Por Bárbara Marinho
Roy Raymond fundou uma marca milionária, mas acabou na
bancarrota e atirou-se da Golden Gate Bridge. O i conta-lhe a história de uma
das marcas mais influentes e polémicas dos últimos anos
Corpos perfeitos nos desfiles, roupa interior que vale
milhões de euros, espectáculos grandiosos e campanhas polémicas são algumas das
singularidades associadas à marca de lingerie "Victoria's Secret".
Quem está por de trás de tudo isto? Roy Raymond e a resposta certa.
A história do fundador da marca foi bem descrita no
filme "A Rede Social": um MBA de Stanford chamado Roy Raymond quer
comprar lingerie para a mulher, mas tem demasiada vergonha para fazê--lo numa
loja de um centro comercial. A solução foi criar um espaço de luxo que não o
fizesse sentir pervertido. Faz um empréstimo de 40 mil dólares (32 mil euros),
pede mais 40 mil aos sogros, abre uma loja e chama-lhe Victoria's Secret. Ganha
500 mil dólares (400 mil euros) no primeiro ano. Começa um catálogo, abre mais
três lojas e, cinco anos depois, vende a empresa a Leslie Wexner e à Limited
por quase 4 milhões de dólares.
Final feliz, certo? Seria, sim, não fosse o fim
trágico: dois anos mais tarde, a empresa valia 500 milhões de dólares e Roy
Raymond atira-se da Golden Gate Bridge. Uma série de negócios falhados, a
bancarrota e o divórcio levam-no a querer acabar com tudo. "O pobre homem
só queria comprar à mulher um par de thigh-highs", conclui Sean Parker
(Justin Timberlake) no diálogo com Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg).
Raymond apenas queria comprar lingerie para a mulher.
É verdade. Aconteceu em meados dos anos 70 e a empregada julgou de facto que
ele era um tarado. Foi esse o ponto de partida para surgir a primeira loja, em
1977, no shopping de Stanford, em São Francisco, Califórnia. O conceito da era
simples e requintado: as paredes internas eram revestidas com detalhes
vitorianos e as prateleiras decoradas com catálogos e fotografias dos produtos.
A loja, criada para atender mulheres e homens, contava ainda com uma inovação:
os clientes que não sabiam o tamanho da pessoa para a qual iriam comprar o
produto poderiam pedir às vendedoras que experimentassem os modelos.
No primeiro ano ganhou 400 mil euros. Começou com um
catálogo, abriu mais três lojas e cinco anos depois, em 1982, vende a empresa a
Leslie Wexner, fundador da "Limited", por mais de 3 milhões de euros.
Dois anos mais tarde, a empresa passa a valer mais de 400 milhões de euros e,
Roy Raymond atira-se da ponte Golden Gate, em São Francisco.
O seu sucessor, Leslie Wexner, manteve intacta a
imagem da empresa e decidiu expandir o negócio pelos Estados Unidos. Inaugurou
lojas em centros comerciais em várias cidades americanas e, no início da década
de 90, começou a vender produtos de beleza, perfumes e sapatos, com uma receita
de vendas superior a 800 milhões de euros.
Ao introduzir "top-models" nas campanhas
publicitárias, a marca ganhou ainda mais visibilidade. E das campanhas passou
para os desfiles com o primeiro, em 1995, num luxuoso hotel em Nova Iorque.
Desde então, a passerelle deixou de ser apenas sobre
lingerie e, assume-se como um dos espectáculos mais aguardados do ano, nos
Estados Unidos. As modelos deixam de ser manequins e transforma-se em
"anjos", desfilando com asas nas costas por entre cenários
megalómanos e cantores extasiados.
Nos desfiles anuais da marca, há um investimento de 9
milhões de euros, 300 mil espectadores e top-models que juntas facturam mais de
72 milhões de euros por ano.
Em 2007, a "Limited Brands", proprietária da
marca, vendeu 75% das suas acções para a "Sun Capital Partners Inc"
com o intuito de concentrar e aumentar o crescimento das vendas em lojas da
Victoria's Secret. O fundador da Victoria's Secret, Roy Raymond teve uma ideia
de génio mas não conseguiu imaginar o quão longe ela poderia ir.
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