeronaves.

O Acesso por estrada pode ser feito a partir de Luanda, passando pela província do Bengo, chegamos ao Uíge.

ALOJAMENTO
A rede hoteleira da província regista infra-estruturas degradadas. Apenas duas (2) unidades funcionam debilmente. O ramo dispõe de: 8 hotéis, 8 pensões, 75 restaurantes, 4 centros recreativos, 5 boites, 23 lanchonetes e, 1 dancing.

ALIMENTAÇÃO
Os hotéis possuem bons restaurantes. Os pratos típicos são muambas, nthsombe (espécie de larvas apanhadas em árvores, cozidas e tostadas) e catatos, acompanhados de funge ou verduras. A bebida típica é o Malavo (ou marufo), retirada da árvore chamada bordão.
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Info Província
A província do Uíge fica no norte de Angola e tem 16 Municípios, Alto Cauale, Ambuíla, Bembe, Buengas, Bungo, Damba, Kimbele, Kiteche, Macocola, Maquela do Zombo, Mucaba, Negage, Puri, Sanza Pombo, Songo e Uíge (Capital), distribuídos numa superfície de 58.698 Km².

O seu clima é tropical húmido, com uma temperatura média anual de 24ºC. Na sua fauna encontramos animais como elefantes, búfalos, porcos do mato, antílopes, macacos azuis e ainda várias espécies raras.

Os rios mais importantes desta província são o Zadi, Dange, Lúria, Lucala, Luvulu.

Durante a época colonial o Uíge foi um importante centro de plantação do café robusta.

O grupo étnico maioritário é o Bakongo, mas pode-se encontrar também o Ovimbundo e o Kimbundo. A língua nacional mais falada é o Kikongo. A agricultura é a principal actividade económica da província.

As potencialidades turísticas da província do Uíge encerram belezas naturais e inúmeros sítios históricos tais como:

As potencialidades turísticas da província do Uíge encerram belezas naturais e inúmeros sítios históricos tais como:
A flora e fauna com espécies de animais e plantas raras e típicas;
Pedras denominadas agulhas do Zalala;
Morros do alto Caual;
Quedas do Massau;
Quedas de Camulungo;
Lagoas e rios em savanas abertas;
Verdadeira paisagística;
Artesanatos em junco, madeira e marfim;
Pontes de lianas (cordas);
Máscaras de vários tipos;
Instrumentos musicais típicos;
Cafezeiros em flores e a lagoa com o mesmo nome;
As ricas serras e savanas bem como as ruínas da fortaleza do Bembe;
Velhos monumentos da cidade do Uíge e belíssimas vilas;
Pinturas rupestres da Cabala;
Complexo piscina da cidade do Uíge;
Locais históricos de ocupação colonial e, fortins.

CORREIOS E TELECOMUNICAÇÕES
Os serviços dos correios:
Outrora com várias estações postais de 1.ª, 2.ª e 3.ª classe, estendendo-se respectivamente a Uíge, Maquel do Zombo, Damba, Mucaba, Quitexe, Milunga, Quimbele, Songo, Cangola, Bembe, Bungo, Sanza Pombo, Totó, Negage, e Macocola; Cuilo-Pombo, Bengo, Vista Alegre, Vale do Loge, Uamba, Caiongo, Aldeia Viçosa, Senguela, Buenga-Sul, Dimuca, Cambamba, Lucunga, Buenga Norte, Ambuila e Nsoso, são actualmente limitados à cidade do Uíge.

As comunicações
São asseguradas por telefone com rede Internet (na cidade de Uíge), rádio de telecomunicação administrativa (entre todos os municípios), telegrafia possibilitando as ligações internas e externa ainda com limitações. O serviço meteorológico, funciona debilmente, carecendo de apetrechamento.

