terça-feira, 16 de dezembro de 2014

PT SGPS diz “não” à OPA de Isabel dos Santos





Gestão da operadora lusa rejeita oferta da empresária angolana e lança 'chuva' de críticas à operação. Documentação imprecisa, preço baixo e dificuldade em entender o projecto são algumas das 'queixas'.
O conselho de administração (CA) da PT SGPS 'rejeitou', ainda que não de forma unânime, esta semana, a oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela da Terra Peregrin, da empresária angolana Isabel dos Santos e do representante dos seus negócios em Portugal, Mário Silva.

http://expansao.co.ao/Artigo/Geral/52319

Após uma reunião que terminou na noite de terça- feira passada, o CA disse que o preço oferecido é baixo e que há "imprecisões" na documentação da OPA. Em comunicado, a gestão da operadora afirma que, "atentas algumas limitações dos documentos da oferta, não são suficientemente claros os objectivos pretendidos pela oferente, através da presente oferta".
Os documentos, diz a empresa, são "incompletos e imprecisos" e "não cumprem, nalguns aspectos, os requisitos legais quanto à qualidade da informação". Os documentos "são pouco claros em aspectos relevantes, designadamente no que concerne ao financiamento da oferta e à identificação da oferente e entidades a quem é imputável o respectivo controlo, e, assim, impossibilitam o CA de adoptar nesta fase uma posição mais consubstanciada sobre alguns dos termos da oferta".
Para o CA, "o preço oferecido de 1,35 euros não reflecte o valor intrínseco da PT, incluindo o resultante do potencial de desenvolvimento da Oi no médio e longo prazo decorrente do processo de consolidação do mercado brasileiro de telecomunicações".
Por outro lado, sublinha que a Terra Peregrin "estabelece um conjunto de condições questionáveis (pois a verificação de uma delas está dependente de terceiros - a Oi) e/ou incompletas para o lançamento da oferta", nomeadamente no que concerne à venda da PT Portugal.
O CA é composto por 11 membros, dos quais Francisco Ravara Cary, Gerald S. McGowan e João de Mello Franco (por ser presidente) não aceitaram a oferta, e os restantes membros mantiveram a sua decisão pendente, "tendo em conta a contrapartida e as demais condicionantes a que a oferta se encontra sujeita".
A suspensão da venda da PT Portugal aos franceses da Altice, já aceite pela Oi (que detém 100% da operadora portuguesa), é uma das condições impostas pela Terra Peregrin, cujo gestor, Mário Silva, já disse que não vai subir o valor da oferta.
A Oi deu 'luz verde' à venda da PT Portugal aos franceses, por 7,4 mil milhões de euros, mas a PT SGPS (dona de 26% da Oi, com opção de chegar a 37%, se recuperar as perdas de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, do GES, entretanto falida) tem direito de veto.
A decisão será tomada em assembleia-geral, cuja data ainda não era conhecida à hora de fecho desta edição. No final da semana passada, num encontro com jornalistas, Mário Silva garantiu que é "excelente" a contrapartida oferecida pela Terra Peregrin. E foi claro: "Não vamos mexer no preço. Ponto final parágrafo".
Para Mário Leite Silva, os accionistas da PT SGPS "têm de escolher entre a oferta da Oi [que passa pela venda da PT Portugal] e a nossa". E lembrou que "há dois meses os accionistas da PT SGPS ratificaram a fusão" com a Oi, a qual não previa a venda da PT Portugal.
Isabel dos Santos tem já interesses no sector das telecoms em Portugal, onde controla a NOS - operadora de TV por subscrição, Internet e telefone fixo e móvel, para além de cinemas - em parceria com a Sonae. Em Angola, a empresária detém a ZAP e 25% da Unitel.
A Oi ficou com a participação que a PT detinha na operadora angolana e já anunciou que se trata de um activo financeiro "disponível para venda". Isabel dos Santos e os restantes accionistas da Unitel, e a PT, têm há anos um diferendo por causa da participação da empresa lusa na Unitel.
A empresa portuguesa vendeu parte da sua participação (de 25%) na Unitel a um fundo nigeriano, sem informar os parceiros na operadora angolana da operação. A Unitel, entretanto, reteve dividendos da Unitel devidos à PT, e os seus accionistas angolanos já afirmaram publicamente que a violação do acordo parassocial - devido à venda aos nigerianos - lhes confere o direito de compra da posição da empresa lusa.

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