quinta-feira, 15 de julho de 2010

Preço do petróleo é um verdadeiro pesadelo para o Governo


- reconhece ministro da Energia, Salvador Namburete

Viaturas do Estado movidas a gás aquém do planificado “Nos últimos 5 a 6 anos tem sido um verdadeiro pesadelo para o Governo gerir a subida galopante do preço do petróleo no mercado internacional, de modo a manter o ritmo das actividades económicas e sociais, sem ameaçar ou comprometer os níveis de crescimento do PIB e da estabilidade macroeconómico”, disse ontem Salvador Namburete, ministro da Energia


Maputo – O ministro da Energia, Salvador Namburete, reconhece que o preço do petróleo é um “pesadelo para o governo” e reconhece também que o número de viaturas do Estado já convertidas a funcionar a gás ainda é muito inferior ao que está previsto. Não avança números concretos, mas diz que para se reverter o cenário, dez por cento das viaturas estatais serão brevemente convertidas.
Salvador Namburete falava ontem, em Maputo, num encontro onde se discutiu o uso de gás natural em viaturas e o seu impacto na redução da poluição ambiental. O ministro justifica que as viaturas do Estado movidas a gás estão em número reduzido porque o processo de conversão deve, antes de tudo, passar por uma campanha de sensibilização das empresas do Governo.

O governante explica que a conversão das viaturas estatais para funcionarem a gás não pode ocorrer do nada, pois deve acautelar a questão da dependência do país na importação de combustíveis líquidos.
“Nos últimos 5 a 6 anos tem sido um verdadeiro pesadelo para o Governo gerir a subida galopante do preço do petróleo no mercado internacional, de modo a manter o ritmo das actividades económicas e sociais, sem ameaçar ou comprometer os níveis de crescimento do PIB e da estabilidade macroeconómico,” disse Namburete.

Num outro desenvolvimento, Salvador Namburete afirma que a intensificação do uso do gás natural em viaturas irá contribuir, por um lado, para o incremento da utilização do gás natural que o país produz e, por outro, poderá contribuir para a redução dos custos dos transportes de passageiros e de carga, para além de outros benefícios ambientais decorrentes do uso de um combustível mais limpo, o que contribui no combate às mudanças climáticas.
Entretanto, o ministro apela para que as viaturas do Estado adiram ao uso do gás.

Não haverá subsídio para o uso de gás natural
Contrariamente ao que acontece com a importação dos combustíveis líquidos, na massificação das viaturas movidas a gás, de acordo com salvador Namburete, o Governo não prevê nenhum financiamento ou subsídio às empresas que se dedicam a tal actividade. Muito menos aos consumidores. Porém, diz Namburete que o Governo tem algumas ideias que brevemente poderão ser implementadas nesse sentido, mas foi já dizendo que “não se prevê nenhum financiamento”.

A segurança preocupa os clientes da «Autogás»
A questão de segurança para as viaturas movidas a gás constitui uma das grandes preocupações para os usuários. Os participantes do seminário ontem realizado pelo Governo a assunto aqui descrito, mostraram-se preocupados com a questão de segurança dos carros movidos a gás e questionaram: quais as garantias que se pode ter de que os veículos não correm perigo?
João das Neves, director-geral da «Autogás», garante existirem medidas de seguranças, mas desde que estas tenham sido convertidas pela sua empresa, a Autogás. Ele diz que não há algum perigo em usar viaturas movidas a gás, tal como tem sido propalado. A segurança permite evitar incêndio ou explosão do veículo, em caso de qualquer incidente. Acrescenta que os veículos dispõem de um sistema que permite funcionar mesmo em alta pressão, sem correrem o risco de incêndio ou explosão.

O apetrechamento de uma qualquer viatura para que ela possa funcionar a gás, implica um gasto inicial de mil dólares americanos, no mínimo. O veículo deve sujeitar-se previamente a uma pré-inspecção. Caso seja aprovado para nele ser aplicado o sistema de gás, o veículo manterá o sistema de gasóleo ou gasolina, conforme seja o caso. Os veículos com os dois sistemas (gasolina ou gás e alternativamente gás) funcionarão com um ou outro, consoante a necessidade do utente. Não há, contudo, bombas de abastecimento de gás suficientes. Na cidade de Maputo há apenas uma a funcionar.

O consumo de gás numa viatura é sensivelmente o mesmo que a gasóleo ou a gasolina. Se uma viatura gasta 10 litros de diesel ou gasolina, gastará os mesmos 10 kgs mas de gás. A poupança estará no preço do gás que é muito inferior ao gasóleo e à gasolina. A outra vantagem é que o gás é hoje um produto nacional.
Um constrangimento grave, no entanto, é que uma bomba de abastecimento de gás implica um alto investimento, de meio milhão de dólares para cima, confidenciou-nos uma fonte ligada ao projecto de uso de gás nas viaturas. A pergunta que fica é: quando haverá viaturas suficientes no país que justifiquem que se invista em bombas de reabastecimento de gás em todo o país? Presentemente uma viatura a gás só tem onde se abastecer em Maputo. Não deixa de circular porque inverte-se o sistema e a mesma viatura, com um simples botão, muda de gás para o combustível que normalmente usa, gasolina ou gasóleo.

(António Frades e Egídio Plácido) 2010-07-15 07:30:00

Imagem: mocambique3.blogs.sapo.pt/arquivo/2006_01.htm

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