quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Uíje. Lendas e magia nos cenários naturais e históricos do Uíge



DISTÂNCIAS EM KM DA SEDE PARA: Luanda 345 - M'Banza Kongo 314

Lendas e magia nos cenários naturais e históricos do Uíge

http://www.portalangop.co.ao/

A região é caracterizada por grande potencialidade de recursos naturais e locais históricos e culturais, muitos deles actualmente em estado de abandono devido às consequências directas ou indirectas do conflito armado que assolou o país por mais de três décadas.
Seus rios são navegáveis, propícios à prática de desportos náuticos e pesca desportiva. Outras opções são os banhos de cachoeiras, nos rios e lagoas. O ecoturista encontra cenários deslumbrantes, reservas florestais e uma rica fauna.

A província do Uíge faz fronteiras com a Republica Democrática do Congo, a norte e nordeste; a província de Malange a nordeste; a sul com a as província do Bengo e Kwanza Norte; e a oeste a província do Zaire.
Os seus habitantes praticam ainda uma agricultura de subsistência, produzindo amendoim, mandioca, milho, feijão, batata-doce e rena, banana, gergelim, arroz, inhame, café e outros.

O Bakongo é o grupo étnico maioritário, mas pode-se encontrar também o Ovimbundo e o Kimbundo. A língua nacional mais falada é o Kikongo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Governador do Uíje reúne órgãos de comunicação social


22/12/2009 11:42

O governador da província do Uíje, Paulo Pombolo, manteve sábado, na sala de sessões da Rádio Nacional, um encontro com os directores e chefes de informação dos órgãos da Angop, Rádio, Jornal de Angola e TPA, com o objectivo de se inteirar do seu funcionamento.

No primeiro encontro com a comunicação social, Paulo Pombolo deixou expresso o desejo de trabalhar para o bem-estar da população local, o que passa necessariamente pela conjugação de esforços de todos.

O governante pediu aos meios de comunicação social para continuarem a desempenhar a sua principal tarefa, que reside na divulgação das principais realizações em prol da população.

Paulo Pombolo foi informado pelos directores dos distintos órgãos da comunicação sobre a sua organização, o programa da extensão dos sinais da Rádio e da Televisão e dos correspondentes do Jornal de Angola em todos os municípios da província.

in Angola Press, 21 de Dezembro de 2009
http://www.uige.gov.ao/NoticiaD.aspx?Codigo=9103

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A lagoa do feitiço



Muitos mitos à volta desta lagoa. É a célebre Lagoa do Feitiço, referência obrigatória em qualquer viagem ao Uíge.
Dizem ....-e acredite se quiser - que tocar nas águas desta lagoa é desafiar a morte. Verdade ou mentira, o certo é que ninguém se atreve. Todos preferem manter-se afastados dessas águas. À cautela... porque nunca se sabe.
São os mitos que tornam o Uíge muito especial. Remmember A SAÚDE DO MORTO de um tal de LF

http://luisfernandoangola.blogspot.com/2008/06/lagoa-do-feitio.html

Lagoa do Feitiço no Uíge

Ainda no leste de Angola, entre os Tucôkwe da comunidade rural, a tradição proíbe as crianças e adolescentes de ir muito cedo (às manhãs) ou muito tarde ao rio (lwiji) e à lagoa (citende, lê-se tchitende), sobretudo se estiver a nevar. A razão dessa proibição é que “Samutambyeka”, uma figura mitológica monstruosa, mais alta do que os eucaliptos, temível pela população, bebe muita água nesses períodos e evita a presença de pessoas antes de ficar saciado. Enquanto bebe, sopra a partir da boca e das narinas um jacto de água que se transforma em nevoeiro.

O arco-íris (Cezangombe, lê-se tchezangombe) que normalmente aparece às tardes e quando está a chover, é utilizado para fazer entender às crianças e aos adolescentes a presença, nessa altura, do também chamado “Espírito perdido”, perto dos rios e lagoas.

“Samutambyeka” é coadjuvado por forças invisíveis conhecidas nessa comunidade como “yikixikixi” ou “espírito das águas”.
Do semanário O País, edição de 26/junho/2009
Mitologia da água, de Américo Kwononoka,
Diretor do Museu Nacionalde Antropologia.

http://seguindoadiante.blogspot.com/2009_06_28_archive.html

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Natal em Angola


O Natal só ficou conhecido em Angola depois que o colono portugues lá chegou, pois este na sua expansão colonial fazia se acompanhar sempre de missionário. Lembro aqui que, com os descobrimentos os portugueses visavam expandir o império colonial e a fé de Crista.

http://www.portugal.sk/aktivity/akcie/natalemangola/natalemangola.html

Com a evangelização, o Natal tornou-se uma festa hoje assumida como tradicional em Angola, sendo assim, comemorada em todo o País.
Há uma diferença entre o Natal das cidades e das aldeias.
Nas cidades onde o nível social das população é elevado, o Natal é tipicamente português, com todos ingredientes com que é conhecido na Europa, neste caso, em Portugal.

O Natal nas aldeias chega a ter uma característica adequada a baixa condição sócio-economica, cultural e intelectual dos cidadaos ali residentes. E muito animado, o povo programa uma festa tradicional com comidas e bebidas conforme a sua região.

Geralmente há missa na noite de 24 para 25 de Dezembro.
Durante o dia, há danças folclóricas.
Bebe-se a Kissanga ou Kimbombo, que são bebidas tradicionais feitas em casa com ferina de cereais.
Os adultos bebem geralmente o caporroto que é uma bebida destilada, feita com banana, ou batata doce ou ainda com farelo de cereais.

As aldeias vizinhas programam encontros, animados com danças folclórica.
Os povos praticam desporto, ou outras diversoes culturais durante o dia 25 de Dezembro, tais como encontro de footbal, entre grupos pertencentes a aldeias diferentes.
O Natal em Angola, é a maior festa que mobiliza todas populações. Nas aldeias as pessoas são normalmente religiosas. Não se pode falar em religião sem falar de Cristo. Isto torna o Natal, nascimento de Cristo uma história muito interessante.

Imagem: Angola em fotos

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Até a energia eléctrica o MPLA nos rouba!

Já há três dias sem luz. O MPLA desviou, desvia tudo para o campeonato do futebol deles, essa tralha a que chama CAN2010. O MPLA cobiça, rouba tudo. Que mais sabe ele fazer, nada! A não ser guerra. E prepara outra para acabar com toda a oposição por causa do golpe de estado do Plano C. Mas não a ganhara. Desta vez vai levar uma surra daquelas.
Mas não vale a pena! Isto e África, Angola, não tem qualquer valor.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

René Dumont. E, por fim, o emergente e difuso socialismo africano.


Quando a África independente ainda tinha percorrido apenas alguns metros, o francês René Dumont escreveu o livro intitulado “L´Afrique est mal partie” (Éditions du Seuil, 1962). Nele, apesar de Dumond não considerar a África um continente maldito, demonstra como o clima, a demografia e sobretudo a pesada herança colonial figuram insidiosamente como constrangimentos que obstaculizam o desenvolvimento.

Por Leopoldo Amado
http://guineidade.blogs.sapo.pt/5647.html

Porém, a par destes constrangimentos, René Dumond criticava duramente o enfeudamento pura e simples ao comunismo internacional, mas também os discursos extremados e radicalismos que proclamavam um corte total de cooperação com as antigas potências coloniais e, por fim, o emergente e difuso socialismo africano. E, perante esta realidade, Domond considera que a África apresentava-se, no momento das independências, «à un degré extreme, toutes caractéristiques du sous-développement. Le handicap à surmonter est tellement enorme, dans tous cês domaines, par rapport à d'autres régions sous-développées, que sa nature même en devient différente... Ia rigidité de l'organisation sociale et la force des traditions dressent un obstacle... la misère tend à se perpétuer d'elle-même. Ce n'est plus le moment de persévérer dans l'erreur, au nom de n'importe quel dogmatisme, mais celui de regarder en face lês faits et les hommes, pour voir ce qu'on en peut tirer».

Com efeito, Dumond demonstrou como é que uma mentalidade retrógrada (a colonial) permitiu que se submetesse África e os africanos a toda uma série de exploração, as quais decorrem desde o Tráfico de Escravos a à exploração comercial. Cita, por exemplo, o Jules Ferry que, sem hesitar afirmava no Parlamento, a 28 de Julho de 1885, que «La Déclaration dês droits de l'homme n'avait pás été écrite pour lês Noirs de 1'Afrique équatoriale» ou ainda o General Meynier que escreveu mais honestamente que «Dês le premier jour de leur rencontre, les européens ont pose en príncipe leur supériorité sur la race noire... Ils ont plié à l'esclavage les a, justifiant leurs actes par le droit du plus fort... pour y ouvrir des débouchés à leur commerce, ils ont jeté à bas les dernières traces existantes des civilisations africaines».

Ainda no que se refere às heranças coloniais, Dumond considera que o primeiro prémio dos europeus aos africanos foi justamente o alcoolismo, segundo ele, “o crime dos crimes”, que se acentuou sobretudo quando se introduziram alambiques que vulgarizaram a prática de destilaria entre os africanos, numa altura em que os africanos apenas consumiam bebidas fermentadas de fabrico tradicional e de fraca graduação alcoólica, a saber: vinho de palma ou de ráfia (ricos em vitamina C e com cerca de 4 graus de álcool em média); bebida de milho (rico em prótidos e vitamina B12, com cerca de 3.5 graus de álcool em média).

