quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Consultor do Banco Mundial aconselha o Governo a não construir edifícios monumentais



Paul Collier recomenda aposta na construção de hospitais, escolas e casas de baixa renda para trabalhadores, promovendo o emprego e habitação para os cidadãos – um grave problema no país. Defendeu que isso também incentivaria o envolvimento de empresas nacionais pois os empreiteiros contratados para o efeito seriam nacionais, devido à dimensão das obras, e empregariam moçambicanos.


Maputo (Canalmoz) – O consultor do Banco Mundial para a região da África, Paul Collier, aconselha o Governo moçambicano a deixar de fazer “obras monumentais” e a apostar na construção de hospitais, escolas e casas de baixa renda para trabalhadores, promovendo o emprego e habitação para os cidadãos.
Esta afirmação surge num momento em que o Governo opta em contratar empreiteiros chineses para erguer obras de Estado de grandes dimensões, mas sem finalidade produtiva, nem úteis para impulsionar o desenvolvimento. Só nas construções recentes, destacam-se o edifício do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a sede da Procuradoria Geral da República, o Palácio da Justiça da cidade de Maputo, o Centro de Conferências Joaquim Chissano, entre outros empreendimentos de grandes dimensões, sem fins lucrativos e portanto incapazes de gerar a reposição do investimento.
Collier falava na semana finda num encontro promovido pelo Banco de Moçambique e Ministério da Planificação e Desenvolvimento, subordinado ao tema “Desafios para o Crescimento Económico em Moçambique”. Disse que com a construção de infra-estruturas sociais básicas e casas para trabalhadores de rendimento baixo, o Governo sairia a ganhar duas vezes. Primeiro, os empreiteiros contratados para o efeito seriam nacionais, devido à dimensão das obras, e empregariam moçambicanos. Segundo iriam permitir resolver o problema de habitação com que os moçambicanos se debatem.
“Não construam monumentos nem pirâmides porque isso vai-vos obrigar a recorrer a empreiteiros internacionais. Façam infra-estruturas simples e resolvam os problemas básicos dos vossos cidadãos. Não é um edifício de 40 andares que vai resolver o problema de emprego e de falta de habitação no país’’, disse Collier defendendo que as estruturas pesadas de um país como Moçambique devem ser “portos, caminhos-de-ferro, guindastes e estações de geração de energia, água, etc.”
Para o quadro do Banco Mundial que estamos a citar, o dinheiro gasto na construção de infra-estruturas gigantescas que nascem a cada dia na cidade de Maputo, devia gerar emprego, através de contratação de empreiteiros locais para construção de obras de pequena dimensão, mas úteis para o país.
Paul Collier disse ainda que o Governo tem possibilidades de ir ao Banco Mundial pedir dinheiro para vir implementar estes projectos, mas alertou que, neste momento, os países ricos não têm dinheiro e é preciso olhar para o empreendimento nacional. Explicou que existem bancos comerciais que providenciam o capital e buscam retorno.
Neste contexto, aproveitou para explicar que qualquer empréstimo que é feito deve ser pago. O Fundo Monetário Internacional diz que toda a dívida deve ser paga e não haverá nenhum perdão da dívida nos próximos tempos. O perdão do jubileu terminou em 2000 e só poderá ser feito noutro milénio’’, disse o consultor do Banco Mundial para a região da África, Paul Collier, a concluir.

(Cláudio Saúte)

2010-10-25 06:45:00

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