quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

PARA EXTORQUIR DINHEIRO AO PAI: Filha de Bento Bembe simula o seu próprio rapto


Luanda – O juiz-presidente da 6º Sessão de Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda, Carlos Baltazar, procederá no passado dia 18/01, à leitura da sentença dos cinco indivíduos supostamente envolvidos no rapto da cidadã, Fátima “Mimi” Bembe, filha do secretário de Estado para o Direitos Humanos, António Bento Bembe.

Fonte: O País. Club-k.net
A leitura do acórdão estava marcada para o dia 16/01, mas foi transferida para o dia 18, pelo facto de os funcionários dos serviços prisionais não terem encaminhado os reclusos, entre eles duas mulheres, ao tribunal.

O representante do Ministério Público revelou, durante a audiência das alegações finais realizadas que os raptores exigiram ao governante o pagamento de 500 mil dólares em troca de libertação da sua filha. Desde montante, Bento Bembe procedeu ao depósito de 100 mil dólares, que terá sido repartido entre alguns dos réus. A própria vítima terá recebido 25 mil dólares.

A jovem, de 28 anos, que se encontrava a frequentar o terceiro ano do curso superior de Medicina, numa das faculdades de medicina de Kinshasa, República Democrática do Congo, terá participado de todo a trama com o intuito de conseguir algum dinheiro para  ajudar o seu noivo a custear o casamento.

Ela terá sido motivada a praticar tal acto pelo facto de o seu progenitor não se ter mostrado disponível a custear o casamento, porque  o genro pertence a uma família de baixo nível económico.

Segundo as alegações do Ministério Público, “Mimi” Bembe ter-se-á sentido obrigada a proceder deste jeito pela suposta postura pouco branda que o seu progenitor havia assumido. Consta que a razão terá sido o fracassado casamento de uma outra filha, cuja cerimónia matrimonial e o copo de água terá custado elevadas somas monetárias, pelo facto da família do noivo ter as mesmas condições financeiras.

As investigações desencadeadas pelos peritos da Interpol (Polícia Internacional) e da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) revelaram que a jovem terá sido uma das principais mentoras do crime e  por esta razão esteve inicialmente entre os detidos.

O namorado da jovem, que foi arrolado no processo em julgamento e continua em Kinshasa, revelou que ela, segundo a pronuncia, exigiu-lhe que se comprometesse a fazer de tudo para que a sua participação não fosse revelada caso o crime fosse descoberto. Mas, inconformado, o político endereçou uma carta ao Tribunal pedindo que ela fosse solta com base num pressuposto legal, o que veio a acontecer.

Para evitar qualquer injustiça, o Ministério Público propôs que três dos cinco réus sejam postos em liberdade, por não ter sido encontrada qualquer prova que os incriminasse e que a proprietária da conta bancaria, onde foi depositado os valores, fosse condenada a fazer o reembolso. E que também cumprisse uma pena que pudesse ser convertida a pagamento de dinheiro.

O advogado de defesa dos réus, José Carlos, protestou alegando que todos devem ser mandados em liberdade para evitar que haja conflitos entre a jurisprudência e a justiça.

A suposta vítima foi resgatada bastante débil na localidade de Kimpezi, República Democrática do Congo, alguns dias depois. Regressou a Angola em companhia das autoridades policiais e dos seus familiares.

Na altura em que desapareceu foram divulgados pormenores, como o nome e idade, bem como as circunstâncias e o responsável ou responsáveis pelo sequestro. Na ocasião, Bento Bembe confirmou o rapto da filha, mas não revelou as razões do sequestro. “Confirmo a situação mas, neste momento, ainda não posso dizer nada”, afirmou na altura o governante angolano.

Um porta-voz de Nzita Tiago, dirigente da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda – Força Armadas de Cabinda (FLEC-FAC), afirmou, na oportunidade, ter conhecimento do caso, mas também recusou qualquer envolvimento. “Nós não fazemos isso”, frisou o porta-voz de Nzita Tiago.

