Pretoria (Canalmoz) - A atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao escritor peruano, Mário Vargas Llosa, suscitou a ira do regime cubano. Através do seu órgão oficioso, «Granma» (diminutivo de “grandmother”), o regime considera o vencedor do galardão instituído pela Academia Sueca de “reaccionário” por alegadamente “não existir causa indigna na América Latina que Vargas Llosa não deixou de apoiar e aplaudir”. Numa nota intitulada, "Nobel da literatura, Antinobel da ética", o «Granma», ou «Avozinha», como é jocosamente descrito em meios literários, afirma que “aquilo que Vargas Llosa construiu com a escrita, tem vindo a destruir com a sua postura moral e o seu posicionamento neoliberal”.
A reacção do regime oligárquico de Havana prende-se com o facto de Mário Vargas Llosa ter, em 1971, rompido com o sistema imposto em Cuba. Em carta endereçada a Haydée Santamaría, directora da Casa das Américas em Havana, Vargas Llosa criticou asperamente as medidas tomadas pelo regime dos Castro-Ruz contra intelectuais nacionais e estrangeiros, afirmando que “esse não é o socialismo que quero para o meu país”.
A missiva de Mário Vargas Llosa surgiu na esteira da repressão movida contra inúmeros escritores e artistas cubanos e estrangeiros. As obras de Jean Paul Sartre, Eugene Ionesco, Jorge Luis Borges, Jean Genet e Samuel Beckett, entre outras figuras internacionais, desapareceram das livrarias e bibliotecas cubanas, e nunca mais foram publicados pelo chamado “Instituto Nacional do Livro e do Disco” cubano e por outras editoras, todas elas propriedade do governo. Entre os cubanos, José Lezama Lima, Virgilio Piñera, Anton Arrufat, Reinaldo Arenas e muitos outros foram duramente censurados pelo regime. Arenas foi encarcerado, tal como já havia sido o poeta Heberto Padilla. Centenares de artistas de teatro e artistas plásticos e inclusivamente músicos foram despedidos por revelarem "debilidades ideológicas".
(Redacção) 2010-10-11 07:09:00
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