A operadora
brasileira Oi considerava inaceitáveis as premissas do negócio
Um dia depois de qualificar de
“inoportuna” a
oferta de aquisição da qual foi alvo, a operadora brasileira Oi chamou de
“inaceitáveis” as condições impostas na Oferta Pública de Aquisição (OPA) feita
por Isabel dos Santos pela
Portugal Telecom SGPS. No domingo, a filha do presidente de Angola, por
meio de sua sociedade Terra Peregrin, lançou uma OPA, qualificada de
“amistosa”, pela PT SGPS. Ofereceu 1,35 euro (4,32 reais) por ação, de forma a
avaliar a sociedade em 3,84 bilhões de reais – o que compreende apenas os direitos
de voto na Oi e uma dívida de 2,88 bilhões da Rioforte, virtualmente
incobrável. Diante da má recepção das exigentes condições que impôs para
realizar a oferta, a executiva angolana está disposta a reconsiderar.
A primeira resposta da Oi foi qualificar
a OPA de “inoportuna”, com o que dava a entender que a iniciativa tomada por
Dos Santos perturbava seus planos de venda de ativos o mais rápido possível. Um
dia depois, a Oi ampliou sua crítica, chamando de “inaceitáveis” as condições
da oferta, como as de suspender as operações até depois da OPA, eliminar o
limite ao direito de voto da PT SGPS ou proibir essa sociedade de adquirir mais
ações da Oi, todos eles termos estabelecidos no acordo de fusão assinado em 8
de setembro. A Oi confirma à CNMV de Lisboa que não modificará nenhum desses
acordos.
Dada a oferta nada atraente – 30% abaixo
da cotação nos últimos meses – e das condições envolvidas, a interpretação dos
investidores era de que Dos Santos tentava ditar o ritmo da Oi para obter uma
melhor posição na
hora de negociar a venda da operação da PT na África. Entretanto, parece
que há algo além disso. A executiva angolana, ao conhecer a rejeição absoluta
da Oi, cogitou retirar essas condições.
“Lamentamos muito que a Oi tenha
assumido essa posição sem ponderar devidamente a proposta de geração de valor
apresentada e sem ouvir os acionistas, que estão implicados”, afirmou o
porta-voz da empresária angolana. E acrescenta: “Cogitamos prescindir de
algumas das exigências anunciadas para prosseguir com a oferta”.
Enquanto isso, os franceses da Altice
voltaram a Portugal para prosseguir com as negociações para adquirirem
os ativos da PT em Portugal (ofereceram 7,5 bilhões de euros, ou 24 bilhões
de reais), e as ações subiram 16% em dois dias: estão cotadas a 1,40 euro,
acima do 1,35 oferecido por Do Santos.
Imagem: A empresária angolana
Isabel dos Santos. / Venturelli (Getty Images)
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