Como será o ser humano do futuro? Esta pergunta já
suscitou muitas respostas bizarras, como a de que o ser humano do ano 2000
seria mais baixo, teria pernas curtas, cabeça maior, olhos maiores, e um aspecto
bizarro. Partindo de pesquisas recentes sobre o comportamento humano, veja uma
previsão mais moderna sobre o assunto.
Pessoas
azuis
No período curto de seis gerações de endogamia, uma
população isolada nas montanhas do Kentucky, em Troublesome Creek (EUA), acabou
por desenvolver uma pele azulada.
Todos os descendentes de um imigrante francês de
nome Martin Fugate sofrem de uma doença sanguínea rara chamada metemoglobinemia, causada por um gene recessivo, que faz
com que o sangue seja marrom, em vez de vermelho, o que faz com que a pele
tenha um aspecto azulado.
Os geneticistas, tentando descobrir de onde veio o
gene recessivo, montaram a árvore genealógica dos Fugate, que revelava uma
história de casamentos entre primos, e entre tios/tias e sobrinhas/os. Dennis
Stacy, cujo tataratataravô dos dois lados era a mesma pessoa, Henley Fugate,
apresentou uma explicação simples para o fenômeno: os moradores da região
casavam entre si porque não haviam estradas para eles saírem de lá.
A desculpa parece sórdida na pior das hipóteses, ou
coisa de preguiçoso na melhor das hipóteses, mas a história dos Fugate é uma
miniatura do que aconteceu com a humanidade: o isolamento das populações causou
um compartilhamento de genes, resultando em grupos locais que acabaram dando
origem a raças ou grupos étnicos.
Entra a
bicicleta
Esta história começou a mudar com a invenção da
bicicleta. Antes da mesma, a distância média entre os locais de nascimento de
marido e mulher, na Inglagerra, era 1,6 quilômetros. A invenção da bicicleta
permitiu que os homens buscassem esposas mais longe, e a distância passou a ser
de 48 quilômetros, em média. E este fenômeno não ficou restrito à Inglaterra:
outros países europeus apresentaram padrões semelhantes.
A bicicleta levou à pavimentação de estradas e
preparou o caminho para a chegada do automóvel. A distância entre o local de
nascimento de marido e mulher foi aumentando a ponto de hoje em dia facilmente
se encontrar casais que nasceram ou têm ascendentes em continentes diferentes.
Olhos
azuis
Um estudo de 2002 feito pelos epidemiologistas Mark
Grant e Diane Lauderdale descobriu que só um em cada seis americanos brancos
não hipânicos tem olhos azuis, um número que era de mais da metade da população
branca não mais de 100 anos atrás.
A única explicação encontrada para isso, segundo
Lauderdale, foi de que a tendência de casar com membros do mesmo grupo
ancestral mudou, uma hipótese comprovada pelos dados do censo de 1980, com o
aumento de pessoas que apontam terem mais de um grupo ancestral.
Com essa “mistura”, será que as características
recessivas vão sumir? Ou seja, as dominantes podem dominar totalmente e acabar,
por exemplo, com o olho azul? Não, segundo Lauderdale. Elas vão estabilizar a
um nível que reflete a chance de casamento entre dois indivíduos possuindo
genes recessivos. Outras características que são controladas por vários genes
atuando juntos tenderão a um valor médio, com os valores extremos se tornando
cada vez mais raros.
Este efeito vai ser visível nos EUA em todas as
características recessivas de descendentes europeus, como cabelo ruivo ou
loiro, e sardas, por causa da mistura com povos asiáticos, africanos e latinos.
Outras características genéticas que tendem a diminuir incluem a anemia
falciforme e a fibrose cística.
No
futuro, todos serão morenos-jambo
Não dá para prever como esta mistura genética irá
afetar a aparência física das pessoas, mas acredita-se que o norte-americano do
futuro terá a pele e o cabelo um pouco mais escuros que atualmente, diminuindo
cada vez mais o número de pessoas com pele e cabelo bem escuros ou bem claros.
Esta mistura genética também está acontecendo em
diferentes graus em outras partes do mundo. Entretanto, em alguns lugares, onde
os traços nativos ainda conferem vantagens no ambiente, ou onde a imigração é
mais lenta, as mudanças acontecem de forma mais difícil.
A homogeneização total das características humanas
provavelmente nunca acontecerá, embora a população humana se torne cada vez
mais misturada.
Segundo os pesquisadores, uma população que serve
de exemplo de mistura a longo prazo é a brasileira. Nosso povo mistura
características de africanos, americanos nativos e europeus. Em alguns séculos,
os americanos vão se parecer com os brasileiros. Ainda mais longe, todo o mundo
deverá “ser brasileiro”. [Life's Little Mysteries]
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