quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Filha de “Papá Ngulo” falece na África do Sul


Lisboa - O actor Nelo Jazz que personifica o personagem “Papá Ngulo” perdeu a sua filha mais nova, de três anos que havia sido evacuada, pelos serviços da junta médica para a África do Sul. A menina tratada no circulo familiar por Maxima, faleceu na manha desta Quarta-Feira numa unidade hospitalar em Pretória. (Antes teria feito uma paragem cardíaca)

Fonte: Club-k.net

Varias figuras angolanos tem telefonado para o actor angolano manifestando sentimento de pesar pelo sucedido. Uma das personalidades que se tem revelado bastante solidaria para com a familia enlutada, é Fernando Garcia Miala, o fundador do projecto Criança Futuro. Tão logo teve conhecimento que a malograda necessitava de apoios, este general angolano predispôs-se em se associar aos familiares para dar ajuda. Na manha desta quarta feira, hora antes da menina perecer, Fernando Miala telefonou para a mãe da criança na África do Sul para se inteirar do seu estado clinico.

Nelo Jazz “Papá Ngulo”, o pai da menina, esta em Luanda, onde se deslocou algumas semanas antes a procura de apoios. O mesmo esta a caminho da África do Sul para dar seguimento ao processo de transladação dos restos mortais da sua filha. Nelo é pai de três filhos, a pequenina “Maxima” era a mais nova de todos.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Elisabeth Rank Frank “Beth”, Comandante da policia de Luanda


Lisboa - Nasceu em Benguela, mas é em Cabinda onde estão as suas origens. Quando era jovem denotava queda pelo desporto. Jogou basquetebol por algum tempo mas foi no Voleibol, que identificou-se experimentada chegando a servir a seleção nacional durante 7 anos.

Fonte: Club-k.net

Com a moda dos partidos após ao 25 de Abril, Maria Elisabeth Raque Franque “Bety” fugiu de casa, com um grupo de quatro pessoas. Tomaram um comboio que fazia o trajecto Benguela/Huambo para de seguida tomar um autocarro rumou a Luanda, com o intuído de chegar a localidade do Úkua, na província do Bengo, onde ingressou no centro de instrução revolucionária (CIR) do MPLA, então movimento de libertação que iria desfazê-la do destino de “desportista”.

No período dos acordos de Alvor fez parte do primeiro destacamento feminino da primeira região militar do MPLA baseado no norte do país ao qual ajudou a criar. Foi por esta via que participou nos combates para a libertação de Caxito como integrante da 9ª brigada de infantaria motorizada. A quando do anuncio da independência nacional foi uma das integrantes do esquadrão feminino que combateu contra a FNLA, na conhecida batalha do Kifangondo. Nos dias de hoje, generais das FAA, estimam-lhe pelo seu voluntarismo na defesa da pátria.

A sua passagem pelas forças armadas terá lhe consumido levado um ano e meio. Daí foi chamada para ingressar um grupo que se tornou conhecido com o das primeiras 200 mulheres policias em Angola. Foi despachada para Romênia onde ficou durante dois anos em formação policial. Fez carreira na policia de transito tendo sido ela a fazer escolta que conduziu a caravana da primeira cosmonauta da história, a Russa, Vladimirovna Tereshkova, quando visitou Angola. Terá feito parte da escolta de Agostinho Neto. Era a “dama” do ultimo carro. Naquela altura era uma das poucas mulheres que conduziam motorizadas em Luanda

Elisabeth Rank Franque, passa por ser sobrinha do fundador da FLEC, Luis Rank Franque. Porém, os Cabindas não a reconhecem por ter um convício nulo com os mesmos. Em vida o então Ministro da Defesa, general Pedro Maria Tonha “Pédale” tentava puxar por ela no circulo das suas raízes. Certo dia, teria feito parte de uma festa em casa do malogrado general, no Miramar, e este aproveitou a ocasião para lhe apresentar algumas figuras do enclave com realce a Belchior Tati e Osvaldo Buela, o hoje membro do gabinete de Nzita Tiago.

Outro Cabinda que revelava certo apresso por ela é o antigo comandante geral da policia, André Pitra “Petroff”. Em 1986, “Petroff” integrou-a para fazer parte de uma delegação oficial que com ele se deslocou a Argélia. Era o marco da sua ascensão acompanhada de formações que a levaram a ser a chefe de regulação do trânsito.

Em meado da década de noventa, muitos encarregados de educação mostravam-se saturados por ela ter andado a esbofetear, os jovens na rua. Certo dia, esbofeteou um militar que a impediu de entrar no Hospital Militar quando ela socorria um agente da policia que fora baleado. “Beth” foi levada a tribunal sob acusação de pratica de agressão. Esteve prestes a ser condenada. A sociedade fazia gosto de vê-la por detrás das grades e a sorte aparentava remar contra a sua maré. Teria chorado e hoje elege este momento como “o mais negativo da sua carreira”. Durante a secção de acareação judicial, uma corrente de senhoras da OMA decidiu apóia-la e acompanhá-la até ao ultimo momento para que não fosse injustiçada. Acabou por ser inocentada. Porém, em gesto, entendido como de agradecimento teria passado a freqüentar algumas actividades da OMA.

