O choque elétrico é causado por uma corrente
elétrica que passa através do corpo humano (ou qualquer outro animal).
O pior choque é aquele que se origina quando uma
corrente elétrica entra pela mão da pessoa e sai pela outra (porque ele passa
por regiões fundamentais do nosso corpo, como nosso coração).
Até aí, tudo bem. Só tem um probleminha: às vezes,
a gente leva choque só de encostar em objetos ou outras pessoas, que
aparentemente não deveriam dar choque por não estarem ligados à corrente
elétrica. Certo?
Errado.
Infelizmente, não é preciso estar ligado a uma
corrente elétrica para conduzir eletricidade. O corpo humano, por exemplo, é
condutor de eletricidade, assim como outros materiais.
Choques
improváveis
Nosso corpo é geralmente eletricamente neutro: isso
significa que apresenta, em sua estrutura, o mesmo número de prótons e
elétrons. Porém, nós podemos apresentar desequilíbrio nesse número.
Esse desequilíbrio geralmente ocorre através do
acúmulo de cargas estáticas. A eletricidade
estática é a carga elétrica em um corpo cujos átomos apresentam um
desequilíbrio em sua neutralidade.
Quando existe um excesso de elétrons em relação aos
prótons, diz-se que o corpo está carregado negativamente. Quando existem menos
elétrons que prótons, o corpo está carregado positivamente.
Esse acúmulo é normalmente provocado pelo processo
de eletrização por atrito, que é mais expressivo em dias secos. Isso porque o
ar seco dificulta a dissipação da carga elétrica, o que favorece o choque.
Gotículas de água em suspensão, ao contrário, facilitam a dispersão. Nos dias
úmidos, então, essa sensação é mais rara.
O carro, por exemplo, atrita com o ar quando se
movimenta. Ele até pode acumular um pouco de carga elétrica, mas essa se
dissipa por meio de qualquer saliência no veículo, como a antena (este é o
princípio do para-raios).
Ou seja, o carro não é um bom condutor de
eletricidade. Mas, como já dissemos, nós somos. E nós podemos acumular cargas
elétricas devido ao atrito entre a nossa roupa e o tecido do banco do veículo,
por exemplo, principalmente nos dias de inverno seco, quando as pessoas usam
blusas de lã, material que se eletriza facilmente por atrito.
Abaixo você pode ver como este fenômeno é perigoso
em postos self service. A moça neutralizou sua carga quando tocou no carro para
abrir a tampa do tanque, mas quando entrou no carro novamente durante o
abastecimento o atrito de suas roupas com o banco a recarregou eletricamente.
Quando ela tocou na bomba de combustível inflamou a gasolina que evaporava do
tanque.
No processo de eletrização por atrito, os
corpos atritados adquirem cargas de mesmo módulo, porém de sinais opostos,
ficando carregados eletricamente. E o que acontece quando eles tocam em outro
corpo condutor? Choque!
A diferença na quantidade de cargas positivas
e negativas ocasiona o movimento ordenado dessas cargas elétricas, gerando a
corrente elétrica. A passagem dessa corrente por um determinado corpo
(condutor) é o que ocasiona o choque elétrico.
Claro que o choque elétrico, nesses casos, é
de baixa intensidade, e o desconforto parece ser maior por que, em geral, somos
pegos “desprevenidos”. A duração do choque também é bastante curta, porque logo
as cargas se neutralizam.
Além das pessoas, objetos também podem ficar
eletricamente carregados.
Por exemplo, nós falamos que o volante do
veículo e outros materiais que o motorista mantém contato são maus condutores
de cargas elétricas. Agora, se a pessoa toca na porta do carro que, por ser
feita de metal, é boa condutora de cargas elétricas, pode sentir um choque.
Ainda assim, ironicamente, somos nós que
estamos “dando choque” no carro, já que somos nós que estamos descarregando
cargas elétricas nele.
E porque tem algumas pessoas que “dão mais
choque” que outras, ou seja, dão choque com mais frequência? Teorias da conspiração
à parte, isso pode ter a ver com o fato dos materiais e situações a que ela é
exposta diariamente. Por exemplo, uma pessoa que trabalha com equipamentos
elétricos está em constante contato com materiais carregados e condutores.
E tem como fugir dos choques inesperados? Não
totalmente. Isso porque milhares de situações diárias levam a eletrização por
atrito, e são muitas pessoas e objetos condutores ficando carregados e
encostando uns nos outros.
Por exemplo, é comum crianças reclamarem que
levaram algum choque depois de descerem em escorregadores de plástico. O atrito
pode as deixar carregadas e, ao tocarem em outras crianças ou encostarem em
grades metálicas, elas descarregam eletricamente, levando choque.
Usar uma toalha no banco do carro ou no escorregador,
por exemplo, diminui o atrito e a eletrização, mas quem faz isso, não é mesmo?
Outra coisa que gera carga elétrica é usar
uma meia fina e esfregar os pés em um tapete (atrito). Se quiser fazer a
experiência em casa, vai poder comprovar que ficou carregado descarregando sua
carga em outra pessoa (mas, por favor, seja bonzinho e garanta que a pessoa
está disposta a levar um pequeno choque antes de eletrizá-la, legal?).[UOL, PSF, Abril, Fisica2100, AdoroFísica,
BrasilEscola]
Agradecimentos: a leitora Mariana Kaminski, pela sugestão de artigo.
Assista ao vídeo aqui
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