ÁGUA E ELECTRICIDADE
Pela província do Uíge passam bastantes rios e a estratégia do passado permite fazer alusão de que possuía 8 pequenas hidroeléctricas com uma potência de 1.223 KVA e 147 centrais com uma produção de 6.181.129 KWH.
Até a data a província é alimentada parcialmente através de 2 (dois) grupos geradores, 1 (um) de 1.225 kw, e de 200 KWH.

ONDE COMPRAR
Na província produz-se cestos, cadeiras e alcofas de junco. Os produtos são vendidos em mercados, principalmente em Quimbele.

Imagem: http://www.portalangop.co.ao/

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

AMÍLCAR CABRAL – Noite de facas longas em conacri


Libertador, 1924 -1973

Carlos Pinto Santos

Ninguém mais pode estragar o paigc. só nós próprios... quando tudo aconteceu...

1924, 12 de Setembro: Nasce em Bafatá, Guiné - 1932: Vai para Cabo Verde - 1943: Completa no Mindelo o curso liceal - 1944: Emprega-se na Imprensa Nacional, na Praia - 1945:

http://www.vidaslusofonas.pt/amilcar_cabral.htm

Com uma bolsa de estudo, ingressa no I. S. Agronomia, em Lisboa - 1950: Termina o curso e trabalha na Estação Agronómica de Santarém - 1952: Regressa a Bissau, contratado para os S. Agrícolas e Florestais da Guiné - 1955: O governador impõe a sua saída da colónia; vai trabalhar para Angola; liga-se ao MPLA - 1956: Criação em Bissau do PAIGC - 1960: O Partido abre uma delegação em Conacri; a China apoia a formação de quadros do PAIGC - 1961: Marrocos abre as portas aos membros do Partido - 1963, 23 de Janeiro: Início da luta armada, ataque ao aquartelamento de Tite, no sul da Guiné; em Julho o PAIGC abre a frente norte - 1970, 1 de Julho: O papa Paulo VI concede audiência a Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos; 22 de Novembro: O governador da Guiné-Bissau decide e Alpoim Calvão chefia a operação de "comando" "Mar Verde" destinada a capturar ou a eliminar os dirigentes do PAIGC sediados em Conacri: fracasso! - 1973, 20 de Janeiro: Amílcar Cabral é assassinado em Conacri.

Noite de facas longas em conacri

Amílcar Cabral é assassinado em Conacri. E, entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica.

O cenário: uma casa branca, isolada, de um só piso, um largo terreiro à volta, uma enorme mangueira em frente da casa, um telheiro que serve de garagem; em Conacri, capital da República da Guiné, de que é Presidente Séku Turé. O tempo: três da madrugada do dia 20 de Janeiro de 1973. A acção: um carro, um Volkswagen, que o condutor arruma no telheiro. Dois faróis projectam a luz para os ocupantes do veículo que são Amílcar Cabral e a sua segunda mulher, Ana Maria. Uma voz ríspida vem da noite e ordena que amarrem Amílcar. Este resiste. Não deixa que o atem. O comandante do assalto dispara. Atinge-o no fígado. Amílcar, sentado no chão, propõe que conversem. A resposta é uma rajada de metralhadora que acerta na cabeça do fundador do PAIGC. A morte é imediata. Os autores do atentado: Inocêncio Kani, que dispara primeiro, um veterano da guerrilha, ex-comandante da Marinha do PAIGC; membros do Partido, todos guineenses.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Orlando Castro, O Perseverante Justiceiro


Mais uma profunda análise de um lutador que não necessita de submarinos para atacar na calada do dia. Porque na calada da noite já era. Os políticos actuais são como alguns submarinos… mergulham profundamente e jamais retornam à superfície. Ficam bem lá escondidos no fundo do mundo. E quando decidem respirar, voltar ao ar livre, muitas armas e algemas os esperam.