Depois de um longo período de afastamento, a mesma regressou a corporação após uma suposta intervenção de Santa André Pitra “Petroff”. Do seu protagonismo após o regresso na policia nacional, destacou-se em cargos como o de Comandante de divisão da Maianga, comandante da Brigada Especial de Transito (BET), comandante da unidade operativa de Luanda e segunda comandante provincial na capital do país. Presentemente, chefia provisoriamente o comando provincial de Luanda em substituição do subcomissário, Joaquim Ribeiro. É também, a líder da Associação Angolana da Mulher Polícia, e membro da Rede da Mulher Polícia da SADC. Tornou-se a primeira mulher em Angola a chegar ao grau de general na policia nacional. (subcomissário).

No circulo de trabalho, atribuem-lhe a particularidade de ser “muito rígida, inconsistente e pouco criteriosa” que “usa excessivamente a punição como ferramenta disciplinar”. Embora seja notabilizada por esta faceta de punidora, o seu comportamento no seu meio familiar é o contrario do que se verifica na rua. Esteve acasalada com João Guimarães com que tem um casal de filhos que estudam no estrangeiro. (João Guimarães é irmão do antigo basketebolista José Carlos Guimarães). É apreciadora de Whisky, e fuma dois maços de cigarros por dia.

Mário António


(Mário António Fernandes de Oliveira. Maquela do Zombo, 05/04/1934 - Lisboa, 07/02/1989) Estudos primários e liceais em Angola. Licenciado em Ciências Sociais e Políticas pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e doutorado em literaturas africanas de língua portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa. Foi considerado dissidente pelo MPLA e menosprezado pelo regime angolano. Sua obra foi, injustamente, relegada à segundo plano. Morreu em Portugal em 1989, país onde morou desde 1963.

http://betogomes.sites.uol.com.br/MarioAntonio.htm

Obra poética:

Poesias, 1956, Lisboa, e. a.;
Poemas & Canto Miúdo, 1961, Sá da Bandeira, Coleção Imbondeiro;
Chingufo, 1962, Lisboa, AGU;
100 Poemas, 1963, Luanda, Ed. ABC;
Era Tempo de Poesia, 1966, Sá da Bandeira, Coleção Imbondeiro;
Rosto de Europa, 1968, Braga, Ed. Pax;
Coração Transplantado, 1970, Braga, Ed. Pax;
Afonso, o Africano, 1980, Braga, Ed. Pax;
50 Anos - 50 Poemas, 1988, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda;

Obra Poética (inclui todos os livros anteriores), 1999, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda.

Rua da Maianga
Rua da Maianga
que traz o nome de um qualquer missionário
mas para nós somente
a rua da Maianga

Rua da Maianga às duas goras da tarde
lembrança das minhas idas para a escola
e depois para o liceu
Rua da Maianga dos meus surdos rancores
que sentiste os meus passos alterados
e os ardores da minha mocidade
e a ânsia dos meus choros desabalados!

Rua da Maianga às seis horas e meia
apito do comboio estremecendo os muros
Rua antiga da pedra incerta
que feriu meus pezitos de criança
e onde depois o alcatrão veio lembrar
velocidades aos carros
e foi luto na minha infância passada!

(Nené foi levado pro Hospital
meus olhos encontraram Nené morto
meu companheiro de infância de olhos vivos
seu corpo morto numa pedra fria!)

Rua da Maianga a qualquer hora do dia
as mesmas caras nos muros
(As caras da minha infância
nos muros inapagados!)
as moças nas janelas fingindo costurar
a velha gorda faladeira
e a pequena moeda na mão do menino
e a goiaba chamando dos cestos
à porta das casas!
(Tão parecido comigo esse menino!)

Rua da Maianga a qualquer hora
O liso alcatrão e as suas casas
As eternas moças de muro
Rua da Maianga me lembrando
Meu passado inutilmente belo
Inutilmente cheio de saudade!

(Obra poética)

Beijo-de-mulata
Pai:
Olho o teu rosto fechado
nas letras apagadas dessa campa
a tua
(no quadro dezasseis
do Cemitério Velho)
e não sei que mistério poderoso
me prende os olhos,
Pai!

A pedra não diz nada senão pedra.
Os beijos-de-mulata que plantaram
sobre o teu corpo
continuam florindo da tua substância.
Não surge sobre a campa
O sorriso de que dourei tua lembrança,
Pai!

Não fico mais aqui, porque estás longe.
Tudo quanto estou ouvindo e repetindo
vem de dentro de mim
de um já longínquo mundo.
Apenas levarei um beijo-de-mulata
eterna florescência do teu ser
lembrança imperecida da tristeza
que marcou o teu rosto sofredor.

(Obra poética)

Linha quatro
No largo da Mutamba às seis e meia
carros pra cima carros pra baixo
gente subindo gente descendo
esperarei.

De olhar perdido naquela esquina
onde ao cair da noite a manhã nasce
quando tu surges
esperarei.

Irei pr'á bicha da linha quatro
Atrás de ti. (Nem o teu nome!)
Atrás de ti sem te falar
só a querer-te.

(Gente operária na nossa frente
rosto cansado. Gente operária
braços caídos sonhos nos olhos.

Na linha quatro eles se encontram
Zito e Domingas. Todos os dias
na linha quatro eles se encontram.

No maximbombo da linha quatro
se sentam juntos. As mãos nas mãos
transmitem sonhos que se não dizem.)

No maximbombo da linha quatro
conto meus sonhos sem te falar.
Guardo palavras teço silêncios
que mais nos unem.

Guardo fracassos que não conheces
Zito também. Olhos de cinza
como Domingas
o que me ofereces!

No maximbombo da linha quatro
sigo a teu lado. Também na vida.
Também na vida subo a calçada
Também na vida!

