terça-feira, 14 de setembro de 2010

Comunidade de Sant’Egidio condena linchamentos e apela à paz


Maputo (Canalmoz) - A Comunidade de Sant’Egídio, uma organização da Igreja Católica, emitiu um comunicado a apelar ao fim da prática de linchamentos promovidos pela população a supostos criminosos e recordou que esta prática se figura como a reinstituição da pena de morte, que já foi abolida constitucionalmente em Moçambique.
O comunicado da referida organização religiosa surge como reacção imediata a mais um linchamento de cidadãos no dia 8 de Setembro, no bairro da Muchatatzina, na cidade da Beira. A Comunidade de Sant’Egidio diz-se preocupada com o alastrar “de um clima violento” na cidade da Beira e nas outras cidades. Recorde-se que foi esta comunidade que mediou a negociação do Acordo Gela da PAZ entre os beligerantes da Guerra Civil em Moçambique, tendo conseguido fazer a Frelimo (Governo) e a Renamo assinarem o acordo a 04 de Outubro de 1992, em Roma, sede da organização.
“Muita gente pobre, acusada, com ou sem razão, de ter cometido crimes, acaba sendo linchada à morte ou queimada ainda viva com gasolina e pneus. Outros sofrem graves violências que lhes marcarão por toda a vida. Trata-se de vingança cega que nada tem a ver com a justiça, e que é inimiga da misericórdia. É verdade que existe muita criminalidade e violência, mas isto nunca pode justificar uma justiça feita pelas próprias mãos. Para a consciência humana, não são admissíveis formas de justiça “privada”. É ainda mais inaceitável que isto aconteça com pessoas indefesas, que geralmente são culpadas apenas por ter roubado uma camisa, um celular, um televisor, um animal doméstico ou por serem consideradas feiticeiras” – lê-se no comunicado.
A comunidade Sant’Egidio acrescenta que “o linchamento é uma forma mascarada de pena de morte”, “a multidão não tem o direito de fazer justiça pelas próprias mãos” e “uma justiça verdadeira tem de ter em conta os direitos humanos”.

(Redacção) 2010-09-13 08:07:00

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