quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Uíje. Lendas e magia nos cenários naturais e históricos do Uíge



DISTÂNCIAS EM KM DA SEDE PARA: Luanda 345 - M'Banza Kongo 314

Lendas e magia nos cenários naturais e históricos do Uíge

http://www.portalangop.co.ao/

A região é caracterizada por grande potencialidade de recursos naturais e locais históricos e culturais, muitos deles actualmente em estado de abandono devido às consequências directas ou indirectas do conflito armado que assolou o país por mais de três décadas.
Seus rios são navegáveis, propícios à prática de desportos náuticos e pesca desportiva. Outras opções são os banhos de cachoeiras, nos rios e lagoas. O ecoturista encontra cenários deslumbrantes, reservas florestais e uma rica fauna.

A província do Uíge faz fronteiras com a Republica Democrática do Congo, a norte e nordeste; a província de Malange a nordeste; a sul com a as província do Bengo e Kwanza Norte; e a oeste a província do Zaire.
Os seus habitantes praticam ainda uma agricultura de subsistência, produzindo amendoim, mandioca, milho, feijão, batata-doce e rena, banana, gergelim, arroz, inhame, café e outros.

O Bakongo é o grupo étnico maioritário, mas pode-se encontrar também o Ovimbundo e o Kimbundo. A língua nacional mais falada é o Kikongo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Governador do Uíje reúne órgãos de comunicação social


22/12/2009 11:42

O governador da província do Uíje, Paulo Pombolo, manteve sábado, na sala de sessões da Rádio Nacional, um encontro com os directores e chefes de informação dos órgãos da Angop, Rádio, Jornal de Angola e TPA, com o objectivo de se inteirar do seu funcionamento.

No primeiro encontro com a comunicação social, Paulo Pombolo deixou expresso o desejo de trabalhar para o bem-estar da população local, o que passa necessariamente pela conjugação de esforços de todos.

O governante pediu aos meios de comunicação social para continuarem a desempenhar a sua principal tarefa, que reside na divulgação das principais realizações em prol da população.

Paulo Pombolo foi informado pelos directores dos distintos órgãos da comunicação sobre a sua organização, o programa da extensão dos sinais da Rádio e da Televisão e dos correspondentes do Jornal de Angola em todos os municípios da província.

in Angola Press, 21 de Dezembro de 2009
http://www.uige.gov.ao/NoticiaD.aspx?Codigo=9103

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A lagoa do feitiço



Muitos mitos à volta desta lagoa. É a célebre Lagoa do Feitiço, referência obrigatória em qualquer viagem ao Uíge.
Dizem ....-e acredite se quiser - que tocar nas águas desta lagoa é desafiar a morte. Verdade ou mentira, o certo é que ninguém se atreve. Todos preferem manter-se afastados dessas águas. À cautela... porque nunca se sabe.
São os mitos que tornam o Uíge muito especial. Remmember A SAÚDE DO MORTO de um tal de LF

http://luisfernandoangola.blogspot.com/2008/06/lagoa-do-feitio.html

Lagoa do Feitiço no Uíge

Ainda no leste de Angola, entre os Tucôkwe da comunidade rural, a tradição proíbe as crianças e adolescentes de ir muito cedo (às manhãs) ou muito tarde ao rio (lwiji) e à lagoa (citende, lê-se tchitende), sobretudo se estiver a nevar. A razão dessa proibição é que “Samutambyeka”, uma figura mitológica monstruosa, mais alta do que os eucaliptos, temível pela população, bebe muita água nesses períodos e evita a presença de pessoas antes de ficar saciado. Enquanto bebe, sopra a partir da boca e das narinas um jacto de água que se transforma em nevoeiro.

O arco-íris (Cezangombe, lê-se tchezangombe) que normalmente aparece às tardes e quando está a chover, é utilizado para fazer entender às crianças e aos adolescentes a presença, nessa altura, do também chamado “Espírito perdido”, perto dos rios e lagoas.