«É preciso ser preto para ser angolano?
É preciso ser preto para ser da UNITA?
ALTO HAMA
Para os que estão por dentro dos meandros da política angolana, as minhas posições são claras. Para os que estão por fora, em particular para os meus amigos portugueses, tais posições poderão parecer contraditórias. E isto porque, usando o mais nobre critério jornalístico (a liberdade), tanto critico o MPLA e o Governo angolano (são ambos a mesma coisa) como o faço em relação à UNITA e ao seu Presidente.

Sou angolano, nasci em Angola, lá estudei, brinquei, cresci e me fiz homem. Mesmo que tenha sido obrigado pelos acontecimentos históricos a abandonar o país onde nasci, e a utilizar a nacionalidade portuguesa dos meus pais, o meu coração esteve lá, está lá e estará sempre lá, quer o MPLA queira ou não, quer a UNITA queira ou não.

Nunca me conformarei com o estado a que o meu país chegou. Nunca me conformarei com a miséria, a fome, a indignidade, o roubo e tudo o que de mau tem acontecido no meu país. Não acredito que tudo isto seja consequência da guerra e estes últimos sete anos de paz, confirmam que todo o mal que existiu e que continua a existir se deve aos governantes do MPLA.

Duvidam? Em sete anos de paz, nada mudou. A fome, a miséria, a indignidade, a mortalidade infantil, os roubos, os assassínios e tudo o resto continuam a somar pontos na minha terra porque, de facto e de jure, poucos têm milhões e milhões têm pouco ou nada.

Portanto sou militante e conscientemente da oposição ao actual Governo angolano e ao partido que o sustenta, o MPLA.

E, quer acreditem ou não os que estão dentro, fora, ou fora e dentro, sou “militante”, ou pelo menos assim me considero, da UNITA.

Compreendo que muitas das minhas posições contra a actuação da UNITA não sejam bem aceites por muitos dos seus militantes, desde logo porque – também no Galo Negro – ser branco nada ajuda a ser considerado angolano.

Aprendi ao longo da minha vida que não me sentiria bem se ficasse quieto perante o que considero errado. E muitas das vezes não estou de acordo com a actuação da UNITA e da sua actual Direcção. Ou mais grave ainda, com a sua não actuação, um misto de passividade e lentidão que não se coaduna com quem quer ser alternativa de poder.

A UNITA foi dirigida durante muito tempo por alguém cuja estatura e inteligência eram suficientemente grandes para que os seus militantes estivessem descansados. Quando Jonas Savimbi foi assassinado, a UNITA considerou que a democracia interna era a única hipótese que tinha de sobreviver. E estava certa. A democratização interna fez o Partido sobreviver e fortalecer-se.

O que eu critico muitas das vezes na UNITA é a falta de acção, de actuação, a maneira burocrática e prenhe de lentidão como tudo é decidido, o arrastar das decisões, discutidas até à exaustão numa democraticidade interna que se é boa ao nível das grandes linhas, é um empecilho ao nível da execução, parecendo-me muitas vezes um claro exercício de suicídio político.

Comparativamente, o MPLA está em todas, lidera em força e com alguma qualidade (reconheço) quer as acções internas quer externas, vai somando – em Portugal, por exemplo - apoios em todos os estratos políticos, empresariais e intelectuais, para além de alargar os tentáculos do partido/regime a um cada vez maior número de empresas portuguesas.

Quanto à UNITA, qualquer branco que se aproxime é considerado suspeito... até prova em contrário. Há excepções, há sim senhor. Mas essas excepções servem apenas, e infelizmente, para confirmar a regra.

Contudo, manda a verdade que se diga que é mais fácil a qualquer branco singrar no MPLA do que na UNITA. É pena. Isso não signfica que, no meu caso, mude de trincheira ou engrosse a coluna dos que se afastam sem destino determinado.

Se, em 1975, Rosa Coutinho e todos os seus lacaios não alteraram as minhas convicções, não é agora que alguém o conseguirá fazer. Mas que somos cada vez menos... isso somos.»

