Daí pensarem os Bantus que o feiticeiro tem de ser procurado quase sempre entre os seus familiares ou vizinhos mais próximos. Assim, o feiticeiro destrói a própria família.
Cultura Tradicional Bantu. Pe. Raul Ruiz de Asúa Altuna. Edições Paulinas
Segundo lendas populares, nas noites de plenilúnio, vêem-se nos descampados das grandes florestas, círculos de feiticeiros dançando e girando com majestosa lentidão à volta do cadáver de alguma vítima. Ao fim, comem-no, cortando-o em pequenos pedaços e levando-os à boca com gestos rituais, lentos e suaves.
É muito frequente acusar mulheres, sobretudo as anciãs e esposas. É uma prova do antagonismo sexual e reacção à hipotética preponderância feminina nos grupos matrilineares. Além disso, como muitas mortes têm a sua origem em comidas e bebidas, é natural que acusem as mulheres que as prepararam.
«A mulher, considerada como a criatura mais misteriosa e insondável, está mais intimamente relacionada com a “escuridão” e a “noite”. Está, portanto, estreitamente relacionada com a feitiçaria». A mulher é enigmática devido à sua constituição física e psíquica. Os seus órgãos sexuais, o sangue menstrual, a capacidade de concepção e o poder alimentício dos seios levaram estes povos, apoiados na causalidade mística e nas leis e dinamismo da magia, a rodear a mulher de uma auréola misteriosa e ambivalente. É estimada e querida, receada e perigosa. Confirma-o o seu comportamento psíquico: uma intuição com reacções tão surpreendentes que transcendem a visão do homem, uma versatilidade incontrolável e uma capacidade de sedução até dobrar o próprio homem.
Para quem está alheio a esta cultura, não passa de uma pseudociência que se dissipará como o fumo, quando o bantu tiver conhecimento das leis da causalidade ou abraçar o cristianismo libertador e salvador.
Zumbi era descendente dos guerreiros imbangalas ou jagas de Angola e nasceu por volta de 1655 em um mocambo do quilombo. A palavra Zumbi significa "Deus negro de alma branca".
"É admirável que, sem partitura, eles consigam manter os seus rituais e composições desde épocas imemoráveis" J. A. Peret
Descobre-se assim, nitidamente, o ponto mais sensível da alma virgem. O indígena deixa-se vencer facilmente pela música e ela foi utilizada como meio prodigioso pelos jesuítas para a catequese. Realmente, foi a música a grande arma do missionário.
Entre os dogões da África, cujo sistema simbólico é lunar e aquático, "a avestruz substitui às vezes as linhas onduladas ou as sucessões dos bastões que simbolizam os caminhos da água". Nestas representações, o corpo da avestruz é pintado na forma de círculos concêntricos e de bastões.
Este mito não é exclusivamente aborígene, porque há nas lendas cosmogônicas dos Fans da África a imagem de Mboya, representando na floresta um acham errante à procura de Bingo, o filho a quem Nzamé atirara ao precipício. Existe também no Maranhão, um mito mais aproximado do da tribo dos Fans do que do Boitatá. É o que se conhece pelo nome de kuracanga. Quando uma mulher tem sete filhas, a última vira kuracanga, isto é, a cabeça sai do corpo, à noite e, em forma de bola de fogo, gira à toa pelos campos, apavorando a quem encontrar nessa estranha vagabundeação. Há, porém, meio infalível de sustar-se esse horrível fadário, é fazer com que a filha mais velha seja madrinha desta caçula.
Na África a serpente é o arco-íris para sudaneses e bantos, a N’Tyama, cavalo de Nz’ambi, a Mu-kyama, etc. (Pe. Tastevin, Les idées religieuses des africains, 8, 10).
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