“Samutambyeka” é coadjuvado por forças invisíveis conhecidas nessa comunidade como “yikixikixi” ou “espírito das águas”.
Do semanário O País, edição de 26/junho/2009
Mitologia da água, de Américo Kwononoka,
Diretor do Museu Nacionalde Antropologia.

http://seguindoadiante.blogspot.com/2009_06_28_archive.html

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Natal em Angola


O Natal só ficou conhecido em Angola depois que o colono portugues lá chegou, pois este na sua expansão colonial fazia se acompanhar sempre de missionário. Lembro aqui que, com os descobrimentos os portugueses visavam expandir o império colonial e a fé de Crista.

http://www.portugal.sk/aktivity/akcie/natalemangola/natalemangola.html

Com a evangelização, o Natal tornou-se uma festa hoje assumida como tradicional em Angola, sendo assim, comemorada em todo o País.
Há uma diferença entre o Natal das cidades e das aldeias.
Nas cidades onde o nível social das população é elevado, o Natal é tipicamente português, com todos ingredientes com que é conhecido na Europa, neste caso, em Portugal.

O Natal nas aldeias chega a ter uma característica adequada a baixa condição sócio-economica, cultural e intelectual dos cidadaos ali residentes. E muito animado, o povo programa uma festa tradicional com comidas e bebidas conforme a sua região.

Geralmente há missa na noite de 24 para 25 de Dezembro.
Durante o dia, há danças folclóricas.
Bebe-se a Kissanga ou Kimbombo, que são bebidas tradicionais feitas em casa com ferina de cereais.
Os adultos bebem geralmente o caporroto que é uma bebida destilada, feita com banana, ou batata doce ou ainda com farelo de cereais.

As aldeias vizinhas programam encontros, animados com danças folclórica.
Os povos praticam desporto, ou outras diversoes culturais durante o dia 25 de Dezembro, tais como encontro de footbal, entre grupos pertencentes a aldeias diferentes.
O Natal em Angola, é a maior festa que mobiliza todas populações. Nas aldeias as pessoas são normalmente religiosas. Não se pode falar em religião sem falar de Cristo. Isto torna o Natal, nascimento de Cristo uma história muito interessante.

Imagem: Angola em fotos

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Até a energia eléctrica o MPLA nos rouba!

Já há três dias sem luz. O MPLA desviou, desvia tudo para o campeonato do futebol deles, essa tralha a que chama CAN2010. O MPLA cobiça, rouba tudo. Que mais sabe ele fazer, nada! A não ser guerra. E prepara outra para acabar com toda a oposição por causa do golpe de estado do Plano C. Mas não a ganhara. Desta vez vai levar uma surra daquelas.
Mas não vale a pena! Isto e África, Angola, não tem qualquer valor.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

René Dumont. E, por fim, o emergente e difuso socialismo africano.


Quando a África independente ainda tinha percorrido apenas alguns metros, o francês René Dumont escreveu o livro intitulado “L´Afrique est mal partie” (Éditions du Seuil, 1962). Nele, apesar de Dumond não considerar a África um continente maldito, demonstra como o clima, a demografia e sobretudo a pesada herança colonial figuram insidiosamente como constrangimentos que obstaculizam o desenvolvimento.

Por Leopoldo Amado
http://guineidade.blogs.sapo.pt/5647.html

Porém, a par destes constrangimentos, René Dumond criticava duramente o enfeudamento pura e simples ao comunismo internacional, mas também os discursos extremados e radicalismos que proclamavam um corte total de cooperação com as antigas potências coloniais e, por fim, o emergente e difuso socialismo africano. E, perante esta realidade, Domond considera que a África apresentava-se, no momento das independências, «à un degré extreme, toutes caractéristiques du sous-développement. Le handicap à surmonter est tellement enorme, dans tous cês domaines, par rapport à d'autres régions sous-développées, que sa nature même en devient différente... Ia rigidité de l'organisation sociale et la force des traditions dressent un obstacle... la misère tend à se perpétuer d'elle-même. Ce n'est plus le moment de persévérer dans l'erreur, au nom de n'importe quel dogmatisme, mais celui de regarder en face lês faits et les hommes, pour voir ce qu'on en peut tirer».

Com efeito, Dumond demonstrou como é que uma mentalidade retrógrada (a colonial) permitiu que se submetesse África e os africanos a toda uma série de exploração, as quais decorrem desde o Tráfico de Escravos a à exploração comercial. Cita, por exemplo, o Jules Ferry que, sem hesitar afirmava no Parlamento, a 28 de Julho de 1885, que «La Déclaration dês droits de l'homme n'avait pás été écrite pour lês Noirs de 1'Afrique équatoriale» ou ainda o General Meynier que escreveu mais honestamente que «Dês le premier jour de leur rencontre, les européens ont pose en príncipe leur supériorité sur la race noire... Ils ont plié à l'esclavage les a, justifiant leurs actes par le droit du plus fort... pour y ouvrir des débouchés à leur commerce, ils ont jeté à bas les dernières traces existantes des civilisations africaines».

