sábado, 16 de agosto de 2014

A Calçada dos gigantes





DO REDATOR DE DESPERTAI! NA IRLANDA

SEGUNDO uma lenda da Irlanda, um gigante irlandês chamado Finn MacCool queria lutar com um gigante escocês chamado Benandonner. Mas havia um problema. Não existia um barco grande o suficiente para atravessar o mar e levar um ao encontro do outro. Diz a lenda que Finn MacCool resolveu o problema construindo uma calçada que ligava os dois lados, usando enormes colunas de pedra.

http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/102005805

Benandonner aceitou o desafio e viajou pela calçada até a Irlanda. Ele era maior e mais forte que Finn MacCool. Assim que a esposa de Finn MacCool percebeu isso, astutamente decidiu vestir seu marido gigante como um bebê. Quando Benandonner chegou à casa deles e viu o “bebê”, ficou com medo e pensou que, se o bebê era daquele tamanho, imagine o pai! Ele voltou correndo para a Escócia! Para ter certeza de que não seria seguido por Finn MacCool, destruiu a estrada enquanto corria. Tudo o que restou foram as pedras que agora formam a Calçada dos Gigantes.
Por mais de trezentos anos, milhões de visitantes têm ouvido esse conto engraçado como uma forma de explicar a origem da Calçada dos Gigantes. Qual é a verdadeira explicação e o que torna esse lugar uma atração especial? Decidimos descobrir isso pessoalmente.
Uma calçada para gigantes!
A Calçada dos Gigantes fica na costa norte da Irlanda, cerca de 100 quilômetros a noroeste de Belfast. Ao chegar, percorremos o pequeno caminho do centro de visitantes até a praia e viramos a esquina. Diante de nós surgiu uma vista impressionante — milhares de grandes colunas verticais de pedras de até 6 metros de altura. Algumas pessoas calculam que existam cerca de 40 mil delas. Mas o que chamou a nossa atenção não foi a quantidade, mas a simetria. Cada uma tem de 38 centímetros a 51 centímetros de largura, parece que seus topos são planos e têm seis lados. Por serem tão uniformes, quando vistos de cima parece que seus topos se encaixam como favos de mel. Depois descobrimos que cerca de um quarto das colunas tem cinco lados e que também há algumas com quatro, sete, oito e até nove lados.
A Calçada dos Gigantes é composta de três partes. A maior, a Grande Calçada, começa na praia ao sopé dos rochedos. De início, ela se parece mais com um conjunto desordenado de enormes degraus, alguns com 6 metros de altura. À medida que se estende em direção ao mar, dá para entender facilmente por que ela é chamada de estrada para gigantes. Isso acontece porque os seus topos, parecidos com favos de mel, logo se nivelam. Ali a calçada lembra uma rua pavimentada com pedras arredondadas, que varia de 20 metros a 30 metros de largura. Com a maré baixa, foi possível caminhar algumas centenas de metros por essa estrada de pedras antes que ela desaparecesse gradualmente debaixo das ondas, como se estivesse indo em direção à Escócia.
As outras duas partes, a Calçada do Meio e a Calçada Pequena, se agrupam ao longo da Grande Calçada. Ambas têm formato de morro em vez de estrada. O fato de seus topos serem planos torna mais fácil para um visitante aventureiro subir nelas, passando de uma para a outra. É preciso ter muito cuidado ao fazer isso, pois descobrimos que as colunas mais próximas da água eram úmidas e muito escorregadias!
Outras formações gigantescas
Continuamos a caminhar ao longo do litoral que tem cerca de 6 quilômetros, geralmente conhecido como Cabo da Calçada, e vimos milhares dessas colunas expostas nas laterais dos rochedos. No decorrer dos anos as pessoas deram nomes a algumas dessas formações. Duas delas têm o nome de instrumentos musicais. Uma é chamada de o Órgão, porque suas colunas compridas e regulares lembram os tubos de um órgão gigante. A outra, a Harpa do Gigante, tem enormes colunas arqueadas que descem até o litoral.
