Se
um dia você resolver viajar para o Lago de Qiandao, terá a chance de visitar
duas metrópoles de 1.800 e 1.400 anos de idade, totalmente submersas.
O
“Lago das Mil Ilhas”, na sua tradução em português, é chamado assim por possuir
1.078 grandes ilhas e milhares de pequenas, e fica localizado em Zhejiang, a
cerca de 150 km de Hangzhou, na China.
No seu fundo, ficam as cidades de Shicheng e Hecheng
(ou Shi Cheng e He Cheng), pensadas como perdidas por 40 anos.
Ao contrário de outros locais históricos que foram
parar no fundo de rios e mares após serem vítimas de tragédias, as cidades não
foram exatamente “perdidas”, mas sim deliberadamente sacrificadas.
Os assentamentos da Dinastia Han perderam-se sob as
águas crescentes do lago artificial em 1959, após a construção de uma
hidrelétrica nas proximidades. Agora, fossilizam lentamente sob mais de 30
metros de água.
Ironicamente,
as metrópoles submersas hoje são um exemplo muito bem preservado do urbanismo
desta antiga dinastia, incluindo cerca de 265 arcos de pedra bem conservados.
O
sacrifício e a redenção
Em
1959, o governo comunista da China construiu sua primeira usina hidrelétrica no
condado de Chun’na, a Usina Hidrelétrica de Xin’anjiang, para abastecer cidades
do leste do país como Shanghai e Hangzhou.
Com
isso, as antigas metrópoles Shicheng e Hecheng foram afundadas no Lago de
Qiandao, junto com cerca de 27 aldeias e mil vilas. 290 mil habitantes tiveram
que migrar da região.
Hecheng
foi uma cidade comercial e próspera construída há 1.800 anos, enquanto
Shicheng, também conhecida como Cidade do Leão, possui 1.400 anos e foi um
centro político, econômico e cultural.
Os
estudiosos pensavam ter perdido esse pedaço da história chinesa para sempre,
mas, entre 2001 e 2011, o governo local organizou cinco expedições para
descobrir detalhes sobre o alagamento, e percebeu-se que muita coisa das
antigas cidades ainda estavam inteiras, como vigas, escalas e tijolos de casas,
pátios, esculturas bem trabalhadas, portões, arcos, cemitérios e até uma telha
esculpida com a frase “Fabricado no 15º ano do Imperador Guangxu”.
Agora,
as cidades submersas se tornaram um destino turístico de aventura para
viajantes e mergulhadores, que têm a chance de conferir as ruínas litorâneas de
uma civilização incrível.
Atualmente,
a Usina de Xin’anjiang está quase inativa e o Lago de Qiandao já perdeu seu
sentido como fonte de energia elétrica. Foi sugerido que o nível do lago fosse
baixado para trazer as cidades novamente à tona, mas elas estão debaixo d’água
há 50 anos, e especialistas creem que não resistiriam à mudança do ambiente.
Além
disso, o lago se tornou uma fonte da água potável para fabricação de cerveja e
água mineral, e baixar seu nível poderia prejudicar os interesses econômicos da
região.
Quem
estiver disposto a encarar 30 metros de água acima da cabeça, no entanto, ainda
será capaz de disfrutar da visão dessas antigas maravilhas. [Gizmodo, PapoViagem, CRI]
hypescience
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