No entanto, perante o “boom” das independências africanas e num momento em que o emergente socialismo africano parecia ganhar adeptos dentre as várias correntes ideológicas da África em efervescência nacionalista, Dumond, como experimentado homem da tradicional esquerda francesa, alertou, desde essa altura, de que nem sempre as independências eram sinónimas da descolonização, criticando inclusivamente o novo-riquismo das elites africanas que paradoxalmente advogavam o socialismo africano, desenvolvendo Dumont uma autêntica “plaidoyer” em prol de uma política de educação africana adaptada as realidades locais e uma desenvolvimento económico e social que privilegiasse a massa camponesa (para ele, a vanguarda da revolução que se consumaria com a independência económica).

Neste livro, aliás, Dumont apoiou a F.E.A.N.F (Féderation dês Étudiants d’Afrique Noir en France) quando no comunicado distribuído a imprensa por esta, na sequência da realização do seu XIVº Congresso (24-27 Dezembro de 1961) denunciaram o socialismo africano, denúncias essas as quais Dumond corrobora dizendo que o socialismo africano «est trop souvent un mythe abritant le néocolonialisme. Ou une tentative pas toujours honnête de syncrétisme entre un idéalisme communautaire et le maintien de la tradition africaine. Or cette dernière refuse le progrès, qui implique discipline et contrainte, rejet du parasitisme familial. Mais il ne suffit plus de se proclamer révolutionnaire, il faut vivre en conséquence. Cette situation, qu'il faut regarder en face, réduit les chances d'une action révolutionnaire immédiate et réussie ; elle ne justifie en aucune façon une résignation à la situation actuelle. Comment remonter vite le courant, préparer les conditions d'avènement du socialisme, rendre sa réalisation future plus aisée, la transition moins pénible pour le paysan, l'ouvrier et l'étudiant africains?»

Diz Dumont, ao propósito, que «sans une économie planifié et contrôlé, le investissement de travail paysan devient une simple addition d'initiatives locales sans réelle portée économique. De plus, l’ effort fourni dans ce cadre économique sans cohérence ni contrainte et sans unanimité s’essouffle rapidement et ls pressions tribales paralysent vite le progrés. Il faut améne donc des conditions poour que les paysans puissent juger le polique adoptés, en mesurer a portée. Ils exprimeront ainsi à la fois leurs possibilites de réalisation, et les besoins en moyens de production nécessaires à la réalisation de ce Plan. Ainsi débutera le constant dialogue entre la base et le sommet, si nécessaire à la planiftcation démocratique. Installons d'abord lês bases solides du développement, lê crédit et Ia coopération».

Esta interacção que Dumond propunha à emergente África independente era porque, na maior parte dos casos e dos países, os planos eram demasiados audaciosos até no ritmo previsto, pelo que facilmente se percebe que não atingiriam os resultados esperados, pois estes documentos políticos mais parecem declarações de intenção, pois os governos não dispunham nem de organização, nem de quadros indispensáveis, nem de meios financeiros e materiais necessários a sua realização. E ainda acrescentava: Les difficultés de l’Afrique resulte surtout du manque de cadres compétents et honnêtes, en quantité suffisante. Une petite insuffisance de connaissances peut, dans une certaine mesure, être compensée par une grande honnêteté, et vice-versa: mais la double déficience parait sans remede».

É curioso reparar tabém que, ao referir-se criticamente às elites africanas emergentes, Dumond dizia, desde essas altura, que «pour trop d'élites africaines donc, l'indépendance a consiste à prendre la place des blancs et à jouir des avantages, souvent exorbitants, jusque-là concedes aux «coloniaux». Aux soldes élevées, s'ajoutaient parfois les belles villas, toutes meublées, sinon les palais pour les gouverneurs, la nombreuse domesticité payée sur le budget, les autos avec chauffeur. Aux 403, après l´indépendance, succèdent les Chevrolet d'Abidjan, les Mercedes de Yaoundé; souvent renouvelées tous les six mois, ce qui fait grincer des dents lls petites gens. Quand on réduisit ces avantages, certains ont voulu les rétablir à leur profit, sans être difficiles sur les moyens d'y arriver».

Aliás, para Dumond, esta propensão das elites para a prática da corrupção em África explica-se porque «la brusque accession au pouvoir sans controle a trouble certain esprits - prossegue ainda Dumond - corrodé le sens moral (“le pouvoir corrompt, le pouvoir absolu corrompt absolument”). La corruption était, certes, connue du millieu colonial, spécialement des douanes d'Indochine. Depuis l’ indépendece, elle semble prendre dans certains pays, notamment du Centrefrique au Congo et au Gabon, de la Cote d'Ivoire au Dahomey, proportions effarantes. Le Cameroun a institué pour la combattre des commissions criminelles et certains prétendent que les détournements reconnus par celles-ci se monteraient au dixième du budget. Ce qui paraît beaucoup, mais il ne semble pas certain que les enquêtes aient pu remonter haut dans la hiérarchie ».

Analisando, outrossim, o papel dos militantes dos partidos políticos em África, Dumon considera que «les militants des partis au pouvoir en Afrique n'ont pás compris, ou pas voulu comprendre que leur role essentiel devrait être d'éducation civique, de création d’enthousiasme au travail, par une véritable «mystique » de réalisation du plan. II y faudrait des idéalistes, des militants dévoués, et non dês carriéristes, d'abord préoccupés d'accéder aux prebendes, par le moyen des élections, dans l'ambiance de caricature de la démocratie». Sobre o que Domon denominava de «caricatura de democracia», ele ainda profetizou que “ (...) l´Afrique risque d’ faire autant”.

Enfim, revisitar o “L´Afrique est mal partie”, de René Dumond não deixa de ser um exercício interessante, sobretudo para aquilatarmos comparativamente os problemas que a África apresentava e os que apresenta, bem como as soluções que Dumond propunha e aquelas que hoje são postas em prática. Porém, deste exercício, fica-se certamente com a impressão, certamente falaciosa, de que desde a data em que o livro veio a público – há justamente 44 anos – e não obstante as ajudas ao desenvolvimento, a solidariedade do ex-bloco comunista, o ajustamento estrutural e a globalização, ainda continua o nosso continente a apresentar os mesmos problemas, a par de outros entretanto surgidos (p. e. HIV-SIDA), uns e outros reclamando soluções prementes.

Ora, esta aparente sensação é, por incrível que pareça, a prova da vitalidade e da actualidade do livro de René Dumond, cujo título ele próprio confessou desejar que fosse desmentido pelo natural desenvolvimento dos acontecimentos e dos tempos em África. 44 anos passados sobre a data em que que foi escrito o livro, é tempo suficiente para interogarmos se a evolução do continente produziu, por si só, o esperado desmentido que autor tanto ansiava. As respostas à essas interrogação fica ao critério dos juízos de valor que cada um de nós possa fazer ao revisitar " l' Afrique est mal partie", de René Dumond, porque vale a pena o exercício!

Imagem: http://images.kapaza.com/photos/6500000/6586716.jpg

domingo, 13 de dezembro de 2009

Marcolino José Carlos Moco


É da província do Huambo. É licenciado em Direito e desempenha a profissão de jurista.

Neste momento é membro da 4ª comissão, tendo já exercido cargos como: Dirigente Provincial do MPLA; Governador das Províncias: Bié e Huambo; Secretário Geral do MPLA; Primeiro Ministro da República; Secretário Executivo da CPLP; Ministro da Juventude e Desportos.

http://www.ovimbundu.org/Personalidades/Os-Ilustres-Ovimbundus/Marcolino-Jose-Carlos-Moco.html

Imagem: CLUB-K.NET

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Alda Lara. À prostituta mais nova


Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque nasceu em Benguela a 9 de Junho de 1930. Concluiu, em Lisboa, o 7.º ano do Liceu e licenciou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra, depois de ter passado pela Universidade de Lisboa. Alda teve uma vida muito curta o que leva a pensar a qualquer crítico literário no que seria a sua obra se a morte não a ceifasse assim tão cedo. Faleceu em Cambambe a 30 de Janeiro de 1962 com apenas 32 anos de idade.

http://www.ovimbundu.org/Personalidades/Escritores-Ovimbundus/Alda-Lara.html

Nos tempos de estudante, Alda Lara teve uma vida cultural muito intensa e activa. Assim, na qualidade de declamadora, participava nas actividades da Casa dos Estudantes do Império, o que lhes fez ganhar uma grande notoriedade. É de referir que, apesar de grande parte da sua poesia, reflectir uma insatisfação face ao status quo colonial, logo após a sua morte, a Câmara Municipal de Sá-da-Bandeira (actual Lubango) chegou a instituir o prémio Alda Lara para a poesia.
Da sua obra, destacam-se os seguintes trabalhos: Poemas, 1966, Sá de Bandeira, Publicações Embondeiro; Poesia, 1979, Luanda, União dos Escritores Angolanos; Poemas, 1984, Porto, Vertente Ltda. (poemas completos).


Alguns poemas de Alda Lara
Testamento
À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...

Prelúdio
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela...

Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos,
nas suas mãos apertadas.

Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...

Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...

Mãe-Negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...

É que os meninos cresceram,
e esqueceram
as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...

Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.

É a tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada...

Imagem: http://chuvadeletras.no.sapo.pt/reflection.jpg

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

História de Angola. Entretanto o Ocidente passara a apoiar o governo do MPLA


A guerra continuava a alastrar por todo o território. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. A UNITA começou por ser expulsa do seu quartel-general no Huambo, sendo as suas forças dispersas e impelidas para o mato. Mais tarde, porém, o partido reagrupou-se, iniciando uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA. A UNITA apresentava-se como sendo anti-marxista e pró-ocidental, mas tinha também raízes regionais, principalmente na população Ovimbundu do sul e centro de Angola.

Fonte: pt.wikipedia.org

Agostinho Neto morreu em Moscovo a 10 de setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos.

No início da década de 1980, o número de mortos e refugiados não parou de aumentar. As infra-estruturas do país eram consecutivamente destruídas. Os ataques da África do Sul não páravam. Em agosto de 1981, lançaram a operação "Smokeshell" utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na província do Cunene (sul de Angola). O governo da África do Sul justificou a sua acção afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Na realidade tratava-se de uma acção de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em Dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi assinado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola.

A partir de 1989, com a queda do bloco da ex-União Soviética, sucederam-se em Angola os acordos de paz entre a Unita e o MPLA, seguidos do recomeço das hostilidades. Em Junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabeleceram uma nova trégua. A paz apenas durou dois meses.

Em fins de abril de 1990, o governo de Angola anunciou o reinício das conversações directas com a UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar-fogo. No mês seguinte, a UNITA reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o Chefe de Estado angolano. O desmoronar da União Soviética acelerou o processo de democratização. No final do ano, o MPLA anunciava a introdução de reformas democráticas no país. A 11 de Maio de 1991, o governo publicou uma lei que autorizava a criação de novos partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de Maio os últimos cubanos sairam de Angola.

Em 31 de maio de 1991, com a mediação de Portugal, EUA, União Soviética e da ONU, celebraram-se os acordos de Bicesse (Estoril), terminando com a guerra civil desde 1975, e marcando as eleições para o ano seguinte.

As eleições de setembro de 1992, deram a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A UNITA (cerca de 40% dos votos) não reconheceu os resultados eleitorais. Quase de imediato sucedeu-se um banho de sangue, reiniciando-se o conflito armado, primeiro em Luanda, maas alastrando-se rapidamente ao restante território.

A UNITA restabeleceu primeiramente a sua capital no Planalto Central com sede no Huambo (antiga Nova Lisboa), no leste e norte diamantífero.

Em 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas embargou as transferências de armas e petróleo para a UNITA. Tanto o governo como a UNITA acordaram em parar as novas aquisições de armas, mas tudo não passou de palavras.

Em novembro de 1994, celebrou-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola (MPLA). A paz parecia mais do que nunca estar perto de ser alcançada. A UNITA usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka.

Entretanto o Ocidente passara a apoiar o governo do MPLA, o que marcou o declínio militar e político da UNITA, com este movimento a ter cada vez mais dificuldades em financiar as suas compras militares, perante o avanço no terreno das FAA, e dado o embargo internacional e diplomático a que se viu votada.

Em dezembro de 1998, Angola retornou ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi (líder da Unita).

Com a morte do líder histórico da UNITA, este movimento iniciou negociações com o Governo de Angola com vista à deposiçãio das armas, deixando de ser um movimento armado, e assumindo-se como mera força politica.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

História de Angola. A independência de Angola não foi o início da paz, mas o início de uma nova guerra aberta.


Na sequência do derrube da ditadura em Portugal (25 de abril de 1974), abriram-se perspectivas imediatas para a independência de Angola. O novo governo revolucionário português abriu negociações com os três principais movimentos de libertação (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola), o período de transição e o processo de implantação de um regime democrático em Angola (Acordos de Alvor, Janeiro de 1975).

Fonte: pt.wikipedia.org

A independência de Angola não foi o início da paz, mas o início de uma nova guerra aberta. Muito antes do Dia da Independência, a 11 de Novembro de 1975, já os três três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controlo do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional.

A União Soviética e principalmente Cuba apoiavam o MPLA, que controlava a cidade de Luanda e algumas outras regiões da costa, nomeadamente o Lobito e Benguela. Os cubanos não tardaram a desembarcar em Angola (5 de outubro de 1975). A África do Sul apoiava a UNITA e invadiu Angola (9 de Agosto de 1975). O Zaire, que apoiava a FNLA, invadiu também este país, em Julho de 1975. A FNLA contava também com o apoio da China, mercenários portugueses e ingleses mas também com o apoio da África do Sul.

Os EUA, que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardaram a ajudar também a UNITA. Neste caso, o apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola.

Em Outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se e o MPLA conseguiu formar um governo socialista unipartidário.

O Brasil rapidamente estabeleceu relações diplomáticas com a nova República que se instalara. Fez isso antes mesmo de qualquer país do bloco comunista. Nenhum país ocidental ou mesmo africano seguiu o seu exemplo. A decisão de reconhecer como legítimo o governo de Agostinho Neto foi tomada pelo então presidente Ernesto Geisel ainda em 6 de novembro, antes da data oficial de Independência de Angola.

Já em 1976, as Nações Unidas reconheciam o governo do MPLA como o legítimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul.

No meio do caos que Angola se havia tornado, cerca de 300 mil portugueses abandonaram este país entre 1974 e 1976, o que agravou de forma dramática a situação económica.

Em Maio de 1977, um grupo do MPLA encabeçado por Nito Alves, desencadeou um golpe de Estado, que foi afogado num banho de sangue. No final deste ano, o MPLA realizou o seu 1º Congresso, onde se proclamou como sendo um partido marxista-leninista, adoptando o nome de MPLA-Partido do Trabalho.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

História de Angola. E o fim do tráfico de escravos (1836-42), mas não da escravatura.




A colonização efectiva do interior só se inicia no século XIX, após a independência do Brasil (1822) e o fim do tráfico de escravos (1836-42), mas não da escravatura. Esta ocupação trata-se de uma resposta às pretensões de outras potências europeias, como a Inglaterra, a Alemanha e a França, que reclamavam na altura o seu quinhão em África. Diversos tratados são firmados estabelecendo os territórios que a cada uma cabem, de acordo com o seu poder e habilidade negocial.

Fonte: pt.wikipedia.org

Uma boa parte destes colonos são presos deportados de Portugal, como o célebre Zé do Telhado. Paralelamente são feitas diversas viagens com objectivos políticos e científicos para o interior do território angolano, tais como: José Rodrigues Graça (1843-1848) - Malanje e Bié; José Brochado - Huambo, Mulando, Cuanhama; Silva Porto - Bié.

Devido à ausência de vias de comunicação terrestes, as campanhas de ocupação do interior são feitas através dos cursos fluviais: Bacia do Cuango (1862), Bacia do Cuanza (1895, 1905 e 1908); Bacia do Cubango (1886-1889, 1902 e 1906); Bacia do Cunene (1906-1907); Bacia do Alto Zambeze (1895-1896); Entre Zeusa e Dande (1872-1907), etc.

As fronteiras de Angola só são definidas em finais do século XIX, sendo a sua extensão muitíssimo maior do que a do território dos ambundos, a cuja língua o termo Angola anda associado.
1900-1960

A colonização de Angola, após a implantação de um regime republicano em Portugal (1910), entra numa nova fase. Os republicanos haviam criticado duramente os governos monárquicos por terem abandonado as colónias. O aspecto mais relevante da sua ação circunscreveu-se à criação de escolas. No plano económico, inicia-se a exploração intensiva de diamantes. A Diamang (Companhia dos Diamantes de Angola) é fundada em 1921, embora operasse desde 1916 na região de Luanda.

O desenvolvimento económico só se inicia de forma sistemática, em finais da década de 1930, quando se incrementa a produção de café, sisal, cana do açúcar, milho e outros produtos. Tratam-se de produtos destinados à exportação.

A exportação da cana do açúcar, em 1914, pouco ultrapassava as 6.749 toneladas. Em 1940 atingia já as 39.433 toneladas exportadas. As fazendas e a indústria concentraram-se à volta das cidades de Luanda e de Benguela.

A exportação de sisal desenvolve-se durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em 1920, foram exportadas pouco mais que que 62 toneladas , mas em 1941 atingia-se já as 3.888. Dois anos depois, 12.731 toneladas. Em 1973 situavam-se nas 53.499. Estas plantações situavam-se no planalto do Huambo, do Cubal para Leste, nas margens da linha férrea do Dilolo, Bocoio, Balumbo, Luimbale, Lepi, Sambo, mas também no Cuanza norte e Malange.

A exportação de café logo a seguir à segunda guerra mundial, abriu um novo ciclo económico em Angola, que se prolonga até 1972, quando a exploração petrolífera em Cabinda começar a dar os seus resultados. A subida da cotação do café no mercado mundial, a partir de 1950, contribuiu decisivamente para o aumento vertiginoso desta produção. Em 1900, as exportações pouco ultrapassaram as 5.800 toneladas. Em 1930 atingiam as 14.851.Em 1943 subiam para 18.838. A partir daqui o crescimento foi vertiginoso. Em 1968 forma exportadas 182.954 e quatro anos depois, 218.681 toneladas.