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Uíge. Cidadãos aplaudem efusivamente cumprimentos do Presidente da República


Uíge – Os milhares de cidadãos do Uíge presentes no acto central do 4 de Janeiro, realizado no largo do Palácio da Justiça, nesta cidade, aplaudiram efusivamente aos cumprimentos do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, transmitidos pelo ministro da Administração do Território, Virgílio de Fontes Pereira, que presidiu a cerimónia.

ANGOP

Na sequência, o governante, que se fazia acompanhar do governador da província, Paulo Pombolo, do ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, e de outras entidades, saudou o heróico povo angolano, em particular o do Uíge.

Recorrendo-se à história, o representante na cerimónia do Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, disse que desde o período de resistência à penetração colonial, o povo do Uíge sempre demonstrou valentia, citando como exemplo a batalha de Ambuila, ocorrida em 1665.

Segundo o governante, naquela histórica batalha tombou heroicamente “aquele que é considerado o último Rei do Kongo, D. António I, também conhecido por Mwene Mulaza, cujo crânio repousa na ermida da Nazaré, em Luanda”.

Homenageou igualmente todos os naturais do Uíge que se bateram com bravura, heroísmo e fervor patriótico contra o exército colonial português, e pelo seu contributo para a consolidação da paz e da democracia em Angola.

Este ano, a província do Uíge foi escolhida pelo Conselho de Ministros para albergar o acto central comemorativo do 4 de Janeiro, Dia dos Mártires da Repressão Colonial”, cujo lema é “Em memória dos mártires da pátria desenvolvamos o país e reforcemos a democracia”.

Imagem: Cidadãos presentes ao acto central do 4 de Janeiro

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Afrikanita e as suas amigas brasileiras. Orquestra Lunar/ Mulheres da música




A música é delas. Na Orquestra Lunar todas as integrantes são mulheres. Mulheres dos instrumentos, mulheres da voz e, claro, mulher como tema das canções. O primeiro CD do grupo formado em 2005 sai pelo selo da Rádio Mec em parceria com a Rob Digital. A Orquestra já é campeã desde a formação.

http://www.orquestralunar.com/cake/ e MORRO DA MAIANGA

O vozeirão de Áurea Martins é patrimônio cultural do carioca que deveria ser mais valorizado. Só por cooperar nessa doce tarefa, a Orquestra Lunar já marca muitos pontos. Grande cantora da noite com 40 anos de carreira, Áurea tem vários trabalhos, mas seu mais recente CD independente foi reeditado pela Biscoito Fino, aumentando sua possibilidade de ser ouvida. Tomara que seja apenas o início, já que a cantora tem talento de sobra para ter maior destaque no cenário musical.
A prova está nessa brilhante participação no grupo.

Além de Áurea, a Orquestra Lunar soma com a voz de Vika Barcellos e o acompanhamento de Sheila Zagury (piano), Mônica Ávila (sax e flauta), Kátia Preta Nascimento (trombone de vara), Sueli Faria (sax e flauta), Manoela Marinho (violão e cavaquinho), Geórgia Câmara (bateria e pandeiro), Luciana Requião (baixo) e Samantha Renno (percussão). Fátima Guedes presenteia a Orquestra com “Garrafas ao mar”. E a pianista Delia Fischer presenteia o grupo e participa da sua “Das plantas”, parceria com Thiago Picchi. Única composição de uma integrante da Orquestra, “Sete neguinhos” ganhou arranjo da própria autora, Mônica Ávila.

