Dois velejadores de fim-de-semana vencem o Cabo Horn, um lendário desafio dos oceanos.
O barco entre as geleiras, Pflugg, um amigo e Barthlemy a bordo: orientação por satélite
http://veja.abril.com.br/240299/p_104.html
Os executivos Jacques Barthlemy, de 49 anos, e Heiner Pflugg, de 60, tiveram um Carnaval inesquecível. No domingo dia 14, os dois velejadores de final de semana cruzaram o lendário Cabo Horn, no extremo meridional da América do Sul, a bordo do veleiro Swan Lake. O belga Barthlemy, radicado no Rio de Janeiro, onde preside uma empresa de importação, e o alemão Pflugg, recém-aposentado da presidência do laboratório farmacêutico Knoll no Brasil, venceram um desafio que, na navegação, é tão difícil quanto, no alpinismo, a escalada do Monte Everest, no Himalaia.
Contornar o cabo, um paredão de 425 metros de altura na Ilha de Horn, onde os oceanos Atlântico e Pacífico se encontram, é tarefa arriscadíssima. Lá, os ventos gélidos açoitam os barcos com força de furacão e provocam ondas de até 15 metros. Ao transpor o temido Horn em condições um pouco mais amenas — temperatura de 5 graus Celsius, ventos de 90 a 100 quilômetros por hora, ondas de até 5 metros e tempestade de granizo —, eles entraram para um seleto grupo de navegadores.
Até o feito da semana passada, os dois eram apenas pacatos executivos apaixonados pelo mar, que velejam há vinte anos em passeios de férias e finais de semana. Seis meses atrás, Barthlemy cismou de fazer uma grande aventura. Escolheu o Cabo Horn como meta. Para compensar a falta de experiência, equipou o veleiro, de 18 metros, com GPS, um sistema de posicionamento por satélite acoplado ao piloto automático, comprou um telefone celular mundial para emergências e contratou um comandante com currículo de 260.000 quilômetros navegados, o carioca Eduardo Louro. Só não abriu mão de ser o timoneiro do barco.
O Swan Lake partiu do Rio no dia 9 de janeiro. Passou pelo Estreito de Magalhães e pelo Canal de Beagle. Em Ushuaia, ao sul da Argentina, começou a segunda — e mais difícil — parte da viagem, a travessia do Cabo Horn (veja a rota abaixo). A natureza violenta do cabo é conhecida desde o século XVII. Em 1741, oito navios comandados pelo inglês Anson tentaram contorná-lo para surpreender as colônias espanholas pelo Pacífico. Cinco naufragaram. Um século depois, Charles Darwin, com o navio Beagle, tentou mudar de oceano pelo Cabo Horn, mas não conseguiu. Seguiu pelo Estreito de Magalhães.
Copyright © 1999, Abril S.A.
Fotos: Arquivo Pessoal
O barco entre as geleiras, Pflugg, um amigo e Barthlemy a bordo: orientação por satélite
http://veja.abril.com.br/240299/p_104.html
Os executivos Jacques Barthlemy, de 49 anos, e Heiner Pflugg, de 60, tiveram um Carnaval inesquecível. No domingo dia 14, os dois velejadores de final de semana cruzaram o lendário Cabo Horn, no extremo meridional da América do Sul, a bordo do veleiro Swan Lake. O belga Barthlemy, radicado no Rio de Janeiro, onde preside uma empresa de importação, e o alemão Pflugg, recém-aposentado da presidência do laboratório farmacêutico Knoll no Brasil, venceram um desafio que, na navegação, é tão difícil quanto, no alpinismo, a escalada do Monte Everest, no Himalaia.
Contornar o cabo, um paredão de 425 metros de altura na Ilha de Horn, onde os oceanos Atlântico e Pacífico se encontram, é tarefa arriscadíssima. Lá, os ventos gélidos açoitam os barcos com força de furacão e provocam ondas de até 15 metros. Ao transpor o temido Horn em condições um pouco mais amenas — temperatura de 5 graus Celsius, ventos de 90 a 100 quilômetros por hora, ondas de até 5 metros e tempestade de granizo —, eles entraram para um seleto grupo de navegadores.
Até o feito da semana passada, os dois eram apenas pacatos executivos apaixonados pelo mar, que velejam há vinte anos em passeios de férias e finais de semana. Seis meses atrás, Barthlemy cismou de fazer uma grande aventura. Escolheu o Cabo Horn como meta. Para compensar a falta de experiência, equipou o veleiro, de 18 metros, com GPS, um sistema de posicionamento por satélite acoplado ao piloto automático, comprou um telefone celular mundial para emergências e contratou um comandante com currículo de 260.000 quilômetros navegados, o carioca Eduardo Louro. Só não abriu mão de ser o timoneiro do barco.
O Swan Lake partiu do Rio no dia 9 de janeiro. Passou pelo Estreito de Magalhães e pelo Canal de Beagle. Em Ushuaia, ao sul da Argentina, começou a segunda — e mais difícil — parte da viagem, a travessia do Cabo Horn (veja a rota abaixo). A natureza violenta do cabo é conhecida desde o século XVII. Em 1741, oito navios comandados pelo inglês Anson tentaram contorná-lo para surpreender as colônias espanholas pelo Pacífico. Cinco naufragaram. Um século depois, Charles Darwin, com o navio Beagle, tentou mudar de oceano pelo Cabo Horn, mas não conseguiu. Seguiu pelo Estreito de Magalhães.
Copyright © 1999, Abril S.A.
Fotos: Arquivo Pessoal
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