Para além destes produtos, desenvolve-se a exploração dos minérios de ferro. Em 1957 funda-se a Companhia Mineira do Lobito, que explorava as minas de Jamba, Cassinga e Txamutete. Exploração que cedeu depois à alemã Krupp.

O desenvolvimento destas explorações, foi acompanhado por vagas de imigrantes incentivados e apoiados muitas vezes pelo próprio Estado. Entre 1941 e 1950, saíram de Portugal cerca de 110 mil imigrantes com destino às colónias, a maioria fixou-se em Angola. O fluxo imigratório prosseguiu nos anos 50 e 60.

Na década de 1940, a questão da descolonização das colónias africanas emerge no plano internacional e torna-se uma questão incontornável. Em 1956 é publicado o primeiro manifesto do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
1961-1974

No princípio dos anos 60, três movimentos de libertação (UPA/FNLA, MPLA e UNITA) desencadearam uma luta armada contra o colonialismo português.

O governo de Portugal (uma ditadura desde 1926), recusou-se a dialogar e prosseguiu na defesa até ao limite do último grande império colonial europeu. Para África foram mobilizados centenas de milhares de soldados. Enquanto durou o conflito armado, Portugal procurou consolidar a sua presença em Angola, promovendo a realização de importantes obras públicas. A produção industrial e agrícola conheceram neste território um desenvolvimento impressionante. A exploração do petróleo de Cabinda iniciou-se em 1968, representando em 1973 cerca de 30% das receitas das exportações desta colónia. Entre 1960 e 1973 a taxa de crescimento do PIB (produto Interno Bruto) de Angola foi de 7% ao ano.
Independência e Guerra Civil

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

História de Angola. Angola funciona como um reservatório de escravos


As guerras entre estes povos eram frequentes. Os migrantes mais tardios eram obrigados a combater os que se estavam estabelecidos para lhes conquistar terras.

Fonte: pt.wikipedia.org

Para se defenderem, os povos construíam muralhas em volta das sanzalas. Por isso, há em Angola muitas ruínas de antigas muralhas de pedra. Essas muralhas são mais abundantes no planalto do Bié e no planalto da Huíla, onde se encontram, também, túmulos de pedra e galerias de exploração de minério, testemunhos de civilizações mais avançadas do que geralmente se supõe.

A Chegada dos Portugueses
Os portugueses, sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D. João II, chegam ao Zaire em 1484. É a partir daqui que se iniciará a conquista pelos portugueses desta região de África, incluindo Angola. O primeiro passo foi estabelecer uma aliança com o Reino do Congo, que dominava toda a região. A sul deste reino existiam dois outros, o de Ndongo e o de Matamba, os quais não tardam a fundir-se, para dar origem ao reino de Angola (c. 1559).

Dona Ana de Sousa
Explorando as rivalidades e conflitos entre estes reinos, na segunda metade do século XVI os portugueses instalam-se na região de Angola. O primeiro governador de Angola, Paulo Dias de Novais, procura delimitar este vasto território e explorar os seus recursos naturais, em particular os escravos. A penetração para o interior é muito limitada. Em 1576 fundam São Paulo da Assunção de Luanda, a actual cidade de Luanda. Angola transforma-se rapidamente no principal mercado abastecedor de escravos das plantações da cana-de-açúcar do Brasil.


Brasão de Angola enquanto colónia

Durante a ocupação filipina de Portugal (1580-1640), os holandeses procuram desapossar os portugueses desta região, ocupando grande parte do litoral (Benguela, Santo António do Zaire, as barras do Bengo e do Cuanza). Em 1648 os portugueses expulsam os holandeses, para contentamento dos colonos do Brasil.
Reconquista de Angola

Até finais do século XVIII, Angola funciona como um reservatório de escravos para as plantações e minas do Brasil. A ocupação dos portugueses não vai muito mais além das fortalezas da costa.

Imagem: Ilustração da rainha Nzinga em negociações de Paz com o governador português em Luanda em 1657.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

História de Angola. Os nhanecas (nyanekas ou vanyanekas) entraram pelo sul de Angola



A história de Angola encontra-se documentada do ponto de vista arqueológico desde o Paleolítico. Este país da África Austral foi uma colónia portuguesa até 11 de Novembro de 1975, quando acedeu à independência na sequência duma guerra de libertação.
Pré-História e Proto-História

Fonte: pt.wikipedia.org

Na Lunda, no Zaire e no Cuangar foram encontrados instrumentos de pedra e outros, dos homens do Paleolítico. No Deserto do Namibe forem encontradas gravuras rupestres nas rochas. Trata-se das gravuras do Tchitundu-Hulo atribuídas aos antepassados dos khoisan.


Expansão bantu

Nos primeiros 500 anos da era actual, os povos bantu da África Central, que já dominaram a siderurgia do ferro, iniciaram uma série de migrações para leste e para sul, a que se chamou a expansão bantu.

Um desses povos veio-se aproximando do Rio Congo (ou Zaire), acabando por atravessá-lo já no século XIII e instalar-se no actual Nordeste de Angola. Era o povo quicongo (ou kikongo).

Outra migração fixou-se inicialmente na região dos Grandes Lagos Africanos e, no século XVII, deslocou-se para oeste, atravessando o Alto Zambeze até ao Cunene: era o grupo ngangela.

No ano de 1568, entrava um novo grupo pelo norte, os jagas, que combateram os quicongos que os empurraram para sul, para a região de Kassanje.

No século XVI ou mesmo antes, os nhanecas (nyanekas ou vanyanekas) entraram pelo sul de Angola, atravessaram o Cunene e instalaram-se no planalto da Huíla.

No mesmo século XVI, um outro povo abandonava a sua terra na região dos Grandes Lagos, no centro de África, e veio também para as terras angolanas. Eram os hereros (ou ovahelelos), um povo de pastores. Os hereros entraram pelo extremo leste de Angola, atravessaram o planalto do Bié e depois foram-se instalar entre o Deserto do Namibe e a Serra da Chela, no sudoeste angolano.

Já no século XVIII, entraram os ovambos (ou ambós), grandes técnicos na arte de trabalhar o ferro, deixaram a sua região de origem no baixo Cubango e vieram estabelecer-se entre o alto Cubango e o Cunene.

No mesmo século, os quiocos (ou kyokos) abandonaram o Catanga e atravessaram o rio Cassai. Instalaram-se inicialmente na Lunda, no nordeste de Angola, migrando depois para sul.

Finalmente, já no século XIX apareceu o último povo que veio instalar-se em Angola: os cuangares (ou ovakwangali). Estes vieram do Orange, na África do Sul, em 1840, chefiados por Sebituane, e foram-se instalar primeiro no Alto Zambeze. Então chamavam-se macocolos. Do Alto Zambeze alguns passaram para o Cuangar no extremo sudoeste angolano, onde estão hoje, entre os rios Cubango e Cuando.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Quem é Jorge Valentim:


Saiu de Angola pela UPA de que foi membro. Foi pelas suas mãos que muitos jovens angolanos eram recebidos nos EUA e com direito a bolsa de estudos disponibilizadas ao movimento de Holden Roberto.

CLUB-K.NET

Jorge Alicerces Valentim estudou ciências políticas na Suíça e na altura já era conhecido por dirigir um boletim informativo que combatia um outro estudante, de nome, Jonas Savimbi.

Mais tarde, aderiu a UNITA a convite de Jonas Savimbi que acabou por lhe fazer delegado do “Galo Negro” no Lobito. Nos desentendimentos entre os três movimentos muitos famílias na província o responsabilizaram pelo desaparecimento físico de jovens em tenra idade. Em Fevereiro de 1976 fugiu do Lobito rumo ao interior (matas). Veio a se saber que estava foragido numa coluna de 50 soldados comandada pelo major Bandeira que em Agosto do mesmo ano se juntaram a coluna de Savimbi.

Na Jamba, alguns dos familiares das vitimas dos seus excessos no Lobito demonstraram reservas contra si. Num dos congressos nas matas, o Presidente da UNITA, Jonas Savimbi, ficou do seu lado quando os congressistas pediam o seu fuzilamento.

A posição de mais destaque que ocupou na guerrilha foi a de Secretario para informação. Era de facto um quadro de peso e de alta confiança. Um primo seu, Mango Alicerces chegou a Secretario Geral do partido.

Nas véspera do 3 de Agosto era a figura chamada a exaltar Jonas Savimbi que nesta data não discursava sob pretexto de o que “o bebe não fala”. Valentim conduziu delegações ao exterior (Entendimentos em Gbadolite, vendas de diamantes em Antuérpia) e esteve também em Lusaka. Desentendeu se com Savimbi e em Luanda ajudou a formar a UNITA Renovada.

Após a reunificação da UNITA, na seqüência da morte de Savimbi, Jorge Valentim, estava a transformar se em “agente duplo”. Sectores do regime disponibilizavam lhe, espaço de antena em radio para fazer acusações contra Isaias Samakuva. Ao mesmo tempo considerava inaceitável que quadros da sua dimensão não tinha sido acomodados pelo partido. Acabou por ser expulso e juntou se ao MPLA liderando o virtual “comitê de especialidade dos oportunistas”.