António Bento Bembe, figura histórica da resistência cabindesa, foi o principal protagonista do Memorando de Entendimento para a Paz e Reconciliação na Província de Cabinda, assinado entre o governo de Luanda e o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), a 01 de Agosto de 2006. Após a assinatura deste documento, o até então líder do FCD passou a integrar o governo na qualidade de secretário do Estado para os Direitos Humanos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Moody's baixa 'rating' de seis bancos canadianos


Por Agência Lusa

A agência de notação financeira Moody’s reviu hoje em baixa a nota a longo prazo de seis bancos do Canadá, justificando a alteração com o alto endividamento das famílias no país e os elevados preços das casas.
Toronto-Dominion, Scotiabank, Bank of Montreal, CIBC, National Bank e Desjardins viram as suas notas cair um valor, anunciou a agência de 'rating'.
A classificação da maior instituição financeira do país, o Royal Bank, não sofreu alterações, contudo.
De acordo com os mais recentes dados económicos do país, citados pela agência noticiosa Efe, a dívida em média de cada consumidor canadiano é de 165% do seu salário, o que representa que, por cada dólar de rendimento, há 1,65 dólares em dívida.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Holden Roberto, Líder fundador da FNLA



Luanda – Álvaro Holden Roberto, pai do nacionalismo angolano e da Independência de Angola, filho de Garcia Disiwa Roberto e de Joana Ilena Lala Nekaka, cristãos da Igreja Baptista (Baptist Missionary Society), nasceu em 12 de Janeiro de 1923, na cidade de Mbanza Kongo, primeira capital de Angola, actual capital da província do Zaire; neto de escravos em Angola e São Tomé.

Fonte: Club-k.net

No nascimento de Álvaro Holden Roberto, Angola encontrava-se, administrativamente, dividida em  seis distritos nomeadamente: Luanda, Congo, Benguela, Lunda, Moçamedes, e Huíla. Alguns meses depois foi incluído o distrito do Quanza.

Com um ano de idade acompanhou os pais no exílio, ao Congo Belga para aonde se refugiaram milhares de angolanos, devido da opressão colonial portuguesa. Em Thysville, Kinsangani/Congo Belga, Holden Roberto fez os estudos primários e secundários, regressando para Angola em 1934. Continuou os seus estudos na “British Missionary Society” e depois em Leopolde Ville (…)

Em 1956, Holden Roberto se dedicou exclusivamente da política que se desenrolou paralelamente à luta de libertação de Angola e do Congo-Belga (RDC) do jugo colonial belgo-português. Militante activo da UPA desde a sua fundação em 1954, pelos nacionalistas angolanos Eduardo Pinnock, Francisco Borralho Lulendo, Barros Nekaka (tio de Holden), Lucas da Costa e Garcia Roberto.

Na altura, o futuro presidente da UPA-FNLA desenvolveu em Leopoldeville-Kinhsasa, uma actividade política intensa e perigosa, porque era estrangeiro, em estreita colaboração com os nacionalistas congoleses do MNC, ABAKO e outros partidos.

Foi nessa altura que no chamado «Círculo dos Evoluídos» de Stanley Ville que Holden Roberto conheceu Patrice Lumumba, a quem ligou laços de amizade e de trabalho comum na libertação dos povos angolano e congolês. Entendimento que os levou, em 1958, em ACCRA, a fazerem um solene juramento de que o primeiro que ascendesse à independência ajudaria o outro a libertar-se do jugo colonialista europeu.

Em 1958, com o fundo obtido por subscrição entre os militantes da UPA, Holden Roberto segue para Accra-Gana para participar na Iª Conferência Africana…, onde matriculou-se no Instituto Superior de Ciências Políticas e partindo depois para os Estados Unidos da América (EUA), tanto para advogar a causa dos angolanos nas Nações Unidas – Holden foi o primeiro angolano a falar de Angola nas ONU – e para completar os seus estudos superiores de política e economia.

Em 1960, em Accra-Ghana, Holden Roberto é eleito por aclamação presidente da UPA, trabalhando como conselheiro particular de Kwame Nkrumah e com George Padmore no Departamento de Negócios Africanos.

Na década de 60, Holden Roberto e a UPA desencadearam a luta de guerrilha para insistir na negociação com o governo Português, supondo-se não haver alternativa com o ditador Salazar.

