sábado, 6 de outubro de 2012

Tribunal de Munique condena a prisão perpetua alemão que assassinou amante angolana




Lisboa   -  O engenheiro alemão que estava a ser julgado em Munique sob a acusação de assassínio, no Algarve, da namorada angolana e da filha de ambos, em Julho de 2010, foi esta segunda-feira condenado a prisão perpétua, perante o tribunal, e o seu advogado pediu a absolvição.

Fonte: Correio da Manhã Club-k.net
Queria esconder o romance da casada
O Tribunal Regional de Munique considerou também tratar-se de "um crime particularmente grave", o que significa que o arguido não será libertado após 15 anos, o período que corresponde à pena máxima na Alemanha, tal como o Ministério Público tinha requerido. A defesa tinha pedido a absolvição para o homicida, que também clamou, a chorar, a sua inocência, nas alegações finais do seu advogado.
Gunnar Dorries, 45 anos, era acusado de homicídio da namorada angolana, Georgina Zito, de 30 anos, e da filha de ambos, Alexandra Zito, de ano e meio, em Julho de 2010, na Praia do Canavial, perto de Lagos.

Segundo a procuradora pública Elisabeth Ehrl, que elogiou, nas alegações finais, a cooperação com as autoridades judiciais portuguesas, o arguido não queria pagar pensão de alimentos à namorada e à filha, e escondeu esta relação da mulher, com quem vivia em Munique.

A criança estava a brincar na praia quando a mãe morreu afogada, após lutar com Dorries dentro de água, segundo uma testemunha portuguesa que foi chamada a depor em Munique.
A defesa tentou pôr em causa a credibilidade dos testemunhos portugueses, considerando-os "muito contraditórios", mas a acusação considerou que todos eles "foram muito fiáveis e não tinham intenção deliberada" de inculpar o réu, "que se quis livrar de duas testemunhas incómodas do seu passado".

Agentes portugueses da Polícia Marítima e da Polícia Judiciária compareceram também no julgamento para depor, e médicos legistas algarvios, que fizeram a autópsia ao corpo da cidadã angolana, testemunharam por vídeo-conferência.

Dorries conheceu Georgina num concerto musical em Estugarda, em 2006, e pouco tempo depois, a imigrante angolana ficou grávida de Alexandra, que o pai só conheceu nas férias em Portugal, em 2010.

As polícias portuguesa e alemã apuraram posteriormente que o suspeito viajou para Portugal a 6 de Julho, na companhia de Georgina e Alexandra, e os três alojaram-se num hotel de Lagos.
A 10 de Julho, Dorries terá arrastado Georgina para a água na Praia do Canavial, onde a afogou, simulando um acidente, presenciado por testemunhas portuguesas que serão chamadas posteriormente a depor.
Horas depois, chegou ao hotel já sem a filha e, a 13 de Julho, viajou para Lisboa, num carro de aluguer, apanhando depois um avião para Munique.

A 15 de Julho, um comando especial da polícia alemã deteve Dorries no seu apartamento na capital da Baviera, com base num mandado de captura europeu emitido pelas autoridades portuguesas.

Desde então, o suspeito ficou em regime de prisão preventiva, em Munique. os interrogatórios policiais, Dorries recusou-se a revelar o paradeiro de Alexandra, alegando que a criança estava viva e que a tinha confiado a um casal de turistas no Algarve. Porém, os restos mortais da menina acabariam por ser encontrados por pescadores, em março de 2011, na costa algarvia, perto de Sagres.

Devido ao adiantado estado de decomposição do corpo, os investigadores não conseguiram apurar a causa do óbito.

Dorries terá planeado assassinar Georgina e a pequena Alexandra quando a mulher angolana lhe exigiu que assumisse a paternidade da criança, o que não estava disposto a fazer.

Assim, viajou em segredo até Lagos, em Junho de 2010, preparando meticulosamente o crime, sustentou o Ministério Público de Munique.

Segundo os autos de acusação, o engenheiro terá dito à companheira alemã que tinha de ir à Dinamarca em viagem de negócios, para encobrir as férias no Algarve.

Portugal chegou a pedir a extradição de Dorries às autoridades germânicas, mas o requerimento foi indeferido pelo Tribunal Regional de Munique, que optou por aceitar permitir que Dorries fosse julgado no país de origem, como ele próprio desejava. O julgamento começou em Março, e conheceu vários adiamentos, devido, sobretudo, a diligências efectuadas pela defesa.

Já depois de o processo ter arrancado, a primeira sessão teve de ser anulada e repetida, porque o tribunal constatou que um dos dois juízes-jurados, de nacionalidade germânica, mas de origem turca, não tinha conhecimentos suficientes de alemão para entender os pareceres jurídicos e médicos, com muitos termos técnicos.


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