terça-feira, 27 de julho de 2010

BNA, Banco Nacional de Angola, o Banco do Povo


Já não existe palavra para definir esta mixórdia. Que final nos aguarda, neste caos democrático? O colapso total? Parece que é isso mesmo.
Isto é uma fábrica de cinismo.

«Polícias de Viana apoderam-se do dinheiro desviado do BNA
Sociedade. Sexta, 23 Julho 2010 18:38

Luanda - O PAÍS apurou de uma fonte ligada às investigações do caso que agentes policiais colocados na unidade conhecida como Controlo de Viana participaram num “festim” de distribuição de dinheiro que esteve na posse de um funcionário do sector de contabilidade do Banco Nacional de Angola.

José Kaliengue. Fonte: O Pais CLUB-K.NET

Fernando Monteiro, esteve ausente do local de trabalho aquando da eclosão do escaldante caso por um período de três meses, mas curiosamente, garantiu uma fonte deste jornal, o seu local reservado no livro do ponto continuava assinado por uma pessoa ainda não identificada, prenunciando haver uma certa concertação prévia.


Fernando viu a casa assaltada por agentes da esquadra do Controlo de Viana quando foi accionado o alerta de que ele estaria a ser procurado pela justiça pela sua alegada implicação no “Caso BNA”.

Segundo uma fonte ligada ao processo de investigação corroborada por outras fontes familiares aos integrantes da corporação policial, os agentes da autoridade acabaram por retirar da casa volumes com dinheiro que foi dividido entre si num descampado, nos arredores da sua casa, à vista de transeuntes.

As fontes precisam o local onde tudo se passou como sendo um campo situado no bairro conhecido como Coelho, nas imediações da empresa Sol Dourado, ao Quilómetro 9, em Viana. Segundo as mesmas fontes, Fernando Monteiro tinha guardados em casa oito sacos e cinco pastas cheias de dinheiro que fontes bancárias dizem que eram em notas de dois mil Kwanzas destinadas à queima.

Uma fonte ligada, ao processo de investigação confidenciou entretanto que os volumes estavam completamente cheios de dólares americanos totalizando um montante que não pôde precisar.

A área de investigação criminal do comando da divisão de Polícia de Viana reagiu já tardiamente e pôde fazer muito pouco para recuperar a parte do dinheiro surripiado.

Fontes deste jornal disseram que os agentes da autoridade que se locupletaram com os valores estão a exibir, neste momento, sinais de ostentação de riqueza que fogem dos padrões permissíveis pelo seu estatuto remuneratório. Entre este sinais constam a exibição de viaturas de marca Toyota Rav-4 e alguns deles se dedicam agora à venda de viaturas usadas.

Detenções continuam no BNA
Foi detida, na última segunda-feira, mais uma funcionária também do sector de contabilidade do banco central supostamente implicada nas trafulhices que acabam sempre no desfalque de importantes somas monetárias.

Segundo a fonte de O PAÍS, a funcionária já vinha sendo buscada no fim-de-semana passada em casa, na igreja e até na escola mas sem sucesso, acabando por ser detida no bar do BNA onde se encontrava a tomar o pequeno almoço.

Uma outra fonte revelou que militares e polícias terão esquadrinhado na última sexta-feira o Centro Cultural Português onde uma funcionária do BNA, implicada no caso, estaria a prestar provas para onde frequentava um curso numa instituição de ensino superior à distância, na qual estava matriculada.

Ao que constou a este jornal a situação das últimas detenções envolvem também funcionários de outras empresas que alegadamente estariam ligados ao esquema de extracção de valores financeiros do banco central, nomeadamente de empresas petrolíferas internacionais como a ENI, por exemplo.

Este jornal apurou, posteriormente que as duas funcionárias detidas na quinta-feira da semana passada, uma delas pelo menos está encarcerada com o filho em nome de quem estava registada a empresa em cuja conta bancária foram depositados os valores duplicados para pagamento de falsas aquisições de cabazes para os funcionários do banco.

A descoberta acabou por ser feita pelo facto do BNA ter um fornecedor oficial da mesma mercadorria, levantando fundadas suspeitas a existência de pagamentos de cabazes fornecidos por uma segunda empresa.

Entram 40 funcionários novos no BNA Era esperável que a sangria de quadros que o Banco Nacional de Angola está a conhecer com as detenções de funcionários redundaria na necessidade de contratação de mão-de-obra para prover as áreas afectadas com as detenções. Com efeito, O PAÍS apurou que foram admitidos nos últimos tempos, nos quadros do BNA, 40 jovens com formação superior através de um processo que não obedeceu a um concurso público e admitidos com um salário que ronda os trezentos mil Kwanzas, o que, no entender da fonte deste jornal, levanta algumas interrogações.

A fonte precisou ainda que a questão da remuneração terá sido uma das causas do envolvimento de funcionários bancários, a vários níveis, no esquema da delapidação das reservas do BNA. Por exemplo, disse a fonte, o salário dos agentes de segurança do banco não chegava aos 40 mil Kwanzas mensais.

Peixe miúdo… A sociedade tem-se questionado sobre o facto de apenas funcionários de base estarem a ser acusados de participarem dos crimes de que estão a ser imputados aos acusados.

O PAÍS apurou, entretanto, que pelo menos uma funcionária sénior do BNA que durante algum tempo esteve ligada à direcção do nevrálgico sector de gestão de reservas tem a residência vigiada e com interdição de viagem.

Alguns observadores do caso em pauta consideram-na mesmo uma peça fundamental de todo este processo caso venha a abrir a boca nas investigações do caso BNA.

Ao PAÍS chegaram informações que não foi possível apurar que estão envolvidos no caso funcionários de alto nível, mas que por razões ponderosas não estão a ser detidos, além de que se lhes foi exigida a devolução dos bens registados em seu nome. Nesta senda alguns condomínios estão a ser vendidos ou cedidos à custódia das autoridades para ressarcir os danos causados aos cofres públicos. É sintomático o facto de a página de anúncios classificados do Jornal de Angola contém uma série de anúncios a dar conta da venda de imóveis na nobre área de Talatona, Lar do Patriota, Mussulo e Benfica, prenunciando uma espécie do “subprime” angolano que vários especialistas haviam advertido que um dia poderia acontecer. Também nos últimos tempos algumas instituições bancárias têm estado a convocar determinados clientes que terão contraído créditos, mas que não conseguem honrar os compromissos com as prestações regulares criando uma situação de crédito mal parado para a banca.»

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