Se você é mãe ou pai de filhas pequenas (por
pequenas, leia-se a faixa etária de seis a nove anos), temos duas sugestões de
livro de cabeceira: “O Efeito Lolita” (Meenakshi Durham, 2008) e “A infância perdida” (Diane Levin, 2009). Ambos escritos por
autoras estrangeiras, mas já disponíveis na versão em português. Ambos tratam,
por ângulos diferentes, do mesmo problema: a sexualidade cada vez mais precoce
entre as meninas.
Os últimos anos já trouxeram numerosas pesquisas
sobre o tema: por diferentes razões, que começam na própria criação familiar e
passam por fatores como a influência da mídia e o ambiente escolar, as meninas
têm entrado cada vez mais cedo no universo da sexualidade. Apesar dos alertas,
no entanto, a tendência segue aumentando. Qual é, afinal, o motivo?
Sexualidade
x Popularidade
Um estudo da Universidade Knox, em Galesburg
(Illinois, EUA), abordou a questão da sexualidade infantil por um ângulo
social: a popularidade. Será que as garotinhas desejam se tornar sexualmente
atraentes mais cedo por razões “diretas”, ou existe uma pressão social em que
isso é incluído para se tornar aceita sem que elas sequer saibam o real
significado?
A resposta parece ser a segunda opção. O estudo
reuniu 60 meninas entre 6 e 9 anos de idade, e a todas foram apresentadas duas
bonecas: uma vestida em roupas discretas, cobrindo a maior parte do corpo, e a
outra em trajes declaradamente sensuais.
Cada menina foi submetida a um questionário
psicológico e social. Acoplado a isso, cada uma deveria escolher entre as duas
bonecas em quatro quesitos: com qual das duas a entrevistada se julgava parecer
mais, qual ela gostaria de ser, qual das duas seria a mais popular na sua
escola, e com qual das duas bonecas ela gostaria de brincar.
Em todos os tópicos, a boneca “sexy” derrotou a
“recatada”. Dois índices, em particular, foram considerados alarmantes pela
equipe de pesquisadores: 68% gostariam de ser como a boneca sensual e 72% delas
afirmaram que esta seria a menina mais popular entre o seu grupo de amigas.
A preocupação dos psicólogos se concentra
especialmente neste último quesito. Aparentemente, não existe de fato nas
meninas um crescente desejo de atrair os olhares dos meninos desde cedo, o que
ficou comprovado com o perfil psicológico das garotas. A erotização precoce,
desta forma, ocorre principalmente porque criou-se um senso comum, cujas
origens já se perderam, de que uma aparência sexy está relacionada a vantagens
na sociabilidade.
O que
fazer, mãe?
Dica rápida: matricule sua filha em algum esporte.
Segundo os pesquisadores, o índice de rejeição ao corpo sexy foi especialmente
maior entre as que faziam atividades como dança ou ginástica.
A justificativa para isso, segundo eles, é simples:
um esporte faz com que as meninas dêem mais valor ao potencial do próprio corpo
como instrumento para desenvolver arte, habilidade e saúde, entre outros
valores, de forma que a sensualidade passa a um segundo plano.
Embora isso pareça uma alternativa sadia, esconde
um lado preocupante, segundo os psicólogos. Se uma menina de seis já precisa de
um “artifício” como o esporte para poder fugir da visão do corpo como
instrumento sexual, é sinal de que tal estereótipo entra imediatamente nas
casas das famílias e na criação das meninas de maneira natural.
O papel
da mídia
Muito já se falou sobre a influência da mídia e da
indústria do entretenimento na criação do estereótipo, e os pesquisadores não
descartam esta ameaça. Mais uma vez, no entanto, essa influência não acontece
às claras.
Isso significa que os filmes, novelas e revistas
jamais incentivam explicitamente a sexualidade infantil, e sim as vantagens que
uma mulher adulta obtém na sociedade simplesmente devido ao “sex-appeal” que
possui. No mundo infantil, isso se observa especialmente na popularidade, mas
há outros reflexos. De um jeito ou de outro, no fim das contas, tudo contribui
para o mesmo problema.
A atitude acertada seria, portanto, evitar o acesso
das crianças aos meios de comunicação? Nem pensar, segundo os pesquisadores. A
alienação não pode proteger a criança dos estereótipos negativos para sempre.
Excluir a menina da realidade social em que vive só pode tornar as coisas
piores.
É adequado que as filhas realmente assistam
televisão, e de preferência junto dos pais. Uma ideia passada pela televisão
pode ser modelada e trabalhada pela mãe para que não chegue “crua” à
mentalidade das garotas que ainda não entraram na puberdade (esta realidade
também foi comprovada em números pelo estudo). Uma instrução direcionada, de
acordo com os pesquisadores, será sempre melhor do que a ausência de instrução.
[Live Science/Fox News/Pacific Standard, foto de Jeanine com
edições do HypeScience]
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