DO REDATOR DE DESPERTAI! NA
IRLANDA
SEGUNDO uma lenda da Irlanda, um gigante
irlandês chamado Finn MacCool queria lutar com um gigante escocês chamado
Benandonner. Mas havia um problema. Não existia um barco grande o suficiente
para atravessar o mar e levar um ao encontro do outro. Diz a lenda que Finn
MacCool resolveu o problema construindo uma calçada que ligava os dois lados,
usando enormes colunas de pedra.
http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/102005805
Benandonner aceitou o desafio e viajou
pela calçada até a Irlanda. Ele era maior e mais forte que Finn MacCool. Assim
que a esposa de Finn MacCool percebeu isso, astutamente decidiu vestir seu
marido gigante como um bebê. Quando Benandonner chegou à casa deles e viu o
“bebê”, ficou com medo e pensou que, se o bebê era daquele tamanho, imagine o
pai! Ele voltou correndo para a Escócia! Para ter certeza de que não seria
seguido por Finn MacCool, destruiu a estrada enquanto corria. Tudo o que restou
foram as pedras que agora formam a Calçada dos Gigantes.
Por mais de trezentos anos, milhões de
visitantes têm ouvido esse conto engraçado como uma forma de explicar a origem
da Calçada dos Gigantes. Qual é a verdadeira explicação e o que torna esse
lugar uma atração especial? Decidimos descobrir isso pessoalmente.
Uma calçada para gigantes!
A Calçada dos Gigantes fica na costa
norte da Irlanda, cerca de 100 quilômetros a noroeste de Belfast. Ao chegar,
percorremos o pequeno caminho do centro de visitantes até a praia e viramos a
esquina. Diante de nós surgiu uma vista impressionante — milhares de
grandes colunas verticais de pedras de até 6 metros de altura. Algumas pessoas
calculam que existam cerca de 40 mil delas. Mas o que chamou a nossa atenção
não foi a quantidade, mas a simetria. Cada uma tem de 38 centímetros a 51
centímetros de largura, parece que seus topos são planos e têm seis lados. Por
serem tão uniformes, quando vistos de cima parece que seus topos se encaixam
como favos de mel. Depois descobrimos que cerca de um quarto das colunas tem
cinco lados e que também há algumas com quatro, sete, oito e até nove lados.
A Calçada dos Gigantes é composta de
três partes. A maior, a Grande Calçada, começa na praia ao sopé dos rochedos.
De início, ela se parece mais com um conjunto desordenado de enormes degraus,
alguns com 6 metros de altura. À medida que se estende em direção ao mar, dá
para entender facilmente por que ela é chamada de estrada para gigantes. Isso
acontece porque os seus topos, parecidos com favos de mel, logo se nivelam. Ali
a calçada lembra uma rua pavimentada com pedras arredondadas, que varia de 20
metros a 30 metros de largura. Com a maré baixa, foi possível caminhar algumas
centenas de metros por essa estrada de pedras antes que ela desaparecesse
gradualmente debaixo das ondas, como se estivesse indo em direção à Escócia.
As outras duas partes, a Calçada do Meio
e a Calçada Pequena, se agrupam ao longo da Grande Calçada. Ambas têm formato
de morro em vez de estrada. O fato de seus topos serem planos torna mais fácil
para um visitante aventureiro subir nelas, passando de uma para a outra. É
preciso ter muito cuidado ao fazer isso, pois descobrimos que as colunas mais
próximas da água eram úmidas e muito escorregadias!
Outras formações gigantescas
Continuamos a caminhar ao longo do
litoral que tem cerca de 6 quilômetros, geralmente conhecido como Cabo da
Calçada, e vimos milhares dessas colunas expostas nas laterais dos rochedos. No
decorrer dos anos as pessoas deram nomes a algumas dessas formações. Duas delas
têm o nome de instrumentos musicais. Uma é chamada de o Órgão, porque suas
colunas compridas e regulares lembram os tubos de um órgão gigante. A outra, a
Harpa do Gigante, tem enormes colunas arqueadas que descem até o litoral.
