Vários estudos ligando o cérebro e suas
funções à religião, práticas religiosas como oração e meditação já foram
feitos, mas são poucos os estudos que avaliam a longo prazo os efeitos de
práticas religiosas sobre as estruturas do cérebro.
O artigo “Religious factors and hippocampal
atrophy in late life”, de Amy Owen e colegas da Universidade Duke (EUA),
representa um acréscimo na compreensão do relacionamento entre cérebro e
religião. Neste estudo, o cérebro de 268 homens e mulheres com 58 anos foi
medido usando imagem de ressonância magnética, e os participantes responderam a
um questionário sobre sua religiosidade e prática religiosa.
O resultado surpreendeu os pesquisadores. Os
participantes que relatavam ter tido uma experiência que mudou a vida deles
apresentaram uma atrofia no hipocampo, uma região cerebral responsável pelo
aprendizado espacial, contextual e episódico, e também pela formação da
memória. Além disso, também foi encontrada uma hipertrofia maior entre os
“renascidos” católicos, evangélicos, e sem afiliação religiosa, em comparação
com protestantes que não relataram a experiência de “renascimento”.
Os autores do estudo acreditam que a causa da
atrofia seja o estresse a que passam pessoas de minorias religiosas e as que
estão tendo problemas com suas crenças. A angústia causada por participar de
uma minoria ou de mudar sua vivência religiosa daquela em que cresceu seria
causa de estresse, que por sua vez teria um impacto negativo no hipocampo.
Entretanto, os pesquisadores alertam que o
estudo é bastante limitado, o tamanho da amostra é pequeno, e não elimina
outras hipóteses, como a de que o estresse que tenha levado à experiência
religiosa de renascimento, ou que pessoas com hipocampo menor sejam atraídas
por certos tipos de vivências religiosas, hipóteses que invertem a causa e
efeito neste caso.
De qualquer forma, é um estudo interessante,
e mostra que ainda há muito a aprender na relação entre cérebro e
religiosidade. Mais estudos vão trazer conhecimentos nas relações entre
religião, espiritualidade, e o cérebro, as perguntas suscitadas neste campo são
muito interessantes. [ScientificAmerican, PLoS One]
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