quinta-feira, 29 de julho de 2010

Regime impede jornais privados de escreverem a cerca da saúde de Assunção dos Anjos


Bastidores
Quarta, 28 Julho 2010 21:58

Londres – O antigo adido de imprensa da embaixada de Angola em Lisboa, Ramiro Barreira, esta a mover influencia junto de jornais privados em Luanda, a fim de prevenir que estes não tragam nas próximas edicções textos ou artigos relacionados ao estado de saúde do Ministro das Relações Exterior, Assunção dos Anjos.

Fonte: Club-k.net

Ramiro foi o porta-voz da missão diplomática angolana em Portugal ao tempo que o ministro, Assunção dos Anjos era o Embaixador. Entretanto, não há informação que confirma de que o ex-diplomata tenha alguma procuração que o orienta a fazer corredores juntos aos jornais para fazer segredo do estado de saúde do dirigente angolano ou se o faz na qualidade de voluntario.

De recordar que Ministro Assunção dos Anjos encontra-se em Madrid a receber tratamento medico depois de ter sido acometido com um mau estar no decurso de uma viagem de trabalho aos Estados Unidos. O mesmo não chegou a regressar ao país tendo ficado inicialmente em Lisboa até decidir ir a Espanha. Já não foi a tempo de participar na cimeira da CPLP que Angola acolheu a semana passada.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

José Eduardo Agualusa. Há falta de escritores


«Há falta de escritores. Os escritores levam tempo a construir. Um músico popular faz-se em menos tempo, um escritor exige mais tempo de formação. É necessário um investimento muito grande e continuado para se formar escritores. É preciso melhorias na cultura e na educação, na ampliação da rede de bibliotecas públicas.

http://www.apostolado-angola.org/articleview.aspx?id=3241

E num país como Angola, em que um livro é muito caro e chega a muito poucas pessoas, é normal que não haja muitos escritores. Ainda assim, Angola é um dos poucos países de África que tem um grupo de escritores com dimensão internacional. Mas muito poucos jovens, porque os jovens foram privados do acesso à cultura durante este tempo todo. Pode ser que daqui a dez ou quinze anos, com maior esforço do governo, possam ser criadas as condições para que daqui a vinte ou trinta anos comecem a surgir novos escritores.

Preocupa-o essa falta de escritores?
Naturalmente. Porque há histórias que se vão perdendo. Angola tem grandes histórias com uma dimensão universal e é uma pena que não se faça mais para evitar que se percam. Todas as grandes tragédias geram histórias, a Segunda Grande Guerra deu origem a inúmeros bons romancistas, com a Guerra Civil Americana aconteceu o mesmo. Todos os grandes conflitos, todas as situações de ausência de Estado, produzem literatura. O derrube das Torres Gémeas nos EUA, por exemplo, já deu origem a alguns grandes livros. Angola tem muitas histórias mas há poucas pessoas para as contar a todas.»

«Falta de apoios condiciona publicação de obras literárias. Angop
Escritor angolano John Bella
Luanda – O secretário-geral adjunto da Brigada Jovem de Literatura, John Bella, afirmou hoje, em Luanda, que a escassez de recursos financeiros, a ausência de patrocínios, bem como o rigor das editoras angolanas impedem a publicação de obras literárias.

http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/lazer-e-cultura/2010/5/24/Falta-apoios-condiciona-publicacao-obras-literarias,dd732232-93e0-4042-96e2-248fdc51d1f9.html

Em declarações à Angop quando convidado a falar do papel da literatura no desenvolvimento do homem, o escritor realçou existir um número considerado de escritores, principalmente jovens, interessados em publicar obras com alguma regularidade, pretensão, no entanto, que não tem sido possível por falta de recursos.

As dificuldades são sentidas com maior intensidade fora da província de Luanda, segundo explicações do responsável, adiantando que a ausência de investimentos privados em algumas províncias reflecte-se na falta de patrocínios.

“O reflexo é sentido igualmente nos leitores que acabam deste modo com poucas opções de leitura, dada a escassez de livros de autores angolanos”, explicou John Bella.

A produção literária em Angola, avançou a fonte, ainda é insuficiente, pelo que as instituições públicas e privadas devem, em colaboração, envidar esforços para inverter o actual quadro, pois a literatura representa uma expressão cultural.

Segundo o escritor, a falta de interesse pela leitura, por parte de alguns jovens, deve-se pela distância que existe entre o leitor e o livro, que segundo ele, ainda não está ao alcance de quem quer.

John Bella defende igualmente a revitalização dos centros culturais e infantis, pois são autênticos impulsionadores da leitura no seio juvenil.

A criação de bibliotecas e salas de leitura a nível dos municípios de Luanda, segundo a fonte, também servirão de estimulantes de leitura e consequentemente elevarão o nível intelectual dos jovens angolanos.»

«Destruição de bibliotecas
A destruição de bibliotecas tem sido uma prática habitual ao longo da história, geralmente promovida por exaltados líderes políticos ou religiosos; está sócia ao fanatismo ideológico e costuma acaecer como consequência de mudanças sociais radicais, confrontos religiosos, e conflitos bélicos. Constitui, junto com a bibliocastia ou queima de livros, um dos capítulos da História da estulticia, a incultura, o ódio e a vingança.

http://pt.wikilingue.com/es/Destruição_de_bibliotecas

Ficheiro:Brand Anna Amalia 22.30Uhr.JPG
Incêndio da Herzogin Anna Amalia Bibliothek, em Weimar, Alemanha.
No século em que viveu Enrique de Villena mal teria teólogo, que abrindo um livro onde tivesse algumas figuras geométricas, não as julgasse caracteres mágicos, e sem mais exame lhe entregasse ao fogo... um francês, chamado Genest, vendo um manuscrito onde estavam explicados os Elementos de Euclides, pelas figuras que tinha se imaginou que era de nigromancia, e ao momento jogou á correr despavorido, pensando que lhe acometiam mil legiones de demónios, e foi tal o susto, que morreu dele.
Fray Benito Jerónimo Feijoo e Montenegro, Obras escolhidas, 1863, p. 317-8.Tabela de conteúdo

Metas na história da destruição de bibliotecas
A história da destruição das bibliotecas acompanha à história da humanidade e parece não ter fim. Estes são alguns das principais metas documentadas:
O Papiro de Ipuur, narrado por "o príncipe Ipu", partidário da velha ordem, descreve como foram destruídas, entre outras coisas, muitas bibliotecas de templos durante o primeiro período intermedio do Egipto (ca. 2175 a 2040 a. C.) Possivelmente, trata-se da primeira revolução social documentada.
As desavenencias entre os clérigos partidários de Amón e os de Atón provocaram a destruição das obras de seus adversários, que inclusive apagaram escrupulosamente de todo o país o nome do principal valedor de Atón, o faraón Ajenatón (ca. 1353 - 1337 a. C.)

Quando Nínive é arrasada em 612 a. C., destruiu-se a biblioteca real de Asurbanipal, que continha relatos como: a Epopeya de Gilgamesh, o mito de Adapa, ou o pobre homem de Nipur, precedentes dos relatos bíblicos e de As mil e umas noites.[1] Felizmente, muitos restos de tablillas cerâmicas foram achadas pelos arqueólogos.
Heródoto escreveu que quando Cambises invadiu o Egipto em 525 a. C., arrasou os templos e queimou todo o resto de cultura do país, ficando só com o ouro, pois este não ofendia sua memória.
Na fortaleza dos espíritos do palácio de Darío I (ca. 549 - 485 a. C.) em Persépolis, guardavam-se os arquivos dos reis aqueménidas, gravados em chumbo e estaño, em uma escura sala (a 33 do Tesouro). Foi incendiada, mas a lenda conta que se salvaram os dois únicos manuscritos de Zoroastro: «o livro dos livros de Persia», escrito com letras de ouro, ainda que poucos séculos depois foram destruídos no incêndio da Biblioteca de Alejandría, onde estavam depositados.

O tirano grego Pisístrato, reuniu em sua Biblioteca as obras da época –inicialmente, com o objectivo de compor a Ilíada–, mas foi saqueada por Jerjes em 480 a. C.
A Grande Biblioteca de Alejandría, foco da cultura helénica, promovida pelos Ptolomeos, onde tentaram compilar todo o conhecimento da época, era «a editorial maior da antigüedad» segundo Vitruvio, e sucumbió no ano 48 a. C., no incêndio que devastou a cidade de Alejandría durante o assédio de César. Ainda que os cronistas romanos da época omiten o acontecimento e outros o consideram destruição parcial ou o pospõem, achacándolo a líderes fanáticos, tais como o bispo Teófilo ou o califa Omar.