Ainda no que se refere às heranças coloniais, Dumond considera que o primeiro prémio dos europeus aos africanos foi justamente o alcoolismo, segundo ele, “o crime dos crimes”, que se acentuou sobretudo quando se introduziram alambiques que vulgarizaram a prática de destilaria entre os africanos, numa altura em que os africanos apenas consumiam bebidas fermentadas de fabrico tradicional e de fraca graduação alcoólica, a saber: vinho de palma ou de ráfia (ricos em vitamina C e com cerca de 4 graus de álcool em média); bebida de milho (rico em prótidos e vitamina B12, com cerca de 3.5 graus de álcool em média).

No entanto, perante o “boom” das independências africanas e num momento em que o emergente socialismo africano parecia ganhar adeptos dentre as várias correntes ideológicas da África em efervescência nacionalista, Dumond, como experimentado homem da tradicional esquerda francesa, alertou, desde essa altura, de que nem sempre as independências eram sinónimas da descolonização, criticando inclusivamente o novo-riquismo das elites africanas que paradoxalmente advogavam o socialismo africano, desenvolvendo Dumont uma autêntica “plaidoyer” em prol de uma política de educação africana adaptada as realidades locais e uma desenvolvimento económico e social que privilegiasse a massa camponesa (para ele, a vanguarda da revolução que se consumaria com a independência económica).

Neste livro, aliás, Dumont apoiou a F.E.A.N.F (Féderation dês Étudiants d’Afrique Noir en France) quando no comunicado distribuído a imprensa por esta, na sequência da realização do seu XIVº Congresso (24-27 Dezembro de 1961) denunciaram o socialismo africano, denúncias essas as quais Dumond corrobora dizendo que o socialismo africano «est trop souvent un mythe abritant le néocolonialisme. Ou une tentative pas toujours honnête de syncrétisme entre un idéalisme communautaire et le maintien de la tradition africaine. Or cette dernière refuse le progrès, qui implique discipline et contrainte, rejet du parasitisme familial. Mais il ne suffit plus de se proclamer révolutionnaire, il faut vivre en conséquence. Cette situation, qu'il faut regarder en face, réduit les chances d'une action révolutionnaire immédiate et réussie ; elle ne justifie en aucune façon une résignation à la situation actuelle. Comment remonter vite le courant, préparer les conditions d'avènement du socialisme, rendre sa réalisation future plus aisée, la transition moins pénible pour le paysan, l'ouvrier et l'étudiant africains?»

Diz Dumont, ao propósito, que «sans une économie planifié et contrôlé, le investissement de travail paysan devient une simple addition d'initiatives locales sans réelle portée économique. De plus, l’ effort fourni dans ce cadre économique sans cohérence ni contrainte et sans unanimité s’essouffle rapidement et ls pressions tribales paralysent vite le progrés. Il faut améne donc des conditions poour que les paysans puissent juger le polique adoptés, en mesurer a portée. Ils exprimeront ainsi à la fois leurs possibilites de réalisation, et les besoins en moyens de production nécessaires à la réalisation de ce Plan. Ainsi débutera le constant dialogue entre la base et le sommet, si nécessaire à la planiftcation démocratique. Installons d'abord lês bases solides du développement, lê crédit et Ia coopération».

Esta interacção que Dumond propunha à emergente África independente era porque, na maior parte dos casos e dos países, os planos eram demasiados audaciosos até no ritmo previsto, pelo que facilmente se percebe que não atingiriam os resultados esperados, pois estes documentos políticos mais parecem declarações de intenção, pois os governos não dispunham nem de organização, nem de quadros indispensáveis, nem de meios financeiros e materiais necessários a sua realização. E ainda acrescentava: Les difficultés de l’Afrique resulte surtout du manque de cadres compétents et honnêtes, en quantité suffisante. Une petite insuffisance de connaissances peut, dans une certaine mesure, être compensée par une grande honnêteté, et vice-versa: mais la double déficience parait sans remede».

É curioso reparar tabém que, ao referir-se criticamente às elites africanas emergentes, Dumond dizia, desde essas altura, que «pour trop d'élites africaines donc, l'indépendance a consiste à prendre la place des blancs et à jouir des avantages, souvent exorbitants, jusque-là concedes aux «coloniaux». Aux soldes élevées, s'ajoutaient parfois les belles villas, toutes meublées, sinon les palais pour les gouverneurs, la nombreuse domesticité payée sur le budget, les autos avec chauffeur. Aux 403, après l´indépendance, succèdent les Chevrolet d'Abidjan, les Mercedes de Yaoundé; souvent renouvelées tous les six mois, ce qui fait grincer des dents lls petites gens. Quand on réduisit ces avantages, certains ont voulu les rétablir à leur profit, sans être difficiles sur les moyens d'y arriver».

