sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Benguela já foi Benguela com o colonialismo, com o Mpla e agora com Isaac dos anjos.





Normalmente, os benguelenses têm três preocupações: explicar que não são conformistas, esclarecer por que razão o seu espaço geográfico é chamado de República Democrática de Benguela (lembrando o grande filho de Benguela Paulo Teixeira Jorge) e contar algum episódio obscuro da elevação de Benguela à cidade, construção e democratização da mesma: Benguela e o benguelense é assim mesmo.

Jornal ChelaPress

Estar aberto as novidades e as opiniões dos outros é estar vivo. Fechar-se a elas e não admitir presença dos outros é morrer estando vivo. Um certo equilíbrio entre as duas atitudes ajuda a não ser liberal demais, nem ultrapassado evitando assim o perigo de confusões ou de cair no ridículo.
As mudanças fascinam - às vezes avanços, às vezes retorno à caverna. Hoje em Benguela andam incrivelmente rápidas, atingindo usos e costumes, avanços e progressos, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas com que se lida. A visão de Benguela transforma-se, mas não no mesmo ritmo. Então de vez em quando surpreendemo-nos dizendo, como os governantes anteriores:Paulo Teixeira Jorge, Dumilde Rangel, Armando da Cruz Neto muito recentemente afirmaram: Nossa! Como tudo está a mudar!
Quando se ocupa uma nova função herda-se o activo e o passivo e os assuntos mal resolvidos ou esclarecidos devem ser analisados em foro próprio, tendo sempre em conta a solidariedade institucional.
Nos usos e costumes, a coisa é séria e afecta toda a sociedade benguelense do litoral ao interior. Na educação, fala-se constante e diariamente. Cada dia uma surpresa nova, não se reprova mais ninguém antes de tal série. Os alunos entram para a universidade sem saber ler nem escrever, coordenar ideias, sem nenhum sentido crítico digno de um estudante do ensino superior. Lamentavelmente poucas são as excepções.
Na saúde, a cultura da morte apodera-se dos profissionais de saúde. Morre mais gente de cura, do que de paludismo e de acidente de viação.
É impossível viver sem sonhos, porém “sobreviver” é somente um direito de quem tem dinheiro. Um direito para ricos.
Neste conto de fadas em que vivemos de tantas incertezas e mentiras não existem vitórias para comemorar, e muito menos conquistas para registar. Logo, temos hora marcada para morrer, e enfrentar mais barreiras que dificultam continuamente o direito de estar vivo. A medicina em Benguela não é só uma “caixa preta” como também é uma caixa enferrujada, ultrapassada com todos: médicos das mais diversas áreas, técnicos médios, enfermeiros e  auxiliares a fazerem abusivamente e descaradamente os mais diversos exercícios de fome.
Se o poder político ou governamental quisesse ajudar as populações mais desfavorecidas e poupar milhares de vidas que se esfumam todos os dias nos hospitais da província, com certeza teria que responsabilizar mais os responsáveis, directores dos hospitais e unidades, penalizar muitos deles e pôr outros em casa a catar piolhos. Não existe cultura de vida. Existe sim, cultura de morte, a mais fácil e mais rentável.
Um número brutal de profissionais de saúde está nesta, transformados em animadores da morte. Mortes sem justificação aparente.
Considero preocupante o cenário político, socioeconômico e cultural de Benguela de modo particular e do país em geral, pois devemos encarar a incompetência, a arrogância, a presunção como prejuízo tanto para os benguelenses, quanto para o país no seu todo. Na verdade, todos nós falhamos – a família, a escola, os amigos e a sociedade, e mais, podemos agora acrescentar, o partido político do qual muitos fazem parte. Portanto, ainda é possível diminuir a incompetência e a falta de criatividade e imaginação, e melhorar a qualidade progressiva simultaneamente. É preciso decisão política e competência técnica.

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