Esteve recentemente em Benguela, acompanhado do elenco presidencial, a quando a inauguração da ponte da Catumbela.

A estabilidade financeira que lhe permite apostar em projectos milionários como hotéis advêm do “mercenárismo político” que se sujeitou na campanha do MPLA [nas eleições legislativas]. De acordo com informações qualificadas, Jorge Valentim foi proposto a ajudar a campanha, nas zunas rurais, da província, onde se discursou em umbundo. Em troca terá recebido cerca de 8 milhões de dólares americanos. Por imposição do mesmo, solicitou que o dinheiro fosse depositado no exterior do país, através da conta bancaria de uma filha a residir no estrangeiro. Logo que teve, a confirmação da transação monetária deslocou-se ao Lobito e fez uma declaração de apoio ao MPLA. Foi lhe dispensado um aparato de jornalistas para cobertura do trabalho.

Imagem: Angola em fotos

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Quem é Quem: Ana Paula dos Santos


Terça, 27 Outubro 2009 15:26

Luanda – Ana Paula Cristóvão Lemos dos Santos: Nasceu em Luanda a 17 de Outubro de 1963, tendo feito os seus estudos primários e secundários em escolas da capital. Cedo se sentiu atraída pela abertura ao mundo proporcionada pela navegação aérea, tendo sido assistente de bordo das Linhas Aéreas de Angola durante dez anos.

Fonte: Assessoria Presidencial CLUB-K.NET

Envolvida na solução dos problemas das populações deslocadas

Em simultâneo tirou o curso médio de Pedagogia, na especialidade de História e Geografia. Concluiu mais tarde o Curso Superior de Direito, na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto.

Contraiu matrimónio com o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, no dia 17 de Maio de 1991. Do enlace matrimonial nasceram três filhos: Eduane Danilo (nascido a 29/9/1991), Joseana (nascida a 5/4/1995) e Eduardo Breno (nascido a 2/10/1998), incluindo o núcleo familiar mais cinco filhos do lado paterno, anteriores ao casamento.

Na sua condição de Primeira-dama, desde os primeiros momentos decidiu assumir uma postura activa a favor das populações mais desfavorecidas, ao lado do Presidente da República, no cumprimento dos superiores interesses do Estado angolano.

Em 1992, Ana Paula dos Santos participou com mais de 60 esposas de Chefes de Estado e de Governo de África, América, Ásia, Europa e Oceânia na Cimeira sobre a Promoção Económica das Mulheres Rurais, em Genebra/Suíça por iniciativa da Rainha Fabíola da Bélgica e das esposas dos Chefes de Estado e de Governo da Nigéria, Ghana, Colômbia e Egipto, com o apoio do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Eleita membro do Comité Director Internacional, em representação da África Sub-sahariana, juntamente com representantes da Nigéria e do Senegal, participou nas reuniões ordinárias de 1994 em Bruxelas (Bélgica) e de 1996 em Amman (Jordânia).

Em Angola, a Primeira-dama está directamente envolvida na solução dos problemas mais candentes da Nação, com especial destaque para as populações deslocadas em resultado do conflito pós-eleitoral de 1992. São conhecidas as suas iniciativas directas e o apoio que concede a projectos e actividades que respondem às necessidades nacionais da mulher rural e seu desenvolvimento, da saúde materno-infantil, da situação das crianças, em particular das mais vulneráveis (órfãs e abandonadas), da educação das crianças e jovens, da defesa e protecção do ambiente, etc.

Por essa razão se deslocou em 1993 em visita de trabalho aos Estados Unidos da América, com o objectivo de sensibilizar as organizações humanitárias e a Câmara de Comércio dos EUA, e, posteriormente, à República Popular da China, sempre em busca de apoios para minimizar os efeitos da guerra.

Nesse mesmo ano esteve presente no Encontro das Primeiras Damas Africanas, à margem da Cimeira dos Chefes de Estado e do Governo da Organização de Unidade Africana (OUA), onde prestou informações sobre a situação das populações angolanas, em especial das mulheres e crianças, e manifestou o seu empenho em lutar pela paz em Angola e em África.

Em Fevereiro de 1997 participou em Washington na Cimeira de Micro-Crédito e assumiu, ao lado de outras esposas de Chefes de Estado e de Governo e de outras personalidades mundiais, o compromisso de contribuir para a erradicação da pobreza no seu país até ao ano 2015.

Várias outras iniciativas de ordem cultural, desportiva e recreativa encontraram sempre o estímulo e o apoio possível da Primeira Dama, que é uma participante activa de várias organizações e instituições nacionais, servindo de incentivo à execução de projectos que têm como objectivo servir a comunidade angolana.

Ana Paula dos Santos é Presidente do Fundo de Solidariedade Social “Lwini”, cuja missão é a angariação de fundos e a execução de projectos de apoio às vítimas civis das minas terrestres e às comunidades rurais, com especial destaque para as mulheres. Neste contexto, assumiu a presidência do Comité Nacional para a Promoção da Mulher Rural, para melhor poder advogar a favor das questões que mais preocupam as mulheres no meio rural.

Pela sua sensibilidade, a Primeira-dama de Angola adora conviver com as crianças e os velhos de terceira idade. Ela é Presidente Honorária de várias organizações filantrópicas, como por exemplo a Associação Mundo do Amor, a Associação de Cegos e Amblíopes de Angola e do Centro de Meninas de Rua. É também Madrinha do Hospital Pediátrico de Luanda, mobilizando apoios para a manutenção do hospital e colaborando na evacuação para o exterior do país de crianças com patologias graves.

Ana Paula dos Santos é ainda Presidente do Comité Miss Angola, que, com o propósito de valorizar a beleza e as qualidades morais e intelectuais da mulher angolana, realizou já dez concursos a nível nacional e tem nove participações a nível internacional, tanto no Concurso de Miss Universo como no de Miss Mundo.

Como Presidente do Conselho Geral do Fundo Lwini promove galas internacionais de angariamento de fundos e torneios de futebol e de basquete, e também Corridas com pessoas portadoras de deficiência, sendo organizada todos os anos a taça Lwini, que este ano será alargada aos países da África Austral.

sábado, 7 de novembro de 2009

Henrique de Paiva Couceiro: Uma Vida de Honra e Glória


Faz hoje 65 anos que morreu uma das figuras maiores da nossa História Contemporânea, o comandante Paiva Couceiro, que entregou a alma ao criador a 11 de Fevereiro de 1944.

http://escavar-em-ruinas.blogs.sapo.pt/44530.html

Resumir a vida deste militar e governador ultramarino é quase impossível, dada a dimensão da sua vida e o brilho e luminosidade da sua obra modelar. Um exemplo de heroísmo, tenacidade e virtudes cívicas.

Henrique Mitchell de Paiva Cabral Couceiro nasceu em S. Mamede, freguesia da cidade de Lisboa, a 30 de Dezembro de 1861, filho do general José Joaquim de Paiva Cabral Couceiro e de D. Helena Isabel Teresa Armstrong Mitchell.

Casou a 21 de Novembro de 1896, em Lisboa, com D. Júlia Maria do Carmo de Noronha (1873+1941), filha primogénita e herdeira do dr. D. Miguel Aleixo António do Carmo de Noronha (1850+1932), 3.º Conde de Paraty, e de sua mulher D. Isabel de Sousa Mourão e Vasconcelos (1849+1936).

Como militar assentou praça no Regimento de Cavalaria Lanceiros d’El-Rei (1879) e cobriu-se de glória, pela acção notável em Humpata, Angola (1889), na campanha militar de Angola (1889-1891), na campanha de Melilla, no Marrocos espanhol (1893) e nos combates de Marracuene e Magul, Moçambique (1895), em coragem enaltecida.

Foi formado com o Curso de Artilharia da Escola do Exército (1881-1884); alferes (1881); segundo-tenente de Artilharia (1884); primeiro-tenente (1889); comandante de Cavalaria da Humpata, Angola (1889-1891); cavaleiro da Ordem de Torre e Espada (1890); oficial da Ordem de Torre e Espada (1891); Medalha de Prata para distinção ao mérito, filantropia e generosidade (1892); condecorado com a Cruz de 1.ª Classe do Mérito Militar de Espanha (1893); ajudante do comando do Grupo de Baterias de Artilharia a Cavalo (1894); ajudante-de-campo do Comissário Régio de Moçambique (1894-1895); cavaleiro da Real Ordem Militar de S. Bento de Avis (1895); capitão de Artilharia (1895); ajudante-de-campo honorário do Rei Dom Carlos (1895); proclamado «benemérito da Pátria» (1896); comendador da Ordem de Torre e Espada (1896); conselheiro do Conselho de Sua Majestade; condecorado com a Medalha Militar de Ouro do Valor Militar (1896); condecorado com a Medalha Militar de Prata de Comportamento Exemplar; condecorado com a Medalha de Prata da Rainha D. Amélia (1896); deputado da Nação (1906-1907); vogal da Comissão Parlamentar do Ultramar (1906); vogal da Comissão Parlamentar de Administração Pública (1906-1907); vogal da Comissão Parlamentar da Guerra (1906-1907); Governador-Geral de Angola (1907-1909); demitido do Exército (1911); comandante das Incursões Monárquicas de 1911 e 1912; Presidente da Junta Governativa do Reino, na Monarquia do Norte (1919); escritor.