Em um disco de teor feminino não podia faltar Sueli Costa, que está presente em “Voz de mulher”, com letra de Abel Silva. A contemporânea Marina Lima é lembrada com uma surpreendente versão para o hit “Grávida” enquanto a precursora Chiquinha Gonzaga encerra o cd com seu clássico “Corta jaca”.Dos melhores momentos do disco, o samba “Quem sou eu pra perdoar” tem participação especial de Ana Costa dividindo a linha de frente com Vika. Delicioso resgate, a parceria de Carolina Cardoso de Menezes e Armando Fernandes foi lançada originalmente em 1952 pelo grupo Quatro Ases e um Coringa. O lançamento em cd coroa a história de um grupo que nasceu nos palcos. Nessa saudável nova onda de retomar a formação das orquestras de dança, um grupo formado somente por mulheres faz a diferença. Esse toque feminino da Orquestra Lunar vem a somar, com muitas histórias paralelas e talento de sobra.

Maravilhas do Uíge



Aqui, em Luanda, por toda a Angola acontecem coisas de aterrorizar, de pôr os cabelos em pé. E porquê?! Porque quase toda a gente invoca, faz ressurgir, despertar as trevas há muito adormecidas. É de arrepiar. Quem duvidar que venha até cá e veja, se maravilhe.

«DOSSIER FEITIÇARIA
Feitiço no Uíge, um mistério cabeludo
A inclusão do Uíge na rota dos santuários do feitiço em Angola não acontece por livre arbítrio nem por vontade de tornar a abordagem transversal. É mesmo porque a região vive carregada de histórias que a ligam em força a esse fenómeno tão profundamente obscuro e, ao mesmo tempo, tão irresistivelmente mágico e desencadeante de curiosidade em catadupa.

http://www.opais.net/pt/dossier/?det=6147&id=1911

Os que conhecem esta parcela da geografia, onde a África do imaginário do Mundo se mostra em todo o seu esplendor com a exuberância das suas florestas, a abundância dos seus rios, as montanhas e os picos desafiantes, as ribanceiras medonhas, percebem facilmente que aqui se está diante do cenário ideal para o voo do mito, a perpetuação do mistério e o desdobrar das implicações, mais a mais com a forte presença da ignorância que despreza a Ciência.
As histórias da velha Europa que depois a Humanidade consagrou como clássicas, os escritos dos irmãos Grimm, os relatos do dinamarquês Hans Cristian Anderson, só se tornaram tão “reais”, verosímeis e intemporais, porque falam sempre de florestas que metem medo, com duendes, bruxos, monstros e figuras míticas de duas cabeças e mil ideias malvadas.

Do lado de cá, a savana densa e entupida, que não deixa que o sol a penetre e as gotas puras do orvalho da manhã vivam menos, criou as condições para que as noites de África, os seus caminhos e labirintos, a escuridão e o luar, se entrecruzem com a ideia do feitiço.
Digamos, pois, que qualquer um que tenha nascido ou crescido num cenário assim, não se espantará por ter aprendido a coabitar bastante cedo com a crença no feitiço, ou o lado inexplicável da vida e dos fenómenos, a tentativa mais academicista, se quisermos, de se definir esse conceito estranho.

Óbitos com desculpa
Por cá, nas aldeias todos “aprendem” que as mortes têm sempre um culpado: o feiticeiro. Se uma inocente criança vê a sua missão no mundo encurtada, se calhar pela crónica falta de cuidados primários de saúde no campo profundo, ou fulminada por mal pior como uma meningite ou até uma má formação congénita, logo se “descobre” que é o tio ou o avô mauzão quem acabou com a pobre vida, porque precisa de enriquecer e essa morte faz de moeda de troca no seu arranjo com os gurus da feitiçaria. Se um jovem é mal sucedido na vida e inábil até em obrigações tão mundanas como conseguir para si uma esposa, a imaginação corre célere: há com certeza um tio feiticeiro que não quer o progresso do sobrinho.

Se uma parturiente acaba os seus dias na hora em que se prepara para dar ao mundo um novo rebento, nesse momento tão terno e tão deslumbrante que é o nascimento de um filho, há sempre um feiticeiro por detrás da tragédia. Mas é preciso que se saiba que a mulher desenvolveu uma gravidez de risco com os seus “rijos” 45 anos de idade. A Medicina explica isso facilmente mas na aldeia, onde a Ciência vezes sem conta é trocada pela interpretação empírica e o charlatanismo puro, surge um capítulo de desavença e ódios cruzados mais uma vez ligado ao omnipresente feitiço.

