Lisboa – Deu entrada no então liceu Paulo Dias de Novais, em 1973, e no ano a seguir, com a entrada oficial dos movimentos de libertação, em Angola, fez parte do grupo de jovens do bairro popular (onde cresceu) que aderiu ao braço juvenil do MPLA dinamizando as estruturas da organização. Participou na campanha de produção denominada “aprender para melhor servir”, promovida pela JMPLA no ano após independência tendo sido destacado para a área de Bom Jesus. Em simultâneo, aderiu a Associação dos Estudantes do Ensino Secundário de Luanda (A.E.E.S.L) cuja proclamação aconteceu em Outubro de 1976 no cine império em Luanda.
Participou em reuniões secretas com o regime do apartheid
Gilberto da Piedade Veríssimo “Betinho” tinha a fama de “jovem inteligente” , acrescida a reputação de ser sobrinho do ex- chefe da segurança das FAPLA, Eugénio Veríssimo Costa “Comandante Nzaji”. Também houve quem pensasse que o mesmo fosse filho deste comandante do MPLA, morto no seguimento do “27 de Maio”.
Como membro juvenil do partido, “Betinho” integrou a delegação da JMPLA de Luanda que com as outras filiais das províncias deslocaram-se a Karipande, em 1978 para as comemorações do 14 de Abril daquele ano. Não tardou muito, ganhou uma bolsa de estudo e em meados de 1979 foi despachado para Cuba onde se formou em engenharia de telecomunicações. Participou no 1°Congresso da JMPLA como delegado dos estudantes em Cuba. Antes de ir, estudar fora do país , já estava matriculado no primeiro ano do curso de engenharia electronica da Universidade de Angola (Hoje Agostinho Neto).
Logo após o seu regresso a Luanda, teve a “sorte” de ser colocado no futungo de belas funcionando como oficial do Gabinete presidencial. Rapidamente “ficou” militar e no seguimento de conversações sobre a batalha do Cuito Cuanavale, foi apresentado como “coronel Veríssimo” numa reunião secreta que altas figuras do circulo presidencial tiveram com a “Inteligência” do regime do Apartheid a 23 de Julho de 1988 em Cabo Verde. A parte angolana era integrada pelo, o então vice Ministro da defesa, Antonio França “Ndalu”, o então Secretario para defesa da presidência, António José Maria, o ex - chefe dos serviços de informação militar da presidencia, Mario Cirilo de Sá “Ita” e um intérprete da presidência, Stone Carlos.
A inclusão de Veríssimo neste elenco revelava a confiança que gozava de JES naquela altura e que voltou a integrar-lhe para tomar parte da reunião preliminar na Zâmbia que culminou com os acordos de Lusaka de 1994 entre o governo angolano e a UNITA. Dois anos antes fez parte da campanha do MPLA, nas primeiras eleições gerais, em Angola integrando uma comissão de “apoio de caracter político”.
O ano de 1988 coincide quando o então Secretario da Defesa da Presidência, José Maria mandou vir de Saurimo, o então responsável dos Serviços de Segurança Militar, naquela localidade para trabalhar, na presidência, em Luanda e este por sua vez, acabou por se ligar a Gilberto Veríssimo. O convocado de “Zé” Maria, era Fernando Miala. Ambos, Veríssimo e Miala eram “miúdos” em fase de ascensão por influencia do general “Zé” Maria.
