Porta-voz do Conselho de Ministros diz que o assunto ainda não mereceu reflexão do Conselho de Ministros
Maputo (Canalmoz) - As manifestações populares dos dias 1 e 2 de Setembro corrente, nos municípios de Maputo e Matola, arruinaram centenas de comerciantes das zonas suburbanas. São, na sua maioria, comerciantes de estrangeiros (Senegaleses, Nigerianos, Libaneses) que operavam nos bairros periféricos das duas cidades. Mos dias das manifestações assistiram à população a destruir e saquear seus contentores e agora estão a pedir compensações do governo.
A reportagem do Canalmoz conversou com alguns destes comerciantes, em alguns bairros do distrito Municipal Ka Mavota (antigo Distrito Municipal nº 4) na cidade de Maputo e nos bairros de T.3 e Patrice Lumumba, no município da Matola. Alguns, abriram-se para, publicamente, revelar as suas perdas, outros preferiram falar no anonimato. Entretanto, todos foram unânimes em pedir apoio ao Governo, que os compense para que alegadamente possam reiniciar as suas actividades. Por outras palavras, faliram.
No bairro de Magoanine, um dos mais fustigados pelas manifestações, Saíde Faquirá mostrou-nos o seu contentor totalmente destruído e esvaziado pelos manifestantes. Disse-nos que os produtos saqueados valiam “milhares de dólares” e “o negócio era a única fonte de sustento da minha família”. Agora diz estar em risco de não conseguir pagar a renda da casa onde mora, no mesmo bairro.
Outro comerciante nigeriano, que tinha o seu contentor no bairro de Ferroviário das Mahotas, contou ao Canalmoz que assistiu aos manifestantes a retirarem os bens da sua loja/contentor, sem poder impedir. “Quando a Polícia chegou, já era tarde, mas ainda sobravam alguns produtos, que, por sua vez, a Polícia saqueou”.
No mercado do bairro Patrice Lumumba, município da Matola, os contentores de comerciantes libaneses ainda estão da forma devastada como foram deixados pelos populares furiosos. Neste bairro, verificou-se um fenómeno curioso. Os manifestantes escolhiam os estabelecimentos comerciais a saquearem. Nem todos os contentores que funcionam como lojas foram saqueados. Os manifestantes saltavam de um contentor para o outro. Os alvos eram os bens dos estrangeiros, sendo que as barracas dos moçambicanos, na sua maioria, não foram vandalizadas.
Um comerciante libanês que viu seu contentor esvaziado e destruído, disse ao Canalmoz que a Polícia também extraiu produtos da sua loja, e pediu para que o Governo investigue a actuação dos agentes no dia das manifestações.
Todos os comerciantes ouvidos pela nossa reportagem, clamam unanimemente por uma intervenção do Governo para reiniciarem as suas actividades.
O Governo ainda não reflectiu sobre esta hipótese
Alberto Nkutumula, vice-ministro da Justiça e porta-voz do Conselho de Ministros, disse ao Canalmoz que o Governo ainda não reflectiu sobre a hipótese de ajudar os comerciantes saqueados pelos manifestantes, embora reconheça que houve ‘oportunismo’ durante as manifestações.
Nkutumula ressalvou que o assunto pode estar a ser analisado pelo Ministério da Indústria e Comércio, mas ainda não chegou ao Conselho de Ministros.
Nas medidas anunciadas pelo ministro da Planificação e Desenvolvimento, para conter o elevado custo de vida, nada foi mencionado sobre a reparação dos bens privados, destruídos pelos manifestantes. O Conselho de Ministros também nada disse sobre concessão de ajuda aos comerciantes que foram vítimas dos protestos dos manifestantes mais exaltados.
(Borges Nhamirre) 2010-09-13 08:22:00
Imagem: blog.cancaonova.com
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