domingo, 9 de novembro de 2014

A história nunca contada da Victoria's Secret





Por Bárbara Marinho

Roy Raymond fundou uma marca milionária, mas acabou na bancarrota e atirou-se da Golden Gate Bridge. O i conta-lhe a história de uma das marcas mais influentes e polémicas dos últimos anos
Corpos perfeitos nos desfiles, roupa interior que vale milhões de euros, espectáculos grandiosos e campanhas polémicas são algumas das singularidades associadas à marca de lingerie "Victoria's Secret". Quem está por de trás de tudo isto? Roy Raymond e a resposta certa.
A história do fundador da marca foi bem descrita no filme "A Rede Social": um MBA de Stanford chamado Roy Raymond quer comprar lingerie para a mulher, mas tem demasiada vergonha para fazê--lo numa loja de um centro comercial. A solução foi criar um espaço de luxo que não o fizesse sentir pervertido. Faz um empréstimo de 40 mil dólares (32 mil euros), pede mais 40 mil aos sogros, abre uma loja e chama-lhe Victoria's Secret. Ganha 500 mil dólares (400 mil euros) no primeiro ano. Começa um catálogo, abre mais três lojas e, cinco anos depois, vende a empresa a Leslie Wexner e à Limited por quase 4 milhões de dólares.
Final feliz, certo? Seria, sim, não fosse o fim trágico: dois anos mais tarde, a empresa valia 500 milhões de dólares e Roy Raymond atira-se da Golden Gate Bridge. Uma série de negócios falhados, a bancarrota e o divórcio levam-no a querer acabar com tudo. "O pobre homem só queria comprar à mulher um par de thigh-highs", conclui Sean Parker (Justin Timberlake) no diálogo com Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg).
Raymond apenas queria comprar lingerie para a mulher. É verdade. Aconteceu em meados dos anos 70 e a empregada julgou de facto que ele era um tarado. Foi esse o ponto de partida para surgir a primeira loja, em 1977, no shopping de Stanford, em São Francisco, Califórnia. O conceito da era simples e requintado: as paredes internas eram revestidas com detalhes vitorianos e as prateleiras decoradas com catálogos e fotografias dos produtos. A loja, criada para atender mulheres e homens, contava ainda com uma inovação: os clientes que não sabiam o tamanho da pessoa para a qual iriam comprar o produto poderiam pedir às vendedoras que experimentassem os modelos.
No primeiro ano ganhou 400 mil euros. Começou com um catálogo, abriu mais três lojas e cinco anos depois, em 1982, vende a empresa a Leslie Wexner, fundador da "Limited", por mais de 3 milhões de euros. Dois anos mais tarde, a empresa passa a valer mais de 400 milhões de euros e, Roy Raymond atira-se da ponte Golden Gate, em São Francisco.
O seu sucessor, Leslie Wexner, manteve intacta a imagem da empresa e decidiu expandir o negócio pelos Estados Unidos. Inaugurou lojas em centros comerciais em várias cidades americanas e, no início da década de 90, começou a vender produtos de beleza, perfumes e sapatos, com uma receita de vendas superior a 800 milhões de euros.
Ao introduzir "top-models" nas campanhas publicitárias, a marca ganhou ainda mais visibilidade. E das campanhas passou para os desfiles com o primeiro, em 1995, num luxuoso hotel em Nova Iorque.
Desde então, a passerelle deixou de ser apenas sobre lingerie e, assume-se como um dos espectáculos mais aguardados do ano, nos Estados Unidos. As modelos deixam de ser manequins e transforma-se em "anjos", desfilando com asas nas costas por entre cenários megalómanos e cantores extasiados.
Nos desfiles anuais da marca, há um investimento de 9 milhões de euros, 300 mil espectadores e top-models que juntas facturam mais de 72 milhões de euros por ano.
Em 2007, a "Limited Brands", proprietária da marca, vendeu 75% das suas acções para a "Sun Capital Partners Inc" com o intuito de concentrar e aumentar o crescimento das vendas em lojas da Victoria's Secret. O fundador da Victoria's Secret, Roy Raymond teve uma ideia de génio mas não conseguiu imaginar o quão longe ela poderia ir.

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