domingo, 19 de setembro de 2010

Empresa CMC destrói campos agrícolas no Infulene


Maputo (Canalmoz) – Um grupo de agricultores familiares no vale do rio Mulauzo, bairro do Infulene, acusa a empresa construtora de estradas CMC-Africa Austral, de ter destruído culturas nos seus campos agrícolas, durante o processo da construção da segunda faixa da Avenida Joaquim Chissano, ainda em curso.
Os agricultores dizem que as culturas, entre hortícolas e tubérculos, estiveram submersas no período em que o empreiteiro desviou o leito do rio Mulauzo na zona de Infulene, para construir uma pontinha.
“A empresa CMC entendeu que devia desviar o rio Mulauzo sem nos consultar e isto trouxe prejuízos avultados nos nossos canteiros de couve, alface, cebola, tomate e outras culturas”, lamenta um dos agricultores procurando reflectir o grupo.
Samuel Sumbana, agricultor, disse que as inundações provocadas pelo desvio do leito, estragaram tudo que havia naqueles campos, tal como a couve alface, cebola e tomate. “As inundações causaram muita desgraça para os agricultores que praticavam as suas actividades nesta zona”, disse afirmando que houve uma grande perca de culturas.
Sumbana indicou que a construção da segunda faixa da Av. Joaquim Chissano é bem-vinda para os utentes, do ponto de vista de tráfego, mas diz que resolveu-se um problema criando-se outro. Primeiro, refere, cortaram-se tubos de água que deixaram os campos alagados e desta vez os campos ficaram inundados pelo desvio do leito.
Para Fátima Bernardo, também agricultora, a actividade agrícola desta zona não só beneficiava os próprios agricultores, mas também os residentes das cidades de Maputo e Matola.
“Vendíamos as culturas e com o dinheiro cobríamos algumas despesas nas nossas famílias. Eu tinha as hortas como meu ganha-pão, agora como sustentar os estudos dos meus filhos?” questiona.

Foram alertados para não cultivar
Amândio Bonifácio, técnico da CMC, disse que os agricultores foram alertados para “não fazer machambas nas zonas sinalizadas, pois a qualquer momento as obras da construção da Av. Joaquim Chissano iriam chegar àquela zona, mas estes não obedeceram, mesmo se apercebendo da movimentação das máquina e equipas técnicas”.
“O espaço onde faziam machambas consta nos mapas que o dono da obra, o Conselho Municipal, nos entregou. A edilidade deu-nos o mapa para executarmos as obras. A CMC não é culpada e não teve nenhuma intenção em prejudicar quem quer que seja”, distanciou-se Amândio Bonifácio, afirmando que até alguns camponeses foram indemnizados e voltaram a ocupar os mesmos espaços.
Bonifácio deu o exemplo de algumas famílias que foram indemnizados e continuaram a viver nas suas casas e quando chegou a vez, o empreiteiro nada fez senão mandar demolir as casas.

(Cláudio Saúte) 2010-09-16 07:51:00
Imagem: macua.blogs.com

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