A escritora Maria Eugénia Neto é a grande vencedora do Prémio Nacional de Cultura e Arte, edição 2011, na categoria de Literatura, anunciou ontem no Centro de Imprensa, em Luanda, o presidente do júri, Zavoni Ntondo, em cerimónia presidida pela ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva.
Maria Eugénia Neto foi galardoada pela sua contribuição e persistência na valorização da literatura infanto-juvenil, numa altura em que se procura, cada vez mais, promover o gosto pela leitura, pela reflexão e espírito crítico, no seio das gerações mais novas.
Segundo o presidente do júri, a escritora também cultiva o género lírico e a sua poesia, além de constituir uma saudosa e angustiante evocação da imagem do seu marido, mantém um forte vínculo de intertextualidade com a obra “Sagrada Esperança”, problematizando aquilo que o social busca problematizar.
O investigador Vladimiro Fortuna venceu na categoria de Investigação em Ciências Humanas e Sociais, pela obra “Angolanos na Formação dos Estados Unidos”, considerando a relevância, a pertinência e o interesse deste trabalho para o estudo científico da historiografia angolana sobre o quotidiano da diáspora nos Estados Unidos da América.
Zavoni Ntondo realçou que este estudo, embora não seja o primeiro com esta temática, contribui para, por um lado, enriquecer o conhecimento da trajectória do tráfico de escravos e, por outro, colmatar o défice de informação desta temática no caso de Angola.
Pelo elevado valor artístico do conjunto da sua obra, desenvolvido ao longo de 37 anos de carreira, dando um forte contributo ao desenvolvimento das artes em Angola, o pintor Mendes Ribeiro ficou com o galardão da disciplina de Artes Plásticas. Mendes Ribeiro é um ícone que marca, do ponto de vista académico, uma geração desde os primórdios da independência de Angola.
Na disciplina de Teatro, o prémio foi atribuído ao grupo Vozes D’África, da província do Huambo, pelo esforço que tem vindo a desenvolver para manter vivo o teatro naquela região.
O realizador Tomás Ferreira ficou com o troféu, na disciplina de Cinema e Audiovisuais, pelo trabalho, responsabilidade, abnegação, rigor, seriedade e determinação, sobretudo nos programas televisivos “Stop Sida” e “Angola Chama-te”.
Na disciplina da Música, o prémio foi atribuído a João Morgado “Joãozinho dos Tambores”, um músico percussionista com mais de 50 anos de carreira activa, ininterrupta, imitado e respeitado por várias gerações.
A título excepcional, pelo conjunto da sua obra, o prémio na categoria de dança foi atribuído ao Ballet Tradicional Kilandukilu, um grupo com uma trajectória de 27 anos ininterruptos, de persistência artística no domínio da dança tradicional e popular recreativa.
Ministra satisfeita
A ministra da Cultura afirmou ontem estar satisfeita com o trabalho do júri do prémios, por todos os laureados serem ícones da cultura nacional. “Felicito os vencedores pelo empenho e dedicação. O génio criador foi posto em destaque. Qualquer das personalidades que ganharam são ícones da cultura angolana, são responsáveis pela passagem de testemunho das novas gerações.”
Disse que o Ministério que dirige vai continuar com o seu trabalho de incentivo e promoção do génio criador no domínio da cultura e das artes, promovendo e orientando acções, no sentido de que possam ocorrer com regularidade em todo o país.
“O facto de termos conseguido que os membro do júri se deslocassem a algumas províncias para identificar o talento e o génio criador nesses locais, ainda não correspondeu às expectativas de alguns criadores, porque nas nossas deslocações sentimos isso, mas é preciso dizer que a excelência é um ponto que se atinge com muito esforço e dedicação.”
A ministra disse que os exemplos que o Ministério da Cultura tem visto nas outras edições permite afirmar que é de facto a excelência um factor determinante para a escolha dos vencedores.
JORNAL DE ANGOLA
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