Monárquico convicto, foi anti-republicano de gema e anti-salazarista, sendo perseguido pelo Estado Novo, em atropelo das garantias das liberdades cívicas, tratado como um reles vigarista, esquecida a sua imensa folha de serviços prestados à Pátria.

Ousou afrontar o tirânico Salazar, que, de forma iníqua e arbitrária, o mandou expulsar do País em 1935 e prendê-lo e deportá-lo novamente em 1937, por discordar da política ultramarina do Presidente do Conselho e do Estado Novo.

Numa altura em que Paiva Couceiro tinha já 76 anos de idade foi posto na fronteira sem quaisquer documentos, a sofrer as agruras do exílio! Incomodava sempre porque era um homem de brio, dignidade, de raro carácter, um idealista romântico, audaz e tenaz, em cujas veias latejava um elevado conceito de Honra.

Um homem sincero e notável, acima de tudo um Homem de acção e um Homem da Nação. Não curvava a cabeça alva e digna perante o tirano “Botas”, como paladino da Pátria, eivado de predicados indispensáveis.

Deixou uma impressão indelével nas páginas da nossa História, uma luz que cintilava uma coragem sublimada.

Foto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Henrique_Mitchell_de_Paiva_Couceiro.jpg

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Amazing Grace. História de John Newton, autor de um dos mais famosos hinos da história




Eu costumava pensar que o hino favorito da América, "Amazing Grace", estava um pouco ultrapassado, mas acabei descobrindo a impressionante história do autor, que relato abaixo:

http://bacaninha.uol.com.br/home/mensagens/reflexao/2002/10/amazing_grace/amazing_grace.html

Em torno de 1750, John Newton era o comandante de um navio negreiro inglês. Os navios fariam o primeiro percurso de sua viagem da Inglaterra, quase vazios, até que chegassem na costa africana. Lá os chefes tribais entregariam aos europeus as "cargas" compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre as tribos. Os compradores selecionariam os espécimes mais finos, e os comprariam em troca de armas, munição, licor, e tecidos. Os cativos seriam trazidos, então, à bordo e preparados para o "transporte". Eram acorrentados abaixo das plataformas para impedir suicídios. Eram colocados de lado a lado, para conservar o espaço, em fileira após a fileira, uma após outra, até que a embarcação estivesse "carregada", normalmente com até 600 "unidades" de carga humana.

Os capitães procuravam fazer uma viagem rápida, esperando preservar ao máximo a sua carga; contudo, a taxa de mortalidade era alta, normalmente 20% ou mais. Quando um surto de disenteria ou qualquer outra doença ocorria, os doentes eram jogados ao mar. Uma vez que chegavam ao Novo Mundo, os negros eram negociados por açúcar e o melaço, para manufaturar o rum, que os navios carregariam à Inglaterra para o pé final de seu "comércio triangular."

John Newton transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século 18. No mar, em uma de suas viagens, o navio enfrentou uma enorme tempestade e afundou. Newton ofereceu sua vida à Cristo, achando que iria morrer. Após ter sobrevivido, ele se converteu e começou a estudar para ser pastor. Nos últimos 43 anos de sua vida ele pregou o evangelho em Olney e em Londres. Em 82, Newton disse: "Minha memória já quase se foi, mas eu recordo duas coisas: que eu sou um grande pecador, e que Cristo é meu grande salvador!"

No túmulo de Newton, lê-se: "John Newton, uma vez um infiel e um libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela misericórdia de nosso senhor e salvador Jesus Cristo, perdoado e inspirado a pregar a mesma fé que ele tinha se esforçado muito por destruir."

O seu mais famoso testemunho continua vivo, no mais famoso das centenas de hinos que escreveu: Amazing Grace!
Amazing grace, how sweet the sound
That saved a wretch like me,
I once was lost, but now am found,
Was blind, but now I see.

'Twas grace that taught my heart to fear,
And grace my fears relieved.
How precious did that grace appear
The hour I first believed.

Through many dangers, toils and snares,
I have already come.
'Tis grace hath brought me safe thus far,
And grace will lead me home."

Ó Graça surpreendente...
Como é doce o som que salvou
um desaventurado como eu.
Eu estava perdido, mas
agora me achei.
Fui cego, mas agora vejo.

Sua Graça ensinou meu coração temer.
E aliviou os meus medos.
Quão preciosa foi a revelação
no primeiro momento em que eu acreditei.

Através de muitos perigos,
labutas e armadilhas eu já passei,
esta Graça trouxe-me
até aqui.
E a Graça conduzir-me-á
ao meu lar.

Joyful Heart Ministries, Dr. Ralph F. Wilson

I AM...
Eu sou...
By John Newton
I am not what I might be,
Eu não sou o que eu poderia ser,
I am not what I ought to be,
Eu não sou o que eu deveria ser,
I am not what I wish to be,
Eu não sou o que eu gostaria de ser,
I am not what I hope to be,
Eu não sou o que eu pretendo ser,
But I thank God
Mas agradeço à Deus
I am not what I once was,
Que não sou o que uma vez já fui.
And I can say with the great apostle,
E posso dizer
By the grace of God
Com a graça de Deus,
I am what I am
Eu sou o que eu sou!"

Imagem: http://portalcinema.blogspot.com/2009/05/critica-amazing-grace-2006.html

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Malangatana (Valente Ngwenya)


Nasceu em Matalana, Província de Maputo, a 6 de Junho de 1936.Frequentou a Escola Primária em Matalana e posteriormente, em Maputo, os primeiros anos da Escola Comercial.

http://www.paulo-santos.com/docs/conteudos

Foi pastor de gado, aprendiz de nyamussoro (médico tradicional), criado de meninos, apanhador de bolas e criado no clube da elite colonial de Lourenço Marques.

Tornou-se artista profissional em 1960, graças ao apoio do arquitecto português Miranda Guedes (Pancho) que lhe cedeu a garagem para atelier. Acusado de ligações à FRELIMO, foi preso pela polícia colonial quando duma leva de prisões que levou á cadeia, entre outros, os poetas José Craveirinha e Rui Nogar. Contrariamente aos seus companheiros, não se provou tal envolvimento pelo que acabou absolvido, após quase 2 anos de prisão.

No entanto, a pressão sobre ele exercia-se continuamente pois os seus quadros, embora não exactamente retratando a realidade, davam-na a entender muito bem. Vejam-se as obras desses anos e toda a simbologia que deles se desprende de denúnica da opressão/Após a Independência teve vários envolvimentos na área política, tendo sido deputado pelo Partido Frelimo de 1990 até 1994 e hoje é um dos membros da Frelimo na Assembleia Municipal de Maputo. Foi um dos criadores do Movimento para a Paz e pertence à Direcção da Liga de Escuteiros de Moçambique. Foi um dos criadores de Museu Nacional de Arte e procurou manter e dinamizar o Núcleo de Arte (associação que agrupa os artistas plásticos).

Muito ligado à criança, tem colaborado intensamente com a UNICEF e durante alguns anos fez funcionar a escolinha dominical "Vamos Brincar", uma escolinha de bairro.
Impulsionador, no passado, de um projecto cultural para a sua terra natal-Matalana, Marracuene, retoma-o, logo que a guerra termina, criando-se assim a Associação do Centro Cultural de Matalana, de cujo grupo fundador Malangatana faz parte, sendo actualmente presidente da Direcção. Esta Associação pretende criar um projecto de desenvolvimento entegrado das populações em torno do desenvolvimento profissional, de produção de auto-emprego, juntamente com o trabalho artístico, etno-antropológico e ecológico.

Desde 1959 que participa em exposições colectivas em várias partes do mundo para além de Moçambique nomeadamente África do Sul, Angola, Brasil, Bulgária, Checoslováquia, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Holanda, índia, Islândia, Nigéria, Noruega, Paquistão, Portugal, RDA, Rodésia, Suécia, URSS e Zimbabwe. A partir de 1961 realizou inúmeras exposições individuais em Moçambique e ainda na Alemanha, Áustria, Bulgária, Chile, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Índia, Macau, Portugal e Turquia.

Tem murais pintados ou gravados em cimento em vários pontos de Maputo e na cidade da Beira; na África do Sul; no Chile; na Colômbia; nos Estados Unidos da América; na Grã-Bretanha; na Suazilândia; e na Suécia. A sua obra, para além dos murais e das duas esculturas em ferro instaladas ao ar livre é composta por Pintura, Desenho, Aguarela, Gravura, Cerâmica, Tapeçaria, Escultura e encontra-se (exceptuando a vastíssima colecção do próprio artista) em vários museus e galerias públicas, bem como em colecções privadas, espalhadas por inúmeras partes do Mundo.

Malangatana foi membro do Júri do Primeiro Prémio Unesco para a Promoção das artes: é membro permanente do Júri " Heritage", do Zimbabwe; foi membro do Júri da II Bienal de Havana; da Exposição Internacional de Arte Infantil de Moscovo; de vários eventos plásticos em Moçambique e Vice-Comissário Nacional par a área da Cultura de Moçambique para a Expo 98.