A Biblioteca de Constantinopla (criada em 315, por Constantino com 7.000 vols. em seu início), que chega a ter mais de 100 mil rollos na época de Teodosio, é queimada neste ano por León III o Isáurico.
Quando Teodosio I (379 - 395) declarou religião oficial ao cristianismo, começou a perseguição do pagano, e os seguidores do bispo Teófilo, destruíram todos os livros depositados no Serapeum de Alejandría, os restos da Grande Biblioteca e as dos templos. O sacerdote hispano Paulo Orosio, que viajou a Alejandría vinte anos depois, escreveu em suas Histórias contra os paganos: «Existem hoje templos, que nós temos visitado, cujos estantes de livros têm sido esvaziados pelos homens de nosso tempo».[2]

A biblioteca da residência dos papas em Letrán, dispunha de numerosos livros de diversos autores clássicos gregos e latinos que foram ordenados queimar por Gregorio I (590) «o cónsul de Deus», se perdendo exemplares de Cicerón, Tito Livio e outros muitos autores, alegando que «os jovens preferem essas leituras ao Novo Testamento». A partir deste pontífice considerou-se que a sozinha proximidade de um livro pagano pode pôr em perigo uma alma piedosa.[3]
Egipto é declarado islâmico em 604; os Livros da sabedoria estavam depositados nos Tesouros reais, mas em 633 Omar proclamou: «...se o que diz neles é conforme ao Livro de Deus não permite os ignorar, mas se há algo neles contra o Livro, são maus, seja como seja, os destrói.» Utilizaram-se como combustível.
Por ter-lhe privado de seu amor, a esposa do rico príncipe fatimí Mahmud ao Dawla bin Fatik, após seu fallecimiento destruiu sua biblioteca, uma das mais quatro admiráveis de O Cairo. O príncipe, grande poeta, adorava ler e escrever noite depois de noite.

Os cruzados sitiaram Trípoli em 1099. Rendida a cidade sem combate, os vencedores, entre outras tropelías, prenderam fogo à Biblioteca. Um sacerdote, vendo a multidão de edições do Corán depositadas em seus estanterías ordenou seu incêndio.
A Biblioteca de Constantinopla é de novo devastada pelos turcos no 1453.
A biblioteca da Madraza de Granada, a primeira Universidade desta cidade, foi assaltada pelas tropas do cardeal Cisneros, no final de 1499, os livros foram levados à praça de Bib-Rambla onde se queimaram em pública fogueira. O edifício da Madraza uma vez clausurada a Universidade foi doado pelo rei Fernando para Cabildo (Prefeitura) da cidade, em setembro de 1500.

A Biblioteca Nacional de Sarajevo foi queimada no final de agosto de 1992. O incêndio foi causado pelo fogo de artilharia do exército sérvio-bosnio. O edifício não tenía valor estratégico nem importância militar, mas constituía o grande simmbolo de identidade de um povo; possuía uns dois milhões de livros e milhares de documentos e manuscritos de grande valor, conservados ao longo de séculos tanto por muçulmanos como por sérvios ortodoxos, croatas católicos e judívos.
Em 2003, queima-a de um millon de livros na biblioteca Nacional do Iraque.»

Imagem: A queima de livros, Berlim, 1933
www.educ.fc.ul.pt/.../opombo/album/perigos.htm




terça-feira, 27 de julho de 2010

BNA, Banco Nacional de Angola, o Banco do Povo


Já não existe palavra para definir esta mixórdia. Que final nos aguarda, neste caos democrático? O colapso total? Parece que é isso mesmo.
Isto é uma fábrica de cinismo.

«Polícias de Viana apoderam-se do dinheiro desviado do BNA
Sociedade. Sexta, 23 Julho 2010 18:38

Luanda - O PAÍS apurou de uma fonte ligada às investigações do caso que agentes policiais colocados na unidade conhecida como Controlo de Viana participaram num “festim” de distribuição de dinheiro que esteve na posse de um funcionário do sector de contabilidade do Banco Nacional de Angola.

José Kaliengue. Fonte: O Pais CLUB-K.NET

Fernando Monteiro, esteve ausente do local de trabalho aquando da eclosão do escaldante caso por um período de três meses, mas curiosamente, garantiu uma fonte deste jornal, o seu local reservado no livro do ponto continuava assinado por uma pessoa ainda não identificada, prenunciando haver uma certa concertação prévia.


Fernando viu a casa assaltada por agentes da esquadra do Controlo de Viana quando foi accionado o alerta de que ele estaria a ser procurado pela justiça pela sua alegada implicação no “Caso BNA”.

Segundo uma fonte ligada ao processo de investigação corroborada por outras fontes familiares aos integrantes da corporação policial, os agentes da autoridade acabaram por retirar da casa volumes com dinheiro que foi dividido entre si num descampado, nos arredores da sua casa, à vista de transeuntes.

As fontes precisam o local onde tudo se passou como sendo um campo situado no bairro conhecido como Coelho, nas imediações da empresa Sol Dourado, ao Quilómetro 9, em Viana. Segundo as mesmas fontes, Fernando Monteiro tinha guardados em casa oito sacos e cinco pastas cheias de dinheiro que fontes bancárias dizem que eram em notas de dois mil Kwanzas destinadas à queima.

Uma fonte ligada, ao processo de investigação confidenciou entretanto que os volumes estavam completamente cheios de dólares americanos totalizando um montante que não pôde precisar.

A área de investigação criminal do comando da divisão de Polícia de Viana reagiu já tardiamente e pôde fazer muito pouco para recuperar a parte do dinheiro surripiado.

Fontes deste jornal disseram que os agentes da autoridade que se locupletaram com os valores estão a exibir, neste momento, sinais de ostentação de riqueza que fogem dos padrões permissíveis pelo seu estatuto remuneratório. Entre este sinais constam a exibição de viaturas de marca Toyota Rav-4 e alguns deles se dedicam agora à venda de viaturas usadas.

Detenções continuam no BNA
Foi detida, na última segunda-feira, mais uma funcionária também do sector de contabilidade do banco central supostamente implicada nas trafulhices que acabam sempre no desfalque de importantes somas monetárias.

Segundo a fonte de O PAÍS, a funcionária já vinha sendo buscada no fim-de-semana passada em casa, na igreja e até na escola mas sem sucesso, acabando por ser detida no bar do BNA onde se encontrava a tomar o pequeno almoço.

Uma outra fonte revelou que militares e polícias terão esquadrinhado na última sexta-feira o Centro Cultural Português onde uma funcionária do BNA, implicada no caso, estaria a prestar provas para onde frequentava um curso numa instituição de ensino superior à distância, na qual estava matriculada.

Ao que constou a este jornal a situação das últimas detenções envolvem também funcionários de outras empresas que alegadamente estariam ligados ao esquema de extracção de valores financeiros do banco central, nomeadamente de empresas petrolíferas internacionais como a ENI, por exemplo.

Este jornal apurou, posteriormente que as duas funcionárias detidas na quinta-feira da semana passada, uma delas pelo menos está encarcerada com o filho em nome de quem estava registada a empresa em cuja conta bancária foram depositados os valores duplicados para pagamento de falsas aquisições de cabazes para os funcionários do banco.

A descoberta acabou por ser feita pelo facto do BNA ter um fornecedor oficial da mesma mercadorria, levantando fundadas suspeitas a existência de pagamentos de cabazes fornecidos por uma segunda empresa.

Entram 40 funcionários novos no BNA Era esperável que a sangria de quadros que o Banco Nacional de Angola está a conhecer com as detenções de funcionários redundaria na necessidade de contratação de mão-de-obra para prover as áreas afectadas com as detenções. Com efeito, O PAÍS apurou que foram admitidos nos últimos tempos, nos quadros do BNA, 40 jovens com formação superior através de um processo que não obedeceu a um concurso público e admitidos com um salário que ronda os trezentos mil Kwanzas, o que, no entender da fonte deste jornal, levanta algumas interrogações.

A fonte precisou ainda que a questão da remuneração terá sido uma das causas do envolvimento de funcionários bancários, a vários níveis, no esquema da delapidação das reservas do BNA. Por exemplo, disse a fonte, o salário dos agentes de segurança do banco não chegava aos 40 mil Kwanzas mensais.

Peixe miúdo… A sociedade tem-se questionado sobre o facto de apenas funcionários de base estarem a ser acusados de participarem dos crimes de que estão a ser imputados aos acusados.

O PAÍS apurou, entretanto, que pelo menos uma funcionária sénior do BNA que durante algum tempo esteve ligada à direcção do nevrálgico sector de gestão de reservas tem a residência vigiada e com interdição de viagem.

Alguns observadores do caso em pauta consideram-na mesmo uma peça fundamental de todo este processo caso venha a abrir a boca nas investigações do caso BNA.