Aliás, para Dumond, esta propensão das elites para a prática da corrupção em África explica-se porque «la brusque accession au pouvoir sans controle a trouble certain esprits - prossegue ainda Dumond - corrodé le sens moral (“le pouvoir corrompt, le pouvoir absolu corrompt absolument”). La corruption était, certes, connue du millieu colonial, spécialement des douanes d'Indochine. Depuis l’ indépendece, elle semble prendre dans certains pays, notamment du Centrefrique au Congo et au Gabon, de la Cote d'Ivoire au Dahomey, proportions effarantes. Le Cameroun a institué pour la combattre des commissions criminelles et certains prétendent que les détournements reconnus par celles-ci se monteraient au dixième du budget. Ce qui paraît beaucoup, mais il ne semble pas certain que les enquêtes aient pu remonter haut dans la hiérarchie ».

Analisando, outrossim, o papel dos militantes dos partidos políticos em África, Dumon considera que «les militants des partis au pouvoir en Afrique n'ont pás compris, ou pas voulu comprendre que leur role essentiel devrait être d'éducation civique, de création d’enthousiasme au travail, par une véritable «mystique » de réalisation du plan. II y faudrait des idéalistes, des militants dévoués, et non dês carriéristes, d'abord préoccupés d'accéder aux prebendes, par le moyen des élections, dans l'ambiance de caricature de la démocratie». Sobre o que Domon denominava de «caricatura de democracia», ele ainda profetizou que “ (...) l´Afrique risque d’ faire autant”.

Enfim, revisitar o “L´Afrique est mal partie”, de René Dumond não deixa de ser um exercício interessante, sobretudo para aquilatarmos comparativamente os problemas que a África apresentava e os que apresenta, bem como as soluções que Dumond propunha e aquelas que hoje são postas em prática. Porém, deste exercício, fica-se certamente com a impressão, certamente falaciosa, de que desde a data em que o livro veio a público – há justamente 44 anos – e não obstante as ajudas ao desenvolvimento, a solidariedade do ex-bloco comunista, o ajustamento estrutural e a globalização, ainda continua o nosso continente a apresentar os mesmos problemas, a par de outros entretanto surgidos (p. e. HIV-SIDA), uns e outros reclamando soluções prementes.

Ora, esta aparente sensação é, por incrível que pareça, a prova da vitalidade e da actualidade do livro de René Dumond, cujo título ele próprio confessou desejar que fosse desmentido pelo natural desenvolvimento dos acontecimentos e dos tempos em África. 44 anos passados sobre a data em que que foi escrito o livro, é tempo suficiente para interogarmos se a evolução do continente produziu, por si só, o esperado desmentido que autor tanto ansiava. As respostas à essas interrogação fica ao critério dos juízos de valor que cada um de nós possa fazer ao revisitar " l' Afrique est mal partie", de René Dumond, porque vale a pena o exercício!

Imagem: http://images.kapaza.com/photos/6500000/6586716.jpg

domingo, 13 de dezembro de 2009

Marcolino José Carlos Moco


É da província do Huambo. É licenciado em Direito e desempenha a profissão de jurista.

Neste momento é membro da 4ª comissão, tendo já exercido cargos como: Dirigente Provincial do MPLA; Governador das Províncias: Bié e Huambo; Secretário Geral do MPLA; Primeiro Ministro da República; Secretário Executivo da CPLP; Ministro da Juventude e Desportos.

http://www.ovimbundu.org/Personalidades/Os-Ilustres-Ovimbundus/Marcolino-Jose-Carlos-Moco.html

Imagem: CLUB-K.NET

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Alda Lara. À prostituta mais nova


Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque nasceu em Benguela a 9 de Junho de 1930. Concluiu, em Lisboa, o 7.º ano do Liceu e licenciou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra, depois de ter passado pela Universidade de Lisboa. Alda teve uma vida muito curta o que leva a pensar a qualquer crítico literário no que seria a sua obra se a morte não a ceifasse assim tão cedo. Faleceu em Cambambe a 30 de Janeiro de 1962 com apenas 32 anos de idade.

