segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Governo falhou ao congelar os preços dos combustíveis. Considera a economista Clara Pereira, do MB Consulting


“Se o Governo continuar a congelar os preços, vai gastar mais dinheiro e um dia ficará sufocado”

Maputo (Canalmoz) – A revolta popular ocorrida entre os dias 1 e 3 de Setembro corrente, nas cidades de Maputo e Matola, terão sido provocadas por falhas cometidas pelo Governo ao congelar os preços dos combustíveis durante o período antecedente às eleições do ano passado, e ao subsidiar algumas empresas públicas, o que quebrou o funcionamento normal do mercado.
Segundo a economista da MB Consulting, Carla Pereira, se os ajustes dos preços registados depois das manifestações de 5 de Fevereiro tivessem sido feitos de forma gradual, o Governo não teria se sentido tão apertado e obrigado agora a fazer subir quase tudo, em simultâneo, a ponto de ter introduzido subidas explosivas nos preços dos combustíveis aumentos de água, energia, farinha, arroz, de uma única vez.
“O facto de se ter congelado o preço dos combustíveis e subsidiar algumas empresas públicas, precipitou o sufoco. O Governo devia ter deixado as coisas acontecer, uma vez que estamos num mercado livre onde é preciso misturar um pouco, com o Estado a controlar’’, disse Carla Pereira, em entrevista ao Canalmoz.
Na análise da economista, as medidas de contenção de custos, de redução de regalias aos altos dirigentes do Estado que representam gastos de dinheiro, encaixa-se perfeitamente. “Nós somos um país de economia dependente de importações e o pouco que produzimos dá para exportar’’, disse alertando que o que acontece na conjuntura económica internacional, sempre terá reflexos no País.
Questionámos a nossa entrevistada sobre o cenário que se pode esperar com o fim do subsídio de trigo e arroz de terceira em Dezembro. Ela respondeu que “se o Governo continuar a congelar os preços, vai gastar mais dinheiro e um dia ficará sufocado”.
“Não se pode congelar os preços como se estivesse a tomar medidas para melhorar alguma coisa. Os preços que foram congelados durante muito tempo, devem ser libertados, mas não fora do controlo do Governo”, referiu.
Para a economista, as medidas anunciadas pelo Governo, que vigoram até Dezembro, “foram mais para acalmar os ânimos dos moçambicanos enquanto se vai estudando a melhor saída. A fonte acrescentou que, neste momento, o Governo está a tentar esboçar a melhor forma de controlar a situação, uma vez que isto afecta mais as pessoas de baixa renda”.
“Os que têm o nível de vida aceitável não estão ressentidos com estes problemas. O Governo arranjou maneiras de deixar as coisas niveladas para todos”, observou.

(Cláudio Saúte) 2010-09-22 06:43:00
Imagem: madalas.blogs.sapo.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário