quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Empresária angolana retira parte das exigências de sua OPA sobre PT





A operadora brasileira Oi considerava inaceitáveis as premissas do negócio


Um dia depois de qualificar de “inoportuna” a oferta de aquisição da qual foi alvo, a operadora brasileira Oi chamou de “inaceitáveis” as condições impostas na Oferta Pública de Aquisição (OPA) feita por Isabel dos Santos pela Portugal Telecom SGPS. No domingo, a filha do presidente de Angola, por meio de sua sociedade Terra Peregrin, lançou uma OPA, qualificada de “amistosa”, pela PT SGPS. Ofereceu 1,35 euro (4,32 reais) por ação, de forma a avaliar a sociedade em 3,84 bilhões de reais – o que compreende apenas os direitos de voto na Oi e uma dívida de 2,88 bilhões da Rioforte, virtualmente incobrável. Diante da má recepção das exigentes condições que impôs para realizar a oferta, a executiva angolana está disposta a reconsiderar.
A primeira resposta da Oi foi qualificar a OPA de “inoportuna”, com o que dava a entender que a iniciativa tomada por Dos Santos perturbava seus planos de venda de ativos o mais rápido possível. Um dia depois, a Oi ampliou sua crítica, chamando de “inaceitáveis” as condições da oferta, como as de suspender as operações até depois da OPA, eliminar o limite ao direito de voto da PT SGPS ou proibir essa sociedade de adquirir mais ações da Oi, todos eles termos estabelecidos no acordo de fusão assinado em 8 de setembro. A Oi confirma à CNMV de Lisboa que não modificará nenhum desses acordos.
Dada a oferta nada atraente – 30% abaixo da cotação nos últimos meses – e das condições envolvidas, a interpretação dos investidores era de que Dos Santos tentava ditar o ritmo da Oi para obter uma melhor posição na hora de negociar a venda da operação da PT na África. Entretanto, parece que há algo além disso. A executiva angolana, ao conhecer a rejeição absoluta da Oi, cogitou retirar essas condições.
“Lamentamos muito que a Oi tenha assumido essa posição sem ponderar devidamente a proposta de geração de valor apresentada e sem ouvir os acionistas, que estão implicados”, afirmou o porta-voz da empresária angolana. E acrescenta: “Cogitamos prescindir de algumas das exigências anunciadas para prosseguir com a oferta”.
Enquanto isso, os franceses da Altice voltaram a Portugal para prosseguir com as negociações para adquirirem os ativos da PT em Portugal (ofereceram 7,5 bilhões de euros, ou 24 bilhões de reais), e as ações subiram 16% em dois dias: estão cotadas a 1,40 euro, acima do 1,35 oferecido por Do Santos.
Imagem: A empresária angolana Isabel dos Santos. / Venturelli (Getty Images)


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