Imagem: http://maschamba.weblog.com.pt/MalangatanaCEA.jpg/MalangatanaCEA.jpg

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Caster Semenya. A história da mulher-homem já tem barbas


Por Pedro Candeias e Mariana Pinheiro, Publicado em 22 de Agosto de 2009

São várias as atletas femininas com traços masculinos. Provocados por drogas ou pela mãe natureza

http://www.ionline.pt/conteudo/19433-caster-semenya-historia-da-mulher-homem-ja-tem-barbas

"Queres ver o meu sexo?" Aconteça o que acontecer daqui para a frente, esta é a frase dos Mundiais. E é de Caster Semenya, a atleta sul-africana cuja fama já ultrapassa a de Usain Bolt. Pelas piores razões. Semenya irá ficar para a história como uma das campeãs (800 m) mais desvalorizadas de sempre. Porquê? Pelo aspecto masculino que levantou dúvidas sobre a questão das questões: é rapaz ou rapariga? Os pais, que a viram nascer, garantem que é menina; as rivais, que a vêem correr, dizem que é menino. Em 2000, decidiu acabar-se com os testes de género mas o caso Semenya trouxe-os de volta. Mas Caster é só mais uma numa lista de mulheres-homem que já tem barbas.

1. Caster Semenya Tem 18 anos. O rosto tem traços fortes, vincados, com a linha do maxilar pronunciada. Como um homem. Há quem diga que tenha barba. E a voz, profunda e grave, não ajuda. Ainda para mais, é uma vencedora - arrasou nos 800 metros. Das dúvidas passou-se a certezas infundadas que só serão dissipadas quando saírem os resultados dos testes pedidos pela IAAF (Federação Internacional de Atletismo) para apurar o sexo da atleta. "É uma mulher e repito-o um milhão de vezes, se for necessário, e gostaria que a deixassem em paz", diz o pai, Jacob. Michael Seme, o treinador, garante que tem treinado "uma rapariga e não um rapaz". O problema são as outras, as colegas de profissão: "Tem tudo para ser um homem", disse a feminina Marta Domínguez (ouro nos 3 mil metros obstáculos). E Caster ponderou rejeitar a medalha.

2. Balian Buschbaum O nome próprio foi buscá-lo à personagem encarnada por Orlando Bloom no filme "Reino dos Céus" de Ridley Scott. Antes, chamava--se Yvonne. "Sinto-me como se fosse um homem a viver num corpo de mulher." A campeã europeia júnior de salto com vara (1999) retirou-se em 2007 e decidiu submeter-se a uma cirurgia para mudar de sexo. Começou a tomar injecções de testosterona no dia de Natal desse ano e documentou a transformação no seu blogue. Agora, é Balia, o treinador do USC Mainz, um clube na Alemanha, convidado de inúmeros talk-shows para falar da sua experiência. E com um novo bilhete de identidade a condizer.

3. EWA klubukowska A polaca ganhou ouro nos 4 x 100 m e bronze nos 100 m nos Jogos Olímpicos de Pequim. Dois anos depois, em Budapeste, conquistou o ouro nos 4 x 100 m e 100 m, e a prata nos 200 m. Um ano volvido, entrou para a história como a primeira mulher a falhar um teste de género. O resultado foi o seguinte: "Um cromossoma em excesso." Acto contínuo, foi banida de todos os desportos competitivos e expropriada de todas as medalhas conquistadas. E os seus recordes do mundo também perderam validade. Mas afinal de contas Ewa era mulher. E mulher o suficiente para dar à luz. Sentindo-se injustiçada, a sprinter decidiu agir judicialmente contra o Comité Olímpico Internacional até ver o seu nome limpo.

4. Tamara e Irina Press As irmãs Press, produto do universo da União Soviética, dominaram o atletismo na primeira metade dos anos 60 do século XX. Não havia nada em que não batessem a concorrência. A mais velha, Tamara, ganhou quatro medalhas em Jogos Olímpicos: em Roma - 1960 (ouro no lançamento do peso e prata no lançamento do disco); em Tóquio-1964, conquistou ambas as categorias. Irina, dois anos mais nova, ganhou o ouro em Roma (80 metros barreiras) e em Tóquio (pentatlo). E por aí se ficaram. Em 1996, foram introduzidos testes para verificar o género das atletas femininas e as irmãs Press, masculinas como poucas, simplesmente desapareceram do mapa competitivo. As dúvidas instalaram-se: houve quem dissesse que eram homens; houve quem afirmasse que eram hermafroditas. Tamara tornou-se engenheira civil e agora trabalha no Ministério russo dos Desportos. Tal como Irina, até morrer em 2004. Para sempre, ficaram conhecidas como os "Irmãos Press".

5. Heidi Krieger Perdão, Andreas Krieger. A lançadora do peso da ex-RDA já não existe. "Foram os esteróides que mataram a Heidi", disse Andreas ao "The New York Times". Como muitas atletas da Alemanha de Leste Heidi, campeã da Europa em 1986, era sistematicamente dopada com esteróides anabolizantes. Essas e outras drogas, garante, contribuíram para a sua transexualidade. Chamavam-lhe "Hormone Heidi". Daí à depressão foi um instante e tentou mesmo suicidar-se, cortando os pulsos - foi o cão Rex que a salvou ao acordá-la com o seu focinho frio. "Foi um choque", confessou. Em 1997, sete anos depois de se ter retirado, Heidi foi obrigada a mudar de sexo, tais eram os traços de masculinidade provocados pelas substâncias injectadas. Agora que é Andreas, casou--se com Ute Krause, uma antiga nadadora da RDA, também ela severamente castigada pelos métodos sombrios dos tempos que antecederam a queda do Muro de Berlim. A sua vida já deu um documentário - "Doping, Fábrica de Campeões".

6.Stella Walsh Nos anos 1930, ninguém sprintava como ela. Ou como ele. Mas já lá iremos. Nasceu Stanislawa Walasiewicz, na Polónia, a 3 de Abril de 1911, mas emigrou para os Estados Unidos com apenas três meses. O pai, Julian, encontrara um trabalho em Cleveland numa fundição. E foi em Cleveland que adoptou o nome Stella - os pais chamavam-lhe Stasia - e começou a dar corda aos sapatos. Logo ganhou um lugar na equipa olímpica dos EUA, em 1927, mas por ser polaca ficou de fora. Não esperou pela cidadania norte-americana e manteve-se fiel à pátria de origem: numa competição pan-eslava, conquistou os 60, 100, 200 e 400 metros e ainda o salto em comprimento. Os líderes polacos ficaram como loucos e não mais a largaram. Depois fez história: ganhou os Jogos Olímpicos de Los Angeles - 1932 e foi prata nos de Berlim -1936 (sempre nos 100 metros). Depois da competição alemã, decidiu abandonar e competir apenas a um nível amador. E a história acabaria bem, porque nunca ninguém questionara o género de Stella. Até à sua morte. Brutal. Foi morta durante um assalto em Cleveland a 4 de Dezembro de 1980 (69 anos) e a autópsia revelou que Stella tinha órgãos genitais masculinos e também ambos os pares de cromossomas XX (mulher) e XY (homem).

Hoje, siga o Mundial de atletismo a partir das 10h45 na RTP2 e Eurosport. É hora da maratona masculina

foto: http://i.dailymail.co.uk/i/pix/2009/08/19/article-0-061D19E9000005DC-924_306x423.jpg

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Spartacus


Ano de lançamento ( EUA ) : 1960 direção: Stanley Kubrick.
atores: Laurence Olivier , Peter Ustinov , Jean Simmons , Charles Laughton , John Gavin
duração: 03 hs 03 min

http://www.adorocinema.com/filmes/spartacus

sinopse
Spartacus (Kirk Douglas), um homem que nasceu escravo, labuta para o Império Romano enquanto sonha com o fim da escravidão. Ele, por sua vez, não tem muito com o que sonhar, pois foi condenado morte por morder um guarda em uma mina na Líbia. Mas seu destino foi mudado por um lanista (negociante e treinador de gladiadores), que o comprou para ser treinado nas artes de combate e se tornar um gladiador.

Até que um dia, dois poderosos patrícios chegam de Roma, um com a esposa e o outro com a noiva. As mulheres pedem para serem entretidas com dois combates até morte e Spartacus escolhido para enfrentar um gladiador negro, que vence a luta mas se recusa a matar seu opositor, atirando seu tridente contra a tribuna onde estavam os romanos.

Este nobre gesto custa a vida do gladiador negro e enfurece Spartacus de tal maneira que ele acaba liderando uma revolta de escravos, que atinge metade da Itália. Inicialmente as legiões romanas subestimaram seus adversários e foram todas massacradas, por homens que não queriam nada de Roma, além de sua própria liberdade. Até que, quando o Senado Romano toma consciência da gravidade da situação, decide reagir com todo o seu poderio militar

sábado, 24 de outubro de 2009

Afundem o Bismarck!


O encouraçado alemão Bismarck, um terror dos mares, um moderníssimo navio de combate, foi posto a pique pela esquadra inglesa do Atlântico na manhã do dia 27 de maio de 1941.

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/bismarck.htm

Ele fora alvo de uma das maiores caçadas navais do século XX, quando a maior parte dos navios de guerra da Grã-Bretanha, senhora da mais poderosa esquadra do mundo, colocou como prioridade máxima afundar o Bismarck. Com ele foi-se a possibilidade da Alemanha nazista interceptar pela superfície os barcos que vinham de todos os lados do mundo para abastecer as ilhas britânicas. Dali em diante, quem tomou a tarefa de infernizar os comboios aliados foram os submarinos.

