sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Estamos nos aproximando de uma nova Era Glacial?









O que a ciência diz...
O efeito de aquecimento de CO2 que adicionamos à atmosfera é muito maior que a influência de mudanças na órbita da Terra ou da atividade solar, mesmo que esta caísse para os os níveis do Mínimo de Maunder.

http://www.skepticalscience.com/translation.php?a=53&l=10

Argumento cético...
"Um dia você vai acrodar enterrado embaixo de nove andares de neve. É tudo parte de um ciclo estável, previsível e natural que retorna como um relógio a cada 11.500 anos. E como a última Era Glacial terminou quase que exatamente há 11.500 anos..." (Ice Age Now)
Há apenas alguns séculos, o planeta experimentou uma leve era glacial, que recebeu o nome pitoresco de Pequena Era do Gelo. Parte da Pequena Era do Gelo coincidiu com um período de baixa de atividade solar chamado Mínimo de Maunder (batizado em homenagem ao astrônomo Edward Maunder). Acredita-se que uma combinação de atividade solar mais baixa e maior atividade vulcânica constituiu na maior causa deste fenômeno (Free 1999, Crowley 2001), com mudanças na circulação oceânica que também tiveram efeito nas temperaturas européias (Mann 2002).
Será que estamos nos aproximando de outro mínimo de Maunder? A atividade solar está mostrando atualmente uma tendência de resfriamento de longo prazo. 2009 teve a irradiância solar mais baixa em mais de um século. Porém, predizer a atividade solar futura é problemático. A transição de um período de 'grand maxima' (a situação da segunda metado do século XX) para uma 'grand minima' (a condição do Mínimo de Maunder) é um processo caótico e difícil de prever (Usoskin 2007).
Digamos, apenas a título de argumento, que o sol entrasse em outro Mínimo de Maunder no século XXI. Que efeito isso teria sobre o clima da Terra? Simulações da resposta climática nesta condição concluem que a diminuição de temperatura devido a isso seria mínima comparada com o aquecimento por gases estufa de origem humana (Feulner 2010). O resfriamento causado por essa hipotética menor atividade solar seria de cerca de 0,1ºC (com um valor máximo estimado de 0,3ºC), enquanto o aquecimento por gases estufa é de 3,7ºC a 4,5ºC, dependendo de quanto CO2 nós emitirmos ao longo do século XXI (mais a respeito deste estudo...)
Entretanto, nosso clima experimentou mudanças muito mais dramáticas que a Pequena Era do Gelo. Ao longo dos últimos 400.000 anos, o planeta experimentou condições de Eras Glaciais, pontuadas por breves intermalos mais quentes a cada cerca de 100.000 anos. Nossa atual era interglacial começou há cerca de 11.000 anos atrás. Poderíamos estar à beira do final desta nossa interglacial?
Como se iniciam as eras glaciais? As mudanças na órbita da Terra fazem com que menos luz do sol (insolação) atinja o Hemisfério Norte durante o verão. A calota polar do norte derrete menos durante o verão e gradualmente vai crescendo ao longo de milhares de anos. Isso aumenta o albedo da Terra, o que amplifica o resfriamento, fazendo com que a calota polar aumente ainda mais. Este processo dura por cerca de 10 a 20 mil anos, trazendo o planeta a uma Era Glacial.
Nem todas as interglaciais duram o mesmo tempo. Uma perfuração de gelo do Domo C, na Antártica, proporcionou uma visão das temperaturas até 720.000 anos atrás. As condições climáticas de 420.000 anos atrás eram similares às condições atuais. Naquela época, a interglacial durou 28.000 anos, sugerindo que nossa interglacial atual poderia durar por tempo semelhante, sem a intervenção humana (Augustin 2004).
As condições atuais são similares às de 400.000 anos atrás, devido a configurações similares na órbita da Terra. Em ambos os períodos, a forçante das variações orbitais mostrou muito menos mudanças do que em outras interglaciais. Simulações com a órbita atual mostram que mesmo sem emissões de CO2, espera-se que a interglacial atual dure pelo menos 50.000 anos (Berger 2002).
Evidentemente, a questão de quanto tempo dura a interglacial sem intervenção humana é apenas hipotética. Nós estamos intervindo. Então, que efeito têm nossas emissões de CO2 em uma futura Era Glacial? Esta questão é examinada em um estudo a respeito do "gatilho" da glaciação - a diminuição necessária na insolação do verão do hemisfério norte para iniciar o processo de aumentar a calota polar (Archer 2005). Quanto mais CO2 houver na atmosfera, mais baixo precisa cair a insolação para disparar a glaciação.
A Figura 4 examina a resposta do clima a vários cenários de emissões de CO2. O azul representa uma liberação humana de 300 gigatoneladas de carbono - nós já ultrapassamos esta marca. A liberação de 1000 gigatoneladas de carbono (linha laranja) impediria uma Era Glacial por 130.000 anos. Se as emissões de carbono fossem 5000 gigatoneladas ou mais, a glaciação seria evitada por meio milhão de anos. Como as coisas estão hoje, a combinação de uma forçante orbital relativamente fraca com um longo período de permanência atmosférica do CO2 provavelmente gerará uma interglacial mais longa do que a que foi vista nos últimos 2,6 milhões de anos.
Assim, podemos ficar seguros de que não há nenhuma Era Glacial à espreita. Para aqueles com dúvidas persistentes de que uma Era Glacial poderia ser iminente, voltem seus olhos para a calota polar do Ártico. Se elas estiverem crescendo, então sim, o processo de 10.000 anos de glaciação pode ter começado. Porém, o permafrost Ártico atual está se degradando, o gelo oceânico Ártico está derrentendo e o manto de gelo da Groenlândia está perdendo gelo num ritmo acelerado. Dificilmente isso representaria boas notícias para a Era Glacial iminente.

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