Não levo sonhos: A vida é esta!
Não levo sonhos. Tu a meu lado
sigo contigo: Pra quê falar-te?
Pra quê sonhar?

No maximbombo da linha quatro
não vamos sós. Tu e Domingas.
Gente que sofre gente que vive
não vamos sós.

Não vamos sós. Nem eu nem Zito.
Também na vida. Gente que vive
Sonhos calados sonhos contidos
Não vamos sós.

Também na vida! Também na vida!

(Obra poética)

Noites de luar no morro da Maianga
Noites de luar no Morro da Maianga
Anda no ar uma canção de roda:
"Banana podre não tem fortuna
Fru-tá-tá, fru-tá-tá..."
Moças namorando nos quintais de madeira
Velhas falando conversa antigas
Sentadas na esteira
Homens embebedando-se nas tabernas
E os emigrados das ilhas...
- Os emigrados das ilhas
Com o saldo mar nos cabelos
Os emigrados das ilhas
Que falam de bruxedos e sereias
E tocam violão
E puxam faca nas brigas...

Ó ingenuidade das canções infantis
Ó namoros de moças sem cuidado
Ó histórias de velhas
Ó mistérios dos homens

Vida!:

Proletários esquecendo-se nas tascas
Emigrantes que puxam faca nas brigas
E os sons do violão
E os cânticos da Missão

Os homens
Os homens
As tragédias dos homens!

(Obra poética)

Uma negra convertida
Minha avó negra, de panos escuros,
da cor do carvão...
Minha avó negra de panos escuros
que nunca mais deixou...

Andas de luto,
toda és tristeza...
Heroína de idéias,
rompeste com a velha tradição
dos cazumbis, dos quimbandas...

Não xinguilas, no óbito.
Tuas mãos de dedos encarquilhados,
tuas mãos calosas da enxada,
tuas mãos que preparam mimos da Nossa Terra,
quitabas e quifufutilas,
tuas mãos, ora tranqüilas,
desfilam as contas gastas de um rosário já velho...

Teus olhos perderam o brilho;
e da tua mocidade
só te ficou a saudade
e um colar de missangas...

Avózinha,
as vezes, ouço vozes que te segredam
saudades da tua velha sanzala,
da cubata onde nasceste,
das algazarras dos óbitos,
das tentadoras mentiras do quimbanda,
dos sonhos de alambamento
que supunhas merecer...
E penso que... se pudesses,
talvez revivesses
as velhas tradições!

(Obra poética)


Fuga para a Infância

Nas tardes de domingo
(cheirava a doce de coco e rebuçado)
os meninos brincavam
iam passear ao mar
até o Morro iam
ver a gente.

O menino ficou preso
quando cresceu.

E nas tardes de domingo
vozes vinham chamá-lo
vinham ecos de vozes
que lindas vozes o menino ouvia!

Mas o menino estava preso
e não saía...

Numa tarde de domingo
os outros meninos vieram chamar
o menino preso...
E foi nessa tarde de domingo
(cheirava a doce de coco e rebuçado)
que o menino fugiu para não voltar.

(Obra poética)

Enfermaria

1

Que tinha esse jardim a ver com a minha enxerga?
E a tua saia azul
Com o meu lençol de cor indefinida?

Ai, teto da enfermaria!
Duas lâmpadas
Mais três
Mais duas lâmpadas
(A do meio fica acesa toda a noite
Toda a noite acesa!)
E este cheiro nauseabundo
E o homem que chama
Lá no fundo
Pela mãe!
Ai, teto da enfermaria!

Como pudesse aparecer ao encontro que não marcamos?
Como pudeste aparecer
Se nunca, até agora, me tinhas aparecido?
(A tua saia estendida sobre a relva
E a minha mão divagando em teus cabelos...)

Tua presença...
A insinuar-me vida e liberdade,
Segredando-me amor e juventude
Tua presença...
Bendita!

2

E pensar
Que além deste teto está o céu
E detrás das paredes está o mar
(O mar sereno e quente
O mar sereno e azul
Tal como o céu!)
E a gente que trabalha
E a canção dessa gente
(Praias amarelas, praias amarelas
E as nódoas das redes sobre as praias!)

Tão perto do mar!
Tão perto do céu!
Mais perto
Do que se andasse lá fora!...

Lembrança de negrinhos brincando sobre a areia...

Afinal, estou lá sem saber:
Negrinho, na minha infância perdida!

(Obra poética)

Chuva

Outrora
Quando a chuva vinha
Era a alegria que chegava
Para as árvores
O capim
E para a gente.

Era a hora do banho sob a chuva
Meninos sem chuveiro
A água regateada na cacimba
Muitas horas de pé esperando a vez.

Era a alegria de todos, essa chuva:
Porque então fiz o primeiro poema triste?

Hoje ela veio
Veio sem o encanto de outras eras
E ergueu na minha frente o tempo ido.
Porque estou triste?
Porque estou só?

A canção é sempre a mesma
Mesmos os fantasmas, meu amor:
Inútil o teu sol ante os meus olhos
Inútil teu calor nas minhas mãos.
Essa chuva é minha amante
Velho fantasma meu:
Inútil, meu amor, tua presença.

(Obra poética)

Retrato

Olho e vejo através dos óculos
A escura face com óculos
Desse teu retrato antigo:
Fato de brim, engomado
Gravata preta apertada
Só te falta o capacete
De cortiça, todo branco
Para seres o mesmo ser
Prolongado pela vida
Que o Seminário marcou.

