O
que a ciência diz...
O efeito de
aquecimento de CO2 que adicionamos à atmosfera é muito maior que a
influência de mudanças na órbita da Terra ou da atividade solar, mesmo
que esta caísse para os os níveis do Mínimo de Maunder.
http://www.skepticalscience.com/translation.php?a=53&l=10
Argumento
cético...
"Um dia
você vai acrodar enterrado embaixo de nove andares de neve. É tudo parte de um
ciclo estável, previsível e natural que retorna como um relógio a cada 11.500
anos. E como a última Era Glacial terminou quase que exatamente há 11.500
anos..." (Ice Age Now)
Há apenas alguns
séculos, o planeta experimentou uma leve era glacial, que recebeu o nome pitoresco
de Pequena Era do Gelo. Parte da Pequena Era do Gelo coincidiu com um período
de baixa de atividade solar chamado Mínimo de Maunder (batizado em homenagem ao
astrônomo Edward Maunder). Acredita-se que uma combinação de atividade solar
mais baixa e maior atividade vulcânica constituiu na maior causa deste fenômeno
(Free 1999, Crowley
2001), com mudanças na circulação oceânica que também tiveram efeito nas
temperaturas européias (Mann 2002).
Será que estamos nos aproximando de
outro mínimo de Maunder? A atividade solar está mostrando atualmente uma
tendência de resfriamento de longo prazo. 2009 teve a irradiância solar mais
baixa em mais de um século. Porém, predizer a atividade solar futura é
problemático. A transição de um período de 'grand maxima' (a situação da
segunda metado do século XX) para uma 'grand minima' (a condição do Mínimo de
Maunder) é um processo caótico e difícil de prever (Usoskin
2007).
Digamos, apenas a título de argumento,
que o sol entrasse em outro Mínimo de Maunder no século XXI. Que efeito isso
teria sobre o clima da Terra? Simulações da resposta climática nesta condição
concluem que a diminuição de temperatura devido a isso seria mínima comparada
com o aquecimento por gases estufa de origem humana (Feulner
2010). O resfriamento causado por essa hipotética menor atividade solar
seria de cerca de 0,1ºC (com um valor máximo estimado de 0,3ºC), enquanto o
aquecimento por gases estufa é de 3,7ºC a 4,5ºC, dependendo de quanto CO2 nós
emitirmos ao longo do século XXI (mais a respeito deste estudo...)
Entretanto, nosso clima experimentou
mudanças muito mais dramáticas que a Pequena Era do Gelo. Ao longo dos últimos
400.000 anos, o planeta experimentou condições de Eras Glaciais, pontuadas por
breves intermalos mais quentes a cada cerca de 100.000 anos. Nossa atual era
interglacial começou há cerca de 11.000 anos atrás. Poderíamos estar à beira do
final desta nossa interglacial?
Como se iniciam as eras glaciais? As
mudanças na órbita da Terra fazem com que menos luz do sol (insolação) atinja o
Hemisfério Norte durante o verão. A calota polar do norte derrete menos durante
o verão e gradualmente vai crescendo ao longo de milhares de anos. Isso aumenta
o albedo da Terra, o que amplifica o resfriamento, fazendo com que a calota
polar aumente ainda mais. Este processo dura por cerca de 10 a 20 mil anos,
trazendo o planeta a uma Era Glacial.
Nem todas as interglaciais duram o mesmo
tempo. Uma perfuração de gelo do Domo C, na Antártica, proporcionou uma visão
das temperaturas até 720.000 anos atrás. As condições climáticas de 420.000
anos atrás eram similares às condições atuais. Naquela época, a interglacial
durou 28.000 anos, sugerindo que nossa interglacial atual poderia durar por
tempo semelhante, sem a intervenção humana (Augustin 2004).
As condições atuais são similares às de
400.000 anos atrás, devido a configurações similares na órbita da Terra. Em
ambos os períodos, a forçante das variações orbitais mostrou muito menos
mudanças do que em outras interglaciais. Simulações com a órbita atual mostram
que mesmo sem emissões de CO2, espera-se que a interglacial atual dure pelo
menos 50.000 anos (Berger
2002).
Evidentemente, a questão de quanto tempo
dura a interglacial sem intervenção humana é apenas hipotética. Nós estamos
intervindo. Então, que efeito têm nossas emissões de CO2 em uma futura Era
Glacial? Esta questão é examinada em um estudo a respeito do
"gatilho" da glaciação - a diminuição necessária na insolação do
verão do hemisfério norte para iniciar o processo de aumentar a calota polar (Archer 2005). Quanto mais CO2 houver na atmosfera, mais
baixo precisa cair a insolação para disparar a glaciação.
A Figura 4 examina a resposta do
clima a vários cenários de emissões de CO2. O azul representa uma liberação
humana de 300 gigatoneladas de carbono - nós já ultrapassamos esta marca. A
liberação de 1000 gigatoneladas de carbono (linha laranja) impediria uma Era
Glacial por 130.000 anos. Se as emissões de carbono fossem 5000 gigatoneladas
ou mais, a glaciação seria evitada por meio milhão de anos. Como as coisas
estão hoje, a combinação de uma forçante orbital relativamente fraca com um
longo período de permanência atmosférica do CO2 provavelmente gerará uma
interglacial mais longa do que a que foi vista nos últimos 2,6 milhões de anos.
Assim, podemos ficar seguros de que não
há nenhuma Era Glacial à espreita. Para aqueles com dúvidas persistentes de que
uma Era Glacial poderia ser iminente, voltem seus olhos para a calota polar do
Ártico. Se elas estiverem crescendo, então sim, o processo de 10.000 anos de
glaciação pode ter começado. Porém, o permafrost Ártico atual está se
degradando, o gelo oceânico Ártico está derrentendo e o manto de gelo da
Groenlândia está perdendo gelo num ritmo acelerado. Dificilmente isso
representaria boas notícias para a Era Glacial iminente.
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