O director
dos Assuntos Religiosos do Ministério da Justiça, Vitorino Mário, afirma que há
igrejas em Angola ligadas ao crime organizado e financiamento do terrorismo. “Temos
várias igrejas ligadas à criminalidade organizada transnacional, ao
branqueamento de capitais, financiamento do terrorismo e tráfico de seres
humanos”, disse Vitorino Mário, durante o programa “Tendências e Debates”,
da Rádio Nacional de Angola.
Vitorino
Mário disse que a globalização tem coisas boas e más. Por isso defendeu a
necessidade de se fazer uma destrinça legislativa e penal, para melhor regular
o papel das igrejas e a responsabilidade do Estado.
Legislação é
branda
Paulo de
Jesus, da Polícia Económica, confirmou a existência de confissões religiosas
envolvidas na remessa de avultadas somas de dinheiro para o exterior, algumas
com indícios criminais, mas reconheceu que a legislação é demasiado branda para
desencorajar as práticas criminosas.
“Temos
algumas confissões religiosas que operam em Angola e os proventos arrecadados
são canalizados para o exterior de muitas maneiras”, disse.
Paulo de Jesus afirmou que a Polícia tem conhecimento desta prática, mas não
consegue agir devido à legislação. No programa Tendências e Debates, juristas,
sociólogos e sacerdotes reflectiram sobre o papel social das igrejas em Angola.
Manuel
Fernandes, do Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos do Ministério da
Cultura, referiu que há factores que concorrem para o surgimento de várias
seitas religiosas. “Temos as chamadas igrejas tradicionais e históricas, que
são bem conhecidas. Não adianta fazermos vista grossa e dizer que todas as
igrejas são iguais”, frisou.
O sociólogo
Pedro Maria de Castro salientou que algumas seitas religiosas fazem
aproveitamento das fragilidades dos fiéis e arrecadam avultadas quantias
monetárias.
“O fenómeno
religioso tem sido aproveitado para arrecadar dinheiro. Os líderes destas
seitas exploram a vulnerabilidade das pessoas, que na maioria dos casos precisa
de muita orientação”, disse, Paulo Maria.
O cónego
Apolónio Graciano pediu prudência aos cristãos para se manter a ordem e a
disciplina. “A Igreja Católica é cimentada há séculos, mas também passou por
várias intempéries desde o seu início. Sabemos que tudo exige prudência e
coragem para não permitir que a indisciplina prevaleça”, aconselhou.
Jornal de Angola
ANGOLA24HORAS.COM
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