Localizando o Bismarck
Saindo das nuvens que cobriam o vasto oceano, o Catalina, um avião de observação da RAF (Royal Air Force), logo visualizou o que lhe pareceu um enorme navio de guerra lá embaixo. Quando Dennis Briggs, seu piloto, tratou de manobrar para vê-lo melhor, foi surpreendido por uma ativa barragem de fogo que partira das torres do gigante. Era um navio inimigo. Certamente ele encontrara o Bismarck. Naquele instante, a partir das 10h30m do dia 26 de maio de 1941, todas as embarcações inglesas receberam o comunicado. O encouraçado alemão, de quem haviam perdido o contanto por mais de 31 horas, estava navegando em mar alto há uns 300 quilômetros distante da ilha da Irlanda. A ordem, peremptória, então veio diretamente do Almirantado: afundem o Bismarck! afundem o Bismarck! Estava para se encerrar uma das maiores perseguições navais de todos os tempos.

Orgulho da marinha alemã
Hitler visita o Bismarck
O Bismarck fazia parte de um conjunto de modernos encouraçados mandados construir por Hitler a partir de 1935 para recuperar o prestígio da Kriegsmarine, a marinha de guerra alemã. Além dele, saíram dos estaleiros da Blohm & Voss, em Hamburgo, o Scharnhorst, Gneisenau, o Prinz Eugen e o Tirpitz, caracterizados pela extrema concentração de tonelagem articulada com uma excelente artilharia de bordo que os colocaram na vanguarda das embarcações de guerra do seu tempo. Antes de tudo, os encouraçados eram um feito da engenharia naval alemã.

Operação "Rheinübung"
O Bismarck
A operação Rheinübung, "Exercício Reno", que decidiu a partida do Bismarck e do Prinz Eugen de dentro do Mar Báltico para o alto mar, era o seguimento de uma outra operação, a "Berlim", ambas determinadas pelo almirante Erich Raeder em abril de 1941, levada a efeito por dois outros encouraçados, o Scharnhorst e o Gneisenau. Estes haviam afundado 22 barcos com mais de 115 mil toneladas, mas não puderam seguir em missão devido a problemas mecânicos e o temor de vê-los perdidos

O Prinz Eugen, foto aérea de Bismarck num ataque concentrado de aviões da RAF.

O Prinz Eugen, foto aérea de Bismarck
Ao tempo em que o Alto Comando da Kriegsmarine recolhia os dois encouraçados para a proteção do porto francês de Brest (a França naquela altura estava ocupada pelos nazistas desde junho de 1940), o almirante Lütjens traçou as diretrizes para que o Bismarck e o Prinz Eugen se lançassem pela águas do Mar do Norte, dando continuidade ao objetivo de localizar e afundar os comboios anglo-americanos. O fim de tudo era deixar o Reino Unido carente de forças materiais para seguir na guerra. A estratégia de Hitler era isolar as ilhas britânicas, assolá-las pelo ar com os bombardeios e impedir que recebessem qualquer auxilio vindo pelo mar, promovendo um lento garrotear das suas energias para obrigar Churchill e o governo inglês à capitulação.

Imagem: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-103662722-dvd-afundem-o-bismarck-lacrado-_JM

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Roman Polanski supera pesadelos na vida e nas telas


18/03/2004 Alysson Oliveira

É impossível separar o cinema de Roman Polanski de sua vida pessoal. Cercado de polêmicas e tragédias, o cineasta fez de seus pesadelos uma válvula de escape no trabalho.

http://www.cineweb.com.br/index_textos.php?id_texto=489

Mesmo enfrentando problemas que teriam feito muitos desistirem, o cineasta nunca parou de produzir. Bem verdade que sua carreira registrou altos e baixos em originalidade e qualidade, mas ressurgiu em 2002, com O Pianista.

Desde cedo, Polanski enfrentou perdas e sofrimentos. Dois anos antes do início da II Guerra Mundial, seus pais abandonaram a França e foram para a Polônia, onde acabaram perseguidos por serem judeus e enviados para o campo de concentração de Auschwitz, onde sua mãe acabou morrendo.

O menino Polanski conseguiu fugir e se refugiou na região rural da Polônia, onde conseguiu abrigo com várias famílias católicas. E mesmo numa época em que a maioria das pessoas ignorava o cinema, que mostrava em sua maior parte filmes alemães, o futuro diretor não se preocupava com a nacionalidade dos filmes e assistiu a tudo o que pode.

Foi só em 1945, com o fim da guerra, que Polanski voltou a se reunir com o pai, que o matriculou numa escola técnica. Porém, decidido a seguir carreira no cinema, o rapaz começou a atuar e estreu nas telas, em 1955, no filme Pokolenie, de Andrzej Wajda. Mas foi na escola de cinema de Lodz que Polanski começou a trabalhar como diretor. Seu primeiro curta, Bicicleta, foi feito com filmes coloridos cedidos por uma estudante de fotografia. Durante a revelação, os negativos foram extraviados, indo parar na União Soviética.

Durante seus estudos em Lodz, Polanski produziu diversos curtas, a maioria deles muito experimentais. Para Vamos Arrombar a Festa, ele organizou um baile de alunos de Lodz e, sem ninguém saber, contratou um bando de hooligans para invadir a festa. O resultado é uma mistura de ficção e documentário, que acabou lhe criando problemas com a direção da escola..

Seu primeiro projeto de longa, Faca na Água, foi recusado, de início, pela comissão selecionadora do Ministério da Cultura polonês por não apresentar uma temática social. Eram os tempos do comunismo e todas as formas de expressão artísticas deveriam estar a serviço do partido. O longa acabou sendo um sucesso, ganhou um prêmio em Veneza e indicação para o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Após sua bem-sucedida estréia, Polanski se mudou para Paris, onde se tornou amigo de Gerard Brach, com quem trabalharia posteriormente em Repulsa ao Sexo e Armadilhas do Destino, rodados na Inglaterra e premiados no Festival de Berlim com os Ursos de Prata e de Ouro, respectivamente. Ainda em Londres, o diretor fez seu primeiro filme produzido por capital americano, A Dança dos Vampiros. Além de dirigir e escrever o roteiro, Polanski atuou. Foi nessa produção que conheceu a atriz Sharon Tate, com quem se casaria.

Mas foi em 1968 que o cineasta deu um passo decisivo na carreira, quando foi para Hollywood e dirigiu O Bebê de Rosemary. O filme foi um sucesso de crítica e bilheteria, se tornando um marco no cinema de terror, estabelecendo um gênero que teria seguidores como O Exorcista e Carrie, a Estranha.

Porém, o brutal assassinato de Sharon Tate, grávida de oito meses, pela gangue de Charles Mason, traumatizou de tal forma o cineasta que ele preferiu abandonar o país e voltar para a Europa. Ele só retornaria aos EUA em 1974, para dirigir Chinatown. Saiu de lá fugido com a denúncia de que teria violentado uma menina de 13 anos numa festa na casa de Jack Nicholson. Polanski passou alguns dias na cadeia, mas foi solto para tratamento psiquiátrico. Buscando refúgiu na Europa, o diretor nunca mais voltou para os Estados Unidos, onde tem a prisão decretada até hoje.

Em 1979, trabalhou na adaptação do romance Tess, de Thomas Hardy. O filme, estrelado pela jovem Nastassja Kinski, surgiu de uma idéia dada por Sharon Tate, que lera o livro pouco antes de morrer. O filme é considerado atípico em sua obra. É um romance de época, que se passa numa região campestre. Na ocasião, o diretor comentou que se sentiu seduzido pelo tema da inocência traída e a influência da casualidade do destino. Tess fez um relativo sucesso, recebendo diversos prêmios, como o César de melhor Filme, Direção e Fotografia e o BAFTA de fotografia. Também rendeu ao diretor indicação ao Globo de Ouro e ao Oscar.

Na década de 1980 Polanski se exilou na França, realizando poucos e pequenos filmes, como Lua de Fel e Busca Frenética, no qual conheceu Emmanuele Seigner, com quem se casou.

Contradizendo a opinião de muitos críticos, o diretor conseguiu dar um novo ânimo em sua carreira. Em 2002, ganhou a Palma de Ouro em Cannes, por O Pianista. O filme, embora não seja autobiográfico, repassa diversas experiências enfrentadas por Polanski durante a II Guerra. No Festival do Rio, em 2002, o cineasta disse que tudo o que tinha feito até então fora uma preparação para este filme. Mas foi categórico ao dizer que está não é sua autobiografia. "Usei minhas memórias e material da época, mas jamais quis fazer a minha biografia", declarou.

Além do prêmio em Cannes, O Pianista deu para Polanski o Oscar de Melhor Diretor, em 2003. E embora não pudesse ir receber a estatueta - sob a ameaça de ser preso - o prêmio foi lhe entregue meses depois por Harrison Ford. Atualmente, o cineasta trabalha em uma adaptação do livro Oliver Twist, do escritor inglês Charles Dickens.

http://www.cineweb.com.br/index_textos.php?id_texto=489