Os argelinos Boumendiel, Dr. Frantz Fanon e Mustaphai, todos amigos de Holden, em 1960, na Iª Conferência dos Povos Africanos, foi aprovada a luta armada e seguem para Argel muitos militantes da UPA para treino militar.

Em 1961, o massacre de 04 de Janeiro na Baixa de Kassange (Malange), a UPA realizou a 1ª revolta de preparação do início da luta armada para a libertação de Angola, seguida pela segunda revolta em 04 de Fevereiro, em Luanda (…). A UPA nessa altura era o único movimento de libertação que existia, surgida dos ideais da UPNA (fundada em 7 de Julho de 1954, em Matadi-Congo-Belga actual RDC) e da UPA.

No território angolano, a UPA, teve a sua primeira célula no Lobito, província de Benguela, permitindo a fuga dos nacionalistas angolanos para o ex-Zaire. Foi a UPA-FNLA que em 15 de Março de 1961, deu início real e vitorioso da luta armada para a independência nacional de Angola, alcançada em 11 de Novembro de 1975, data inicialmente proposta por Holden,

Holden foi o primeiro líder a proclamar a independência de Angola, às zero horas do dia 11, na cidade portuária de Ambriz, província de Bengo, seguido por António Agostinho Neto (em Luanda) e Jonas Malheiro Savimbi (no Huambo).

FNLA foi o único movimento de libertação que nos Acordos de Alvor (em Portugal) decorrido à 15 de Janeiro de 1975, apresentou perante os portugueses e a comunidade internacional, prisioneiros de guerra como fundamento e justificação de ser na verdade, a força que lutou e derrotou verdadeiramente os portugueses através do Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), braço armado da FNLA, facto que não aconteceu com o MPLA e a UNITA que também são co-signatários dos Acordos de Alvor, violados pelo MPLA por ganância de poder.

O irmão Holden Roberto dirigiu a FNLA com grande determinação e ânimo inquembrantável, considerado figura cimeira na luta de emancipação do continente africano. Falava brilhantemente português, francês, inglês, kikongo, kimbundu, umbundu e outras línguas angolanas. Foi tambem Comandante em Chefe do ELNA.

A democracia e a boa governação já eram linguagem falada pela FNLA ao longo da sua Luta. Em Angola, as primeiras eleições gerais, previstas nos termos dos Acordos de Alvor, violados pelo MPLA, teriam lugar em Outubro de 1975, um mês antes da proclamação da independência.

O Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), no qual o irmão Jonas Malheiro Savimbi foi ministro dos Negócios Estrangeiros, tinha um projecto de sociedade que é ainda esperança dos angolanos. Foi o primeiro governo que Angola teve, seguido o Governo de Transição, surgido nos termos dos Acordos de Alvor.

Ngola Kabangu um dos co-signatários dos acordos de Alvor, ao lado de Holden Roberto, arquitectos da independência de Angola, é o presidente legítimo da FNLA, eleito num congresso estatutário previamente preparado pelo irmão Holden Roberto, lutador incansável da causa dos angolanos.

Holden Roberto em várias ocasiões dizia: “o Zaire acolheu e albergou cerca de um milhão de refugiados angolanos, partilhou as suas escolas, os seus hospitais, com os seus irmãos e vizinhos angolanos, deu a FNLA bases para treinar o seu exército, o ELNA. Por isso, Menção Especial a República do Zaire/Congo-RDC porque sem este país a luta armada de libertação seria difícil, até mesmo impossível, tal como Frantz Fanon tinha predito”.

A UPA-FNLA foi também a primeira organização política angolana a ser reconhecida pela ONU e ter representação universal na pessoa do representante e primeiro angolano na ONU, o irmão Carlos Gonçalves Kambandu, militante incansável da UPA-FNLA, ainda vivo, e da mesma forma que a FNLA foi o primeiro movimento de libertação de Angola a ser reconhecida pela Organização da Unidade Africana, que a própria FNLA co-fundou em 25 de Maio de 1963, na pessoa de Holden Roberto. Feitos e qualidades históricas que nenhum outro partido político angolano nem líder tem.