Ao PAÍS chegaram informações que não foi possível apurar que estão envolvidos no caso funcionários de alto nível, mas que por razões ponderosas não estão a ser detidos, além de que se lhes foi exigida a devolução dos bens registados em seu nome. Nesta senda alguns condomínios estão a ser vendidos ou cedidos à custódia das autoridades para ressarcir os danos causados aos cofres públicos. É sintomático o facto de a página de anúncios classificados do Jornal de Angola contém uma série de anúncios a dar conta da venda de imóveis na nobre área de Talatona, Lar do Patriota, Mussulo e Benfica, prenunciando uma espécie do “subprime” angolano que vários especialistas haviam advertido que um dia poderia acontecer. Também nos últimos tempos algumas instituições bancárias têm estado a convocar determinados clientes que terão contraído créditos, mas que não conseguem honrar os compromissos com as prestações regulares criando uma situação de crédito mal parado para a banca.»

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Criança morta pela polícia no Sambizanga


Bastidores. Sexta, 23 Julho 2010 17:34
Luanda - Uma criança de sete anos terá sido morta esta manhã por um agente da polícia nacional, segundo constatou a Rádio Ecclesia.

Fonte: Apostolado CLUB-K.NET

Aconteceu na Rua da Hungria, no município do Sambizanga, quando efectivos da corporação perseguiam um grupo de marginais.


Celso Domingos, de 7 anos de idade, caminhava em direcção à escola quando foi atingido mortalmente por um disparo.

Ainda segundo a Emissora Católica de Angola, outra criança de 13 anos foi levada ao Hospital Américo Boavida em estado grave.

“A criança saiu do quintal para ir à escola. Escutamos dois tiros, dois disparos e quando corremos para ir para a rua encontramos a criança deitada” – confirma a tia da vítima.

“Disseram que apanhou dois tiros da cabeça. São polícias da nona Esquadra que estão a andar a civil a correr atrás dos senhores que vendem droga” – afirmou

A polícia tem outra versão dos factos. Segundo o porta-voz da corporação, Jorge Bengue, foi na sequência de uma troca de tiros que as crianças foram atingidas.

“Uma sessão de troca de tiros que não durou mais do que um minuto. A seguir os jovens meteram-se em fuga. Tínhamos nesta zona uma patrulha nossa no seguimento de um trabalho que temos estado a levar a cabo nos últimos meses” – precisou.

“A nossa patrulha detectou três jovens indiciados na prática de vários crimes. São jovens que sobre eles pesava um mandado de captura por prática de roubos, furtos, consumo e pequeno tráfico de droga naquele município” – informou ainda.

“Na tentativa de se escaparem do cerco da policia, estes dispararam contra a nossa patrulha. Destes disparos, devo sublinhar que ficou ferido um oficial da policia, o senhor José Miguel, na zona facial direito, bem como os mesmos disparos efectuados por esses indivíduos atingiram duas crianças, sendo um rapaz de 13 anos que faleceu no local e uma menina de sete anos” – disse o porta-voz da polícia.

Em solidariedade aos familiares do pequeno Celso a vizinhança protestava, dizendo que “este é mais um dos actos irresponsáveis da polícia”.

“Deram dois tiros. Um furou o bidão e o segundo, tocou no miúdo e na menina no pescoço. Ainda por cima, mataram e põem a arma no bolso, correm e vão para a esquadra. Tem que se processar os senhores” – disse uma vizinha.

sábado, 24 de julho de 2010

Filhos de membros do regime do MPLA gastam € 6000 na discoteca em Lisboa


Bastidores. Terça, 20 Julho 2010 18:12
Londres - Ivan Morais, filho do ex-ministro das finanças de Angola, Pedro de Morais e Joca Carneiro, um filho do general Higino Carneiro, ambos, presentemente de férias em Lisboa, gastaram € 6 000 numa só noite, no passado dia 18 de Julho (domingo) na discoteca Belém Bar Café (BBC) em Lisboa (Situada no lado oposto da rua do palácio de Belém).

Fonte: Club-k.net

Filha do Vice-PR opta por não seguir exemplo
Ambos solicitaram uma “sala súper VIP” da discoteca BBC, restritamente para os dois e suas respectivas amizades ao qual foi lhes solicitado a quantia em referencia. Tinha direito ao número ilimitado de bebidas e garrafas de Champanhe da marca Moët & Chandon (A mais cara do mercado).

Na discoteca Belém Bar Café (BBC) onde esteve Ivan Morais e Joca Morais, estiveram também outros filhos de dirigentes angolanos com realce a Fernanda dos Santos “Nadia”, filha do Vice Presidente angolano mas que no entanto os seus gastos não foram da mesma proporção que os outros dois rapazes. Nadia que esta de férias em Portugal (vive em Londres) não solicitou por exemplo acesso a uma das áreas VIP normais onde naquela noite estavam músicos como Maya Cool, Eddy Tussa, Puto Prata e Nagrelha. A Jovem optou por misturar-se com o “povo”.

Em privado, Ivan de Morais justificou aos que lhe são próximos que pretendia um “espaço privado” porque estava “a viver problemas” em Angola devendo regressar ao país nas próximas duas semanas. (Diz-se que o seu estado de depressão poderá estar ligado ao estado da mãe do seu pai, tratada por Avo Isabel que nos últimos dias tem manifestado sinais de saúde debilitada devido a idade avançada).

Nos dias anteriores, Ivan Morais foi visto em outras discotecas em Lisboa tida como uma das mais caras na capital Lusa. (Uma cerveja custa € 15 enquanto que a garrafa de Champagne Moët & Chandon, chega a custar € 300).

De recordar que Joca Carneiro e Ivan Morais fazem parte da administração da Global Seguros em Angola, empresa de seguros pertencentes aos seus progenitores. (Ivan é accionista do Banco BNI e é o filho do ex Ministro a quem o pai passa alguns bens em seu nome). Em meios ligados aos filhos de elementos do regime do MPLA, Ivan é “respeitado” por ter a fama de jovem que “gasta muito”.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

«Angola é Pior que Guiné-Equatorial» - Rafael Marques


Política. Quinta, 22 Julho 2010 16:19
Luanda - Situação de direitos humanos na Guiné Equatorial não é razão para impedir a sua entrada na CPLP porque há situações piores, diz o activista angolano Rafael Marquês (na foto).

Fonte: VOA CLUB-K.NET

A adesão da Guiné Equatorial à Comunidade de Países de Língua Portuguesa, CPLP, continua a provocar controvérsia. Muitos opõem-se a isso, mencionando o regime ditatorial e a situação de direitos humanos no país.


Marques, disse surpreendentemente que essa não é razão para se excluir a Guine Equatorial de aderir.

Isto porque na perspectiva de Rafael Marques a situação de direitos humanos em alguns dos países da CPLP é bem pior do que na Guine Equatorial.

Crise financeira dá oportunidade à máfia de lavar dinheiro


A crise financeira e consequente redução do crédito concedido à economia, está a permitir à máfia entrar no capital de empresas.
A crise do sistema financeiro europeu está a reduzir o crédito disponibilizado à economia e a favorecer actividades de lavagem de dinheiro por grupos de crime organizado, reporta a Bloomberg, que cita o banco central de Itália.

21 Julho2010 | 11:03 Hugo Paula - hugopaula@negocios.pt
JORNAL DE NEGÓCIOS

“A crise deu espaço ao crime organizado para se desenvolver porque o acesso ao crédito se tornou mais difícil”, disse a directora geral adjunta do banco central de Itália, Anna Maria Tarantola à Bloomberg. “Quem quer que detenha grandes quantidades de dinheiro, como os grupos criminosos, pode fazer investimentos que não são possíveis para os outros. Agora podem investir em actividade totalmente legais”, acrescentou.

A economia italiana decresceu 5% no ano passado e banco central do país antecipa um crescimento de 1% em 2010. A concessão de crédito abrandou em 2008 e 2009, e aparentemente não está a ser suficiente para os negócios mais pequenos, segundo o banco central do país.

As autoridades italianas encerraram no ano passado o famoso Café de Paris, em Roma, com alegações de que este era detido pelo grupo mafioso ‘Ndrangeta. A “Cosa Nostra” terá utilizado cadeias de supermercados que detém, também com o propósito de lavar dinheiro, segundo relatórios dos tribunais citados pela Bloomberg.

No ano passado, o crime organizado aumento as suas receitas em 4% para 135 mil milhões de euros, de acordo com o grupo de anti extorsão, SOS Impresa. As detenções de membros de máfias têm sublinhado a crescente importância da lavagem de dinheiro nos negócios legítimos, refere a Bloomberg, que cita as detenções de memros de grupos de crime organizado.

A polícia italiana prendeu 300 membros da 'Ndrangheta, a máfia mais próspera do país, na semana passada e hoje emitiu mandatos de prisão para mais 67.

