Político e estadista: 1889 - 1970
Fernando Correia da Silva
Quando tudo aconteceu...
1889: Nasce em Vimieiro, Santa Comba Dão. - 1914: Em Coimbra, conclui o curso de Direito. - 1918: Lente de Ciência Económica. - 1926: Após o golpe de 28 de Maio é convidado para Ministro das Finanças; ao fim de 13 dias renuncia ao cargo. - 1928: É novamente convidado para Ministro das Finanças; nunca mais abandonará o poder.- 1930: Presidente do Conselho de Ministros; cria a União Nacional. - 1933: Faz ratificar a nova Constituição (corporativa); cria a PVDE, polícia política; proíbe as oposições, impõe o partido único, regime totalitário. - 1936: Na Guerra Civil de Espanha apoia Franco; cria a Legião Portuguesa e a Mocidade Portuguesa; abre as colónias penais do Tarrafal e de Peniche - 1937:
Escapa a um atentado dos anarquistas.- 1939: Iniciada a Segunda Guerra Mundial, Salazar conseguirá manter a neutralidade do país. - 1940: Exposição do Mundo Português. - 1943: Cede aos Aliados uma base militar nos Açores. - 1945: A PIDE substitui a PVDE. - 1949: Contra Norton de Matos, Carmona é reeleito Presidente da República; Portugal é admitido como membro da NATO. - 1951: Contra Quintão Meireles, Craveiro Lopes é eleito Presidente da República. - 1958: Contra Humberto Delgado, Américo Tomás é eleito Presidente da República; o Bispo do Porto critica a política salazarista - 1961: 22/01, assalto ao Sta. Maria; 04/02, assalto às prisões de Luanda; 11/03, tentativa de golpe de Botelho Moniz; 21/04, resolução da ONU condenando a política africana de Portugal; 19/12, a União Indiana invade Goa, Damão e Diu; 31/12/61 para 01/01/62, revolta de Beja. - 1963: O PAIGC abre nova frente de batalha na Guiné. - 1964:A FRELIMO inicia a luta pela independência, em Moçambique. - 1965: Crise académica; a PIDE assassina Delgado. - 1966: Salazar inaugura a ponte sobre o Tejo. - 1968: Salazar cai de uma cadeira e fica mentalmente diminuído. - 1970: Morte de Salazar.
POBRE, FILHO DE POBRES
Esta cadeira está desengonçada mas arrisco-me. Gosto muito de estar sentado aqui ao sol, no terraço do Forte de Santo António do Estoril, a contemplar a foz do Tejo e o oceano. É o meu único luxo, sou pobre, filho de pobres.
No exílio, uma vez a rainha D. Amélia disse que, se pudesse, de mim faria o rei de Portugal. Enganou-se. Eu gostava era de ter sido primeiro ministro de um rei absoluto. Só consigo estar no Governo porque nunca saio da rotina. Como conseguiria aguentar estes anos todos a concorrer a eleições, a ir ao Parlamento responder a perguntas, a correr a inaugurar coisas? Não, rei não quis, nem quero ser; sou pobre, filho de pobres.
Tenho aversão a espalhafatos. Admirei o Mussolini, depois fartei-me dele. Cheguei a ter o seu retrato em cima da minha secretária, foi homem que fez obra. Mas irritou-me a forma aparatosa de estar na vida. Por motivo idêntico também não gostei do António Ferro, nem do Duarte Pacheco, nem do Henrique Galvão e nem do Humberto Delgado. Despeitados, os dois últimos acabaram por me trair. Ao Duarte Pacheco, que também fez obra, Deus mandou que morresse num desastre de viação. Mas ao António Ferro, fui eu que o deixei cair em 1949, os tempos eram outros e já me incomodava o estrondo da sua propaganda.
http://www.vidaslusofonas.pt/salazar.htm
Foto: http://demokratia.blogs.sapo.pt/arquivo/OliveiraSalazar-thumb.PNG
Fernando Correia da Silva
Quando tudo aconteceu...
