O Artigo abaixo é tradução de um trabalho de Robert Green Ingersoll, realizada por Afonso M. C. Amorim que, gentilmente, ofereceu como colaboração à MPHP.
A publicação em português está formalmente autorizada pela Internet Infidels. Inc., que inclusive disponibilizou um link para a MPHP em seu site.
Original em inglês: p://www.infidels.org/library/historical/robert_ingersoll/on_voltaire.html
VOLTAIRE
ROBERT GREEN INGERSOLL
1894
Os infiéis de determinada época se transformam nos santos da época seguinte. Os destruidores do velho são os criadores do novo. À medida que o tempo passa, o velho se vai e o novo, por sua vez, torna-se velho. Há no mundo intelectual, como no mundo físico, decadência e crescimento, e no túmulo dos que decaíram nasce a juventude e a alegria.
A história do progresso intelectual é escrita na vida dos infiéis; direitos políticos têm sido escritos por traidores, e liberdades de mentes, por hereges. Atacar um rei era traição; disputar com um sacerdote, uma blasfêmia. Por muitos séculos, a espada e a cruz foram aliadas. Juntas elas atacavam os direitos dos homens. Elas se defendiam entre si. O trono e o altar eram abutres irmãos gêmeos, vindos do mesmo ovo.
Jaime I disse: 'nenhum bispo, nenhum rei'. Ele deveria ter acrescentado: 'nenhuma cruz, nenhuma coroa'. O rei era o dono dos corpos dos homens. O sacerdote era dono da alma. Um vivia de taxas coletadas pela força; o outro, de esmolas coletadas pelo medo – ambos eram ladrões, ambos pedintes.
Esses ladrões e esses pedintes controlavam dois mundos: os reis faziam leis e os sacerdotes faziam crenças. Ambas atribuíam sua autoridade a Deus. Ambos eram representantes do Eterno.
Com as costas recurvadas, o povo carregava as obrigações de um, e com as bocas abertas de espanto, recebia os dogmas do outro. Se o povo tentasse ser livre, seria esmagado pelo rei, e todo sacerdote era um Herodes que esmagava as crianças pensantes.
O rei governava pela força, e o sacerdote, pelo medo, e ambos dependiam um do outro.
O rei dizia ao povo: "Deus vos fez servos, e me fez rei; ele vos fez para o trabalho, e me fez para a alegria; ele vos deu trapos e ferramentas e me deu palácios e roupas ricas; ele vos fez para obedecer e me fez para comandar. Esta é a justiça de Deus".
E o sacerdote dizia: "Deus vos fez ignorantes e vis; ele me fez sábio e santo; vós sois as ovelhas; e eu, o pastor; vossas peles pertencem a mim; se não me obedeceis aqui, Deus vos punirá e vos atormentará para sempre num outro mundo. Esta é a misericórdia de Deus".
"Não deveis usar a razão. A razão é uma rebelde. Não deveis contrariar – a contradição é nascida do egoísmo. Deveis acreditar. Aquele que tiver ouvidos para ouvir, que ouça". O céu era só uma questão de audição.
Felizmente para nós têm havido traidores e hereges, blasfemadores, investigadores, pensadores, amantes da liberdade, homens de gênio, que deram suas vidas para melhorar as condições dos seus semelhantes.
Isto pode ser suficiente para nos fazer perguntar: o que é a grandeza?
Um grande homem adiciona a o nosso conhecimento, amplia os horizontes do conhecimento, liberta as almas das bastilhas do medo, cruza mares desconhecidos e misteriosos, desbrava novas ilhas e novos continentes para o domínio do conhecimento, novas constelações do firmamento para nossas mentes. Um grande homem não busca aplauso e colocação. Ele busca a verdade. Ele busca a estrada para a felicidade, e o que ele obtém ele compartilha com os demais.
Pode continuar a leitura aqui:
http://www.mphp.org/racionalismo/voltaire---robert-g.-ingersoll.html
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