sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Novos dados sobre caso Bárbara de Sá Nogueira embaraçam director da DPIC





Lisboa - Fontes próximas da DPICLuanda que pediram anonimato, disseram ao ClubK que a versão dos factos, segundo a qual Bárbara de Sá Nogueira e Judith da Silva eram lésbicas e amantes não passa de uma invenção da própria Policia para facilmente mostrar a sociedade a sua eficácia e eficiência no esclarecimento de mais um caso mediático. Por outro lado, dizem as mesmas fontes que a versão criada visou também proteger alguma figura considerada de grande influência neste país envolvida no caso e que não podia aparecer.

Fonte: Club-K

Segundo as mesmas fontes, foi o actual Director Provincial da Investigação Criminal de Luanda, Amaro Neto, quem criou e procurou sustentar esta versão. Assim é que as imagens gravadas no circuito interno do restaurante junto aos prédios da Filda, local onde as duas amigas almoçaram no dia anterior ao sucedido, que apontam para a existência de outras pessoas, bem como de contactos da falecida com determinadas pessoas que indiciavam a sua envolvência em algum negócio, sem a participação da Judith Silva, ja que esta, no momento em que Bárbara de Sá Nogueira saiu do restaurante para contactar certas pessoas, deixa a Judith sozinha no restaurante e só volvido um longo periodo de tempo é que volta ao restaurante. Estas imagens foram completamente “ignoradas” na investigação do caso. Porque razão a polícia não juntou tais imagens, só mesmo o receio da verdade dos factos pode justificar tal atitude de um órgão com grandes responsabilidades na definição da vida futura das pessoas que muitas das vezes inocentemente se vêm envolvidas em situações de ilícitocriminal.
A Polícia de Investigação Criminal teve acesso a estas imagens através do seu oficial, de nome Jorge Cerqueira, filho do Comandante Cerqueira e primo da vítima, que inicialmente esteve ligado as investigações, mas tão logo se soube da morte de Bárbara de Sá Nogueira, foi afastado das mesmas (investigações) pelo Director Amaro Neto.
Segundo ainda as mesmas fontes, tão logo o cadáver de Bárbara foi encontrado, Amaro Neto chamou ao seu gabinete dois amigos do casal Sá Nogueira que participaram nas buscas, ‘Tony Comando” ou Diakuzuca como também é conhecido e Maninho da auto Pechincha, este último, antigo sócio de Atos de Sá Nogueira, esposo da vítima, dizendo­ lhes claramente que: “O Atos não devia entrar no seu gabinete para participar da conversa e pediu a estes para não mais pressionarem as investigações porque existe uma pessoa muito influente no país que não poderia aparecer neste caso.
Esta versão só não veio ao de cima no julgamento, porque o Maninho não foi arrolado como declarante e o Tony Diakuzuca foi pressionado pelos familiares a não dizer isto para não pôr em risco a vida dos seus familiares, devido ao medo de represálias, de tal sorte que o mesmo desapareceu nas ultimas sessões e só mesmo depois de ouvir o seu nome num pedido de comparência difundido na Rádio Nacional de Angola é que compareceu na ultima sessão, porque receava ser responsabilizado judicialmente.
Só assim também se entende que os vários exames mandados realizar no Laboratório Central de Criminalistica, desde as impressões digitais encontradas e retiradas da faca provavelmente utilizada para matar Bárbara e na viatura da vítima e os presumíveis vestígios do crime encontrados no apartamento de Judith da Silva, não constam nos resultados do processo, nem sequer foram cobrados pelos órgãos de Investigação
Criminal, assim como pela Procuradoria da República junto da DPIC e do Tribunal Provincial de Luanda, que constituem diligencias essenciais de prova para se saber a quem pertencem as impressões digitais aí encontradas, já que os peritos nas suas conclusões dizem que “para os devidos exames, foram ocupados e remetidos aos laboratórios correspondentes, os seguintes vestígios e evidencias:
- Dois formulários com impressões digitais colectadas a cidadão Judith Maria Graça da Silva, (Laboratório Identificação de Pessoas).
- Três transplantes com vestígios lofoscópicos (Laboratório de Lofoscopia).
- Cinco zaragatas com presumíveis vestígios biológicos, tal como suor (Laboratório de Biologia).
- Seis zaragatas com manchas semelhantes a sangue (Laboratório de Biologia). - Quatro sacos plásticos de cor preto (Laboratório de Lofoscopia).
- Cabelos (Laboratório de Biologia).
- Uma faca de cozinha (Laboratório de Sinais e Marcas).”
No outro relatório os peritos que realizaram o exame no local onde o cadáver foi encontrado, concluíram que realmente a versão tornada pública e que Judith disse em Tribunal ter sido criada pela polícia e sob ameaças e coação física foi obrigada a assumir no processo, segundo a qual Judith depois de matar a amiga por ciúmes porque namoravam (lésbicas), colocou o cadáver numa mala para no dia seguinte se desfazer do mesmo (cadáver) não corresponde com à constatação feita no terreno, dizendo que, “de acordo com as declarações de Judith Maria Graça da Silva, reportadas nas fotos 83, 84 e 85, o momento em que ela, colocou o cadáver na mala, posteriormente em sacos, no dia 31 de Maio de 2013, não coincide com a realidade dos factos porquanto que o processo de rigidez cadavérica vai de 4 à 8 horas. O que impossibilitaria colocar os restos mortais de Barbara Marise Meneses de Sá Nogueira, na mala, ...”.
O que significa que a posição de braços abertos como o cadáver foi encontrado, segundo o retratado na fototábua, sustenta as conclusões, uma vez que um corpo levado num mala 24 horas depois não podia ser encontrado naquela posição, isto é, com os braços abertos, mas sim encolhidos. Além de que, pelo tamanho da Bárbara o seu corpo não caberia numa mala a não ser que fosse descortejada, o que também não ocorreu neste caso.
A ocultação destas diligências essenciais, incluindo o facto de ignorarem as conclusões da peritagem indiciam claramente que “há gato escondido com rabo de fora” pois, se as impressões digitais fossem da Judith os resultados estariam no processo.
Por esta razão é que desde a primeira hora, a mãe de Bárbara de Sá Nogueira vem manifestando o seu desagrado pela forma como as investigações e o julgamento foram conduzidos, alegando mesmo publicamente, quer em plena sala de audiências, quer através dos órgãos de comunicação social, de que faltavam pessoas naquele banco dos réus, numa alusão de que se fosse Judith a matar a sua filha não poderia fazer isto sozinha.
Outra pessoa que também não deveria ficar fora dos suspeitos é o próprio marido da vítima, que tem antecedentes, como desconfiança de que a mulher lhe estava a trair com outra pessoa, a ponto de surgirem rumores de que a falecida estava grávida com outra pessoa, e que em consequência, colocou um GPS no telefone da mulher para seguir os seus passos. Tudo isto aponta para ele, como pessoa com eventual interesse na morte de Bárbara de Sá Nogueira. Primeiro porque segundo a mãe da vítima a relação entre o casal já não era boa, embora ocultara antes nas suas primeiras declarações, como lhe confidenciou a sua filha em vida. Reforça esta versão o facto de Atos de Sá Nogueira se apresentar muito frio durante o óbito e logo nos dias que se seguiram, festejou o seu aniversário como se nada tivesse acontecido, conforme declarou a mãe da vítima. Fontes proximas da familia de Bárbara de Sá Nogueira, durante o julgamento tomaram conhecimento que Atos faltou em algumas sessões, justificando perante o Tribunal que