Face tocada do rito
Da revelação vivida
(Face dos padres que foram
Flores escuras da Igreja)
Olhar aberto ao mistério
Certo que as chaves do mundo
Sempre às mãos nos vêm dar
Era no tempo em que a vida
Se entretinha e prometia
Nas longas conversas cheias
(Sem verdes) de impossibilidades.

Lembro alguns dos teus amigos
(Fato de brim, capacete)
Os longos passeios dados
Pelos domingos à tarde
Conversa larga e pausada
Repouso nos sítios ermos
Prolongáveis pela vida
Os tempos do Seminário
Com suas marchas ordeiras
Suas falas sussurradas.

Alguns amigos mudaram
(Mal se vê o fato de brim
Ninguém usa capacete)
Tu permaneces o mesmo:
Quando a morte te levou
Havia o mesmo rito
Na tua face parada.
E assim tu ficaste, Pai:
Com teu sorriso incompleto
Na certeza entressonhada.

Olho e vejo através dos óculos
A escura face com óculos
Desse teu retrato antigo:
Sou eu que me vejo ao espelho.
Teu sorriso anda comigo
Na ânsia de completar-se.
Comigo o teu acanhamento
Teu sonho e vida e solidão
E, prolongada na minha,
A tua poesia.

(Obra poética)

Donas do outro tempo

Donas do outro tempo
Vejo-as neste retrato amarelado:
Como estranhas flores desabrochadas
Negras, no ar, soltas, as quindumbas.
Panos garridos nobremente postos
E a posição hierática dos corpos.
São três sobre as esteiras assentadas
Numa longínqua tarde de festejo.
(Tinha ancorado barco lá no rio?
Havia bom negócio com o gentio?
Celebrava-se a santa milagrosa
Tosca, tornada cúmplice de pragas
Carregada de ofertas, da capela?)
A seu lado, sentados em cadeiras,
Três homens de chapéu, colete e laço.
Botinas altas, botas de cheviote.

Donas do tempo antigo, que perguntas
Poderia fazer aos vossos olhos
Abertos para o obturador da fotográfica?
Senhoras de moleques e discípulas
Promotoras de negócios e quitandas
Rendilheiras de jinjiquita e lavarindo
Donas que percebíeis a unidade
Íntima, obscura, do mistério e do desígnio
Atentas ao acaso que é a vida
(Há sopros maus no vento! Gritos maus
No rio, na noite, no arvoredo!)
E que, porque sabíeis que a vida é larga e vária
E vários e largos os caminhos possíveis
A nova fé vos destes, confiantes,

O que ficou de vós, donas do outro tempo?
Como encontrar em vossas filhas de hoje
A vossa intrepidez, a vossa sabedoria?

Os tempos são bem outros e mudados.
A tarde da fotografia, irrepetível.
Água do rio Cuanza não pára de correr
Sempre outra e renovada.
E dessa fotografia talvez hoje só exista
Na vilória onde as casas são baixas e fechadas
E têm corpo, pesam, as sombras e o calor
A sombra farfalhante da mulemba
Que vos deu sombra e fresco nesse domingo antigo.

(Obra poética)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Quim Ribeiro sofre atentado


Luanda - O sub-Comissário Joaquim Ribeiro foi alvo Quinta-feira de um atentado quando se fazia à viatura na sua residência sita no município da Samba. Contam testemunhas no local que eram 19 horas sensívelmente quando foi detectado um movimento estranho na área.

Fonte: VOA

Houve ainda assim tempo de reacção da guarda do ex-Comandante, ao que seguiram troca de tiros. Estranho é o facto de ter sido encontrado no local da refrega uma viatura com identificativos da polícia nacional, registada com a matrícula LD-24-89-BJ, inclusive com aparelho de sirene acoplado.

De acordo com fontes afectas a vítima, foram encontrados no interior desta mesma viatura que se supõe ter transportado os atacantes, maquina fotográfica e de filmagem.

Joaquim Ribeiro que terá saído ileso pretendia dirigir-se para a residência de um dos filhos no do bairro Benfica.

Observadores locais dizem ser indissociável o acontecimento desta quinta-feira dum outro tido lugar no passado sábado, quando homens em composição não determinada, fortemente armados conseguiram neutralizar a guarda da quinta do ex-Comandante localizada no Kicuxi na Viana, penetraram e levaram consigo apenas meios informáticos, como computadores.

Vale também sublinhar que estes dois assuntos eram tratados compormenor na edição desta sexta-feira do semanário Novo-Jornal que até ao momento não chegou as mãos dos leitores.

Embora estivesse tudo operacional até ontem perto das 23:00 horas, responsáveis da rotativa alegaram problemas técnicos como razão do atraso.

Vendedores por nós contactados esta tarde nas ruas da cidade confirmaram a ausência da publicação, e disseram citando os seus fornecedores que apenas amanhã o semanário viria a rua.

Ainda assim alguns dos números que foram vistos a circular nas redondezas do bairro S. Paulo área circundante do bairro CUCA, eram refugos da mesma edição, geralmente recuperada pelo pessoal menor que o revende.

Pela sua manchete, os poucos números desapareceram imediatamente. Sobre estes dois incidentes, não houve até ao momento qualquer pronunciamento oficial da polícia.