Outros nomes também trazem a idéia de gigantes. Por exemplo, Tear do Gigante, Caixão do Gigante, Canhões do Gigante e Olhos do Gigante. Existe até mesmo a Bota do Gigante! Na praia que fica mais adiante da Calçada dos Gigantes vimos essa pedra em forma de bota. Ela tem cerca de 2 metros de altura. Algumas pessoas calculam que o gigante lendário que supostamente usava essa “bota” devia ter pelo menos 16 metros de altura.
Outra formação rochosa, os Topos de Chaminé, lembra a relação da Calçada dos Gigantes com a famosa Armada Espanhola. Isolados do penhasco principal por causa da erosão e da ação atmosférica, os Topos de Chaminé são algumas colunas que ficam expostas sobre um cabo formado por rochas altas, com vista para a costa da Calçada. É fácil imaginar por que marinheiros que os olhavam do alto-mar os confundiam com topos da chaminé de um grande castelo. Pelo visto, o navio de guerra espanhol Girona, ao fugir da derrota contra a Armada Espanhola em 1588, disparou tiros de canhão contra esses pilares, pensando que se tratasse de um castelo inimigo.
A outra extremidade da calçada
A Calçada dos Gigantes foi supostamente construída para ligar a Irlanda com a Escócia. Onde fica a outra extremidade? Podem ser vistas colunas basálticas idênticas, 130 quilômetros ao nordeste, na pequenina ilha desabitada de Staffa. Esta ilha fica perto da costa oeste da Escócia. (O nome Staffa significa “Ilha dos Pilares”.) Benandonner, o gigante escocês que fugiu de Finn MacCool, também era chamado de Fingal. Em homenagem a ele, a principal atração da ilha de Staffa recebeu o nome de Caverna de Fingal. Esta grande caverna se formou dentro dessas colunas basálticas e se estende cerca de 80 metros rochedo adentro. A arrebentação das ondas na caverna inspirou o compositor alemão Felix Mendelssohn a compor sua abertura “As Hébridas”, também conhecida como “Caverna de Fingal”, em 1832.
Como se formaram?
Visto que essas colunas de formato semelhante não foram feitas pelas mãos de gigantes inimigos, como vieram a existir? Descobrimos que, para achar a verdadeira resposta, é preciso entender como algumas rochas são formadas.
A Irlanda do Norte fica numa área de calcário compacto. Há muito tempo, a atividade vulcânica bem no interior da crosta terrestre fez a rocha derretida subir através de fendas no calcário, a uma temperatura de mais de 1.000 °C. Quando entrou em contato com o ar, ela se resfriou e se solidificou. Mas por que ela simplesmente não endureceu e formou uma massa gigantesca de formato irregular?
A rocha derretida, ou magma, é composta de muitos elementos químicos e por isso pode criar vários tipos de rocha. O tipo que se formou de maneira tão impressionante na Calçada dos Gigantes é o basalto. O magma se encolhia à medida que se resfriava lentamente e, por causa de sua composição química, fendas hexagonais regulares se formaram na superfície. Enquanto o magma continuava a se resfriar por dentro, as fendas desciam gradualmente, formando a grande quantidade de colunas de basalto semelhantes a lápis.
“Os arquitetos têm motivos para se jactar?”
Não é apenas a Irlanda ou a Escócia que têm colunas como essas. No entanto, na maioria das outras partes do mundo, geralmente é preciso grande esforço para se aproximar delas. É raro encontrar um lugar onde haja tantas colunas hexagonais bem preservadas e de fácil acesso para qualquer pessoa.
No final do século 18, Sir Joseph Banks ficou tão comovido pela extraordinária beleza das relativamente poucas colunas que descobriu na ilha de Staffa, que comentou: “Comparado com isso, as catedrais e os palácios construídos pelo homem não são nada! . . . Será que os arquitetos têm motivos para se jactar?”
Nossa visita à Calçada dos Gigantes, uma das maravilhas naturais da Irlanda, também inspirou em nós sentimentos de admiração. Passeamos por essa arquitetura natural e refletimos no poder e na habilidade criativa do Grandioso Criador e Arquiteto, Jeová Deus.

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