sábado, 22 de março de 2014

Funcionários do BFA queixam-se de neocolonialismo




À
Exma. Drª Isabel dos Santos
Mui Digna Vice-presidente do Banco Fomento Angola

Assunto: Neo-colonização no BFA

Excelência viemos através desta via, porque acreditamos ser o único meio pelo qual lhe poderemos chegar todas as questões irregulares que têm acontecido na instituição e que acreditamos não ser do seu conhecimento.

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Nós funcionários da instituição supracitada, distribuídos nas diversas áreas, gostaríamos de entender a razão pela qual até aos dias de hoje os salários e as condições laborais serem tão baixas e péssimas comparando com outras instituições do nosso mercado!

Todavia, o BFA primeiro banco comercial e líder das concorrentes e ainda o que propaga ao mundo fora ser o banco que mais cresce, e, realmente cresce, pois os números falam por si. Só que infelizmente não distribui.

Excelência a postura de quem gere o banco é contrária até mesmo a politica do nosso glorioso MPLA, pois é sabido que o lema é “Crescer mais e Distribuir melhor “.

As condições laborais são deploráveis e se aqui citarmos, talvez fossem necessárias descreve-las em duas páginas..., ademais não compreendemos porque razões temos de comparticipar com 20% dos pagamentos facturados pela clínica das consultas feitas uma vez que, com salários baixos e demais descontos em cursos, acabamos ficando sem quase nada. Será que se justifica?

Nós funcionários trabalhamos directamente com elevadas somas de valores, mas, pelo contrário ganhamos pessimamente mal. Nós não estamos numa instituição de caridade, sabemos. Mas, a ideia de que se tem de um funcionário bancário é extremamente diferente das condições que se vive.

Qual tem sido a causa das constantes demissões no BFA? Será que a nossa Administração não tem conhecimento?

Desconhecemos totalmente qualquer tipo de politica motivacional existente na instituição, a não ser os incentivos anuais na ordem dos USD 200 á USD 300, ao contrário dos colegas estrangeiros que recebem a margem de USD 5000 a USD 10000. Outrossim, após três anos de função são acrescentados no salário de alguns colaboradores valores na mesma ordem (USD 200-300). Serão essas políticas motivacionais?

É muito triste o que vivenciamos na altura das vendas de casas nas centralidades de Luanda, onde muitos sonharam e acreditavam poder adquirir a casa dos seus sonhos, e simplesmente nenhum funcionário (Balconistas, Caixas, Técnicos de Informática, de Créditos, Motoristas etc.) conseguiu adquirir, porque os nossos salários não são superior a 150.000.00kzs. É triste!

O intercâmbio com os irmãos estrangeiros (na sua maioria de nacionalidade portuguesa) é salutar, mas, difícil é compreender a diferença salarial abismal (6x+) que o nacional, e com direito a casa e carro pago pelo banco; viagens e alojamentos.

Também estranho é perceber em que condições são eles contratados, pois na sua maioria nem experiência de trabalho possuem (apreendem com os angolanos) e também é notório o baixo nível de escolaridade dos mesmos, isso inferior à nós. Pois, só para se ter uma ideia os quadros que suportam o nosso banco são constituídos maioritariamente por estudantes universitários, bacharéis e licenciados. O que em parte tem facilitado a saída maciça de pessoal para as concorrentes.

Excelência, atenta pela gravidade da informação que lhe vamos descrever, no dia 14/02/2014 somos surpreendido com afixação em todos os andares que comportam o edifício sede, sita na rua Amílcar Cabral, de uma lista e como consta em anexo, de pessoas e únicas que podiam fazer o uso de água mineral.

Ficamos estupefactos e concluímos ser uma atitude irracional, após análise da listagem, verificamos serem indivíduos com cargo de top e de pele clara. O que se pretende? Até quando continuaremos na supremacia das cores da pele? Não basta o salário! Até a água mineral? Será que não se tem direito pelo cargo ou pela cor da pele? É natural que não sintamos sede!?

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar. A razão pela qual a intolerância e racismo existem. As pessoas têm medo de seus próprios sentimentos, medo do desconhecido e receio de agir pela luta dos seus direitos e exigências das suas condições.

A partir da compreensão dos resultados internos, surgem importantes indicações que podem proteger a instituição a reproduzir menos e intensificar as desigualdades sociais no seio do trabalho. E quem sabe, eventualmente, podemos reduzir tais situações, já que menores disparidades são também um indicador de qualidade de trabalho e desigualdades insignificantes, pois significa que nenhum funcionário está ficando para trás...

O salário nem sempre é um factor determinante para a mudança de emprego, uma vez que, no início da carreira, os profissionais tendem a se preocupar mais com a experiência e o aprendizado. Mas, a remuneração baixa pode pesar, e muito, com o passar do tempo, quando as necessidades do profissional não são satisfeitas.

Certamente, é um factor crucial a quem tem uma casa arrendada e filhos para sustentar, diante de tais informações, solicitamos a confrontação; e de pés juntos rogamos a Sua Excelência no sentido de exigir e rever as nossas condições de trabalho e salariais, para que junto com os nossos irmãos estrangeiros, possamos trabalhar com dignidade e sem assimetrias.

Obrigado.
Os Funcionários.

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