segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Existe mais água doce no oceano do que nós extraímos da terra em 100 anos


De acordo com um grupo de pesquisadores liderado pelo Dr. Vincent Post, do Centro Nacional de Águas Subterrâneas e da Universidade Flinders, na Austrália, cerca de 500 mil quilômetros cúbicos de água potável estão enterrados sob o fundo do mar em plataformas continentais ao redor do mundo.
A água subterrânea poderia, talvez, ser usada para garantir suprimentos para cidades costeiras florescentes do mundo, e foi localizada ao largo da Austrália, China, América do Norte e África do Sul.
“O volume deste reservatório de água é cem vezes maior do que a quantidade que temos extraído da sub-superfície da Terra desde 1900. Saber sobre estas reservas é uma grande notícia, porque este volume de água poderia sustentar algumas regiões por décadas”, explica Post, que é o primeiro autor do artigo publicado na revista “Nature”.
“Os cientistas que se dedicam às pesquisas de águas subterrâneas sabiam que há água doce sob o fundo do mar, mas achavam que ela só aparecia sob condições raras e especiais. Nosso estudo mostra que aquíferos doces e salobros abaixo do leito marinho são realmente um fenômeno bastante comum. Essas reservas foram formadas ao longo dos últimos milhares de anos, quando, em média, o nível do mar era muito mais baixo do que é hoje e quando o litoral ficava mais longe. Então, quando chovia, a água se infiltrava no solo e enchia o lençol freático em áreas que hoje estão sob o mar”, explicou.
Quando o nível do mar subiu, no momento em que calotas polares começaram a derreter, cerca de 20 mil anos atrás, essas áreas foram cobertas pelo oceano. Muitos aquíferos eram – e ainda são – protegidos da água do mar por camadas de argila e sedimentos que se assentam sobre eles.
“Os aquíferos são semelhantes aqueles abaixo da terra, que grande parte do mundo depende para beber água, e sua salinidade é baixa o suficiente para que possam ser transformados em água potável”, destaca o cientista. “Há duas maneiras de acessar essa água. Construir uma plataforma em alto-mar e perfurar o fundo do mar, ou perfurar do continente ou ilhas próximas dos aquíferos”, diz.
Enquanto perfuração longe da costa pode ser muito cara, essa fonte de água doce deve ser avaliada e considerada em termos de custo, sustentabilidade e impacto ambiental contra outras fontes de água, como a dessalinização, ou até mesmo a construção de grandes novas barragens em terra.
“A água doce sob o fundo do mar é muito menos salgada do que a água do mar. Isto significa que pode ser convertida em água potável com menos energia do que a água do mar exige durante a dessalinização, e também nos deixaria com muito menos águas hiper-salinas”, conclui o Dr. Post. [Sci News]
hypescience

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