Se um aldeão cresce como empreendedor, faz mais na sua labuta que os outros, aumenta o seu rebanho de cabras ou vende mais café que os seus pares, certamente não se livra da acusação de feitiço por ter conseguido tão notável avanço de vida. Ele que reze para que não tenha o azar de perder o filho, sobrinho ou outro familiar próximo, pois de contrário, será o culpado, pois tão vigoroso enriquecimento só pode estar sustentado pela arte do feitiço que pede em troca vidas, muitas vidas…

No Uíge, vinte e oito crianças acusadas de feitiçaria, rejeitadas pelas famílias, perseguidas e sem amor.
Vivem o inferno que a intolerância aliada ao pensamento obscuro cristalizam.
É um lugar que poucos visitam.
Quase apenas a liderança local da Igreja Católica, que o concebeu e levantou em hora boa. Mais os activistas de algumas ONG.

E um ou outro membro com responsabilidade governamental. Amiúde, do ministério da Reinserção Social e do Instituto Nacional da Criança. Também do governo da província, que um dia deixaram roupas e uma bicicleta.
Quando calha, uma equipa de jornalistas que se interessa por uma história rara de rejeição.
Quem chega ao Uíge por avião, a uns escassos dois km na direcção aeroporto-cidade, do lado direito, num plano elevado, ergue-se uma casa de paredes pintadas de um verde esperança.

Pouco dirá ao transeunte, porque está feita para não chamar a atenção.
Lugar discreto. Minúsculo. Mas cheio de amor.
É ali que a Igreja Católica, num gesto que fala da sua longa vocação de solidariedade e humanismo, albergou as crianças que em diferentes momentos foram lançadas ao desamparo e à condenação.
“Criámos este lugar há seis anos, em Dezembro de 2003. Temos trinta e uma crianças, rapazes todos. A ideia foi do Bispo Dom Francisco da Mata Mourisca, antes dele se reformar. É a alma deste projecto”, diz-nos o catequista Pedro Vieira dos Santos, 68 anos de idade bem disfarçados num corpo enérgico.
É o responsável pela casa, a quem todos obedecem. Um gestor mergulhado em preocupações existenciais do dia-a-dia como conseguir o arroz, a fuba para o funji, a massa, o óleo, o peixe, o feijão, a banana, mas também atento – e muito – à recuperação das crianças e adolescentes que encontram refúgio no centro. Aos seus estudos. À sua formação como homens úteis do amanhã.

As dificuldades do lar não são de negligenciar: “Às vezes falta comida.
Quando a Diocese não pode ajudar, fica-se aflito. Contudo, nunca falhou o jantar ou o almoço. Bem ou mal, as refeições fazem-se. Agora mesmo, por exemplo, só temos fuba de bombó e feijão. O MINARS e o INAC ajudam muito com comida e roupa” – detalha o responsável, que reserva também uma palavra de gratidão para a ONG alemã GAUFF, que ajudou com a pintura da casa e ergueu o muro de vedação.
Visitámos o lar, baptizado S. José no dia da sua inauguração (18 de Dezembro de 2003), numa segunda-feira de aulas normais. Por isso o corrupio minguado, só ali estavam quem estuda à tarde.
Perdemos a oportunidade de conhecer os mais novos dos internos, João Maloba e Joaquim Alfredo, envoltos nas malhas da feitiçaria com curtíssimos e inocentes 7 anos de idade. Andam na primeira classe e já haviam abalado, a pé, para a escola que frequentam.

Os colegas falam deles com um misto de pena e admiração, como se não fossem eles próprios heróis iguais de uma mesma novela surreal.»
Por: Luís Fernando, no Uige Fotos: Jacinto Figueiredo