Gestão da operadora lusa rejeita oferta
da empresária angolana e lança 'chuva' de críticas à operação. Documentação
imprecisa, preço baixo e dificuldade em entender o projecto são algumas das
'queixas'.
O conselho de administração (CA) da PT
SGPS 'rejeitou', ainda que não de forma unânime, esta semana, a oferta pública
de aquisição (OPA) lançada pela da Terra Peregrin, da empresária angolana
Isabel dos Santos e do representante dos seus negócios em Portugal, Mário
Silva.
http://expansao.co.ao/Artigo/Geral/52319
Após uma reunião que terminou na noite
de terça- feira passada, o CA disse que o preço oferecido é baixo e que há
"imprecisões" na documentação da OPA. Em comunicado, a gestão da
operadora afirma que, "atentas algumas limitações dos documentos da
oferta, não são suficientemente claros os objectivos pretendidos pela oferente,
através da presente oferta".
Os documentos, diz a empresa, são
"incompletos e imprecisos" e "não cumprem, nalguns aspectos, os
requisitos legais quanto à qualidade da informação". Os documentos
"são pouco claros em aspectos relevantes, designadamente no que concerne
ao financiamento da oferta e à identificação da oferente e entidades a quem é
imputável o respectivo controlo, e, assim, impossibilitam o CA de adoptar nesta
fase uma posição mais consubstanciada sobre alguns dos termos da oferta".
Para o CA, "o preço oferecido de
1,35 euros não reflecte o valor intrínseco da PT, incluindo o resultante do
potencial de desenvolvimento da Oi no médio e longo prazo decorrente do
processo de consolidação do mercado brasileiro de telecomunicações".
Por outro lado, sublinha que a Terra
Peregrin "estabelece um conjunto de condições questionáveis (pois a
verificação de uma delas está dependente de terceiros - a Oi) e/ou incompletas
para o lançamento da oferta", nomeadamente no que concerne à venda da PT
Portugal.
O CA é composto por 11 membros, dos
quais Francisco Ravara Cary, Gerald S. McGowan e João de Mello Franco (por ser
presidente) não aceitaram a oferta, e os restantes membros mantiveram a sua
decisão pendente, "tendo em conta a contrapartida e as demais
condicionantes a que a oferta se encontra sujeita".
A suspensão da venda da PT Portugal aos
franceses da Altice, já aceite pela Oi (que detém 100% da operadora
portuguesa), é uma das condições impostas pela Terra Peregrin, cujo gestor,
Mário Silva, já disse que não vai subir o valor da oferta.
A Oi deu 'luz verde' à venda da PT
Portugal aos franceses, por 7,4 mil milhões de euros, mas a PT SGPS (dona de
26% da Oi, com opção de chegar a 37%, se recuperar as perdas de 900 milhões de
euros em papel comercial da Rioforte, do GES, entretanto falida) tem direito de
veto.
A decisão será tomada em
assembleia-geral, cuja data ainda não era conhecida à hora de fecho desta
edição. No final da semana passada, num encontro com jornalistas, Mário Silva
garantiu que é "excelente" a contrapartida oferecida pela Terra
Peregrin. E foi claro: "Não vamos mexer no preço. Ponto final parágrafo".
Para Mário Leite Silva, os accionistas
da PT SGPS "têm de escolher entre a oferta da Oi [que passa pela venda da
PT Portugal] e a nossa". E lembrou que "há dois meses os accionistas
da PT SGPS ratificaram a fusão" com a Oi, a qual não previa a venda da PT
Portugal.
Isabel dos Santos tem já interesses no
sector das telecoms em Portugal, onde controla a NOS - operadora de TV por
subscrição, Internet e telefone fixo e móvel, para além de cinemas - em
parceria com a Sonae. Em Angola, a empresária detém a ZAP e 25% da Unitel.
A Oi ficou com a participação que a PT
detinha na operadora angolana e já anunciou que se trata de um activo
financeiro "disponível para venda". Isabel dos Santos e os restantes
accionistas da Unitel, e a PT, têm há anos um diferendo por causa da participação
da empresa lusa na Unitel.
A empresa portuguesa vendeu parte da sua
participação (de 25%) na Unitel a um fundo nigeriano, sem informar os parceiros
na operadora angolana da operação. A Unitel, entretanto, reteve dividendos da
Unitel devidos à PT, e os seus accionistas angolanos já afirmaram publicamente
que a violação do acordo parassocial - devido à venda aos nigerianos - lhes
confere o direito de compra da posição da empresa lusa.
Sem comentários:
Enviar um comentário