Lembro que o Sub-Comissário Joaquim Ribeiro foi constituído Arguido num processo que está a ser movido pela Procuradoria Geral, supõe-se por envolvimento na apropriação de dinheiros e também na morte de dois oficiais da polícia.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Carta aberta ao Dr Carlos Feijó - militantes do MPLA




Luanda - CARTA ABERTA AO DR. CARLOS FEIJÓ, MINISTRO DE ESTADO E CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDENCIA DA REPUBLICA DE ANGOLA

Fonte: Club-k.net

Prezado e admirado Dr. Carlos Feijó, Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil.

Somos trabalhadores da RNA e Militantes do MPLA, e, tomamos a ousadia de o escrever esta carta aberta como forma mais significativa de lhe fazer chegar o nosso desalento e preocupação para os problemas que vamos vivendo no dia a dia laboral de uma das mais empresas do Pais: A Radiodifusão Nacional de Angola.

Vivemos um período transitório de expectativas aguardando com muita ansiedade a constituição do Conselho de Administração para a nossa RNA, que tanto contributo deu para a conquista de Paz desta Nação: Angola ( apesar da guerra interna despoletada com a nomeação de uma nova Ministra). Afinal surgiu o que já vem sendo um adágio popular: “ A montanha pariu um rato”. É de facto isso, fomos brindados com um Conselho de Administração que não dá garantias nem esperança para a estabilidade, desenvolvimento e progresso da Empresa e dos trabalhadores. Uma Empresa que se tem como Estratégica não só pelo Órgãos de Soberania da Nação como pelo Partido no Poder, o MPLA. Começa por ter um Presidente, Pedro Cabral (antes um simples secretario da grupo desportivo, para alem de locutor de continuidade), que de repente, como que caindo de pára-quedas, assume uma função de extremo relevo, o que resulta em falta de competências transformada em ameaças e falta de respeito aos subordinados principalmente em reuniões com falta de civismo a mistura. A sua ignorância aos assuntos de gestão é preenchida com arrogância.

A par da atitude do PCA, desmascaramos também comportamento indigno dos demais membros do Conselho de Administração para com os responsáveis da empresa; Exonerações e afastamentos de responsáveis e quadros sem motivo aparente. Exemplo: Director da Rádio Benguela - Carlos Gregório( foi o mentor dos principais programas de apoio as FAA em período de guerra por via dos brigadeiros Cowboy e JOTA) ; Director da Rádio Huambo - Gilberto Júnior Principal realizador dos maiores programas culturais da RNA); a forma coerciva como tiraram a Directora dos Recursos Humanos do seu gabinete; a pressão que está a ser exercida sobre o Director de Gabinete de apoio às Rádios Provinciais para auto-exonerar-se; a forma prepotente e inqualificável como pretendem despedir trabalhadores; a maneira grosseira e arrogante como muitos desses administradores (incluindo o próprio PCA, Pedro Cabral) trata os responsáveis da empresa e restantes funcionários demonstra bem o tipo de gente que é e o que pretendem. Repare-se também na constituição dos pelouros, como por exemplo Administração e Património e por outra Finanças e Recursos Humanos. E para acentuar e justificar tais comportamentos evoca-se o nome da Ministra Carolina Cerqueira de quem vem as orientações como escudo.

Prezado Dr. Carlos Feijó,

A indicação deste Conselho de Administração, foi uma autêntica humilhação, desrespeito e desconsideração aos funcionários e responsáveis que durante longos anos serviram com zelo e dedicação essa Empresa e Consequentemente o Pais. Na qualidade quadros seniores da RNA estamos a alertar ao Governo e ao Partido MPLA para o perigo que se corre com a nomeação desse Conselho de Administração. Pensamos mesmo que o nosso Cda Presidente foi induzido em erro quando lhe propuseram estes indivíduos. Muitos deles não conhecem os sacrifícios consentidos nos mais variados momentos e desafios que a Empresa viveu. Os verdadeiros filhos da casa, aqueles que sempre se identificaram com a causa nobre da Pátria estão na disposição de continuar a colaborar caso a situação seja revertida. Caso contrário será um descalabro e não responderão sobre o que vier a acontecer.

De realçar que as áreas mais sensíveis da empresa como a produção radiofónica à mistura estão sob guarda da senhora Bela Malaquias da UNITA pessoa essa que não dá garantias de nada, pois nunca trabalhou no verdadeiro sentido da palavra nem conhece nada da RNA e pior que isso não oferece confiança ao trabalho nenhum aos colegas. Pois o trabalho tem sido muitas vezes sigiloso Veja o perigo que se corre? Bem recentemente, em tom de ameaça, anunciou aos trabalhadores das áreas sob seu pelouro que 80% dos trabalhadores seriam despedidos e outros tantos precisariam de uma gramática e dicionário para falar nos canais da RNA.

Os quadros da RNA e militantes do MPLA têm perfeita consciência do programa do Governo para a Comunicação Social mas não é com pessoas como essas que se vai levar avante os seus intentos.

Em suma: estamos diante de muita incompetência. Preste a devida atenção ao comportamento da Ministra Carolina Cerqueira: Muito pronunciamento publico e sempre que o faz não perde uma oportunidade de atacar o seu antecessor que também é militante do MPLA. Não estará a disparar no próprio Pé do Partido? Bem recentemente manifestou o seu desconhecimento total ao falar que em Benguela encontrou problemas de gestão financeira, patrimonial e de recursos humanos. Como é possível , se na província não se faz gestão, os órgãos decisores estão em Luanda? Mais grave ainda: Numa recente entrevista disse que não lia o CLUB K, pois foi o próprio CLUB K, que num artigo assinado por Nelo de Carvalho, denunciou contactos da própria Carolina Cerqueira com aquele Jornal ONLINE para uma campanha de branqueamento da sua imagem. Pois bem , se fez campanha para esse efeito, só assim se justifica um período de forte campanha contra o seu antecessor, Manuel Rabelais.