Vaticano comprou em ‘segredo’ prédios de luxo em Londres


Igreja Católica é dona de prédios de luxo no Reino Unido, França e Suíça, alguns adquiridos em 2006, que estão em nome de terceiros. Património terá sido criado com ajuda de Mussolini, em troca do reconhecimento do regime fascista que vigorou em Itália.
Maputo (Canalmoz) – O Estado do Vaticano continua a acumular riqueza. O seu património imobiliário internacional não para de crescer. Alguns dos edifícios comerciais nos bairros mais caros de Londres, muitos dos quais adquiridos nos últimos anos, são parte de um império imobiliário ‘secreto’ da Igreja Católica na capital britânica, de que são exemplo a sede do banco de investimento Altium Capital, na esquina da praça St. James com a Pall Mall, e as instalações da joalharia Bulgari, em New Bond Street.
A Igreja tem também prédios de escritórios de luxo em França, nomeadamente em Paris, e na Suíça.
Segundo revela o “The Guardian”, a carteira internacional de imóveis da Igreja Católica, expandida ao longo dos anos, foi criada com dinheiro pago por Mussolini, em troca do reconhecimento do regime fascista pelo Papa, em 1929. Desde então, o valor desse património tem estado a crescer, até atingir os 500 milhões de Libras (cerca de 595 milhões de Euros).

Investimento guardado em ‘segredo’ em nome de terceiros

Em 2006, no auge da mais recente bolha imobiliária, o Vaticano investiu 15 milhões de libras para adquirir o imóvel n.º 30 da praça St. James, em Londres. Outros imóveis no Reino Unido, de propriedade da Igreja católica, ficam em 168 New Bond Street e na cidade de Country.  
O mais surpreendente é que esses imóveis não estão registados diretamente em nome do Vaticano. O edifício da praça St. James, por exemplo, foi adquirido por um empresa denominada Britsh Grolux Investmente, que detém outros imóveis no Reino Unido.
Curiosamente, a Conservatória de Registo Predial britânica não revela os nomes dos verdadeiros  proprietários da empresa, mas, sim, os de dois acionistas de peso, ambos católicos. Ou seja, John Varley, que até há pouco tempo presidia o Barclays Bank, e Robin Herbert, ex-administrador do bando de investimento Leopold Joseph, os quais, questionados pelo “The Guardian” sobre quem representavam, não responderam.
Ainda de acordo com o jornal britânico “The Guardian”, os investimentos com o dinheiro de Mussolini são controlados por um funcionário do Vaticano em Roma, Paolo Mennini, que é, de facto, o banqueiro de investimento do Papa Bento XVI. (Maria Luiza Rolim, in Expresso, com a devida vénia do Canalmoz)

domingo, 27 de janeiro de 2013

Grande Investigação. O passaporte de Lúcia e as desconfianças da PIDE


por Rui Pedro Antunes

Fundador da obra tinha um plano expansionista e queria começar por abrir uma delegação na França, mas intervenção da irmã Lúcia fez que Portugal fosse o primeiro país, a seguir à Espanha, a contar com a presença do Opus Dei. O Estado Novo e o próprio patriarca desconfiaram da obra, que a PIDE nunca deixou de seguir de perto.
O fundador do Opus Dei, Josemaría Escrivá de Balaguer, saiu de Madrid num dia de inverno com um objetivo: "conquistar" Portugal, fundando a obra no País. Mas havia um problema: não tinha passaporte que lhe permitisse passar a fronteira. Contou, no entanto, com a ajuda de uma amiga: a pastorinha Lúcia. Foi a 29 de janeiro de 1945 (há 68 anos) que Josemaría conseguiu chegar à fala com Lúcia, e a empatia foi imediata, tendo a vidente de Fátima pedido ao beato espanhol para fundar a obra em Portugal. Para isso era preciso entrar no País e ter o aval do cardeal Cerejeira, nada que Lúcia não conseguisse.
Com um simples telefonema, a vidente de Fátima - que tinha influência junto das mais altas figuras do regime - conseguiu, em tempo recorde, um visto para Josemaría. E se até este ponto da história as várias conversas com membros do Opus Dei e os factos relatados na principal bibliografia sobre a obra são unânimes, quanto ao destinatário do telefonema de Lúcia já não há consenso.