sábado, 2 de outubro de 2010

Em Maputo. Distribuição desigual da renda é a origem das manifestações do início de Setembro


- considera o Grupo Moçambicano de Dívida, uma ONG nacional

Maputo (Canalmoz) – O crescimento do fosso entre ricos e pobres, que se agudiza no país, deve constituir preocupação para os moçambicanos, os quais devem buscar soluções para reverter as tendências actuais. Esta percepção é do Grupo Moçambicano de Dívida (GMD), uma organização não governamental, nacional, que se encontra desde ontem, em Maputo, reunida juntamente com outras organizações estrangeiras, para, entretanto, reflectir sobre a questão da distribuição desigual da riqueza nos respectivos países.
O GMD diz que as desigualdades socioeconómicas no país estão na origem das manifestações populares de 1 a 3 de Setembro corrente, que ceifaram vida a aproximadamente uma dezena de cidadãos, para além de centenas de feridos e detidos.
Humberto Zaqueu, um pesquisador do GMD, justifica o encontro que ontem se iniciou como um esforço conjunto de países diferentes, procurando buscar soluções comuns para problemas semelhantes. Participam no encontro organizações brasileiras, sul-africanas, zimbabweanas e tanzanianas.
Brasil e África do Sul são considerados, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, como dois líderes dos países com maiores desigualdades sociais do mundo.
O encontro com organizações destes países visa, segundo Zaqueu, buscar “experiência sobre a execução de modelos de impulsão de desenvolvimento justo”, o que passa pela “distribuição equitativa dos rendimentos nacionais”.
Outra questão, não menos importante, a ser analisada é como os outros países identificam os problemas prioritários dentre vários de que enfermam, e como os financiamentos são mobilizados para superação desses mesmos problemas.
Humberto Zaqueu diz que para além de colher experiências sobre como é o Brasil, a África do Sul, o Zimbabwe e a Tanzânia usam os recursos disponíveis localmente para suprir as necessidades da população, quer saber de que forma se pode ajudar o Governo moçambicano a capitalizar a economia de Moçambique a partir de mais uma experiência.
Preocupação com os rendimentos dos mega-projectos
À semelhança dos que já vêm contestando as isenções fiscais aos mega-projectos, o GMD diz que considera que o processo de concessão de mega-projectos deve ser revisto de modo que o país tire dele benefícios económicos, para além de benefícios sociais, que satisfaçam as comunidades onde os mesmos são desenvolvidos.
Humberto Zaqueu diz que as políticas de concessão dos mega-projectos deviam, antes da sua aprovação, ser analisadas por vários académicos, de acordo com cada assunto e não serem decididos somente pelo Governo, como sucede actualmente.
O economista do GMD prevê que os resultados do encontro que termina hoje, irão conferir uma base sólida para melhor participação na elaboração do PARPA – Plano de Acção para Redução da Pobreza Absoluta – e simultaneamente servirem de uma ferramenta útil para os diferentes actores no processo de desenvolvimento deste país.

(Emildo Sambo) 2010-09-28 07:44:00

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