Por aí, Sr. Dr. Ministro de Estado Carlos Feijó, veja com que grupo a Comunicação social está envolvida, faça uma interpretação extensiva dos casos em apreço , retire as devidas ilações e procure ter uma atitude informando o Chefe de Estado, o SG do MPLA e agir quanto antes.

Luanda, 10 de Dezembro de 2010

OS TRABALHADORES DA RNA E MILITANTES DO MPLA

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Evacuação de Domingos “Maluka”


Terça, 14 Dezembro 2010 17:15

Lisboa - O Secretario dos assuntos eleitorais da UNITA, Daniel Domingos “Maluka” aguarda por uma evacuação ao exterior do país para receber tratamento do problema cardiovascular que o apoquentou na passada sexta feira (03). A visita ao mesmo por parte dos companheiros tem sido restringida pela família, a protesto do repouso que requer.

Fonte: Club-k.net

O único dirigente da UNITA cujo discurso provoca reunião no MPLA

É uma das vozes na UNITA mais temida pela corrente do MPLA em Luanda. Ao tempo em que era Secretario Provincial da UNITA em Luanda, desafio o seu homologo do MPLA, Bento Bento para um debate a fim de discutirem os problemas da capital do país. Bento Bento não compareceu alegando que não recebeu o convite porque estava no Brasil.

Diz-se também que quando “abre a boca” para criticar as políticas erradas do regime, provoca de imediato reunião no partido do poder. Em Fevereiro do corrente ano disse a propósito do escândalo do BNA que a corrupção em Angola passava pelos “comitês de especialidades”. De seguida, os militantes do MPLA em Luanda foram convocado para uma reunião na sua sede provincial propositada a analisar as suas acusações deste dirigente do “Galo Negro”.

Formado em engenharia Química, Domingos “Maluka” foi parlamentar na legislatura passada. Ao tempo do conflito armado foi preso pelos serviços de segurança de Estado por suspeita de manter contacto com Jonas Savimbi, então líder da oposição armada. É casado com a presidente da LIMA em Luanda, Filomena Domingos e faz parte do circulo presidencial de Isaias Samakuva.

Desde já deseja-se rápidas melhoras a esta emblemática figura da democracia angolana.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Bastilha do nosso Voltaire, William Tonet










Processo “Pronto a condenar”
Na próxima segunda-feira, dia 13 de Dezembro, terá início um julgamento que, na realidade, corresponde a três processos fabricados à medida do regime, quer dizer, do tipo “pronto a condenar”, como são infelizmente quase todos os processos que digam respeito não só a manifestações de populares contra decisões do Executivo ou da Assembleia Nacional, ou de um qualquer membro (tentáculo) do poder político, mas também a simples maneiras de expressar a sua indignação contra os mesmos. Uma palavra mais ríspida, mais contundente, chega para se levantar o espectro da calúnia e da perfídia.
Assim será no julgamento atrás referido (cuja sentença já está muito provavelmente lavrada antes de ele ter começado), a propósito de uma queixa introduzida contra o director do Folha 8, William Tonet, por membros muito influentes do poder instituído, embora de fugaz passagem pelos corredores do Estado.
Serão três os processos em julgamento, movidos respectivamente pelo ex-Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFAA), Francisco Pereira Furtado, através do processo: 972/08-D; pelo Procurador da Procuradoria Militar das FAA, Hélder Pitagroz, processo 659/08-D e pelo famoso general, considerado por muitos dos seus colaboradores e familiares (eles sabem seguramente o que dizem), multimilionário, Chefe da Casa Militar da Presidência da República e Ex-chefe do Gabinete de Reconstrução Nacional, Manuel Vieira Dias, Kopelipa, processo n.º 1449/08-D.
Os crimes de que é acusado o director do Folha8 foram cometidos, se é que isso é crime, no âmbito da liberdade de expressão e de informação, quer dizer, no âmbito dos atributos do F8, que continua a exercer uma inalterável pressão desde que saiu à rua em 1993, sobre todas as derrapagens cometidas (e não são poucas) por altos funcionários do falecido governo e do actual Executivo condenado a desaparecer, se não alterar a forma parcial e discriminatória de gestão da coisa pública e dos povos autóctones.
O advogado David Mendes, responsável pela defesa acredita tratar-se de mais uma cabala do regime, pois as notícias publicadas não constituem nenhuma calúnia de difamação. “A realidade é que estes generais dizem apoiar a democracia mas não estão preparados para o seu exercício”, assegurou ao F8, este advogado.
Noutra dimensão, o mesmo jurista referiu-se ao facto de esta atitude poder significar uma pressão sobre o sistema da justiça, com base na força, no sentido de esta e os tribunais se subjugarem aos interesses e apetites dos generais ao invés de obedecerem à lei e ao direito. “De qualquer forma nós acreditamos que um núcleo de novos juízes está cada vez mais comprometido com a Justiça e não com o poder económico e intimidatório dos considerados poderosos”, opinou ele.
De relembrar que este julgamento de William Tonet, que terá início no próximo dia 13, é um dos quase duzentos que pesam sobre a sua pessoa. Na sua esmagadora maioria eles foram formatados nas oficinas do Futungo, do SINFO e de outros apêndices do regime e têm por característica comum uma claríssima função e objectivos comuns: aniquilar, ou silenciar o F8.
Só para dar um exemplo, é de relembrar um outro processo instruído pelo Ministério Público, que mais cedo ou mais tarde terá de passar à barra do tribunal.
Essas Excelências, que se viram couraçadas pelo prestígio do posto que ocupam, moveram processos ao F8 por esse órgão de comunicação social ter desvendado a verdade, nomeadamente sobre um caso de movimentação de fundos no exterior do país, Portugal, e sobre a forma bárbara como foi assassinado o ex-presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira. Fotos publicadas com a anuência da família do falecido, que não considera essa publicação como sendo um ultraje à sua honra.
Aliás, este abuso de autoridade não é o único, como se constatou depois num outro processo de volatilização de fundos do Estado angolano, no caso BANIF. Um fundo de vários fundos, que não eram perdidos (como os 300 milhões do BNA) nem achados (também como os do BNA) mas que paravam em parte incerta nos bolsos de pessoas incertas e, crime odiento aos olhos de certos sectores da PGR, também tinham saído (como os do BNA), mas legalissimamente, dos cofres do Estado, unicamente por o ou os seus signatários serem proeminentes figuras do Executivo (ver caso BANIF).
Com base nesta trama, o político Fenga Miranda faz o seguinte retrato, que F8 agradece. "A vossa audiência no dia 13, deixa pressagiar que o cerco se aperta cada vez mais e incrivelmente em torno de todas as forças ligadas à dinâmica, tanto política como social e associativa. Cada um dos acusadores pensa que tem telhado de betão ou sombrinha de chumbo, quer dizer que o fogo do vizinho nunca vai atingir a sua casa. O regime ou “supostamente”, parece estar a ganhar a batalha do adormecimento e de forma calculada, bem velada e extremamente perigosa, tentando empurrar-nos para o buraco sem que o mundo se aperceba disso, pois o sorriso está sempre presente e como tudo é feito subtil e criteriosamente, a comunidade internacional interpreta a pior das agressões como sendo “faits-divers”. É urgente organizar-se um apelo ou uma carta à Nação e à Comunidade Internacional, espécie petição de associações, intelectuais, universitários, professores, jornalistas, sobre o estado actual da democracia em Angola e os riscos do futuro".

Voltando, porém, ao caso BANIF, o director do F8 foi impugnado, e quando o processo corria os seus trâmites verificou-se que tudo o que tinha sido revelado correspondia à realidade dos factos. Qual quê?, não se ouviu uma única voz de protesto contra a difamação urdida pelo PGR, pois a sua queixa tinha como exclusivo objectivo sujar o bom nome do F8.
Veremos o que se vai passar, mas uma coisa é certa, o F8 não vai morrer. Poderá ir ao tapete, como já antes aconteceu. Mas levantar-se-á. Revigorado e seguirá a sua marcha rumo a um país mais justo, menos corrupto e discriminatório e com melhor distribuição da riqueza angolana

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Yola Semedo submetida à operação de emergência


Quinta, 09 Dezembro 2010 15:02

Luanda – A cantora angolana Yola Semedo, foi submetida à uma operação de emergência, nesta terça-feira, em Luanda, depois de passar mal, de acordo com o promotor da artista, Carlos Dias.

Fonte: Angop

Em declarações hoje à Angop, Carlos Dias disse que a interprete começou a sentir dores, tendo de seguida sido levada à clínica Meditex onde lhe foi diagnosticada apêndice, em estado avançado.

“A Yola, neste momento, encontra-se a recuperar, na clínica, e está a receber todos os cuidados, porque a doença estava em estado avançado, e não se manifestava. Em tempos ela fez alguns exames no exterior do país, mas não foi detectado nada”, explicou.

Segundo a fonte, a equipa que trabalha com a cantora teve que adiar alguns compromissos que tinha agendado para os próximos tempos, até à sua completa recuperação.

“Tivemos que cancelar todos os compromissos profissionais da Yola Semedo até ordem dos médicos que estão a tratar-lhe. Lamentamos estes transtornos, principalmente o que tínhamos agendado para dia 17 do corrente mês com a Angop”, acrescentou.

Yola Moutofa Coimbra Semedo nasceu na cidade do Lobito (Benguela) a 8 de Maio de 1978. É actualmente a artista angolana mais premiada.

Conquistou o prémio de “Voz de Ouro de África” (1995) em representação de Angola no festival organizado pela Unesco, na Bulgária. Foi considerada melhor voz feminina de Angola três vezes (2000, 2006, 2007).

Ganhou o prémio de Balada do ano (2006), melhor intérprete feminina, duas vezes (2006, 2007), diva do ano em 2007 e 2008. Conquistou a edição 2010 do Top dos Mais Queridos, uma realização da Rádio Nacional de Angola, o galardão máximo da música nacional.

Nova versão sobre a morte do Bispo do Namibe divide clero católico


Quinta, 09 Dezembro 2010 13:37

Lisboa - Uma nova versão quanto a morte do Bispo do Namibe, Dom Mateus Tomás esta a dividir o episcopado católico na região sul de Angola. A Versão que circula em meios restritos da província interliga a morte do sacerdote a uma suposta interferência que o malogrado incitou junto aos hábitos tradicionais das comunidades Nhaneca-Humbi logo após a sua tomada de posse, razão pela qual Sé citado como tendo sido “amaldiçoado”.