O coronel Gilberto Veríssimo foi rapidamente promovido a brigadeiro e através de um despacho presidencial Nº 13 /2003, o Presidente José Eduardo dos Santos nomeou-lhe em Fevereiro de 2003 para o cargo de Director de Apoio Técnico de Inteligência do Serviço de Inteligência Externa. O DG era Fernando Miala, acabado de ascender a general. Veríssimo funcionava em simultâneo como assessor sênior do Ministério da ciência e tecnologia tendo sido ele em nome desta instituição a participar numa conferencia de “experts” em Setembro deste mesmo ano em Genebra. (Na véspera das eleições de 2008 surgiram rumores de que estava a ser sondado para Ministro da tecnologia)
Como director de apoio técnico do SIE, ficou no cargo por apenas três anos tendo sido exonerado em Abril de 2006 passando ele a ser o Director Geral-Adjunto da instituição. A brusca alteração na direcção do SIE resultava de um afastamento compulsivo de todos os seus elementos com realce aos quadros militares que acabaram por parar na cadeia. Veríssimo sobreviveu enquanto que Teresa Nóbrega (Directora dos recursos humanos) e Constatino Vitiaca (Director de informação e analise) ficaram de fora.
Enquanto numero “dois” da segurança externa, Veríssimo foi a figura do “aparelho” que coordenou “in loco”, os operativos postos a disposição para protecção do Papa Bento XVI em Março de 2009 em Luanda. Antes já estavam a circular, dentro do SIE, “encomendados” rumores insinuando que Gilberto Veríssimo iria ser elevado a DG e que Oliveira Sango era apenas “um DG decorativo”. Alguns funcionários da instituição passaram a prestar lealdade a ele diminuindo a autoridade de Oliveira Sango.
A situação teria chegado aos ouvidos de JES que convocara Oliveira Sango antes de Abril para lhe informar que tomaria medida. A 10 de Agosto, JES assinou um Decreto Presidencial Nº 35 /2009 exonerando Veríssimo do posto de DG adjunto, e em seu lugar foi nomeado o brigadeiro Azevedo Xavier “Xavita”, então director do SIE para Ásia e Europa.
Afastado do aparelho de segurança, Gilberto da Piedade Veríssimo passou a ser visto com freqüência na Casa Militar integrando a “entourage” privada do general Manuel Helder Vieira Dias “Kopelipa” de quem passou a prestar lealdade e alguns trabalhos esporádicos. Chegou a rejeitar por duas vezes uma proposta de intermediação destinada a uma re- aproximação a Fernando Miala para sarar seqüelas. A sua recusa foi associada a medo de vir a cilindrar a protecção que goza do general “Kopelipa”.
Sob mediação do general “Kopelipa”, o mesmo esta em vias de ser despachado como conselheiro junto a Embaixada nos EUA. A noticia em si, agradou funcionários do MIREX em Luanda cuja opinião é de que o mesmo deveria substituir a Embaixadora Josefina Pitra Diakite (que esta em fim de mandato) e por sua vez, a diplomata seria colocada como Ministra em substituição de Assunção dos Anjo que manifesta cansado devido a problemas na coluna.
A semelhança da maior parte de titulares de cargos públicos, Gilberto Veríssimo também esta ligado ao ramo empresarial. Há informação segundo a qual o mesmo é proprietário de um condomínio de luxo a sul de Luanda, actualmente alugado a uma empresa estrangeira.
No trato pessoal, o brigadeiro Gilberto da Piedade Veríssimo é figura de pouca fala. Gosta de conversar com os que lhe são próximos e chega a ser “alegórico” quando bem disposto. Tem o hábito da leitura e chegou a publicar um livro de poema. Concluiu a poucos anos um MBA (mestrado em gestão de empresas) pela Cepade - Universidad Politécnica de Madrid (foi um dos melhores alunos do curso). Nos tempos livre dedica-se a elaborar reflexões sobre temas de caracter científicos e presta atenção a cavalos que esta a criar na sua fazenda em kikuxi.
A “velha guarda” do aparelho da segurança referencia-lhe como “um miúdo calmo” que “se estragou ao meter-se nas confusões de intrigas”. O episódio em si, prejudicou-lhe a reputação pela negativa. Passou a ser, o rosto mais mediático da família Veríssimo onde pontifica-se, Desiderio Veríssimo Costa (ex ministro dos petróleos), Luisete Veríssimo Costa (alta responsável do tribunal supremo) e Ana Veríssimo, uma respeitada medica.
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