O samaritano solitário


Guangzhou, Guangdong (Southern Metropolis Daily - 5 de setembro de 2007)
Em um ônibus lotado com mais de 60 passageiros, 2 homens derrubaram uma senhora no chão e tomaram o telefone celular dela. Zheng shanbing (郑善彬), um homem de 26 anos que serviu como soldado por dois anos, se jogou de uma vez e expulsou os ladrões.

No entanto, naquele momento, outros 6 bandidos correram para o ônibus e cercaram Zheng, juntos os 8 homens o espancaram por 7 minutos. Durante os 7 minutos, os 60 passageiros se mantiveram ali, sem que ninguém viesse a ajudá-lo. Em meio ao caos, quando a senhora foi jogada na multidão, as pessoas apenas a evitaram, como se ela fosse uma praga.

Paula Góes Editora de Língua Portuguesa
http://pt.globalvoicesonline.org/2007/10/13/china-fragil-moralidade/

Quando os 8 bandidos escaparam, a camisa de Zheng estava rasgada, cheia de marcas. O telefone celular dele também tinha sido roubado. Os passageiros entorpecidos e o motorista olhavam para eles silenciosos. A senhora, sentida, lançava olhares furisos, gritando, “Onde está a consciência de vocês?! Vocês não vão dormir tranquilos hoje!”

A reportagem e a penetrante praga da senhora causaram fúria na internet contra os passageiros. Não foi a primeira vez que algo do tipo aconteceu. É o que os chineses chamam de “Ver um Homem Morrendo sem Ajudá-lo”. Cansados de tanta apatia e entorpecimento, alguns internautas, mais do que lançar fúria e condenar, aproveitaram o assunto para refletir sobre a falta do bom samaritano e a degeneração da moralidade na sociedade chinesa contemporânea.
San Jieyaoxian reclamou que os padrões de moralidade de hoje em dia deterioraram:

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Como a China está conquistando os recursos e as lealdades dos países da África


Amiga ou predadora? - Pequim está desafiando o Ocidente ao aumentar a sua influência no mais pobre dos continentes, embora alguns africanos questionem o valor dessas relações

Dos correspondentes do FT
http://manoeldiasbrazil.spaces.live.com/blog/cns!3657E47F95D68560!521.entry

Alguns enxergam nisso um relacionamento temporão, outros acreditam tratar-se de uma nova forma de colonialismo. De qualquer maneira, a China está ampliando de forma rápida e resoluta a sua influência em todo o continente africano, à medida que as suas companhias se adentram em um terreno no qual as empresas ocidentais hesitam em ingressar.

O avanço chinês --apoiado pelo governo, liderado por corporações estatais e impulsionado pela ânsia de assegurar os suprimentos de petróleo-- modificou, em um período de poucos anos, o padrão de investimentos e comércio na África.

Até pouco tempo atrás um ator secundário na África, a China está consolidando a sua posição como um dos principais parceiros comerciais do continente, atrás dos Estados Unidos, e da França, já tendo superado o Reino Unido.

Para a China, a África oferece uma dimensão extra: é um continente três vezes maior do que o território chinês, com uma população menor que a chinesa, sendo rica em várias das matérias-primas das quais Pequim necessita. Petróleo de Angola, platina do Zimbábue, cobre de Zâmbia, madeiras tropicais do Congo, ferro da África do Sul: todos estes produtos estão na lista de compras da China.

Em troca, os chineses oferecem vantagens aos governos africanos. Eles trazem experiência de primeira mão em desenvolvimento rápido, estão familiarizados com as condições nos países pobres, e não manifestam preocupações ou escrúpulos quanto aos padrões de governança ou aos direitos humanos.

De uma forma diferente da competição ideológica que ocorreu na África durante a Guerra Fria, a China está emergindo vigorosamente como uma opção alternativa a governos mais acostumados a lidar com as ex-potências coloniais européias e os Estados Unidos.

Em um determinado nível, a China está envolvida com a captação direta de recursos, investindo bilhões de dólares nas zonas petrolíferas promissoras. Mas o país está também engajado em uma mistura de construção de influência e de oportunismo.

Assim como os ex-colonizadores da África, a China consolida as suas relações políticas e comerciais com auxílios, concessões especiais, reduções de dívidas, bolsas de estudos, treinamento e fornecimento de especialistas. Recentemente, Pequim enviou à África tropas mantenedoras da paz e, talvez o mais surpreendente, observadores eleitorais.

Ao mesmo tempo e, novamente, como os principais parceiros ocidentais da África, os chineses têm se mostrado dispostos a reforçar os seus compromissos com assistência militar e armamentos, fornecendo equipamentos a países como o Zimbábue e o Sudão, nos quais outros fornecedores estão impedidos de atuar devido a embargos.

Na Angola da era pós-guerra civil, empreiteiras chinesas estão reconstruindo a lendária estrada-de-ferro Benguela, obra originalmente concluída por uma companhia britânica na década de 1920, entre o coração da África, rico em minerais, e a costa do Atlântico.

Em Uganda uma companhia chinesa está transformando decrépitos prédios estatais em Entebe em um complexo de cerimoniais para a reunião do Commonwealth no ano que vem.

O comércio entre a China e a África quase quadruplicou desde o início desta década, crescendo 36% no ano passado, e chegando ao patamar de US$ 39,7 bilhões, segundo estatísticas oficiais chinesas. Cerca de metade das exportações chinesas é composta de maquinários, equipamentos eletrônicos e produtos de alta tecnologia.

Dezenas de milhares de chineses se mudaram para a África, incluindo operários em países como Etiópia e Botsuana, assim como engenheiros, comerciantes e pequenos empresários. Um estudo revelou que o número de chineses registrados no Sudão triplicou desde o final da década de 1990, chegando a quase 24 mil em 2004.

O turismo chinês na África também passa por forte expansão e, segundo os números oficiais, a quantidade de turistas chineses que visitaram o continente dobrou no ano passado, chegando a 110 mil.

Segundo o governo de Pequim, mais de 600 companhias de capital chinês se estabeleceram na África nos últimos dez anos. Entre elas estão indústrias manufatureiras que produzem para os mercados regionais, ou que, possivelmente, exportam para a União Européia (UE) ou os Estados Unidos, beneficiando-se do acesso isento de tarifas a produtos dos países africanos mais pobres.

A busca da China por aliados políticos africanos remonta às décadas de 1960 e 1970, quando o país tentava obter favores tanto do Ocidente quanto da União Soviética --construindo estádios, ministérios e, o mais espetacular, uma ferrovia de 1.850 quilômetros ligando a região central de Zâmbia ao porto de Dar-es-Salaam, na Tanzânia, um projeto que foi recusado pelos governos e empresas ocidentais.

Alguns países africanos transferiram a sua lealdade para Taiwan durante a década de 1990, quando Pequim e Taipei disputavam apoio no continente.

Mas, atualmente, apenas seis das 53 nações africanas --Burkina Faso, Chade, Gâmbia, Malawi, São Tomé e Príncipe e Suazilândia-- não mantém relações com Pequim. O Senegal foi o mais recente país africano a se aproximar da China, no ano passado.

Li Zhaozing, o ministro chinês das Relações Exteriores, fez uma visita bastante divulgada a seis países africanos no mês passado. A viagem, que incluiu passagens pela Nigéria e pela Líbia, dois grandes produtores de petróleo, também enviou um sinal aos países menores a respeito do auxílio técnico e financeiro que eles podem esperar em troca de cooperação.

Hoje em dia, a política da China está subordinada a objetivos econômicos, com interesses focados não apenas no petróleo e nos metais estratégicos, mas também nos recursos alimentares.

Como atores que ingressaram com atraso na África, as companhias chinesas têm demonstrado disposição para assumir riscos que outros investidores repeliram, e para ingressar em países desprezados pelas potências ocidentais.

Em Serra Leoa, eles preencheram discretamente um vácuo em diversos setores, desde o hoteleiro até o manufatureiro, enquanto o governo chinês fortaleceu a marinha do país, ao doar a esta um veículo para patrulha dos recursos pesqueiros leoneses.

Um documento sobre políticas do governo chinês divulgado no mês passado atesta o compromisso por parte de Pequim de facilitar o acesso de produtos africanos ao mercado chinês, de isentar alguns desses produtos de tarifas e de encorajar os investimentos chineses na região, apoiados por empréstimos preferenciais e créditos aos compradores. Ele estabelece uma frente ampla de cooperação, que inclui os setores agrícola, de transporte, de turismo e de defesa, assim como o de recursos naturais.

Embora um estudo do Departamento de Energia dos Estados Unidos, divulgado neste mês, tenha concluído que as aquisições chinesas de patrimônios no estrangeiro são economicamente neutras para o governo norte-americano, ele chama atenção para problemas potenciais oriundos da disposição da China em negociar com regimes despóticos.