http://www.ovimbundu.org/Personalidades/Escritores-Ovimbundus/Alda-Lara.html

Nos tempos de estudante, Alda Lara teve uma vida cultural muito intensa e activa. Assim, na qualidade de declamadora, participava nas actividades da Casa dos Estudantes do Império, o que lhes fez ganhar uma grande notoriedade. É de referir que, apesar de grande parte da sua poesia, reflectir uma insatisfação face ao status quo colonial, logo após a sua morte, a Câmara Municipal de Sá-da-Bandeira (actual Lubango) chegou a instituir o prémio Alda Lara para a poesia.
Da sua obra, destacam-se os seguintes trabalhos: Poemas, 1966, Sá de Bandeira, Publicações Embondeiro; Poesia, 1979, Luanda, União dos Escritores Angolanos; Poemas, 1984, Porto, Vertente Ltda. (poemas completos).


Alguns poemas de Alda Lara
Testamento
À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...

Prelúdio
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela...

Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos,
nas suas mãos apertadas.

Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...

Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...

Mãe-Negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...

É que os meninos cresceram,
e esqueceram
as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...

Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.

É a tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada...

Imagem: http://chuvadeletras.no.sapo.pt/reflection.jpg

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

História de Angola. Entretanto o Ocidente passara a apoiar o governo do MPLA


A guerra continuava a alastrar por todo o território. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. A UNITA começou por ser expulsa do seu quartel-general no Huambo, sendo as suas forças dispersas e impelidas para o mato. Mais tarde, porém, o partido reagrupou-se, iniciando uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA. A UNITA apresentava-se como sendo anti-marxista e pró-ocidental, mas tinha também raízes regionais, principalmente na população Ovimbundu do sul e centro de Angola.

Fonte: pt.wikipedia.org

Agostinho Neto morreu em Moscovo a 10 de setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos.

No início da década de 1980, o número de mortos e refugiados não parou de aumentar. As infra-estruturas do país eram consecutivamente destruídas. Os ataques da África do Sul não páravam. Em agosto de 1981, lançaram a operação "Smokeshell" utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na província do Cunene (sul de Angola). O governo da África do Sul justificou a sua acção afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Na realidade tratava-se de uma acção de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em Dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi assinado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola.

A partir de 1989, com a queda do bloco da ex-União Soviética, sucederam-se em Angola os acordos de paz entre a Unita e o MPLA, seguidos do recomeço das hostilidades. Em Junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabeleceram uma nova trégua. A paz apenas durou dois meses.

Em fins de abril de 1990, o governo de Angola anunciou o reinício das conversações directas com a UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar-fogo. No mês seguinte, a UNITA reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o Chefe de Estado angolano. O desmoronar da União Soviética acelerou o processo de democratização. No final do ano, o MPLA anunciava a introdução de reformas democráticas no país. A 11 de Maio de 1991, o governo publicou uma lei que autorizava a criação de novos partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de Maio os últimos cubanos sairam de Angola.

Em 31 de maio de 1991, com a mediação de Portugal, EUA, União Soviética e da ONU, celebraram-se os acordos de Bicesse (Estoril), terminando com a guerra civil desde 1975, e marcando as eleições para o ano seguinte.

As eleições de setembro de 1992, deram a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A UNITA (cerca de 40% dos votos) não reconheceu os resultados eleitorais. Quase de imediato sucedeu-se um banho de sangue, reiniciando-se o conflito armado, primeiro em Luanda, maas alastrando-se rapidamente ao restante território.

A UNITA restabeleceu primeiramente a sua capital no Planalto Central com sede no Huambo (antiga Nova Lisboa), no leste e norte diamantífero.

Em 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas embargou as transferências de armas e petróleo para a UNITA. Tanto o governo como a UNITA acordaram em parar as novas aquisições de armas, mas tudo não passou de palavras.

Em novembro de 1994, celebrou-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola (MPLA). A paz parecia mais do que nunca estar perto de ser alcançada. A UNITA usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka.

Entretanto o Ocidente passara a apoiar o governo do MPLA, o que marcou o declínio militar e político da UNITA, com este movimento a ter cada vez mais dificuldades em financiar as suas compras militares, perante o avanço no terreno das FAA, e dado o embargo internacional e diplomático a que se viu votada.

Em dezembro de 1998, Angola retornou ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi (líder da Unita).

Com a morte do líder histórico da UNITA, este movimento iniciou negociações com o Governo de Angola com vista à deposiçãio das armas, deixando de ser um movimento armado, e assumindo-se como mera força politica.