quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A trajectória política de Álvaro Holden Roberto, o pai do nacionalismo angolano


ÁLVARO HOLDEN ROBERTO, nasceu em Mbanza Kongo, ex-São Salvador, província do Zaire, aos 12 de Janeiro de 1923. É filho de Garcia Diasiwa Roberto e de Joana Helena Lala Nekaka. Álvaro Holden Roberto fez os seus estudos primários e secundários em Léopoldville e é cristão baptizado pela Igreja Baptista (Baptist Missionary Society), que chegou a Angola em 1878.

No quadro da sua formação política, Álvaro Holden Roberto frequentou tanto em Léopoldville como no Ghana, vários cursos de Ciências Políticas, incluindo um estágio político-diplomático na Representação Diplomática da República da Guiné Konakry nas Nações Unidas, em Nova York, de 1959 a 1960.

Mais tarde, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu a audição dos peticionários dos territórios ainda colonizados, Álvaro Holden Roberto foi muitas vezes ouvido como Peticionário sobre Angola na Comissão das Tutelas denominada 4ª Comissão. Cada vez que ele aparecia, a delegação portuguesa retirava-se da sala em sinal de protesto, posto que Portugal não aceitava que as suas colónias fossem consideradas como tal, mas como províncias ultramarinas tanto mais que aí reinava a paz, afirmaram eles.

Os acontecimentos de 4 de Janeiro, 4 de Fevereiro e sobretudo os de 15 de Março de 1961, destruíram a argumentação portuguesa que já não teve coragem para prosseguir com as suas elucubrações.

Para melhor compreender a trajectória política de Álvaro Holden Roberto, deve-se recuar no tempo e no espaço.

Com efeito, ele é neto de MIGUEL NEKAKA (avô materno) um dos primeiros Evangelizadores angolanos, baptizado em 23 de Maio de 1889, que traduziu partes significativas da Bíblia de Inglês para o Kikongo e compôs numerosos hinos protestantes.

Miguel Nekaka era antes de tudo um patriota que defendia os direitos dos seus compatriotas, o que lhe valeu a hostilidade, a prisão e torturas por parte das autoridades coloniais portuguesas, mas graças à sua clarividência e resistência, conquistou o respeito e a estima do povo, dos missionários britânicos e de outros instalados nas actuais províncias do Uige e do Zaire.

Miguel Nekaka, que havia sido acusado falsamente de desempenhar um papel fundamental nos preparativos da Revolta dos Angolanos contra o poder colonial português, liderada por TULANTE BUTA (Tulante significa em Kikongo tenente, patente que Buta possuía no Exército Português no tempo da Monarquia em Portugal), guerra que durou de 1913 a 1915, foi duramente torturado pelas autoridades portuguesas. As injustiças de que foi vítima e as torturas que foram infligidas a Miguel Nekaka às quais sobreviveu, graças à sua robustez física, suscitaram nele um forte sentimento de revolta e de vingança, que o levou a fazer o seguinte pronunciamento: UM DOS MEUS DESCENDENTES VINGAR-ME-Á!

Miguel Nekaka faleceu em 1944.

Esse descendente mencionado no pronunciamento de Miguel Nekaka, não é senão ÁLVARO HOLDEN ROBERTO, seu neto, filho primogénito de sua filha JOANA LALA HELENA NEKAKA.

Em 1940, Dom Pedro VII, Rei do Kongo visitou Lisboa para participar na exposição do “Mundo Português”, para comemorar o oitavo centenário da proclamação do Reino de Portugal (1140), e o terceiro centenário da restauração da independência da anexação espanhola (1640). Enquanto esteve em Lisboa, ele pediu mais escolas para o seu povo e nomeou como seu secretário Manuel Sidney Barros Nekaka, filho de Miguel Nekaka, que estava em Lisboa num programa de especialização de dez meses num hospital.

http://www.fnla.net/biographie.htm

Imagem: http://www.rfi.fr/actufr/images/092/holden_roberto200.jpg

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