quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ruínas de Mbanza Kongo podem ser apresentadas à UNESCO


Candidatura a património da humanidade é sustentáve
A coordenadora da candidatura das ruínas de Mbanza Kongo, Angola, a património da humanidade afirmou hoje que o Governo tem até Julho de 2012 para apresentar o dossiê à UNESCO e considerou que já existem indícios para sustentar a inscrição.

Segundo a arqueóloga Sónia da Silva António, coordenadora do projecto «Mbanza Kongo, cidade a desenterrar para preservar», do Ministério da Cultura angolano, decorrem actualmente os trabalhos de escavação na área classificada daquela cidade para procurar as provas arqueológicas de que a antiga capital do reino do Kongo tem um valor universal excepcional.
Formado no século XIII, o reino do Kongo tinha seis províncias e ocupava parte dos atuais territórios de República Democrática do Congo (RDC), Congo Brazzaville, Gabão e Angola. Mbanza Kongo ainda hoje preserva as ruínas daquela que pode ter sido a primeira Sé Catedral erguida ao sul do Saara, denominada Kulumbimbi e construída no século XVI, testemunha da presença portuguesa na região.

Sónia António, que desde segunda-feira se encontra em Mbanza Kongo acompanhada de dois arqueólogos da Universidade de Yaoundé, Camarões, para mais uma missão científica, reconheceu que ainda há muito por pesquisar, mas que existem já indícios que podem sustentar a inscrição das ruínas na agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Prospecção geofísica

Admitindo que os trabalhos arqueológicos possam levar anos, Sónia António afirmou que enquanto decorrem as escavações se podem ir canalizando as provas já obtidas ao comité do património mundial.
Entretanto, para acelerar os trabalhos, será necessária a utilização do método de prospecção geofísica e não pedestre, que está ser empregue até agora: “Vamos contar dentro de sete dias com uma empresa especializada em prospecção geofísica para identificar com radares onde estão situadas as estruturas soterradas da cidade de Mbanza Kongo”.

Segundo a especialista, a técnica permite identificar com rapidez e maior precisão as estruturas existentes debaixo da terra. Segundo fontes bibliográficas de que dispõe a equipa, a cidade tinha 12 igrejas, conventos, escolas, palácios e residências que deverão ser facilmente identificados com o sistema de radares.

Os 50 hectares da área de protecção das ruínas deverão sendo progressivamente alargados em consequência das escavações arqueológicas, já que até agora se desconhece até onde se estende a parte histórica da cidade.

Sónia António manifestou-se preocupada com a falta de quadros especializados, já que em Angola há apenas dois arqueólogos, o que tem levado a equipa a recorrer a especialistas de universidades europeias, africanas e americanas.

Caso Mbanza Kongo venha a ser declarada “património mundial”, a cidade vai contar com um centro de pesquisa e interpretação sobre o Reino do Kongo. O projecto foi lançado em 2007 e visa a preservação do património e, em última instância, o reconhecimento de Mbanza Kongo como património mundial. Estas ruínas são um dos onze sítios inseridos na lista indicativa de bens angolanos a património mundial da UNESCO.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=52112&op=all

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