O exemplo mais nítido de como a busca de energia por parte da China conflita com as políticas ocidentais é o caso do Sudão, um produtor emergente de petróleo no qual a China é o principal investidor e o cliente dominante. A China tem lançado mão consistentemente do seu poder de veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para bloquear as tentativas lideradas pelos Estados Unidos no sentido de impor sanções contra o Sudão devido às atrocidades cometidas em Darfur.

Uma autoridade sudanesa descreve a presença da China como importante, "não só sob o aspecto econômico, mas também no plano político". Desde que entrou no setor petrolífero do Sudão, a China tem aumentado as suas vendas de armas ao país, incluindo aviões de caça. A fabricação de armas e munições chinesas no Sudão complica os esforços para cumprir um embargo da ONU para impedir as remessas de armas às milícias em Darfur.

Armas e rádios de fabricação chinesa estariam sendo usados na fronteira do Chade --onde a França mantém uma guarnição militar-- por rebeldes que atuam com o apoio sudanês.

Em Angola, país arruinado pela guerra, os chineses ingressaram em um dos ambientes mais inóspitos do mundo para os investimentos, oferecendo um crédito de US$ 2 bilhões, lastreado no petróleo, em um momento no qual os bancos ocidentais e as instituições internacionais se mostram cautelosas na hora de emprestar dinheiro ao país.

Um acordo entre Angola e o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi postergado, principalmente devido às dúvidas do FMI quanto à forma como o governo angolano gerencia o dinheiro arrecadado com o petróleo. Desconfianças similares impediram a realização de uma conferência de doadores internacionais.

"Os chineses estão oferecendo o empréstimo como uma alternativa a trabalhar com o FMI", diz Princetonn Lyman, diretor de estudos de políticas para a África do Conselho de Relações Exteriores em Washington.

Até o momento, a visão africana com relação ao acelerado envolvimento da China com o continente tem sido amplamente positiva. A China é tida no continente como um modelo de modernização, mais sensível às necessidades africanas do que os parceiros ocidentais, capaz de construir represas, estradas e pontes mais rapidamente e de forma mais barata, além de fornecer produtos de consumo mais condizentes com o poder aquisitivo africano.

Embora os países da África que não produzem petróleo tenham sofrido com os altos custos das importações, o continente também se beneficia com a elevação dos preços dos seus produtos, provocada pela demanda chinesa.

Mas as críticas também crescem. Comerciantes de Cabo Verde à Namíbia reclamam da invasão chinesa. Em Lagos, o principal canal comercial do oeste da África, as autoridades nigerianas têm expulsado os comerciantes chineses que não possuem licença para atuar no país.

As companhias da China são criticadas por preferirem os trabalhadores chineses ou, quando empregam nativos, por proporcionarem más condições de trabalho.

Os produtos baratos de consumo da China prejudicam a produção local. Fábricas de vestuários têm fechado as portas em toda a África, com efeitos devastadores para países como Lesoto, onde algumas destas fábricas eram de propriedade chinesa.

Há um clamor por medidas protecionistas. Quando a Federação de Trabalho Cosatu, da África do Sul, comemorou o seu aniversário em dezembro, os participantes tiraram as suas camisas vermelhas do sindicato, manifestando repulsa, ao descobrirem que as roupas foram fabricadas na China.

"Não existe nenhuma relação altruísta entre a China e a África", diz Lyal White, do Instituto Sul-Africano de Relações Internacionais. "O interesse da China não está nos produtos manufaturados de alto valor que a África do Sul deseja promover. Para Pequim, a África é uma arca do tesouro repleta de matérias-primas, e é isso o que a China quer".

Chris Alden, um especialista da Escola de Economia de Londres, diz a respeito dessa relação: "Os africanos estão começando a encarar isto como uma faca de dois gumes".

Enquanto em alguns países o envolvimento da China parece ser benigno, em outros a abordagem chinesa mina os esforços por parte da União Africana e dos parceiros ocidentais no sentido de tornar os governos e as empresas mais transparentes e responsáveis.

A cooperação chinesa se constitui em um salva-vidas para governos de países como Togo, cujos auxílios financeiros europeus foram praticamente extintos, além de proporcionar conforto a regimes tirânicos.

Uma visita a Pequim em novembro por Jendayi Frazer, secretário assistente de Estado dos Estados Unidos para questões africanas, marcou apenas um primeiro passo quanto à interação de Washington com a China com relação à África.

A China não fornece dados relativos a auxílios para desenvolvimento, e não declara desde 1996 as suas vendas de armas ao departamento da ONU responsável por contabilizar estas transações. Além do mais, os motivos por trás da assistência tecnológica prestada aos africanos vêm sendo questionados.

Para o lançamento de um satélite no ano que vem, a Nigéria recorreu à Corporação Industrial Grande Muralha, uma companhia chinesa que é alvo de sanções econômicas dos Estados Unidos por ter, supostamente, fornecido ao Irã tecnologia que poderia ser útil para um programa de armas nucleares.

Uma autoridade nigeriana graduada da área de relações internacionais vê as coisas da seguinte forma: "A impressão é que a China está atingindo o patamar de envolvimento na África dos países ocidentais. Sendo um país em desenvolvimento, a China nos entende melhor. Eles estão também dispostos a colocar mais ofertas sobre a mesa. Por exemplo, o mundo ocidental nunca está preparado para transferir tecnologia pra nós --mas os chineses estão. Segundo a nossa ótica, embora a tecnologia chinesa possa não ser tão sofisticada quanto aquela de alguns governos ocidentais, é melhor contar com tecnologia chinesa do que não possuir nenhuma tecnologia".

Tradução: Danilo Fonseca

Roberto De Almeida Ordenou A Suspensão Compulsiva Do Docente Universitário Na Agostinho Neto



Destaques

Terça, 20 Julho 2010 19:14
Lisboa - O ano de 1984 foi o “consagrado”, “Ano da Defesa e da Produção”. Assim sendo, honrado as insígnias do referido ano, o Senhor Roberto de Almeida, recomendou: O professor João Deves (à dir.) “deve imediatamente ser dispensado - função docente Agostinho Neto - em virtude das concepções ideológicas que perfilha, contrarias à teoria marxista”.

Fonte: Club-k.net

Professor João Daves, 26 anos depois:
Solicita reintegração na Universidade Agostinho Neto, renumeração e justiça
As recomendações do ex-patrono para Esfera Ideológica do MPLA-PT, Roberto de Almeida, contra o Professor João Daves não pararam por ai segundo o “Urgente e confidencial” documento que o Club-k teve acesso:
- Accionar no sentido de impedir a viagem desse docente ao estrangeiro;
- Muito urgente: Ao departamento (DAPP e Gabinete de Estudos). Elaborar nota enviada para o Gabinete do Presidente da Republica a att. do C/da Aldemiro Vaz da Conceição informando das razoes da não materiorização da autorização superior ... referente ao curso de pós-graduação para a RDA;
- Ao Gabinete de estudos INABE: Informar da não deslocação do interessado a RDA por este ter sido desvinculado da docência.

Por outro lado, o professor João Daves apresentou recentemente no tribunal de Luanda uma “Queixa contra o Senhor Roberto de Almeida” (anexo), na qual solicita renumeração “dos prejuízos morais, financeiros e materiais causados ao signatário incluindo, entre outros, salários e regalias de Docente e Investigador da Universidade A. Neto durante o período de vigência da decisão do Partido”.

Confira os pormenores do assunto (documentos) no link em anexo:

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O MPLA pode manter-se no poder, mas perderá a actual hegemonia - Abel Chivukuvuku


Luanda - Falando em exclusivo para este canal, o político abordou a situação prevalecente no país, à luz da nova Constituição. Estabelece comparações entre o que aconteceu aquando da entrada em vigor da lei Constitucional de 1991 quando Angola adoptou um novo regime político e concluiu que não houve mudanças qualitativas na actual III República.

Fonte: VOA CLUB-K.NET

Não houve Mudanças Qualitativas na Actual III República

Citando Vital Moreira notabilizado constitucionalista quando qualifica “Superlativo” o presidencialismo de Angola ao concentrar poderes na pessoa do presidente da República de forma exacerbada, o nosso entrevistado nota sinais de retrocesso.

Sobre o futuro do país a médio e longo prazo, Chivukuvuku elegeu o fim do ciclo político histórico do presidente Eduardo dos Santos como variável essencial no cenário que designou de “mais provável” de ocorrer, entre outros dois imediatamente a seguir na ordem decrescente classificados “de provável” e “o menos provável”.

No designado “cenário provável” o MPLA partido que governa pode manter-se no poder, mas perderá a actual hegemonia diz o político.

No “menos provável” dos cenários não acredita que ocorram em Angola mudanças instantâneas motivadas por levantamentos, golpes de Estado ou qualquer outro género de perturbações.

