À
Exma. Drª Isabel dos Santos
Mui Digna Vice-presidente do Banco Fomento Angola
Assunto: Neo-colonização no BFA
Excelência viemos através desta via, porque acreditamos ser o único meio pelo
qual lhe poderemos chegar todas as questões irregulares que têm acontecido na
instituição e que acreditamos não ser do seu conhecimento.
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Nós funcionários da instituição supracitada, distribuídos nas diversas áreas,
gostaríamos de entender a razão pela qual até aos dias de hoje os salários e as
condições laborais serem tão baixas e péssimas comparando com outras
instituições do nosso mercado!
Todavia, o BFA primeiro banco comercial e líder das concorrentes e ainda o que
propaga ao mundo fora ser o banco que mais cresce, e, realmente cresce, pois os
números falam por si. Só que infelizmente não distribui.
Excelência a postura de quem gere o banco é contrária até mesmo a politica do
nosso glorioso MPLA, pois é sabido que o lema é “Crescer mais e Distribuir melhor
“.
As condições laborais são deploráveis e se aqui citarmos, talvez fossem
necessárias descreve-las em duas páginas..., ademais não compreendemos porque
razões temos de comparticipar com 20% dos pagamentos facturados pela clínica
das consultas feitas uma vez que, com salários baixos e demais descontos em
cursos, acabamos ficando sem quase nada. Será que se justifica?
Nós funcionários trabalhamos directamente com elevadas somas de valores, mas,
pelo contrário ganhamos pessimamente mal. Nós não estamos numa instituição de
caridade, sabemos. Mas, a ideia de que se tem de um funcionário bancário é
extremamente diferente das condições que se vive.
Qual tem sido a causa das constantes demissões no BFA? Será que a nossa
Administração não tem conhecimento?
Desconhecemos totalmente qualquer tipo de politica motivacional existente na
instituição, a não ser os incentivos anuais na ordem dos USD 200 á USD 300, ao
contrário dos colegas estrangeiros que recebem a margem de USD 5000 a USD
10000. Outrossim, após três anos de função são acrescentados no salário de
alguns colaboradores valores na mesma ordem (USD 200-300). Serão essas
políticas motivacionais?
É muito triste o que vivenciamos na altura das vendas de casas nas
centralidades de Luanda, onde muitos sonharam e acreditavam poder adquirir a
casa dos seus sonhos, e simplesmente nenhum funcionário (Balconistas, Caixas,
Técnicos de Informática, de Créditos, Motoristas etc.) conseguiu adquirir,
porque os nossos salários não são superior a 150.000.00kzs. É triste!
O intercâmbio com os irmãos estrangeiros (na sua maioria de nacionalidade
portuguesa) é salutar, mas, difícil é compreender a diferença salarial abismal
(6x+) que o nacional, e com direito a casa e carro pago pelo banco; viagens e
alojamentos.
Também estranho é perceber em que condições são eles contratados, pois na sua
maioria nem experiência de trabalho possuem (apreendem com os angolanos) e
também é notório o baixo nível de escolaridade dos mesmos, isso inferior à nós.
Pois, só para se ter uma ideia os quadros que suportam o nosso banco são
constituídos maioritariamente por estudantes universitários, bacharéis e
licenciados. O que em parte tem facilitado a saída maciça de pessoal para as
concorrentes.
Excelência, atenta pela gravidade da informação que lhe vamos descrever, no dia
14/02/2014 somos surpreendido com afixação em todos os andares que comportam o
edifício sede, sita na rua Amílcar Cabral, de uma lista e como consta em anexo,
de pessoas e únicas que podiam fazer o uso de água mineral.
Ficamos estupefactos e concluímos ser uma atitude irracional, após análise da
listagem, verificamos serem indivíduos com cargo de top e de pele clara. O que
se pretende? Até quando continuaremos na supremacia das cores da pele? Não
basta o salário! Até a água mineral? Será que não se tem direito pelo cargo ou
pela cor da pele? É natural que não sintamos sede!?
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou
ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem
aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar. A razão pela qual a intolerância
e racismo existem. As pessoas têm medo de seus próprios sentimentos, medo do
desconhecido e receio de agir pela luta dos seus direitos e exigências das suas
condições.
A partir da compreensão dos resultados internos, surgem importantes indicações
que podem proteger a instituição a reproduzir menos e intensificar as
desigualdades sociais no seio do trabalho. E quem sabe, eventualmente, podemos
reduzir tais situações, já que menores disparidades são também um indicador de
qualidade de trabalho e desigualdades insignificantes, pois significa que
nenhum funcionário está ficando para trás...
O salário nem sempre é um factor determinante para a mudança de emprego, uma
vez que, no início da carreira, os profissionais tendem a se preocupar mais com
a experiência e o aprendizado. Mas, a remuneração baixa pode pesar, e muito,
com o passar do tempo, quando as necessidades do profissional não são
satisfeitas.
Certamente, é um factor crucial a quem tem uma casa arrendada e filhos para
sustentar, diante de tais informações, solicitamos a confrontação; e de pés
juntos rogamos a Sua Excelência no sentido de exigir e rever as nossas
condições de trabalho e salariais, para que junto com os nossos irmãos
estrangeiros, possamos trabalhar com dignidade e sem assimetrias.
Obrigado.
Os Funcionários.