segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Devido a ameaças de ataques bombistas . Cancelado lançamento de livro sobre morte de Che Guevara


Maputo (Canalmoz) – O lançamento da edição em língua francesa do livro «Amanhecer em La Higuera – os segredos por detrás da morte de Che Guevara» do escritor espanhol Rafael Cerrato, que estava marcado para ter lugar amanhã na Casa da América Latina em  Paris, capital da república francesa, foi cancelado devido a ameaças de ataques bombistas, aparentemente por simpatizantes do regime cubano.
O livro inclui depoimentos de dois cubanos que privaram com Che Guevara nos últimos momentos da sua vida na Bolívia – Dariel Alarcón Ramírez (Benigno) e Félix Ismael Rodríguez.
Daniel Benigno integrou o grupo de guerrilheiros que operava na Bolívia sob o comando de Che Guevara. Félix Rodríguez trabalhava para a CIA, tendo desempenhado papel de relevo no cerco montado a Che Guevara e que culminou na sua captura na Bolívia em Outubro de 1967. 
O lançamento do livro contaria com a presença de Benigno e  Rodríguez. 
A escritora cubana, Zoé Valdéz, que também estaria presente, era quem iria proceder à apresentação da obra de Rafael Cerrato.
Em declarações ao Canalmoz/Canal de Moçambique, o autor de «Amanhecer em La Higuera» disse “não entender como é que os franceses, que tanto prezam a liberdade e a democracia, tenham anulado a apresentação de um livro que fala de reconciliação entre cubanos de distantes tendências. Para mim é uma prova de debilidade. Em qualquer país livre e democrático, perante ameaças, o lógico seria recorrer à polícia e o dever da polícia seria garantir a segurança, mas não cancelar um acto desse tipo”.

Canalmoz / Canal de Moçambique – O seu livro tem como protagonistas principais dois exilados cubanos com percursos diametralmente opostos: Dariel Alarcón Ramírez (Benigno) e Félix Ismael Rodríguez. Benigno integrou o contingente de Che Guevara na Bolívia; Rodríguez era da CIA, tendo sido responsável pelo planeamento das operações que culminaram na captura de Che Guevara na Bolívia. Além disso, Benigno e Rodríguez deveriam estar presentes durante o lançamento da edição em língua francesa do seu livro em Paris. Como conseguiu reunir duas personagens tão diferentes?

Rafael Cerrato – Sou amigo de Félix Rodríguez. O seu testemunho sobre Roberto Martín Pérez, para o meu livro intitulado «Macho», no qual narro os seus 28 anos de presídio, foi um dos que utilizei. Iniciámos uma amizade e sabia que se reunia frequentemente em Paris com Benigno. Numa das suas viagens também fui a Paris e acabei por me tornar amigo de Benigno. Foi assim como surgiu a ideia do livro, que ambas aceitaram. Parecia-me um tema interessante, reunir as recordações de ambos sobre aquele dia de Outubro de 1967. Foi assim que nasceu o livro.
Eles nunca haviam partilhado aqueles momentos em público. Todavia, apelei à amizade que nos une e concordaram em intervir juntos pela primeira vez. Esta oportunidade perdida constituiu uma oportunidade única.

Canalmoz / Canal de Moçambique – Em «Shadow Warrior», Félix Rodríguez conta como conseguiu capturar Che Guevra. Nesse livro, Rodríguez vai ao pormenor de revelar que depois da execução de Che Guevara, ele trocou o relógio «Rolex» que o revolucionário argentino trazia no pulso, deixando no cadáver o relógio dele, que era idêntico. Em «Amanecer en La Higuera» o leitor ficará a saber de mais pormenores?

Rafael Cerrato – Sim, neste livro vêm narrados mais detalhes, não apenas o que se passou com o relógio; também as manipulações posteriores que tem havido em torno daqueles momentos históricos, desmascarando alguns personagens.

Canalmoz / Canal de Moçambique – Porquê o título, «Amanhecer em La Higuera» ?

Rafael Cerrato – Amanhecer em La Higuera... pois, foi durante o amanhecer que Félix Rodríguez chegou à aldeia de La Higuera para ver Che e quando Benigno, escondido nuns arbustos a 100 metros do local, presenciou a chegada de Félix Rodríguez num helicóptero. Foi ao amanhecer daquele dia na aldeia de La Higuera quando ambos os homens coincidiram pela primeira vez nas suas vidas.

Canalmoz / Canal de Moçambique – Para quando uma edição em língua portuguesa de Amanecer en la Higuera?

Rafael Cerrato – É meu desejo traduzir o livro para o português, mas as traduções são caras. De momento, o livro, mercê de um esforço económico, já está em inglês, francês e espanhol. Se houver uma editora interessada em publicar o livro em português, seria coisa a considerar.

Rafael Cerrato Salas
Nasceu em Córdoba em 1951. Há mais de 10 anos que vive em Sant Andreu de la Barca, um pequeno povoado nos arredores de Barcelona, Espanha, numa antiga casa do século XVII, próximo de montanha mágica de Montserrat, de onde, segundo ele, lhe vem a inspiração. Já publicou vários livros. A temática cubana foi tema de «Macho», um livro editado em e  que fala dos 28 anos de presídio de Roberto Martín Pérez nas masmorras do regime castrista. (Redacção)

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