Sobre a saúde da oposição em Angola de um modo geral disse que a primeira percepção com que se fica é de uma fragilidade perante a hegemonia asfixiante do actual regime político.

Sobre o seu futuro individual diz-se aberto enquanto angolano patriota. Aceitaria liderar iniciativas políticas enquanto patriota.

E julga que deve manter-se na política activa por mais 12 anos, altura em que passará o testemunho as novas gerações para dedicar-se a escrita e realizar viagens para descobrir um pouco mais sobre esta coisa boa que Deus criou, alusão a terra.

domingo, 18 de julho de 2010

Em Moçambique. Projecto de plantação de jatropha é imoral e perverso


– Considera a Associação dos Amigos da Terra, sedeada em Bruxelas. Com ela corrobora a Justiça Ambiental moçambicana.


Maputo (Canalmoz) – O grupo verde designado “A Friends of the Earth” (Amigos da Terra) de Bruxelas critica os planos de expansão de produção de biocombustíveis em Moçambique. Classifica os acordos para promover a produção de biocombustíveis em África, “para alimentar carros europeus, de imoral e perverso”.
As contestações surgem no âmbito de um acordo entre a União Europeia e o Brasil para expandir a produção de biocombustíveis em Moçambique.

O activista para alimentação e agricultura da “Friends of the Earth Europe”, Adrian Bebb, refere que “a crescente expansão de biocombustíveis em todo mundo não está apenas a prejudicar o ambiente, mas também, muitas vezes, prejudica a subsistência das pessoas e o acesso aos alimentos”.
Adrian Bebb considera que usar milhões de hectares de terras agrícolas para plantações de jatropha e cana-de-açúcar em Moçambique, um país que sofre de fome persistente, para cultivo de culturas para alimentar carros europeus, é imoral e perverso. Os biocombustíveis não são uma solução para os problemas da mudança climática global, nem da segurança energética ou da pobreza em Moçambique.

Anabela Lemos, da Justiça Ambiental, em representação da “Friends of the Earth” em Moçambique, diz que “a expansão de biocombustíveis no nosso país está a transformar florestas e vegetação naturais em culturas de combustíveis, está a retirar terras férteis das comunidades que estão a cultivar alimentos, e a criar más condições de trabalho e conflitos com a população local pela posse de terra. Nós queremos investimentos reais em agricultura que nos permitam produzir alimentos e não combustível para carros estrangeiros”.
Adrian Bebb diz que os objectivos dos biocombustíveis europeus é que estão a causar esta expansão global. Diz ainda que as políticas da União Europeia já estão a causar disputa de terras e desflorestamento em todo o Sul. Em vez de fazerem acordos para conseguir mais terras no Sul, a União Europeia deveria eliminar a sua política de biocombustíveis, investindo numa agricultura amiga do ambiente e diminuindo a energia que usamos para transporte, defende Bebb.

(Redacção) 2010-07-16 08:04:00

Cuba. REGISTOS VERBAIS



“En Cuba se entra o se sale de la cárcel por razones de Estado, no de derecho.” (Em Cuba entra-se ou sai-se na Cadeia por razões de Estado, não de Direito) - Carlos Alberto Montaner, escritor cubano

“Imponerse es de tiranos, oprimir es de infames" (Impor-se é de tiranos, oprimir é de infames) - José Martí

CANALMOZ 2010-07-16 08:13:00

Imagem: http://www.chargeseditoriais.com/

Zimbabwe. Rede ferroviária à beira do colapso


Pretoria (Canalmoz) - O gerente geral dos Caminhos de Ferro do Zimbabwe (NRZ), Mike Karakadzai, afirmou que a totalidade da rede ferroviária do país enfrenta o colapso devido a negligência. Karakadzai disse que o governo deveria acelerar a abertura do sector ferroviário a entidades privadas como forma de aliviar o fardo suportado pela empresa estatal, NRZ.


De acordo com Karakadzai, “os NRZ possuem recursos limitados para a manutenção da rede ferroviária que se encontra em mau estado”. Referiu que a “rede ferroviária está em adiantado estado de deterioração e à beira do colapso devido à falta de manutenção periódica”.
Nos seus tempos áureos, as infra-estruturas empresa eram consideradas das melhores do mundo. As condições das vias férreas eram mantidas em condições superiores de funcionamento. A situação caótica com que depara a NRZ levou o Banco Mundial a recomendar em Dezembro do ano passado o encerramento de diversos troços da rede ferroviária nacional.

(Redacção / The Independent)

2010-07-16 08:15:00

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Justino Pinto de Andrade. “Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo…”?


9. Somos, também, contraditórios quando nos referimos ao peso do petróleo na formação do nosso Produto Interno Bruto. Por exemplo, em finais do mês de Novembro de 2009, o então Ministro da Economia, Manuel Nunes Júnior, afirmou, no Parlamento, que o sector não petrolífero da nossa economia contribuía já com apreciáveis 58% para a formação do PIB, pelo que restariam tão-somente 42% para o sector petrolífero.

JUSTINO PINTO DE ANDRADE jpandrade.blogspot.com/

Na voz do Ministro, isso significava uma clara inversão da importância da posição desses sectores. Estávamos perante uma mudança estrutural importantíssima para a nossa economia, com consequências positivas na criação de muito mais empregos e uma significativa melhoria no bem-estar das populações.

10. Na sua intervenção no Parlamento, o Ministro Manuel Nunes Júnior ilustrou resumidamente o percurso do PIB a partir do ano de 2006. Nesse ano, o crescimento do sector não petrolífero teria sido superior ao do sector petrolífero. Em 2007, o crescimento do sector petrolífero fora de 20,4%, e o do sector não petrolífero de 25,7%. Em 2008, o crescimento do sector petrolífero atingira 12,3%, contra os 15% do sector não petrolífero. Em 2009, o sector petrolífero teve um crescimento negativo de 3,6%, e o sector não petrolífero um crescimento positivo de 5,2%. Para 2010, o Ministro previu um crescimento de 3,4% para o sector petrolífero e um crescimento de 10,5% para o sector não petrolífero.

11. Há, pois, aqui, uma clara inconstância nas taxas de crescimento do PIB. E é bem perceptível o facto de o sector não petrolífero da nossa economia andar muito a reboque da evolução do sector petrolífero que o arrasta, ou, pelo menos, que o acelera ou desacelera.

12. Se é indubitável a relativa aleatoriedade das taxas de crescimento da nossa economia, fruto das circunstâncias e incidências do petróleo, tornou-se para mim mais inquietante a falta de sintonia entre os dados avançados em finais de 2009 pelo então Ministro da Economia, e os dados agora avançados pelo Governador do Banco Central, Abraão Gourgel. No encerramento do “V Encontro de Juristas Bancários de Angola”, Abraão Gourgel disse que o sector petrolífero contribui com 55% para a formação do nosso PIB. O Governador do BNA falou ainda sobre a importância de alguns sectores económicos para a economia e, sobretudo, para a geração de emprego, tendo destacado o papel da agricultura, agro-indústria e construção civil.

13. Estou de acordo com os postulados do Governador do BNA sobre a importância a dar aos sectores não petrolíferos, mas fiquei muito preocupado com a falta de concordância entre os números que foram avançados publicamente por aquelas duas individualidades, no curto espaço de 6 meses. Por exemplo, como foi possível, em apenas 6 meses, o sector petrolífero da nossa economia ter passado de uns estimulantes 42% na formação do PIB (como referiu o então Ministro da Economia), para os novamente preocupantes 55% exibidos pelo Governador do BNA? Alguma coisa não está a bater certo… Será que a estrutura do PIB pode variar tão rapidamente? Tendo havido uma evolução muito positiva no sector não petrolífero da nossa economia, como afirmou o Ministro, ainda assim o sector petrolífero recuperou o seu vigor e o seu protagonismo? Será também que a dinâmica dos números varia em função do auditório a quem nos dirigimos?

14. Para os parlamentares, talvez com o intuito de facilitar a aprovação do Orçamento, o Ministro da Economia disse que o peso específico do sector petrolífero estava a diminuir. Para os juristas bancários (para quem os números poderão querer dizer muito pouco), o Governador do BNA avançou uma percentagem que coloca a nossa e economia, em termos estruturais, praticamente no mesmo patamar em que estávamos antes. Ou será que já estamos diante do velho ditado, que diz: “Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo…”?

Imagem: club-k-angola.com

SME desmente informações sobre detenção de documentos de cidadãos portuguesas


Quinta, 15 Julho 2010 12:09

Luanda - O porta – voz dos Serviços de Migração e Estrangeiros (SME), Simão Milagre, desmentiu esta Quinta-feira, 15/7, durante uma entrevista ao Programa “Bom Dia Angola” da Televisão Pública de Angola (TPA), as informações que dão conta da detenção de documentos de cidadãos portugueses em, Luanda.