1889: Nasce em Vimieiro, Santa Comba Dão. - 1914: Em Coimbra, conclui o curso de Direito. - 1918: Lente de Ciência Económica. - 1926: Após o golpe de 28 de Maio é convidado para Ministro das Finanças; ao fim de 13 dias renuncia ao cargo. - 1928: É novamente convidado para Ministro das Finanças; nunca mais abandonará o poder.- 1930: Presidente do Conselho de Ministros; cria a União Nacional. - 1933: Faz ratificar a nova Constituição (corporativa); cria a PVDE, polícia política; proíbe as oposições, impõe o partido único, regime totalitário. - 1936: Na Guerra Civil de Espanha apoia Franco; cria a Legião Portuguesa e a Mocidade Portuguesa; abre as colónias penais do Tarrafal e de Peniche - 1937:
Escapa a um atentado dos anarquistas.- 1939: Iniciada a Segunda Guerra Mundial, Salazar conseguirá manter a neutralidade do país. - 1940: Exposição do Mundo Português. - 1943: Cede aos Aliados uma base militar nos Açores. - 1945: A PIDE substitui a PVDE. - 1949: Contra Norton de Matos, Carmona é reeleito Presidente da República; Portugal é admitido como membro da NATO. - 1951: Contra Quintão Meireles, Craveiro Lopes é eleito Presidente da República. - 1958: Contra Humberto Delgado, Américo Tomás é eleito Presidente da República; o Bispo do Porto critica a política salazarista - 1961: 22/01, assalto ao Sta. Maria; 04/02, assalto às prisões de Luanda; 11/03, tentativa de golpe de Botelho Moniz; 21/04, resolução da ONU condenando a política africana de Portugal; 19/12, a União Indiana invade Goa, Damão e Diu; 31/12/61 para 01/01/62, revolta de Beja. - 1963: O PAIGC abre nova frente de batalha na Guiné. - 1964:A FRELIMO inicia a luta pela independência, em Moçambique. - 1965: Crise académica; a PIDE assassina Delgado. - 1966: Salazar inaugura a ponte sobre o Tejo. - 1968: Salazar cai de uma cadeira e fica mentalmente diminuído. - 1970: Morte de Salazar.
POBRE, FILHO DE POBRES
Esta cadeira está desengonçada mas arrisco-me. Gosto muito de estar sentado aqui ao sol, no terraço do Forte de Santo António do Estoril, a contemplar a foz do Tejo e o oceano. É o meu único luxo, sou pobre, filho de pobres.
No exílio, uma vez a rainha D. Amélia disse que, se pudesse, de mim faria o rei de Portugal. Enganou-se. Eu gostava era de ter sido primeiro ministro de um rei absoluto. Só consigo estar no Governo porque nunca saio da rotina. Como conseguiria aguentar estes anos todos a concorrer a eleições, a ir ao Parlamento responder a perguntas, a correr a inaugurar coisas? Não, rei não quis, nem quero ser; sou pobre, filho de pobres.
Tenho aversão a espalhafatos. Admirei o Mussolini, depois fartei-me dele. Cheguei a ter o seu retrato em cima da minha secretária, foi homem que fez obra. Mas irritou-me a forma aparatosa de estar na vida. Por motivo idêntico também não gostei do António Ferro, nem do Duarte Pacheco, nem do Henrique Galvão e nem do Humberto Delgado. Despeitados, os dois últimos acabaram por me trair. Ao Duarte Pacheco, que também fez obra, Deus mandou que morresse num desastre de viação. Mas ao António Ferro, fui eu que o deixei cair em 1949, os tempos eram outros e já me incomodava o estrondo da sua propaganda.
http://www.vidaslusofonas.pt/salazar.htm
Foto: http://demokratia.blogs.sapo.pt/arquivo/OliveiraSalazar-thumb.PNG
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