sábado, 21 de janeiro de 2012

O que foi a revolta das cem flores? como que aconteceu e por quê?


Introdução
O movimento das Cem Flores (minfang yundong) refere-se ao período do início de 1956 até meado de 1957, quando o Partido Comunista Chinês (PCC) permitiu a liberdade de expressão, deixando “as Cem Flores desabrocharem e as Cem Escolas rivalizarem”.
O movimento é considerado como um período chave na história da República Popular. No início de 1956, para consolidar as conquistas socialistas, Mao iniciou um período de “relaxamento” para os intelectuais. E em fevereiro de 1956, no XX Congresso do PCUS, Khrushchev denunciou os atos tirânicos de Stalin, o que obrigou os dirigentes comunistas a reconhecerem os erros do stalinismo, alimentando assim, a esperança dos intelectuais de que o regime retificaria o seu “estilo de trabalho” e reformaria o sistema socialista. Sem dúvida, as crises políticas e ideológicas do bloco soviético, sobretudo as revoltas populares na Polônia e Hungria serviram como elemento catalizador para as manifestações intelectuais na China.

Joao de Deus. http://br.answers.yahoo.com/activity?show=ixwHlSl8aa

O Partido resolveu lançar, no fim de abril de 1957, a Campanha de Retificação (zhengfeng yundong), convidando os intelectuais a criticarem livremente o governo. Os manifestantes, sobretudo, os estudantes não se limitaram aos discursos oficiais, mobilizaram-se para reivindicar a “liberdade” e a “democracia”, desafiando assim, os projetos autoritários e paternalistas do Partido. Em conseqüência, a Campanha de Retificação transformou-se numa Campanha Anti-direitista (fanyou yundong)— uma grande repressão aos manifestantes. O efêmero desabrochar das Cem Flores deixou marcas profundas na futura relação Estado-intelectual.

As críticas dos intelectuais e dos democratas foram: a dominação e o comando arbitrário do partido; a falta de proteção aos direitos individuais; a opressão da polícia política; as “três pragas” (o burocratismo, o dogmatismo e o sectarismo); a megalomania; a busca do sucesso rápido; o desprezo pela história e pela tradição; o culto à personalidade; a imitação cega da União Soviética; a falta da democracia; a falta da liberdade de expressão; a proibição das ciências sociais; a censura; o servilismo.
As reivindicações foram: o Estado de direito; a liberdade de informação; o equilíbrio do poder; o multipartidarismo; a indenização para os empresários; a autonomia dos intelectuais; a liberação dos cursos “burgueses” (como a sociologia, a ciência política, o direito, antropologia, entre outros); a tolerância ideológica; a liberdade de expressão e a emancipação do indivíduo.
As principais reivindicações dos estudantes também foram a democracia e Estado de direito. Os alunos argumentavam que o espírito do socialismo era igualdade, democracia e liberdade, sem as quais não haveria socialismo; reivindicavam a eleição direta; defendiam o sistema socialista porém queriam melhorar a vida política e cultural do país; Elogiavam a decisão do presidente Mao por lançar a Campanha de Retificação, como esforço para evitar que o “fogo húngaro” incendiasse a China; criticavam o culto à personalidade e o “obscurantismo”; combatiam a nova classe, isto é, uma camada dos quadros burocratas que abusava do poder e agia contra os verdadeiros princípios do socialismo; lutavam pela emancipação do indivíduo e pela liberdade do pensamento.
Em geral, as críticas e as reivindicações ainda são pertinentes nos dias de hoje, na media em que a questão do socialismo, do Estado de direito e da democracia ainda desafia o governo chinês.

Conclusão
Como um movimento social, as Cem Flores foram marcadas pela precocidade. Em primeiro lugar, o regime comunista ainda era jovem e as vitorias heróicas da revolução e da Guerra da Coréia proporcionaram grande prestígio ao Partido Comunista. Apesar das crises internacionais e das dificuldades econômicas internas, na época, o projeto socialista ainda não tinha perdido seu apelo, e a população depositava grandes esperanças nos comunistas.
Em segundo lugar, embora numerosos, os protestos eram fenômenos essencialmente do meio intelectual. Os manifestantes, sobretudo, estudantes, professores, democratas, profissionais, funcionários, até alguns quadros do Partido, apontaram os problemas do regime e reivindicaram a democracia e a emancipação do indivíduo. Mas esses conceitos abstratos tinham pouca relevância para a grande massa iletrada. A maioria da população não participou das manifestações, e os protestos democráticos não conquistaram as simpatias dos operários e camponeses.
O próprio Partido também pagou um alto preço por ter ignorado as advertências precursoras. A irônica deusa da história freqüentemente coloca os opressores no lugar dos reprimidos. Muitos dirigentes do Partido, por sua vez, seriam queimados mais tarde pelo fogo da Revolução Cultural (1966-1969). Através dessas vicissitudes, a “velha guarda” finalmente aprendeu as lições, e começou a corrigir os erros e a reformar o sistema.
Podemos descrever o relacionamento entre o partido e os intelectuais como um ciclo da “repressão e relaxamento”. Mesmo cada ciclo s
Fonte(s):
www.rj.anpuh.org/
Imagem: Ilustração, retirada de um livro deensino primário, mostrando três membros da Guarda Vermelha. Wikipedia.




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