quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Conheça o Índice de Saúde Oceânico


Não é novidade que a raça humana está degradando os oceanos. Mas temos como medir essa degradação? Uma maneira de avaliar o grau de degradação é estabelecer alguns critérios e fazer uma avaliação honesta dos oceanos.
É exatamente isto que foi publicado em um artigo na revista científica Nature. Depois de dois anos de estudos, uma equipe mista de pesquisadores, envolvendo gente dos Estados Unidos e Canadá, e liderada por Benjamin Halpern, no Centro Nacional de Análise e Síntese Ecológica na Califórnia, chegou a um relatório sobre o estado das águas nos mares territoriais do mundo.
O novo índice oferece uma visão dos oceanos que combina aspectos humanos e ecológicos, e pretende servir como termômetro da efetividade de ações e políticas dos países que tem regiões costeiras.
Os critérios
As notas foram dadas segundo 10 critérios:
1.     provisão de alimentos, ou seja, quanto alimento é retirado do oceano, de forma sustentável, por cada país;
2.     pescaria artesanal, a oportunidade para a pesca em baixa escala que é crucial em nações em desenvolvimento;
3.     produtos naturais, ou seja, a coleta de produtos vivos mas não alimentares, como corais, conchas, algas e peixes de aquariofilia, feita de forma sustentável. Estão fora a prospecção de óleo, gás, ou produtos de mineração;
4.     armazenamento de carbono, que é representado pela proteção de três habitats principais, os manguezais, gramíneas marinhas e restingas, que armazenam carbono;
5.     proteção da região costeira, a presença de habitats naturais e barreiras, incluindo manguezais, recifes de coral, sargaços, salinas e gelo marinho, que protegem fisicamente estruturas costeiras, como casas, e locais desabitados, como parques;
6.     os meios de subsistência e economias costeiras, o emprego e renda produzidos a partir da indústria relacionados aos produtos marinhos, além dos benefícios indiretos de uma economia costeira estável;
7.     o turismo e recreação, o valor que as pessoas dão ao prazer proporcionado pelas áreas costeiras, não o benefício econômico que está incluído nas economias costeiras;
8.     águas limpas, ou seja, se a água é livre de vazamentos de óleos, químicos, crescimentos anormais de algas, patógenos, incluindo os resultantes de descarga de esgoto, lixo flutuante, mortes em massa de organismos e a concentração de oxigênio;
9.     biodiversidade, ou o risco de extinção enfrentado pelas espécies locais, bem como a saúde de seus habitats;
10.                       sentido de lugar, aspectos de como as pessoas consideram o local como parte de sua identidade, incluindo espécies de animais famosos e lugares com valores culturais especiais.
O índice se aplica apenas às águas territoriais porque é a parte dos oceanos para as quais há mais informações, e que, portanto, permite este tipo de avaliação.
As notas
Curioso para saber as notas? Globalmente, as águas dos mares territoriais receberam uma nota 60, de zero a 100. O índice é uma média das notas das águas territoriais de todos os países. E, não de todo surpreendentemente, países em desenvolvimento tiveram desempenho pior que os países desenvolvidos.
60 é uma nota boa? É importante não tomar esta nota da mesma forma que uma nota escolar. Segundo o pesquisador Bud Ris, presidente e CEO do Aquário da Nova Inglaterra, a nota global 60 é um aviso que os oceanos não estão sendo administrados de forma ótima, e de que há muita oportunidade para aperfeiçoamento.
A pior nota foi para Serra Leoa, um país na África banhado pelo Atlântico, que teve nota 36. As águas mais saudáveis foram da ilha desabitada de Jarvis, uma reserva de vida selvagem dos Estados Unidos, no Pacífico Sul, com nota 86. Estados Unidos, Canadá e Reino Unido tiveram as notas 63, 70 e 61, respectivamente. A Índia teve nota 52, pouco melhor que a China, com nota 51.
Algumas surpresas também apareceram, como a Polônia, considerada um país desenvolvido, com a nota 42, e Singapura, também desenvolvida, com nota 48. No lado das surpresas agradáveis, tem o Suriname com nota 69, e as Seicheles, com nota 73, ambos considerados países em desenvolvimento.
E o Brasil?
O Brasil teve um escore médio de 62, ficando em 35° lugar na colocação global. As notas por objetivo foram as seguintes:
1.     provisão de alimentos: 36
2.     oportunidades para a pescaria artesanal: 88
3.     produtos naturais: 29
4.     armazenamento de carbono: 93
5.     proteção da região costeira: 86
6.     meios de subsistência e economias costeiras: 51
7.     turismo e recreação: 0
8.     sentido de lugar: 81
9.     águas limpas: 76
10.                       biodiversidade: 84
Se você achou estranho o valor zero para turismo e recreação, você não está sozinho. Aparentemente, este objetivo é de difícil avaliação. Ou os pesquisadores já foram assaltados aqui.[LiveScience, New York Times, Nature, NCEAS, Ocean Health Index]

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