Fonte: Club-k.net

Sul do país enfrenta problemas de tradição

De acordo com as ocorrências, as comunidades Nhaneca-Humbi submetem as jovens em fase de puberdade a um ritual conhecido por “Mufico” ao qual o Soba da aldeia deita-se com a sua esposa numa cubata e após a secção faz recolha do seu sêmen que por sua vez é dado as meninas que estão a receber preparação para serem esposas.

Ocorrente de que o ritual estava a provocar doenças contagiosas junto daquela comunidade, o malogrado Bispo Dom Mateus insurgiu-se contra estas praticas e de seguida reuniu-se com o Padre Norberto Bula e com Vigário-Geral da Diocese do Namibe, Padre Eusébio Tchimbanda, (este tido como defensor da cultura Nhaneca-Humbi) a fim de transmitir-lhe o seu “contragosto” sobre a pratica do “mufico”. O assunto debatido nesta reunião estendeu-se aos padres do Lubango. (Estava inclusive programado um recurso ao Mambaly como saída para intimidar o Bispo a recuar da sua posição, o que não aconteceu.)

Nas últimas semanas de vida, de de Dom Mateus Tomas eram conhecidos seus desabafos junto aos que lhe eram próximos alegando que costumava a ter visões estranhas, paralelas a cenários registrados ao qual as autoridades tradicionais atribuem a um suposto amaldiçoado contra “a proibição dos costumes dos Nhaneca”

Registro das ocorrências estranhas:
- Aparecimento de duas focas de madrugada agrimando até a manhã do dia seguinte, a porta da paróquia Nossa Senhora do Rosário, a quando da primeira visita do Bispo ao Município do Tombwa. Os mamíferos foram retirados pelo Soba grande, Alberto Pedro Ramos, que as levou para parte incerta

- Surgimento de duas cobras no Bispado. O Bispo confidenciou a um padre local (nome deliberadamente ocultado) que via sempre um boi preto.

- Uma “kimbala” com fezes, foi encontrado na porta da Diocese local

No dia da tragédia em que a sua viatura se embateu contra um animal provocando a sua morte, o Bispo Católico segundo depoimento que as autoridades colheram de uma menina de 9 anos que se fazia transportar na viatura, teria gritado que estava a ver um boi na sua frente que terá cortado a estrada a correr. Entretanto, a jovem testemunha quando inquirida revelou não ter visto nenhum animal. As autoridades conhecedora da área que liga Huambo-Chongori onde ocorreu acidente alegam que a zona não é habitada por bois.

A rapariga que viajava com o Bispo e mais dois padres, foi a única sobrevivente do acidente. A viatura capotou, o leptop do sacerdote e o seu telemóvel ficaram embatidos como se tivessem sido esmagados por um elefante.

De referir que durante a partida para Luanda, a viatura do sacerdote rebentou duas rodas e de regresso de Luanda, um grupo de sacerdotes aparentemente pressentindo alguma anomalia evitou viajar com os três padres que também se encontravam em Luanda, viajando em paralelo.

O comportamento de individualidades do clero após a morte do Bispo deu azo a comentários segundo as quais a Igreja Católica na região sul teria sido invadida pelo tribalismo e o regionalismo.

Anotações de indicadores dos comportamentos paranormais:
- O Vigário Episcopal é citado como tendo transmitido ao Bispo Dom Mateus Tomas, antes de partir para a Assembléia da CEAST no Huambo, que a província do Namibe não necessita de um Umbundu para vir como Bispo.

- Um dos Padres do Lubango, por sinal candidato a Bispo sucessor de Dom Mateus Tomas, quando comunicado pelo padre do Namibe, a cerca da morte do bispo, este julgando que tratava-se da pessoa de Dom Gabriel Mbilingui, demonstrou sinais que contrariam o sentimento de pesar. Quando interrogado das razões da sua indiferença, disse que pensou que fosse o Bispo do Lubango, porque “tem muita mania de viajar de carro”.

- O Vigário-Geral da diocese do Namibe, Eusébio Tchimbanda que se incompatibilizou com o malogrado sacerdote por causa da proibição dos rituais da comunidade Nhaneca-Humbi, abdicou-se participar no funeral do Bispo Dom Mateus Tomas. Na missa do sétimo dia, presidida pelo Bispo de Cabinda Dom Filomeno Vieira Dias, o Vigário, recusou sentar-se na cadeira reservada junto ao co-celebrante Dom Gabriel Mbingui tendo em plena missa negado o convite de Dom Filomeno Vieira Dias.

- No Cunene, o bispo da Diocese de Ondjiva, Dom Guimarães Kevano, é referenciado como estando a fazer apologia segundo a qual os bispados na província do Kuando Kubango e a Lunda-Sul deveriam ser geridas por bispos oriundos da cultura Kwanhama (Os hábitos tradicionais destas duas culturas estendem-se até a estas duas províncias). A Lunda Sul, por razões vacante, é ainda administrada apostolicamente por Dom Manuel Imbamba.

O problema das “visões de cobras e bois” que assombra o clero católico na região sul do país esta a estender-se em sectores políticos sobretudo a figuras que se incompatibilizam ou que foram entendidas como desrespeitadoras de certas normas tradicionais. O Governador provincial do Bié, Boavida Neto, pediu que fosse transferido para outra província sob alegação de estar a "ver cobras". Deixou de pernoitar no palácio passando a dormir no Bispado, num quarto vizinho ao do Bispo local.