Lisboa – Actualmente a exercer as
funções de Director adjunto do Serviço de Inteligência Externa (SIE), o
brigadeiro Azevedo Xavier Francisco “Xavita” é um dos quadros mais
proeminentes do aparelho de segurança de Estado em Angola oriundo
das estruturas militares.
Fonte: Club-k.net
Conhecido como “O estratega”
Na
década de 70 era um jovem morador do bairro terra nova, (mais tarde no Nelito
Soares, rua C-11) em Luanda que depois chegada dos movimentos
de libertação nacional vinculou-se ao MPLA. Em princípios de
1975 foi enviado para instrução militar numa base do CIR – Centro de
Integração Revolucionaria, em Belize, província de Cabinda,
onde se cruzaria com Pedro Sebastião, Joao Silva “Mayunga”,
Alberto Correia Neto e Bornito de Sousa.
Em finais da década de 80 tornou-se num quadro em ascensão, no aparelho de segurança traduzida na confiança que o regime depositara em si. Em Setembro de 1991, o Presidente José Eduardo dos Santos nomeou-lhe Vice-Governador do Kuando Kubango para os assuntos comunitários que era uma pasta reservada a elementos da segurança de Estado.
De regresso a Luanda, isto em Março de 1994, a sua próxima missão seria para a Alemanha como 1° Secretario da Embaixada de Angola, na altura instalada na cidade de Bonna. A nível da Inteligência Externa, era conhecido como o “Chefe do Centro” que a partir deste país, controlava a estratégia do regime em desativar as redes da UNITA, na Europa e proceder a colecta de dados pessoais dos seus dirigentes para engrossar na lista de sanções impostas aos rebeldes pelas Nações Unidas. Ficou assim notabilizado como uma figura emblemática, do aparelho da segurança passando a ser tratado como “o estratega”, por ser ele que alvitrava muitas das missões especiais (covert actions) do SIE – nunca postas em marcha sem o aval da DG e, por vezes, do próprio JES.
Nas
vésperas da morte de Jonas Savimbi um grupo do SIE (então ainda SSE),
chefiado por Azevedo “Xavita”, do qual faziam parte vários desertores da
UNITA, entre os quais o General Jacinto Bândua, tentou, em vão, aliciar
em Lomé uma irmã do antigo líder da UNITA, Judite Savimbi, bem como vários
quadros em Lisboa e Bruxelas.
Entre os renegados da UNITA do grupo de "Xavita" contavam-se indivíduos que entretanto ingressaram nos quadros do SIE e se encontram actualmente ao seu serviço, colocados no estrangeiro (Silas, em Lagos; Maria Ekulika, em Harare e outra, nome impreciso, em Malabo).
Após o fim do conflito armado, regressou a Luanda. Fernando Miala, então chefe do SIE, via a necessidade de colocar-lhe em paris para funções idênticas que desempenhava na Alemanha, porem, em 2000, acabou por ser enviado sob a capa de adido de defesa visto que o cargo de 1º Secretario da embaixada estava ocupado por um experimentado oficial da segurança, Daniel Rosa, com vasta experiência passada pela Ex-URSS e Costa do Marfim.
No seguimento da queda de Fernando Miala, em 2006, o Brigadeiro “Xavita” integrou o grupo de agentes colocados nas embaixadas chamados a Luanda para uma reunião com o general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”. Enquanto que os seus colegas regressaram para os seus postos de trabalho no exterior, Azevedo “Xavita”, foi instado a ficar no país para ingressar na nova direção do SIE, liderada por Oliveira Sango. Foi nomeado chefe da Direcção Europa e Ásia do Serviço de Inteligência Externa. Enquanto responsável desta direção, o brigadeiro “Xavita” estava sempre presente no grupo de avanço das raras deslocações que o PR efectua a estes dois continentes. Em Dezembro de 2008, integrou o grupo de avanço despachado para China, uma semana antes do PR ter viajado para Pequim. A 26 de Fevereiro de 2009, o Chefe de Estado angolano foi a Alemanha mas, “Xavita” ficaria em terra. Em ultima da hora, o Serviço de Inteligência Externa Alemão (Bundes Nachrichten Dienst-BND) interferiu comunicando sobre a desnecessidade de enviarem muitos operativos e que eles tratariam da proteção do líder angolano. No seu lugar, viajou um elemento, identificado por “Evaristo”.
Em Agosto do mesmo ano, o PR, após auscultação do general Manuel Vieira Dias “Kopelipa” e de Oliveira Sango, DG da instituição, nomeou-lhe como DG adjunto do SIE, em substituição de Gilberto Veríssimo. O seu posto na direcção Direcção Europa e Ásia seria ocupado por Felisberto Fernandes da Costa.
Conhecedor da Europa, Azevedo Xavier Francisco “Xavita” foi também a figura que as autoridades mandaram para França, depois do CAN 2010, para apurar a constatação de irregularidades na aquisição de quatro carros de exterior encomendados pelo então Ministro da Comunicação Social, Manuel Rabelais que não chegaram ao país pondo em risco a cobertura televisiva do campeonato. (A solução de emergência posta em marcha, de custos considerados muito elevados, consistiu em contratar uma empresa portuguesa, Media Lusa, que fez deslocar para Angola todos os seus meios técnicos e com 100 técnicos. A RTP também foi solicitada, despachando para Angola 18 técnicos.)
Como DG adjunto do SIE, “Xavita” passou a ter sob alçada a área da cooperação internacional, chefiada por Mario Costa. Nesta condição após uma deslocação a Índia, em Novembro de 2010 propôs a Oliveira Sango, seu superior, a necessidade de se instalar um “desk”, em Deli, (cobrindo Malásia e Tailândia) constituído por um oficial que teria a categoria de “Chefe de Posto”, para haver melhor acompanhamento de um notado crescente volume de negócios que as entidades ou empresários daquele país estariam a injectar em Angola cobrindo igualmente a Malásia e Tailândia.
Pelos seus feitos, a causa angolana, as autoridades condecoraram-lhe, a 3 de Dezembro de 2010, numa cerimônia, realizada no centro de convenção de Talatona, com a medalha 11 de Novembro. Fizeram parte dos condecorados outros 254 cidadãos que terão contribuído para a luta de libertação nacional.
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