quarta-feira, 23 de junho de 2010

Petroff em rotura com o regime ?


Bastidores
Segunda, 21 Junho 2010 23:32
Lisboa - Santana André Pitra “Petroff”, o cabinda mais influente e respeitado no regime angolano mostra-se decidido em depor, em tribunal, como testemunha do activista e professor universitario, Belchior Lanzo Taty, detido em Cabinda, na seqüência do ataque contra a selecção do Togo, em Massadi. O julgamento esta marcado para o dia 23 de Junho no Tribunal da Comarca de Cabinda. Em círculos tradicionais do enclave que tomaram nota do assunto com “muita satisfação” interpretam o gesto deste nacionalista angolano como um sinal “de rotura com as atrocidades do regime contra os nossos irmãos”.

Fonte: Club-k.net

Esta sob pressão dos famíliares em Cabinda

Afastado do gabinete presidencial (sem previa notificação), “Petroff”, era, até Março último, o assessor especial do Presidente José Eduardo dos Santos para as questões de Cabinda. Era através do mesmo que o gabinete presidencial estabelecia contactos com Nzita Tiago para “solução” do conflito armado no Enclave. (A aproximação era mantida no secretismo para não por em causa o acordo de "paz" com Bento Bembe).

A 21 de Julho de 2009, Pitra “Petroff” foi contactado por Belchior Lanso Taty, que se encontrava em Paris a fim de transmitir-lhe o interesse de Nzita Tiago em passar uma procuração para que ele (Belchior) fosse recebido pelo Presidente José Eduardo dos Santos. A audiência não chegou a ocorrer, devido ao facto de “Petroff”, ter se encontrado na altura, ausente do país e com o estado de saúde que requeria repouso.

Nas véspera do ataque da FLEC, Santana André Pitra “Petroff” mostrou-se surpreendido com a atitude das autoridades em Cabinda em terem prendido Belchior Lanso Taty, na altura, acusado como implicado na manobra terrorista. Naquele momento, telefonou ao Governador Mawete João Baptista para perguntar se havia “de facto” provas concretas que justificava a detenção dos alegados suspeitas. (Na resposta Mawete deixou transparecer pouco domínio sob o assunto visto que era novo como Governador; A PGR na província dirigida por António Nito alegava que estavam apenas a cumprir ordens de Luanda).

Quando se deslocou a Cabinda, para se inteirar do assunto, Petroff viu-se rodeado pela pressão dos familiares da sua terra que o acusavam de “cúmplice” na detenção de Belchior que é seu sobrinho. A conotação, foi tomada desta forma, (pelos familiares) devido a sua função de assessor do PR. A pressão que sofre da família é também associada como estando na base de ele ter aceite para depor ou “para dar testemunho do conhecimento que a Presidência da Republica tem do dossiê Belchior”.

A cerca de duas semanas, “Petroff”, esteve na cidade de belo horizonte, Brasil tendo manifestado a reiteração da sua posição em depor.

De acordo com justificação em meios conhecedores tradicionais de Cabinda, os originários desta terra valorizam muito a família pondo-a em primeiro lugar. Os que se opõem a esta pratica são amaldiçoados por via de métodos por eles conhecidos. (No ano passado completou 70 anos de idade, e a festa foi no enclave).

Santana André Pitra “Petroff”, foi igualmente referenciado, nos últimos anos, como o alto funcionário do gabinete presidencial que efectuava visitas ao território para contactos com personalidades consideradas “descontentes”.

Mudança de discurso
De acordo com conclusões oportunas, as autoridades angolanas já não fazem recurso a linguagem que conotava a detenção dos argüidos (Belchior e Padre Taty) ao ataque da FLEC (mas sim por ligação a um “movimento terrorista”). Na altura dos ataques, o regime aproveitou a ocasião para declarar a FLEC como “ grupo de terroristas” e na seqüência da medida prendeu os activistas dos direitos humanos a pretexto de terem, participado, um ano antes, numa reunião inter-cabindesa promovida pela FLEC, sociedade civil e Igreja na Europa.

Observadores que seguem o caso acham que “Há duvida que fica é se o governo como entidade é quem permitiu a ligação das detenções com a FLEC, e se o fez usando de boa fé ou não, ou e se Petroff está nessa estratégia”.

“Na altura em que se aventou esta ligação algumas vozes punham reticência na eficácia da démarche pois o governo angolano poderia utilizar isto para mostrar a sua ligação com o movimento independentista e depois prende-los. Essa hipótese começa a ganhar corpo” conclui o observador cuja identidade se preserva.

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