Fonte: TPA CLUB-K.NET

"Conhecemos alguns círculos da imprensa portuguesa"


“Venho aqui desmentir categoricamente esta informação. Essa não corresponde a verdade ”, disse Simão Milagre.

Segundo Simão Milagre tais informações vêm somente para manchar o bom nome da instituição.

“A mesma noticia fala em salvo-conduto, isto não é verdade, porque o salvo-conduto é concedido pelas missões diplomáticas dos respectivos países e, é com isso que os mesmos são autorizados a permitirem viagem”, salientou.

De acordo com o responsável, a mesma notícia peca por defeito, tudo porque quando se tem em posse um processo de qualquer cidadão que seja nacional ou estrangeiro, a contrapartida é o recibo e que este mesmo recibo faz fé em qualquer autoridade quando este for abordado na rua, quer pela Polícia Nacional ou então pelos Serviços de Fiscalização do SME.

Questionado se o SME terá algum procedimento particular, Simão Milagre, disse: “Não, esta é uma atitude provocatória. Nos conhecemos alguns círculos da imprensa portuguesa. Sempre que há eventos de maior dimensão, como é o caso da CPLP que Luanda vai acolher”.

Entrevista de José Gama a Radio Despertar


Luanda - Vivemos no mundo em constantes transformações com as novas tecnologias a facilitarem cada vez mais a aproximação entre indivíduos, povos e nações.

Fonte: Radio Despertar CLUB-K.NET

A internet trouxe novas formas de pesquisa e de comunicação rápida, que nos possibilita estarmos informados sobre o país e o mundo instantaneamente e a custos baixíssimos. A internet é um mundo livre em que flui a informação sem fronteiras. O governo angolano tenta travar o vento com as mãos.


José Gama é, activista cívico e um dos gestores do Club-K, site da internet que congrega vários angolanos em diferentes partes do mundo e está representado em 14 países. O site, segundo José Gama, permite aos angolanos o acesso a informação livre, não sujeita aos condicionalismos do governo angolano.

José Gama falou à Rádio Despertar numa entrevista conduzida pelo jornalista Joaquim Ribeiro.

RD- O Governo manifestou recentemente a intenção de criar uma lei para regulamentar ou gerir os portais. Que opinião tem sobre esta questão?

GAMA – O governo deve ter a sua justificação. É louvável que tenha procedido desta forma, criar uma lei que possa regularizar o tipo de jornalismo que se faz online. Há figuras que as vezes se queixam ou se sentem caluniadas via internet, nos Sites e Blogs, sem terem como recorrer em termos de justiça, e as autoridades sentem, por aquilo que temos estado a escutar, que não há pessoas responsáveis por aquilo que se escreve na internet. Mas, desde já, é importante realçar que será uma batalha que não creio que as autoridades terão forças para ir longe.

A China que é uma grande potência tentou fazer isso mas não conseguiu banir Sites como a Google. Não conseguiu porque hoje a internet é uma coisa globalizada. Eu acho que a única coisa que as autoridades podem fazer é, talvez, em termos de publicidade, que é a fonte de receitas dos Sites, obrigar nas empresas que queiram publicitar em Sites o façam apenas em Sites que estejam registados a nível da comunicação social. Em termos de criar leis não se vai a lado nenhum porque os Sites em referência, por exemplo o Club-K, não é gerido em Angola, não é registado ou criado em Angola. É um Site formado por Angolanos mas é um Site estrangeiro, porque ele é feito a partir de fora logo não tem nada a ver com as leis que se fazem ou que se regem em território angolano. A Internet é um espaço globalizado em que qualquer pessoa pode entrar e ler. Por isso mesmo a gente acha que as autoridades angolanas vão ter uma batalha muito forte e, repito, não terão forças para ir longe com essa medida. Mas entende-se o debate que pode ser no sentido de pressionar os responsáveis dos Sites a terem uma postura mais responsável.

Pode ser também que haja uma razão por detrás. Se formos a fazer uma leitura política podemos perceber que há um processo de monopolizar os órgãos de informação e a internet aparenta estar isenta e livre do controle das autoridades e dai que tenham pensado nisso numa fase semelhante a China que é um país de regime de partido único com característica ditatorial e penso que estamos a ir também pela mesma via.

As autoridades podem estudar seriamente, aprofundar o debate, convidar as pessoas que estão envolvidas nesses projectos e juntos acharem uma forma de mecanismo para acompanhar isso porque criar uma lei não se vai conseguir aquilo que se quer. Angola não tem servidores de Sites. Todos os Sites angolanos são feitos e registados fora do país. Há poucos Sites na internet. Nós não somos um país como o Brasil que chega a ter mil Sites ou mais de informação. Alguma coisa por detrás haverá certamente que as autoridades viram e que a gente não vê, mas precisávamos de perceber.

RD – Então não vê hipótese de sucesso nesta intenção?

GAMA – O sucesso que as autoridades poderão vir a ter é o debate que se está a criar. Debate que cria e que força as pessoas que estão por detrás destes Sites a ganharem um sentido de responsabilidade daquilo que vão informando. Os próprios gestores em si podem ter uma cultura de autocensura porque vão fazer tudo no sentido de não ferir as autoridades. Isso poderá ser um sucesso por parte das autoridades. Um debate é sempre um debate, trás sempre ideias, é algo valioso, as pessoas trocam opiniões, é algo frutífero. Não tem que ser necessariamente uma lei. Não há ainda registo de país algum no mundo que tenha este tipo de lei para regulamentar a internet. Eu penso também que as autoridades deveriam pesquisar os países fora em que se consome mais produto online, beber da sua experiência e contactar a própria China e saber como é que a China perdeu a batalha ao decretar uma guerra contra certos portais online que eles achavam que eram contra o regime Chinês. É dentro desta base que a gente está a analisar o discurso e as intenções das autoridades angolanas.

RD – Terá sido por alguma polémica criada pelos sites existentes que levou o governo a intenção de regulamentar a utilização da internet?

GAMA – Penso que sim porque os outros Sites da Angop, Jornal de Angola são progovernamentais e as autoridades têm o controlo dos mesmos. Não acredito que seria uma lei para regulamentar esses de que as autoridades já têm o controlo. Eles querem uma lei para controlar aqueles que estão fora do seu cerco. Mas, na verdade, no caso concreto do Club-K, eu acho que a preocupação não é naquilo que a gente vai divulgando em si. Eu acho que é no debate porque há um debate muito intenso entre os internautas. Eu penso que é isso que deve estar a incomodar as autoridades porque mesmo aqui em Angola a gente nota que por vezes há certos debates que se tenta impedir, manifestações e é tudo nessa vertente que a gente faz um paralelismo0 e compreende o que é que realmente está a incomodar ou a fazer com que as autoridades passem a tomar esse tipo de medidas.

RD – Quanto a liberdade de imprensa em Angola, qual é a opinião que tem?

GAMA – Em termos de lei, a Constituição garante a liberdade de imprensa mas por vezes notamos que as próprias pessoas têm-se autocensurado. Noto que as pessoas por vezes têm medo de falar porque já houve antecedentes de pessoas que escreveram e falaram e foram censuradas por usarem os seus direitos. Vimos tempos atrás o jornalista Rafael Marques que foi preso, foi molestado porque escreveu algo que as autoridades acharam contra a figura do presidente e ele foi preso. Há esses antecedentes que hoje fazem com que as pessoas tenham medo de falar, de fazer uso da sua liberdade de expressão.

A própria liberdade de expressão não é só naquilo que se escreve na imprensa. A liberdade de expressão também está no manifesto público que a gente vai fazer na rua. Veja que nos últimos dois meses as autoridades impediram uma manifestação em Benguela, impediram, abortaram uma manifestação em Cabinda que eram feitas por activistas cívicos. Mas momentos antes, em Janeiro, notamos que em Cabinda o próprio governador promoveu uma manifestação contra o terrorismo. Quer dizer que a liberdade de expressão pode ser exercida por parte dos membros das autoridades mas os activistas cívicos, a população é impedida de exercer esse direito. Até o próprio presidente do Tribunal Constitucional, o Dr Rui Ferreira, duas ou três semanas atrás, numa palestra em Luanda criticou a atitude de certos governadores provinciais de estarem a impedir as manifestações que não passam de uma liberdade de expressão. Se ele faz esta crítica quer dizer que como agente do Estado reconhece aquilo que temos estado a afirmar que a liberdade de expressão em Angola tem estado a ser amputada. Os direitos dos cidadãos têm sido violados pelas próprias figuras ligadas ao Estado angolano o que é uma acção muito negativa e que fere a Constituição.

RD – Que leitura faz da democracia que estamos a observar depois da aprovação da nova Constituição?