Outros nomes também trazem a idéia de
gigantes. Por exemplo, Tear do Gigante, Caixão do Gigante, Canhões do Gigante e
Olhos do Gigante. Existe até mesmo a Bota do Gigante! Na praia que fica mais
adiante da Calçada dos Gigantes vimos essa pedra em forma de bota. Ela tem
cerca de 2 metros de altura. Algumas pessoas calculam que o gigante lendário
que supostamente usava essa “bota” devia ter pelo menos 16 metros de altura.
Outra formação rochosa, os Topos de
Chaminé, lembra a relação da Calçada dos Gigantes com a famosa Armada
Espanhola. Isolados do penhasco principal por causa da erosão e da ação
atmosférica, os Topos de Chaminé são algumas colunas que ficam expostas sobre
um cabo formado por rochas altas, com vista para a costa da Calçada. É fácil
imaginar por que marinheiros que os olhavam do alto-mar os confundiam com topos
da chaminé de um grande castelo. Pelo visto, o navio de guerra espanhol Girona,
ao fugir da derrota contra a Armada Espanhola em 1588, disparou tiros de canhão
contra esses pilares, pensando que se tratasse de um castelo inimigo.
A outra extremidade da calçada
A Calçada dos Gigantes foi supostamente
construída para ligar a Irlanda com a Escócia. Onde fica a outra extremidade?
Podem ser vistas colunas basálticas idênticas, 130 quilômetros ao nordeste, na
pequenina ilha desabitada de Staffa. Esta ilha fica perto da costa oeste da
Escócia. (O nome Staffa significa “Ilha dos Pilares”.) Benandonner, o gigante
escocês que fugiu de Finn MacCool, também era chamado de Fingal. Em homenagem a
ele, a principal atração da ilha de Staffa recebeu o nome de Caverna de Fingal.
Esta grande caverna se formou dentro dessas colunas basálticas e se estende
cerca de 80 metros rochedo adentro. A arrebentação das ondas na caverna
inspirou o compositor alemão Felix Mendelssohn a compor sua abertura “As Hébridas”,
também conhecida como “Caverna de Fingal”, em 1832.
Como se formaram?
Visto que essas colunas de formato
semelhante não foram feitas pelas mãos de gigantes inimigos, como vieram a
existir? Descobrimos que, para achar a verdadeira resposta, é preciso entender
como algumas rochas são formadas.
A Irlanda do Norte fica numa área de
calcário compacto. Há muito tempo, a atividade vulcânica bem no interior da
crosta terrestre fez a rocha derretida subir através de fendas no calcário, a
uma temperatura de mais de 1.000 °C. Quando entrou em contato com o ar, ela se
resfriou e se solidificou. Mas por que ela simplesmente não endureceu e formou
uma massa gigantesca de formato irregular?
A rocha derretida, ou magma, é composta
de muitos elementos químicos e por isso pode criar vários tipos de rocha. O
tipo que se formou de maneira tão impressionante na Calçada dos Gigantes é o
basalto. O magma se encolhia à medida que se resfriava lentamente e, por causa
de sua composição química, fendas hexagonais regulares se formaram na
superfície. Enquanto o magma continuava a se resfriar por dentro, as fendas
desciam gradualmente, formando a grande quantidade de colunas de basalto
semelhantes a lápis.
“Os arquitetos têm motivos para se
jactar?”
Não é apenas a Irlanda ou a Escócia que
têm colunas como essas. No entanto, na maioria das outras partes do mundo,
geralmente é preciso grande esforço para se aproximar delas. É raro encontrar
um lugar onde haja tantas colunas hexagonais bem preservadas e de fácil acesso
para qualquer pessoa.
No final do século 18, Sir Joseph Banks
ficou tão comovido pela extraordinária beleza das relativamente poucas colunas
que descobriu na ilha de Staffa, que comentou: “Comparado com isso, as
catedrais e os palácios construídos pelo homem não são nada! . . .
Será que os arquitetos têm motivos para se jactar?”
Nossa visita à Calçada dos Gigantes, uma
das maravilhas naturais da Irlanda, também inspirou em nós sentimentos de
admiração. Passeamos por essa arquitetura natural e refletimos no poder e na
habilidade criativa do Grandioso Criador e Arquiteto, Jeová Deus.
Imagem: blogcasaobjeto.blogspot.com
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