seria operado, mas encontravase em Cabo Verde numa festa onde tem uma outra relação. Segundo a mesma fonte, Atos há muito tentou persuadir a Bárbara a vender todo o patrimonio que o casal tinha em Angola para deixarem o país e irem viver em Cabo Verde, país para onde tem transferido alguns dos seus investimentos.
Por essa razão é que se pergunta quem tiraria vantagens patrimoniais com a morte de Bárbara? A resposta a esta pergunta poderia talvez esclarecer outras questões.
Que Bárbara de Sá Nogueira estava envolvida em negócios que não se sabe com quem, estava. Alias, o seu colega, subgerente do Banco confirmou na fase de investigação do processo que a falecida comunicoulhe naquele fatídico dia que chegaria mais tarde ao serviço porque teria contacto com uns clientes na zona da Filda, o que também foi confirmado pela amiga da falecida Ana Cláudia. Esta versão não podia ser ignorada pela investigação, até porque era necessário saber que tipo de negócio e quem eram as pessoas que estavam a fazer o mesmo (negócio) com a vítima. Mas como não havia interesse em se chegar a verdade, os órgãos de investigação resolveram trilhar o caminho mais fácil, o de encontrar alguém a quem pudessem imputar facilmente as responsabilidades.
Rumores correm, segundo as mesmas fontes, de que isto tem muito de verdade, uma vez que só assim se entende que Amaro Neto, estando ligado ao caso Kamulingue, como a pessoa que ordenou ao Miranda a contactar o então Director do SINSE Luanda, Viera Lopes para o cumprimento de uma missão, estando os outros afastados dos seus cargos e presos, este continua solto e a exercer o mesmo cargo normalmente, quando no mínimo enquanto durassem as investigações e o julgamento, deveria estar suspenso para não dizer mesmo preso, o que leva as fontes a concluirem que há aqui uma troca de favores entre o actual Director da Investigação Criminal de Luanda e a dita personalidade influente no pais, já que se Amaro Neto cair na desgraça a verdade poderá vir ao de cima e provocar outros estragos.
Para melhor compreensão vejam algumas fotografias do caso e as imagens que foram ocultadas pela polícia.
Enfim, varias são as contradições neste processo e varias são as situações por esclarecer ou mal esclarecidas.
Nas próximas edições falaremos sobre outros detalhes deste caso ainda nao encerrado na justiça angolana. 
Paulo das Neves 

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