GAMA – A democracia é avaliada pela regularidade da realização de eleições em Angola, o que foi realizado em 2008. A democracia é avaliada pelo consenso e decisões que se vão tomando em torno do estado Foi realizada uma Constituição que infelizmente não reuniu consenso da população. Foi alvo de simulação. Colocaram pessoas nos órgãos de informação, simulando como se reunisse consenso. É uma coisa muito triste, muito errada. Quer dizer que hoje está-se a governar, está-se a viver mas com uma Constituição na qual as pessoas não se revêem.

Hoje as pessoas gostariam de ter uma constituição em pudessem votar livremente o seu Presidente. Quando isso não acontece quer dizer que temos um recuo democrático. Temos casos de violação das liberdades de expressão como referi atrás, pelos próprios governantes através do impedimento de manifestações de protesto. As autoridades precisam de se rever.

Esperamos que as autoridades se retratem porque Angola precisa de seguir um sentido democrático e ser um país de referência, semelhante a outros países como o Ghana, que hoje é uma referência em África e mundial quando se fala de democracia. Temos o caso da África do Sul onde existe de facto liberdade. Vimos em tempos atrás a forma como foi exposto o caso do Presidente Jacob Zuma que foi alvo de uma infidelidade por parte da mulher. Houve um debate muito consistente e aberto nos órgãos de informação porque desde o momento que ele é uma figura pública, a sua vida fica exposta ao público.

O outro caso que eu vejo como um desavanço democrático é o tipo de trabalho que os órgãos de informação fazem. Veja o que em tempos atrás o Jornal de Angola publicou o discurso do Senhor Presidente da UNITA, apresentando o Senhor como se fosse um apoiante das autoridades. Vemos como o Jornal de Angola, os órgãos de informação do governo acabam de ser um órgão de manipulação popular que é algo adverso a democracia. Mais uma vez ai nota o desavanço da democracia que passa a ser deturpada pelas próprias autoridades. Vejamos o caso da própria TPA, por vezes somos enxovalhados com noticiários repletos de propaganda do MPLA. Eu vi dois anos atrás na África do Sul que há um partido criado por elementos do ANC, organizou um Congresso e aquilo passou na televisão em directo, foi destaque nos jornais. É uma coisa que em Angola não acontece. Um partido realizar um Congresso os jornais estatais não fazem destaque porque aquele partido não faz parte do governo. É ai onde a gente também avalia o nível da democracia. Veja que no último Congresso do MPLA, a Angop passou cerca de 50 artigos por dia só a falar do Congresso. Houve um Congresso da UNITA e Angop passou uns 16 e da FNLA passou por ai 3. Vimos o que aconteceu durante as eleições.

As matérias sobre os partidos políticos eram retratadas de forma inversa, apresentavam os partidos num sentido negativo. Nós falamos com jornalistas destes jornais e eles explicaram-nos que de facto acompanharam os partidos só que – diziam em of – nós trazíamos as nossas matérias para a redacção e postos nas redacções havia outras figuras que invertiam os próprios artigos para dar uma impressão negativa. Vejamos o caso do Senhor David Mendes na altura das eleições ele tentava sair do país com uma certa quantia, bem, como jurista reprovamos pelo facto de não ter declarado os valores que estava a levar para o exterior, mas uma coisa que intrigou é que ao invés de chamarem primeiro a polícias autoridades colocaram primeiro a TPA, a rádio a divulgar aquilo. Quer dizer deu-se mais importância em fazer a divulgação do caso do Senhor em vez de dar um tratamento jurídico. A leitura política que se fez é que criou-se uma cabala contra o Senhor.

Preço do petróleo é um verdadeiro pesadelo para o Governo


- reconhece ministro da Energia, Salvador Namburete

Viaturas do Estado movidas a gás aquém do planificado “Nos últimos 5 a 6 anos tem sido um verdadeiro pesadelo para o Governo gerir a subida galopante do preço do petróleo no mercado internacional, de modo a manter o ritmo das actividades económicas e sociais, sem ameaçar ou comprometer os níveis de crescimento do PIB e da estabilidade macroeconómico”, disse ontem Salvador Namburete, ministro da Energia


Maputo – O ministro da Energia, Salvador Namburete, reconhece que o preço do petróleo é um “pesadelo para o governo” e reconhece também que o número de viaturas do Estado já convertidas a funcionar a gás ainda é muito inferior ao que está previsto. Não avança números concretos, mas diz que para se reverter o cenário, dez por cento das viaturas estatais serão brevemente convertidas.
Salvador Namburete falava ontem, em Maputo, num encontro onde se discutiu o uso de gás natural em viaturas e o seu impacto na redução da poluição ambiental. O ministro justifica que as viaturas do Estado movidas a gás estão em número reduzido porque o processo de conversão deve, antes de tudo, passar por uma campanha de sensibilização das empresas do Governo.

O governante explica que a conversão das viaturas estatais para funcionarem a gás não pode ocorrer do nada, pois deve acautelar a questão da dependência do país na importação de combustíveis líquidos.
“Nos últimos 5 a 6 anos tem sido um verdadeiro pesadelo para o Governo gerir a subida galopante do preço do petróleo no mercado internacional, de modo a manter o ritmo das actividades económicas e sociais, sem ameaçar ou comprometer os níveis de crescimento do PIB e da estabilidade macroeconómico,” disse Namburete.

Num outro desenvolvimento, Salvador Namburete afirma que a intensificação do uso do gás natural em viaturas irá contribuir, por um lado, para o incremento da utilização do gás natural que o país produz e, por outro, poderá contribuir para a redução dos custos dos transportes de passageiros e de carga, para além de outros benefícios ambientais decorrentes do uso de um combustível mais limpo, o que contribui no combate às mudanças climáticas.
Entretanto, o ministro apela para que as viaturas do Estado adiram ao uso do gás.

Não haverá subsídio para o uso de gás natural
Contrariamente ao que acontece com a importação dos combustíveis líquidos, na massificação das viaturas movidas a gás, de acordo com salvador Namburete, o Governo não prevê nenhum financiamento ou subsídio às empresas que se dedicam a tal actividade. Muito menos aos consumidores. Porém, diz Namburete que o Governo tem algumas ideias que brevemente poderão ser implementadas nesse sentido, mas foi já dizendo que “não se prevê nenhum financiamento”.

A segurança preocupa os clientes da «Autogás»
A questão de segurança para as viaturas movidas a gás constitui uma das grandes preocupações para os usuários. Os participantes do seminário ontem realizado pelo Governo a assunto aqui descrito, mostraram-se preocupados com a questão de segurança dos carros movidos a gás e questionaram: quais as garantias que se pode ter de que os veículos não correm perigo?
João das Neves, director-geral da «Autogás», garante existirem medidas de seguranças, mas desde que estas tenham sido convertidas pela sua empresa, a Autogás. Ele diz que não há algum perigo em usar viaturas movidas a gás, tal como tem sido propalado. A segurança permite evitar incêndio ou explosão do veículo, em caso de qualquer incidente. Acrescenta que os veículos dispõem de um sistema que permite funcionar mesmo em alta pressão, sem correrem o risco de incêndio ou explosão.

O apetrechamento de uma qualquer viatura para que ela possa funcionar a gás, implica um gasto inicial de mil dólares americanos, no mínimo. O veículo deve sujeitar-se previamente a uma pré-inspecção. Caso seja aprovado para nele ser aplicado o sistema de gás, o veículo manterá o sistema de gasóleo ou gasolina, conforme seja o caso. Os veículos com os dois sistemas (gasolina ou gás e alternativamente gás) funcionarão com um ou outro, consoante a necessidade do utente. Não há, contudo, bombas de abastecimento de gás suficientes. Na cidade de Maputo há apenas uma a funcionar.

O consumo de gás numa viatura é sensivelmente o mesmo que a gasóleo ou a gasolina. Se uma viatura gasta 10 litros de diesel ou gasolina, gastará os mesmos 10 kgs mas de gás. A poupança estará no preço do gás que é muito inferior ao gasóleo e à gasolina. A outra vantagem é que o gás é hoje um produto nacional.
Um constrangimento grave, no entanto, é que uma bomba de abastecimento de gás implica um alto investimento, de meio milhão de dólares para cima, confidenciou-nos uma fonte ligada ao projecto de uso de gás nas viaturas. A pergunta que fica é: quando haverá viaturas suficientes no país que justifiquem que se invista em bombas de reabastecimento de gás em todo o país? Presentemente uma viatura a gás só tem onde se abastecer em Maputo. Não deixa de circular porque inverte-se o sistema e a mesma viatura, com um simples botão, muda de gás para o combustível que normalmente usa, gasolina ou gasóleo.

(António Frades e Egídio Plácido) 2010-07-15 07:30:00

Imagem: mocambique3.blogs.sapo.pt/arquivo/2006_01.htm